quinta-feira, 5 de agosto de 2021

Wolf Alice - Lipstick On The Glass



Oh, it could be exciting
Excuse for a change if we don't work the way
We were

Oh, but nothing seems inviting
Except the image of your open arms calling back
To me

I take you back
Yeah, I know it seems surprising when there's lipstick still on the glass
And the full moon rising but it's me who makes myself mad
I take you

Oh, my body does deceive me
Just as did yours
Though we're fighting different wars
In our ways

Oh, but there's no pleasure in resisting
So go ahead and kiss me

I take you back
Yeah, I know it seems surprising when there's lipstick still on the glass
And the full moon rising but it's me who makes myself mad
I take you

Once more, once more
Once more
Once more, once more
Once more
Once more

You know nothing would've needed deciding
Had you just simply asked
But the full moon, rising and it's me

I take you back
Yeah, I know it seems surprising when there's lipstick still on the glass
And the full moon rising but it's me who makes myself mad
I take you

 Quando a tempestade passar,

as estradas se amansarem,
E formos sobreviventes
de um naufrágio coletivo,
Com o coração choroso
e o destino abençoado,
Nós nos sentiremos bem-aventurados
Só por estarmos vivos.

E daremos um abraço ao primeiro desconhecido,
E elogiaremos a sorte de manter um amigo.

E aí vamos lembrar tudo aquilo que perdemos, e de uma vez aprenderemos tudo o que ainda não aprendemos.

Não teremos mais inveja, pois todos sofreram.
Não teremos mais o coração endurecido,
Seremos todos mais compassivos.

Valerá mais o que é de todos do que o que eu nunca consegui.
Seremos mais generosos
E muito mais comprometidos.

Nós entenderemos o quão frágeis somos, e o que 
significa estarmos vivos!
Vamos sentir empatia por quem está e por quem se foi.

Sentiremos falta do velho que pedia esmola no mercado, cujo nome nunca soubemos, e que sempre esteve ao nosso lado.

E talvez o velho pobre fosse Deus disfarçado...
Mas você nunca perguntou o nome dele,
Porque estava com pressa...

E tudo será milagre! 
E tudo será um legado,
E a vida que ganhamos será respeitada!

Quando a tempestade passar, 
Eu vos peço, Deus, com tristeza ,
Que nos torneis melhores, como nos sonhastes.

(K. O ' Meara - Poema escrito durante a epidemia de peste em 1800)

polografia

 registo ou descrição astronómica do céu

Dor de Alma

quarta-feira, 4 de agosto de 2021

Zeca Afonso


 

FUCKING YOUNG / PERFECT

A família do Homem (The familiy of Man)

''A família do Homem (The familiy of Man), exposição de fotografia apresentada no Museu de Arte Moderna de Nova Iorque, pretendia ser um repositório dos “sonhos e aspirações da Humanidade” de um mundo ainda com a 2ª Guerra Mundial na memória, mas visava igualmente sublinhar a ideia de que somos todos uma espécie, independentemente da origem e das características físicas de cada um. Organizada por Edward Steichen, a partir de cerca de dois milhões de imagens, de onde saiu uma seleção de cerca de duas mil, a exposição percorreria 37 países tendo cerca de dez milhões de visitantes. ''

Fonte: Associação Portuguesa de arte fotográfica (apaf)
"Mas agora, ó SENHOR, tu és nosso
Pai; nós o barro e tu o nosso oleiro; e
todos nós a obra das tuas mãos".

Isaías 64:8

''Acompanhar é juntar-se a alguém no seu caminho. É ir com o doente onde a doença o conduz, no seu sofrimento, na sua dor, no seu isolamento no sentido de o ajudar a encontrar o caminho da sua recuperação. É estar próximo aceitando os limites mas também reconhecendo as nossas capacidades e utilizando adequadamente os meios de que poderemos dispor para vencer nas nossas circunstâncias a ameaça da doença. É, enfim, numa certa medida e no pleno sentido do termo, exercer uma forma de ''fraternidade''.

Bernard Ars. Acompangnement et Médicine. Acta medica Catholica. Vol 90;

Ruínas de Petra

terça-feira, 3 de agosto de 2021

domingo, 1 de agosto de 2021

amor-mito


 

'' violência da positividade''

Byung-Chul Han. A Expulsão do Outro. Tradução de Miguel Serras Pereira. Editora. Relógio D'Água, 2018, Lisboa., p. 24

«O imaginário compensa uma carência na realidade.»

Byung-Chul Han. A Expulsão do Outro. Tradução de Miguel Serras Pereira. Editora. Relógio D'Água, 2018, Lisboa., p. 22

«As inseguranças sociais, conjugadas com o desespero e um futuro sem perspectivas, constituem o caldo de cultura das forças terroristas.»

Byung-Chul Han. A Expulsão do Outro. Tradução de Miguel Serras Pereira. Editora. Relógio D'Água, 2018, Lisboa., p. 21

''ressonâncias virgilianas e renascentistas''

''panteísmo do sofrimento''

Eduardo Lourenço. O Labirinto da Saudade. Editora Gradiva. Lisboa, 2020., p. 144

alotriofagia


nome feminino
1.
tendência mórbida para comer substâncias impróprias ou repugnantes
2.
apetites extravagantes que algumas mulheres sentem durante a gravidez

Katrien de Blauwer 

 

Dolorosa n°3 | Olga Prats

''fundura lírica''

«sociólogo da civilização»

 Oliveira Martins

 «Adulação permanente e espectacular da criança-rei (sobretudo o macho), porta aberta para as suas pulsões narcisistas e exibicionistas, ausência de perspectiva social positiva, salvo a que prolonga a afirmação egoísta de si, tais são os mais comuns reflexos da educação portuguesa, defesa natural das mães frustradas nela pelo genérico absentismo e irresponsabilidade paternos.»

Eduardo Lourenço. O Labirinto da Saudade. Editora Gradiva. Lisboa, 2020., p. 132

«Portugal, uma mina para Freud...»

Eduardo Lourenço. O Labirinto da Saudade. Editora Gradiva. Lisboa, 2020., p. 132

''culto espontâneo do narcisismo''

Eduardo Lourenço. O Labirinto da Saudade. Editora Gradiva. Lisboa, 2020., p. 132

 «No curioso far-west em que nos convertemos - depois de séculos de clausura sociológica - a predisposição crónica do efeito de aparência eclipsa quase por completo a crítica e o contrapeso que a avaliação mais correcta das exigências da realidade e das capacidades para a satisfazer importa. Em princípio, todo o português que sabe ler e escrever se acha apto para tudo, e o que é mais espantoso é que ninguém se espante com isso. »

Eduardo Lourenço. O Labirinto da Saudade. Editora Gradiva. Lisboa, 2020., p. 131/2

sexta-feira, 30 de julho de 2021

“Há quem diga que todas as noites são de sonhos. Mas há também quem garanta que nem todas, só as de verão. No fundo, isto não tem muita importância. O que interessa mesmo não é a noite em si, são os sonhos. Sonhos que o homem sonha sempre, em todos os lugares, em todas as épocas do ano, dormindo ou acordado.”

William Shakespeare

resiliência urbana

autorretrato

 

Tudo o que eu quero

Artistas Portuguesas de 1900 a 2020


Maria Helena Vieira da Silva, Lourdes Castro, Paula Rego, Ana Vieira, Salette Tavares, Helena Almeida, Joana Vasconcelos, Maria José Oliveira, Fernanda Fragateiro, Sónia Almeida e Grada Kilomba

terça-feira, 27 de julho de 2021

Sensible Soccers - Eurobonds

 


ELA ERA POESIA.

Ela guardava as palavras debaixo da almofada.
Na segunda gaveta da cómoda de cerejeira.
Não as deixava fugir das páginas dos livros.
Saboreava- as ao pequeno almoço com o pão com manteiga.
Roubava-as às pessoas que passavam por ela e não sentia remorsos.
Escondia-as no frigorífico para que se mantivessem frescas. Como alfaces.
Semeava-as em vasos de barro e esperava, pacientemente, que florescessem.
Colhia-as quando deambulava pela cidade grande.
Nas catedrais. Nos becos dos bairros de ruelas estreitas. Nas frestas das fachadas dos prédios pombalinos. Até nos elevadores que a levavam aos miradouros para descansar o olhar. Nos museus e nos monumentos de pedra bordados.
Dela saíam palavras pelo decote. Dos sacos das compras. Do cabelo pintado da cor das papoilas. Das gargalhadas.
Ele apareceu na vida dela e foi amor à terceira vista.
Ele prometeu-lhe um mundo. O seu.
Fez-lhe uma serenata.
Mas ela só lhe disse, tristemente, aquele amor era impossível.
Ela era poesia. Ele não sabia ler.

© MENA GERALDES (a publicar)

envio-te uma sanduíche dos abismos da minha tristeza
o homem com as pernas impecavelmente depiladas está a chegar
incólume aos sintéticos respiráveis um pequeno saco feliz
serpenteia por estradas irregulares e gruas e luzes azuis e circulares
ululam no meu quarto e a minha barriga esperneia
ácidos lácticos amo-te-tanto-cardiovasculares pendentes
os seus joelhos as suas coxas pedem glucose ele respira
músculo rasgado e renascido quero que saibas que
o passado se afasta rapidamente os seus rins fazem o melhor que podem
quero que saibas que os vasos sanguíneos da sua pele se dilatam em vermelho
e ardem com ó meu deus és o meu preferido quando ele chega

Wayne Holloway-Smith
Tradução de Valério Romão

quinta-feira, 22 de julho de 2021


 

''suave tristeza''

''teimosamente sangrando''

Rosa Tirana

 Amália Rodrigues

Amália Rodrigues: Erros meus

 



Erros meus, má fortuna amor ardente
Em minha perdição se conjuraram
Os erros e a fortuna sobejaram
Que para mim bastava amor somente
Os erros e a fortuna sobejaram
Que para mim bastava amor somente
Tudo passei, mas tenho tão presente
A grande dor das coisas que passaram
Que as magoadas iras me ensinaram
A não querer já nunca ser contente
Que as magoadas iras me ensinaram
A não querer já nunca ser contente
Errei tudo o discurso dos meus anos
Dei causa a que a fortuna castigasse
As minhas mal fundadas esperanças
As minhas mal fundadas esperanças
De amor, não vi se não breves enganos
Oh, quem tanto pudesse que fartasse
Este meu duro génio de vingança
De amor, não vi se não breves enganos
Oh, quem tanto pudesse que fartasse
Este meu duro génio de vingança
Compositores: Alain Oulman / Alain Bertrand / Robert Oulman

Amália Rodrigues - Barco Negro

 


De manhã, que medo, que me achasses feia
Acordei, tremendo, deitada na areia
Mas logo os teus olhos disseram que não
E o sol penetrou no meu coração
Mas logo os teus olhos disseram que não
E o sol penetrou no meu coração
Vi depois, numa rocha, uma cruz
E o teu barco negro dançava na luz
Vi teu braço acenando, entre as velas já soltas
Dizem as velhas da praia, que não voltas
São loucas
São loucas
Eu sei, meu amor
Que nem chegaste a partir
Pois tudo, em meu redor
Me diz que estás sempre comigo
Eu sei, meu amor
Que nem chegaste a partir
Pois tudo, em meu redor
Me diz que estás sempre comigo
No vento que lança areia nos vidros
Na água que canta, no fogo mortiço
No calor do leito, nos bancos vazios
Dentro do meu peito, estás sempre comigo
No calor do leito, nos bancos vazios
Dentro do meu peito, estás sempre comigo
Ah ah ah
Eu sei, meu amor
Que nem chegaste a partir
Pois tudo, em meu redor
Me diz que estás sempre comigo
Eu sei, meu amor
Que nem chegaste a partir
Pois tudo, em meu redor
Me diz que estás sempre
Comigo
Compositores: Caco Velha / David Mourao Ferreira / David Mourao-ferreira / Piratini


 

Filme Capas Negras | Amália Rodrigues 1947

Amália Rodrigues - Não sei porque te foste embora

Não sei por que te foste embora

Não sei que mal te fiz que importa
Só sei que o dia corre e àquela hora
Não sei por que não vens bater-me à porta
Não sei se gostas de outra agora
Se eu estou ou não para ti já morta
Não sei, não sei nem me interessa
Não me sais é da cabeça
Que não vê que eu te esqueci
Não sei, não sei o que é isto
E já não gosto e não resisto
Não te quero e penso em ti
Não quero este meu querer no peito
Não quero esperar por ti, nem espero
Não quero que me queiras contrafeito
Nem quero que tu saibas que eu te quero
Depois de este meu querer desfeito
Nem quero o teu amor sincero
Não quero mais encontrar-te
Nem ouvir-te, nem falar-te
Nem sentir o teu calor
Porque eu não quero que vejas
Que este amor que não desejas
Só deseja o teu amor
Porque eu não quero que vejas
Que este amor que não desejas
Só deseja o teu amor

Compositores: Jose Galhardo / Frederico Valerio

'' O fado é só uma sombra''

 Amália Rodrigues

quarta-feira, 21 de julho de 2021

Debriefing

Carlos Paredes - Guitarra Portuguesa (1967) | Album Stream


 

''função de aparato e de aparência''

Eduardo Lourenço. O Labirinto da Saudade. Editora Gradiva. Lisboa, 2020., p. 131

''mentalidade milagreira portuguesa''

Eduardo Lourenço. O Labirinto da Saudade. Editora Gradiva. Lisboa, 2020., p. 130

''burocratismo apoplético do século XX''

Eduardo Lourenço. O Labirinto da Saudade. Editora Gradiva. Lisboa, 2020., p. 129

 « Empiricamente, o povo português é um povo trabalhador e foi durante séculos um povo literalmente morto de trabalho. Mas a classe historicamente privilegiada é herdeira de uma tradição guerreira de não-trabalho a parasitária dessa atroz e maciça «morte de trabalho dos outros.»

Eduardo Lourenço. O Labirinto da Saudade. Editora Gradiva. Lisboa, 2020., p. 127

''Á medida que recuperamos da pandemia, precisamos transferir mais serviços de saúde mental para a comunidade e garantir que a saúde mental seja incluída na cobertura universal de saúde. OMS Iniciativa Especial para a Saúde Mental (2019-2023). As Nações Unidas estão fortemente comprometidas em criar um mundo em que todos, em qualquer lugar, tenham alguém a quem recorrer para ter apoio psicológico. Apelo aos governos, à sociedade civil, às autoridades de saúde e a outros que reúnam com urgência para abordar a dimensão da saúde mental desta pandemia.”


António Guterres, Secretário Geral das Nações Unidas    

«Somos um povo de pobres
com mentalidade de ricos»

Eduardo Lourenço. O Labirinto da Saudade. Editora Gradiva. Lisboa, 2020., p. 127

Opening night (1977), de John Cassavetes

''É preciso ser para ser uma personagem.''

 Goethe

verbo camoniano

«(...) convém que não sejamos vítimas de miragens nem ilusões.»

Eduardo Lourenço. O Labirinto da Saudade. Editora Gradiva. Lisboa, 2020., p. 126

hilófago

''fenómeno-miséria''

Hortelão

terça-feira, 20 de julho de 2021

«A aventura de pobre é sempre a dos que buscam em longes terras o que em casa lhes falta.»

Eduardo Lourenço. O Labirinto da Saudade. Editora Gradiva. Lisboa, 2020., p. 123





 

''caução moral''

Eduardo Lourenço. O Labirinto da Saudade. Editora Gradiva. Lisboa, 2020., p. 122

 «Entre nós, o que importa sempre é a evidência e a utilidade políticas imediatas dos cenários, raramente aquilo que eles cobrem ou encobrem.»

Eduardo Lourenço. O Labirinto da Saudade. Editora Gradiva. Lisboa, 2020., p. 118

Ninguém sabe que coisa quer
Ninguém conhece que alma tem
Nem o que é o mal nem o que é o bem.

''Sem Rei nem lei nem paz nem guerra''

''(...) entregue aos demónios da vontade de poderio''

Eduardo Lourenço. O Labirinto da Saudade. Editora Gradiva. Lisboa, 2020., p. 114

quotidianidade

'' ao fim de um longo périplo de autognose''

Eduardo Lourenço. O Labirinto da Saudade. Editora Gradiva. Lisboa, 2020., p. 111

Filme: Água e Sal

Nobuyoshi Araki Sentimental Journey 

filicídio

«Dá-se o nome de amor a muita coisa. Até a uma força que destrói»

 Hélia Correia

«É a palavra um senhor poderoso que, com o seu corpo minúsculo
e invisível,
leva a cabo obras dignas de deuses.
Sabe como fazer calar o medo, arredar a dor,
provocar alegria, despertar compaixão».

Górgias, Elogio de Helena 8

a crueldade gratuita

 «Pelo fogo da língua, pelo sopro e contágio da língua. Pela boca, os buracos do corpo que nos ligam ao estrume e ao alimento. Os buracos do corpo onde entra o homem e escorrem as sangrias, por onde nos rebentam as crianças»

Hélia Correia 

Talvez seja a Grécia em mim. Há tentativas múltiplas de a entender
à luz da nossa lógica e ela escapa- se-lhe. É isso que estimula o meu
convívio com os gregos todos os dias, algo da ordem do desejo.


 Hélia Correia, de uma entrevista a Ana Marques Gastão (Diário de Notícias).

paragem meditativa

Desmesura

 A literatura não se sente bem no mundo de que dispomos e a que chegámos.

 Hélia Correia, de uma entrevista a Ana Marques Gastão (Diário de Notícias)

segunda-feira, 19 de julho de 2021

Air - Sexy Boy


Katrien de Blauwer 

 

 “Our sense of space and spatial imagination press toward spatial creation; they seek their satisfaction in art. We call this art architecture; in plain words it is the creatness of space.”

 Schmarsow apud Mallgrave, 1994

 “Ainda falta saber por onde começar. Pistas não faltam, e vários artistas contemporâneos têm em mente a mesma busca ou exigência, precisamente esta: perseguir o invisível, visar ao inefável, desejar o nada, pretender-se transparente, apagar os próprios rastros, não ser nada.” 

Cauquelin, 2008

 ''O silêncio é determinante. Não pode haver passagem de campo semiótico para novo campo semiótico sem que haja uma passagem pelo silêncio, pelo vazio... O silêncio tem contornos, tem ritmo e intensidade. Nem todos os silêncios se equivalem. Há silêncios calmos, há silêncios ríspidos... Poderíamos pensar numa retórica do silêncio, que deve ser levada a sério. ''

José Gil

 Tudo será construído no silêncio, pela força do silêncio, mas o pilar mais forte da construção será uma palavra. Tão viva e densa como o silêncio e que, nascida no silêncio, ao silêncio conduzirá. 

 António Ramos Rosa

domingo, 18 de julho de 2021

sábado, 17 de julho de 2021

«a passividade lusa, o gosto malsão da ordem.»

Eduardo Lourenço. O Labirinto da Saudade. Editora Gradiva. Lisboa, 2020., p. 108

 « Só há duas coisas com interesse em Portugal, a paisagem e Orpheu. Tudo o que há no intervalo é palha trilhada e podre que serviu já na Europa e morre entre estas duas atracções de Portugal. Por vezes estraga-se a paisagem pondo lá portugueses. Mas não se pode estragar Orpheu que resiste à prova de Portugal.»

Álvaro de Campos

«(...) suicídio sublime da personalidade na era de uma impersonalidade realmente universal e fraterna.»

Eduardo Lourenço. O Labirinto da Saudade. Editora Gradiva. Lisboa, 2020., p. 107

o banal e agressivo provincianismo patriótico

 «Os Lusíadas de outro modo, exacerbando em termos de nova mitologia o banal e agressivo provincianismo patriótico, característico dos pequenos povos e sobretudo dos que conservam a memória impotente de ter sido «grandes»?»

Eduardo Lourenço. O Labirinto da Saudade. Editora Gradiva. Lisboa, 2020., p. 107


 

''complexo de inferioridade cultural''

 Eduardo Lourenço. O Labirinto da Saudade. Editora Gradiva. Lisboa, 2020., p. 106

 «Tomou-se, por uma dessas aberrações exegéticas que são o lugar comum da nossa crónica desatenção cultural, a ideia pascoaliana da saudade como reflexo de um pendor passeísta, forma insuperável de recusar através dela não apenas o presente como o futuro.»


Eduardo Lourenço. O Labirinto da Saudade. Editora Gradiva. Lisboa, 2020., p. 101

«verbo escuro»

''obsessões imagísticas''

 Eduardo Lourenço. O Labirinto da Saudade. Editora Gradiva. Lisboa, 2020., p. 97

''corpo-sombra da existência lusíada''

 Eduardo Lourenço. O Labirinto da Saudade. Editora Gradiva. Lisboa, 2020., p. 100

desvalor

''complexo de inferioridade anímico''

Eduardo Lourenço. O Labirinto da Saudade. Editora Gradiva. Lisboa, 2020., p. 100






 

''Medicamentos fetiche''

 Carlos Vaz Marques

''ditadura de baixa intensidade''

 João Miguel Tavares

azulejaria

Fontaines D.C Perform 'A Hero's Death'

quinta-feira, 15 de julho de 2021

 Perturbações do reconhecimento das emoções expressas pela face do outro (Boudouin, Martin, Tiberghien, Verlut et Franck, 2002 ) 

Perturbações do reconhecimento da identidade do outro (Martin, Baudouin, Tiberghien et Franck, 2005) 

 Perturbações do tratamento da informação configural: Alegria, Raiva, Desilusão, Tristeza, Neutralidade (Chambon, Baudouin et Franck, 2006) 

Perturbações da categorização emocional, Perturbação do reconhecimento da direção do olhar do outro (Vernet, Baudouin et Franck, 2008) 

Perturbações dos tratamentos de informações relacionais (Baudouin, Vernet et Franck, 2008) 

 Perturbações do reconhecimento das próprias emoções (Demily, Baudouin, Weiss & Franck)

A crise, o Estado e as políticas públicas

As vulnerabilidades territoriais e a pandemia


''Literacia da Informação: o género, o digital, as desigualdades sociais''


 

Nocturnes, Op. 9: No. 1 in B flat major. Larghetto

''Pátria-Saudade''

 Teixeira de Pascoaes

''folclórica miséria''

''descer aos desvãos mais fundos da sua alma''

 Eduardo Lourenço. O Labirinto da Saudade. Editora Gradiva. Lisboa, 2020., p. 97

inenarrável

 «Quem somos? O que somos? Como nos tornámos no que somos, povo atrasado, inculto, desistente, sonâmbulo, inconsciente, sem outro futuro que o de um vago projecto imperial esvaziado de conteúdo?»

Eduardo Lourenço. O Labirinto da Saudade. Editora Gradiva. Lisboa, 2020., p. 92

Ruben A. 

 

''ser-pátrio''

''roupagem trágica''

 «Quem responde pela boca de D. João (de Portugal...), definindo-se como ninguém, não é um mero marido ressuscitado fora da estação, é a própria pátria.»

Eduardo Lourenço. O Labirinto da Saudade. Editora Gradiva. Lisboa, 2020., p. 86

quarta-feira, 14 de julho de 2021

''culturas da gratidão no trabalho''

 Teresa Espassandim

 “o destino do homem determina-se na forma como é gerado, no calor dos braços que se lhe estendem, na ideologia que o envolve e na liberdade que lhe é proporcionada para imaginar, experimentar e pensar”.”

João dos Santos

segunda-feira, 12 de julho de 2021

'' O homem é um abismo...''

Nocturne No. 7 in C-Sharp Minor, Op. 27, No. 1

uma fé no invisível

''Precaridade zero''

«A sociedade do medo e a sociedade do ódio promovem-se mutuamente.»

Byung-Chul Han. A Expulsão do Outro. Tradução de Miguel Serras Pereira. Editora. Relógio D'Água, 2018, Lisboa., p. 21


 Portrait of Madame Yuki (Yuki Fujin Ezu) Directed by Kenju Mizoguchi, Japan 1950

ANOMALISA

 «(...), o neoliberalismo faz recrudescer a desigualdade social. Em última análise, elimina a economia social de mercado.»

Byung-Chul Han. A Expulsão do Outro. Tradução de Miguel Serras Pereira. Editora. Relógio D'Água, 2018, Lisboa., p. 21

« No inferno do idêntico deixa de ser possível qualquer desejo do outro.»

Byung-Chul Han. A Expulsão do Outro. Tradução de Miguel Serras Pereira. Editora. Relógio D'Água, 2018, Lisboa., p. 16/7

 «Na pornografia, todos os corpos se assemelham. E decompõem-se também em partes corporais idênticas. Despojado de toda a linguagem, o corpo fica reduzido ao sexual, que não conhece outra diferença que não a sexual. O corpo pornográfico deixou de ser cenário, '' teatro sumptuoso'', ''a fabulosa superfície de inscrição dos sonhos e das divindades''. Nada narra. Não seduz. A pornografia leva a efeito uma eliminação na narrativização e da expressão linguística, já não apenas do corpo, mas da comunicação em geral.»

Byung-Chul Han. A Expulsão do Outro. Tradução de Miguel Serras Pereira. Editora. Relógio D'Água, 2018, Lisboa., p. 15/6

''A mente é produto da relação''

 

cronotipo

nome masculino
padrão individual de atividade circadiana, que contribui para a propensão natural de cada pessoa para experimentar picos de energia e/ou cansaço em determinados períodos do dia

« Hoje, a proximidade do outro cede lugar a essa falta de distância que é própria do idêntico. A comunicação global consente somente mais idênticos - ou os outros somente na condição de serem idênticos.» 

Byung-Chul Han. A Expulsão do Outro. Tradução de Miguel Serras Pereira. Editora. Relógio D'Água, 2018, Lisboa., p. 14

«Heidegger diria que, hoje, o ruído da comunicação, a tempestade digital dos dados e de informações, nos torna surdos ao ressoar calado da verdade e ao seu silencioso poder violento: ''UM RIBOMBAR é/ a própria verdade / que entre as pessoas / surgiu / em pleno/ turbilhão de metáforas.''»

Byung-Chul Han. A Expulsão do Outro. Tradução de Miguel Serras Pereira. Editora. Relógio D'Água, 2018, Lisboa., p. 14


 

Tyler, the Creator: MANIFESTO


Letras
Lil white bitch gon' say
"You need to say something about that"
"You need to say some 'bout Black"
Bitch, suck my
Yeah
That ain't your religion, you just followin' your mammy
She followed your granny, she obeyed master
Did y'all even ask her?
Questions, it's holes in them stories
Is it holes in your blessings? Yeah, I'm bold with the message
I know I ain't got the answer, but I ain't gon' cheerlead with y'all
Just to be a dancer
I'ma groove to my own drums, sunlight in my shadow, baby
Move 'til my soul comes, let them serpents rattle, baby
Crackin' light, broke porcelain, bitch
We ocean deep if you just pour us in a portion of shit
Them people try to twist my view, on some contortionist shit
I had to reevaluate what was important and shit
Finder's keeper's when you creep inside, my mind is madness
If I see peace, I'm like a fiend, uh, gotta have it
Lord, cover me I'm goin' in, walls closin' in
How I'm supposed to be protected when the laws want us in?
Y'all want us dead, just 'cause our skin is the Black type
Teach me everything and be amazed I don't act right
What the fuck?
I'm tappin' the matrix, I'm back and they hated
I'm Black and make 'em pay me capital statements, you dig?
Word on my back, I'm tryna fashion a statement
I ain't no bastard, we the master of the path that we blazin', you dig?
What?
On God now
I came a long way from my past, nigga, it's obvious
V12 engine, I'm fishtailing on some sloppy shit
Internet ringin', no lyrics up, like I hide this shit
What's your address? I could probably send you a copy, bitch
I was cancelled before cancelled was with Twitter fingers
Protestin' outside my shows, I gave them the middle finger
I was a teener, tweetin' Selena crazy shit, didn't want to offend her
Apologize when I seen her, back when I was tryna fuck Bieber, just in
I say with my chest out, you say with your chest in, nigga (say it with your chest, nigga)
Black bodies hanging from trees, I cannot make sense of this
Hit some protests and retweeted positive messages
Donated some funds, then I went and copped me a necklace
I'm probably a coon, your standards based on this evidence
Am I doing enough or not doing enough?
I'm tryna run with the baton, but see, my shoe's in the mud
I feel like, anything I say, dog, I'm screwin' shit up (Sorry)
So I just tell these Black babies, they should do what they want
Freedom, need 'em
My niggas, seen 'em
Free 'em
Don't fuck with the law, like damn, Gina
So calm the fuck down before we duck rounds
And fire balls that make your family have to duck the fuck down
We frontline, we got the mazel tov that we can chuck now
'Cause anytime we movin' up, it's like a "what the fuck?" now
They playin' games, we strappin' up, we cock and aim
We aim to shoot, we shoot to claim what we need
We done with pain and the grieving
Niggas is done with the peace
Whether it's personal or for the whole of niggas, indeed
I might not have dreadlocks, I might have these gold teeth
But I'm a nigga like you, and you's a nigga like me
So let's be niggas together, and let's be niggas with plans
But put this plastic on first, 'cause shit is hittin' the fan, Scott
Shit like this make me wanna turn my baseball cap to the side
You know, with the T.I. lean
Y'all fake mad
Catch up, niggas
Gettin' y'all identity, huh? (Gangsta Grillz)
Go get a fuckin' hobby, shit
Ain't nobody perfect
Well, at least y'all ain't



Compositores: Dominique Marquis Cole / Tyler Gregory Okonma
Descrição
Artista: Tyler, the Creator
Álbum: Call Me If You Get Lost
Data de lançamento: 2021

 «O ''digital'', em francês, diz-se numérique. O numérico faz com que tudo se torne numerável e comparável. É assim que perpetua o idêntico.


Byung-Chul Han. A Expulsão do Outro. Tradução de Miguel Serras Pereira. Editora. Relógio D'Água, 2018, Lisboa., p. 13

 «A interconexão digital total e a comunicação total não facilitam o encontro com outros.»

Byung-Chul Han. A Expulsão do Outro. Tradução de Miguel Serras Pereira. Editora. Relógio D'Água, 2018, Lisboa., p. 10

«Os meios sociais representam um grau zero do social.»

Byung-Chul Han. A Expulsão do Outro. Tradução de Miguel Serras Pereira. Editora. Relógio D'Água, 2018, Lisboa., p. 10

O terror do idêntico

«O terror do idêntico atinge hoje todas as áreas vitais. Viajamos por toda a parte sem ter experiência alguma. Ficamos ao corrente de tudo sem adquirir com isso conhecimento algum. Buscamos ansiosamente vivências e estímulos com os quais, todavia, cada um continua, sempre idêntico a si mesmo.»

Byung-Chul Han. A Expulsão do Outro. Tradução de Miguel Serras Pereira. Editora. Relógio D'Água, 2018, Lisboa., p. 10

sábado, 10 de julho de 2021

Wolf Alice - Feeling Myself


Ruben A.

 

“Sabes, gosto desta conversa de alcova. Então, quando está a chover, não há nada como uma tarde assim, uma tarde cúmplice da vida, de humor perro, tarde entreolhada, sono de pouco logo a seguir ao orgasmo, sono vizinho da eternidade, pressentimentos que batem à porta, não faz mal, genuflexório expurgado de falsa religião, a nossa religião do amor, crença, uma crença grávida, bêbeda, de chá a ferver, biológica, prenha, de um para o outro. Achas que eu não gosto de ti? Só se vive pelo amor ou pelo dinheiro, mesmo quando se mata por ódio, a morte é por amor, outros matam por questões de dinheiro, de águas, de rixas de família”.

Ruben A.

inconfessáveis angústias

“Eu pensava muito durante as longas horas das noites em que o silêncio me fazia companhia. Então mergulhava dentro de mim e tentava iluminar o escuro que nos arcaboiços trazia. Vivia em trânsito.
Custava-me parar o redemoinho sentimental que inconsciente me levava a ir procurar conforto num ser distante que também era eu. E o mais terrível é que começava a sentir-me só, desamparado, quase com a lepra medonha que a sociedade atribui aos que são diferentes da sua massa, para não dizer do seu pensar.”

Ruben A.

«Tu estás convencida há vários anos de que eu não te compreendo. Esta é sempre a teoria das mulheres, que não são compreendidas, que não são queridas, que não são adoradas, as queixas montanhas grandes, queixas enormes, sempre a justificar uma infelicidade que lhes vem lá do fundo da criação do mundo, do útero, da terra, as mulheres reflectem o útero feminino da terra, um útero cheio de aflições, em conclusão, queixam-se de tudo então entre os quarenta e os cinquenta, esse útero funciona nas alturas, é um útero cósmico que já não é parte de uma mulher, pertence à mulher do mundo. Há muita verdade no que dizes, o homem desinteressa-se facilmente, depois do acto do amor, depois logo sacode as penas, arrebita, passa à frente, domina outro mundo, a mulher fica fechada, acanhada nesse encontro muito íntimo, nesse seu mais fundo dos fundos, na identidade uterina com a ideia da criação, da reprodução da génese, salta, salta, forma-se na mulher a visão do caos a que só ela pelo amor pode dar uma nova regra, pelo domínio da paixão, pela companhia, para isso tem de ser compreendida, ela julga que é compreendida, tem de justificar a sua infelicidade pela compreensão do amor, de um outro amor, a mulher busca no outro amor o amor definitivo, amor que nunca aparece, é o poder fantásmico de convicção, que rompe todas as barreiras, a mulher atira-se, não sabe onde nem como, é capaz dos maiores actos de heroísmo clandestino, aparece, vai, surge, abre-se, mostra o que é o amor, a sua entrega total.»


Ruben A., in ‘Silêncio para 4’

Sophia – Carta A Ruben A.

 

 

Que tenhas morrido é ainda uma notícia
Desencontrada e longínqua e não a entendo bem
Quando — pela última vez — bateste à porta da casa e te
[sentaste à mesa

Trazias contigo como sempre alvoroço e início
Tudo se passou em planos e projectos
E ninguém poderia pensar em despedida

Mas sempre trouxeste contigo o desconexo
De um viver que nos funda e nos renega
— Poderei procurar o reencontro verso a verso
E buscar — como oferta — a infância antiga

A casa enorme vermelha e desmedida
Com seus átrios de pasmo e ressonância
O mundo dos adultos nos cercava
E dos jardins subia a transbordância
De rododendros délias e camélias
De frutos roseirais musgos e tílias

As tílias eram como catedrais
Percorridas por brisas vagabundas
As rosas eram vermelhas e profundas
E o mar quebrava ao longe entre os pinhais

Morangos e muguet e cerejeiras
Enormes ramos batendo nas janelas
Havia o vaguear tardes inteiras

E a mão roçando pelas folhas de heras
Havia o ar brilhante e perfumado
Saturado de apelos e de esperas

Desgarrada era a voz das primaveras

Buscarei como oferta a infância antiga
Que mesmo tão distante e tão perdida
Guarda em si a semente que renasce

Junho de 1976

ANDRESEN, Sophia de Mello Breyner , Obra Poética II

 

Sophia de Mello Breyner Andresen (Porto, 06/11/1919 – Lisboa, 02/07/2004)
Poetisa, contista, autora de literatura infantil e tradutora, a 1.ª mulher portuguesa a receber o Prémio Camões (1999)

''A Escrita Dissidente ''

inenarrável

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