quarta-feira, 24 de junho de 2015

"Todas as opiniões que há sobre a Natureza
Nunca fizeram crescer uma erva ou nascer uma flor"


Alberto Caeiro
"Que é amar senão inventar-se a gente noutros gostos e vontades? Perder o sentimento de existir e ser com delícia a condição de outro, com seus erros que nos convencem mais do que a perfeição?"

 Agustina Bessa-Luís

segunda-feira, 22 de junho de 2015


OUVIR A VONTADE
"eu queria ser o mais simplesdos cantores, aquele que uma trompa
acompanha em deslocação à província,
ter a teimada obstinação do grilo
e o grito da água, surpresa no alto dos penhascos,
e há pássaros que mergulham e me rasgam
para pousar no silêncio inteiro da queda.
tudo tentei: lugar de nascimento, morada, cartão
de identidade fixa,
férias no cabo do mundo, de livro na mão, declamado
a exacta simetria dos espaços;
a repetição até à agonia, do símil completo
e da elipse redonda;
tudo analisável, grosseiro, como compete
à purificação da língua, lavada escorrida
para uso nas escolas, as da vida e as
que não morrem.
saio para a rua e todos os homens trazem
braçadeiras brancas,
os pequenos polícias atiram sesgado,
estamos infelizes e mortais, como é costume.
depois disto ninguém vai acreditar quando disser
que veneno maior é o dedal da chuva,
que nele ouvi a luz que nos despede,
que nele ouvi a fome, a sede e o frio."

-"As Moradas 1& 2"
 António Franco Alexandre
"Frente a uma situação difícil, o Português opta pela espera de um milagre ou pela descompressão de uma anedota. O grave disto é que o milagre não vem e a anedota descomprime de tudo.
Ficamos assim à mercê do azar e sem restos de razão para mexer um dedo"

Vergílio Ferreira, Conta-Corrente, 2

domingo, 21 de junho de 2015

O CIÚME.

"O ciúme. Que irritante. Ele é uma expressão da avidez da propriedade. Ou da petulância do domínio. Ou do gosto da escravização"

Vergílio Ferreira, Conta-Corrente 5.

«Os segredos de amor têm profundezas difíceis de alcançar,»

Ruy Cinatti. Obra Poética. Organização e prefácio de Fernando Pinto do Amaral. Imprensa  Nacional - Casa da Moeda, Lisboa, 1992., p. 631

«A beleza reside no carácter »

Ruy Cinatti. Obra Poética. Organização e prefácio de Fernando Pinto do Amaral. Imprensa  Nacional - Casa da Moeda, Lisboa, 1992., p. 630

« - A sua suave boca é como um ninho d'ave»

Ruy Cinatti. Obra Poética. Organização e prefácio de Fernando Pinto do Amaral. Imprensa  Nacional - Casa da Moeda, Lisboa, 1992., p. 627

OUTRA VERSÃO

«Uma revolução
florida, recebe
com o suor da vida
o sangue das flores.

Mas não é a cor
dos cravos vermelhos
-diz-nos a História -
o que está em causa.

O sangue dos homens
corre-me pela alma!»


Ruy Cinatti. Obra Poética. Organização e prefácio de Fernando Pinto do Amaral. Imprensa  Nacional - Casa da Moeda, Lisboa, 1992., p. 616

«Um peixe a teimar que quer ser homem!»

Ruy Cinatti. Obra Poética. Organização e prefácio de Fernando Pinto do Amaral. Imprensa  Nacional - Casa da Moeda, Lisboa, 1992., p. 605
«E abracei-te, amigo meu, já morto
e não acreditei.»


Ruy Cinatti. Obra Poética. Organização e prefácio de Fernando Pinto do Amaral. Imprensa  Nacional - Casa da Moeda, Lisboa, 1992., p. 603
«As nossas mãos suadas, cansadas,
encostam-se à cabeça e ninguém vê
as lágrimas que caem, secamente,
sem pedir nada, sem saber porquê!»


Ruy Cinatti. Obra Poética. Organização e prefácio de Fernando Pinto do Amaral. Imprensa  Nacional - Casa da Moeda, Lisboa, 1992., p. 600

Sem Título, 2014


«Un pueblo suicida.»

Unamuno
«Que a tua vida seja uma lição!
Que a tua morte, pelos tempos, seja honrada!»


Ruy Cinatti. Obra Poética. Organização e prefácio de Fernando Pinto do Amaral. Imprensa  Nacional - Casa da Moeda, Lisboa, 1992., p. 592
«Etiquetar é encontrar a palavra que neutralize o que o outro diz, e me assegure de que o que digo continua certo.
   Se eu não etiquetar rapidamente, pode até acontecer que a dúvida entre no meu discurso e a minha segurança fique em causa.»

Ruy Cinatti. Obra Poética. Organização e prefácio de Fernando Pinto do Amaral. Imprensa  Nacional - Casa da Moeda, Lisboa, 1992., p. 591

«Não esqueçamos o que fomos
para sermos.»


Ruy Cinatti. Obra Poética. Organização e prefácio de Fernando Pinto do Amaral. Imprensa  Nacional - Casa da Moeda, Lisboa, 1992., p. 588


(...)

«Todos se masturbam
arquietctando
cordialidade
e corrupção.

Onde sou, estou.»


Ruy Cinatti. Obra Poética. Organização e prefácio de Fernando Pinto do Amaral. Imprensa  Nacional - Casa da Moeda, Lisboa, 1992., p. 572
«Seja golpe de asa
a cura do espírito.»


Ruy Cinatti. Obra Poética. Organização e prefácio de Fernando Pinto do Amaral. Imprensa  Nacional - Casa da Moeda, Lisboa, 1992., p. 571

sábado, 20 de junho de 2015

«Porque nem sempre a fome é saciada,»

Ruy Cinatti. Obra Poética. Organização e prefácio de Fernando Pinto do Amaral. Imprensa  Nacional - Casa da Moeda, Lisboa, 1992., p. 346

«A Lua é crua,»

Ruy Cinatti. Obra Poética. Organização e prefácio de Fernando Pinto do Amaral. Imprensa  Nacional - Casa da Moeda, Lisboa, 1992., p. 333
«(disseste-o, desmemoriada,»

Ruy Cinatti. Obra Poética. Organização e prefácio de Fernando Pinto do Amaral. Imprensa  Nacional - Casa da Moeda, Lisboa, 1992., p. 325

sexta-feira, 19 de junho de 2015


«os peixinhos encarnados
numa pia de água benta,»


Ruy Cinatti. Obra Poética. Organização e prefácio de Fernando Pinto do Amaral. Imprensa  Nacional - Casa da Moeda, Lisboa, 1992., p. 320

10

Os teus seios não cabem
nas minhas mãos.

Para que tê-los, então?

Tomo-os.

Entrego-os.

Mordidos.


Ruy Cinatti. Obra Poética. Organização e prefácio de Fernando Pinto do Amaral. Imprensa  Nacional - Casa da Moeda, Lisboa, 1992., p. 312
«Aceito ainda uma bebida,
mas não me fales de Deus.»

Ruy Cinatti. Obra Poética. Organização e prefácio de Fernando Pinto do Amaral. Imprensa  Nacional - Casa da Moeda, Lisboa, 1992., p. 309

''vai-à-tua-vida''

Ruy Cinatti. Obra Poética. Organização e prefácio de Fernando Pinto do Amaral. Imprensa  Nacional - Casa da Moeda, Lisboa, 1992., p. 309
«Não te interessa a minha história. Eu já sabia,
mas tenho esperança, sou assim.
Ela ultimamente anda pior que o demo, nem na cama
me quer. Diz que cheiro mal, que transpiro!»


Ruy Cinatti. Obra Poética. Organização e prefácio de Fernando Pinto do Amaral. Imprensa  Nacional - Casa da Moeda, Lisboa, 1992., p. 307

«Emparedadas as garrafas olham com olhos emprestados.»

Ruy Cinatti. Obra Poética. Organização e prefácio de Fernando Pinto do Amaral. Imprensa  Nacional - Casa da Moeda, Lisboa, 1992., p. 307

28

Adormecer, enfim, cumprindo o dia
de mágoa e de dor
física.
Supor que os sonhos que não vêm
hão-de vir.

Eis o meu desejo explícito,
enquanto vivo.


Ruy Cinatti. Obra Poética. Organização e prefácio de Fernando Pinto do Amaral. Imprensa  Nacional - Casa da Moeda, Lisboa, 1992., p. 300
«Vaga, ténue,
aveludada, eriçada de espinhos,
a minha dor é comigo.»


Ruy Cinatti. Obra Poética. Organização e prefácio de Fernando Pinto do Amaral. Imprensa  Nacional - Casa da Moeda, Lisboa, 1992., p. 299
«Não te dói se te pergunto: amas,
aqui no peito, fundo, lado esquerdo?»


Ruy Cinatti. Obra Poética. Organização e prefácio de Fernando Pinto do Amaral. Imprensa  Nacional - Casa da Moeda, Lisboa, 1992., p. 295

«E erros esvaídos de sentir?
Já me cansa e me dói sentir-me a mim,»

Fernando PessoaFausto -Tragégia Subjectiva. Texto estabelecido por Teresa Sobral Cunha. Prefácio por Eduardo Lourenço. Editorial Presença., p. 178
«Embriagando-se indolentemente
Do cheiro transitório duma flor.»


Fernando PessoaFausto -Tragégia Subjectiva. Texto estabelecido por Teresa Sobral Cunha. Prefácio por Eduardo Lourenço. Editorial Presença., p. 172
«Mas a tempestade
Acabará e há outro lugar onde
Não há a tempestade.»


Fernando PessoaFausto -Tragégia Subjectiva. Texto estabelecido por Teresa Sobral Cunha. Prefácio por Eduardo Lourenço. Editorial Presença., p. 168

«/Com dolorosas incompreensões
E com compreensões mais dolorosas/»


Fernando Pessoa
Fausto -Tragégia Subjectiva. Texto estabelecido por Teresa Sobral Cunha. Prefácio por Eduardo Lourenço. Editorial Presença., p. 166
«Efeitos lúcidos do engano fácil
Que antepôs a si mesmo mais sentidos,»



Fernando PessoaFausto -Tragégia Subjectiva. Texto estabelecido por Teresa Sobral Cunha. Prefácio por Eduardo Lourenço. Editorial Presença., p. 164
«Bem sei que a obra é para tristeza,
Mas há o fazê-la que a faz beleza,
Bem sei que a morte é seu fio e a dor
Constante no fiar. Mas fia com amor.»

Fernando PessoaFausto -Tragégia Subjectiva. Texto estabelecido por Teresa Sobral Cunha. Prefácio por Eduardo Lourenço. Editorial Presença., p. 160

«Minha mortalha minha mão fria,
Fia-a contente de ter que fiar.»


Fernando PessoaFausto -Tragégia Subjectiva. Texto estabelecido por Teresa Sobral Cunha. Prefácio por Eduardo Lourenço. Editorial Presença., p. 160
*

29-21*                                           Ao teu seio irei beber
                                                         O conforto de sofrer.



Fernando PessoaFausto -Tragégia Subjectiva. Texto estabelecido por Teresa Sobral Cunha. Prefácio por Eduardo Lourenço. Editorial Presença., p. 155
«(...)                       Cesse, cesse
Para sempre a minha alma de ser minha,»


Fernando PessoaFausto -Tragégia Subjectiva. Texto estabelecido por Teresa Sobral Cunha. Prefácio por Eduardo Lourenço. Editorial Presença., p. 146

''oca orgia''

Fernando PessoaFausto -Tragégia Subjectiva. Texto estabelecido por Teresa Sobral Cunha. Prefácio por Eduardo Lourenço. Editorial Presença., p. 145

etcetra e tal...

quinta-feira, 18 de junho de 2015


«Eu quero ser,
só o que sou.»

Ruy Cinatti. Obra Poética. Organização e prefácio de Fernando Pinto do Amaral. Imprensa  Nacional - Casa da Moeda, Lisboa, 1992., p. 265

"Larga a cidade masturbadora, febril,
rabo decepado de lagartixa,
labirinto cego de toupeiras,
raça de ignóbeis míopes, tísicos, tarados,
anémicos, cancerosos e arseniados! 
Larga a cidade!
Larga a infâmia das ruas e dos boulevards
esse vaivém cínico de bandidos mudos
esse mexer esponjoso de carne viva
Esse ser-lesma nojento e macabro
Esse S ziguezague de chicote auto-fustigante
Esse ar expirado e espiritista...
Esse Inferno de Dante por cantar
Esse ruído de sol prostituído, impotente e velho
Esse silêncio pneumónico
de lua enxovalhada sem vir a lavadeira!
Larga a cidade e foge!
Larga a cidade!
Vence as lutas da família na vitória de a deixar.
Larga a casa, foge dela, larga tudo!
Nem te prendas com lágrimas, que lágrimas são cadeias!
Larga a casa e verás - vai-se-te o Pesadelo!
A família é lastro, deita-a fora e vais ao céu!
Mas larga tudo primeiro, ouviste?
Larga tudo!
– Os outros, os sentimentos, os instintos,
e larga-te a ti também, a ti principalmente!
Larga tudo e vai para o campo
e larga o campo também, larga tudo!
– Põe-te a nascer outra vez!
Não queiras ter pai nem mãe,
não queiras ter outros nem Inteligência!
A Inteligência é o meu cancro
eu sinto-A na cabeça com falta de ar!
A Inteligência é a febre da Humanidade
e ninguém a sabe regular!
E já há Inteligência a mais pode parar por aqui!
Depois põe-te a viver sem cabeça,
vê só o que os olhos virem,
cheira os cheiros da Terra
come o que a Terra der,
bebe dos rios e dos mares,
- põe-te na Natureza!
Ouve a Terra, escuta-A.
A Natureza à vontade só sabe rir e cantar!
Depois, põe-te a coca dos que nascem
e não os deixes nascer.
Vai depois pla noite nas sombras
e rouba a toda a gente a Inteligência
e raspa-lhos a cabeça por dentro
co'as tuas unhas e cacos de garrafa,
bem raspado, sem deixar nada,
e vai depois depressa muito depressa
sem que o sol te veja
deitar tudo no mar onde haja tubarões!
Larga tudo e a ti também!"


 José Almada Negreiros
poeta sensacionista
e Narciso do Egipto
                          «Sou o que era, velho.
Nas cinzas do meu ser ainda há calor
Para que o fogo lembre.»


Fernando Pessoa. Fausto -Tragégia Subjectiva. Texto estabelecido por Teresa Sobral Cunha. Prefácio por Eduardo Lourenço. Editorial Presença., p. 126
«Sei ler os vícios íntimos e os crimes
Nos olhares.»

Fernando Pessoa. Fausto -Tragégia Subjectiva. Texto estabelecido por Teresa Sobral Cunha. Prefácio por Eduardo Lourenço. Editorial Presença., p. 124
«Acabará em mim parte de mim
E viverei morto para viver»

Fernando Pessoa. Fausto -Tragégia Subjectiva. Texto estabelecido por Teresa Sobral Cunha. Prefácio por Eduardo Lourenço. Editorial Presença., p. 124

«(com um grito pavoroso F. atira-se de encontro à parede, dando com a cabeça uma, duas, três vezes até cair no chão inanimado).»


Fernando Pessoa. Fausto -Tragégia Subjectiva. Texto estabelecido por Teresa Sobral Cunha. Prefácio por Eduardo Lourenço. Editorial Presença., p. 123
«Eu dou-vos vida só para odiar-vos,
Eu são sou vosso.»


Fernando Pessoa.
 Fausto -Tragégia Subjectiva. Texto estabelecido por Teresa Sobral Cunha. Prefácio por Eduardo Lourenço. Editorial Presença., p. 110
«Duas solidões do meu ser e cada vez 
Mais dentro em mim.»


Fernando Pessoa. Fausto -Tragégia Subjectiva. Texto estabelecido por Teresa Sobral Cunha. Prefácio por Eduardo Lourenço. Editorial Presença., p. 110

''alucinadas pré-sensações''

Fernando Pessoa. Fausto -Tragégia Subjectiva. Texto estabelecido por Teresa Sobral Cunha. Prefácio por Eduardo Lourenço. Editorial Presença., p. 107

«Beijar na boca uma consciência,»

Fernando Pessoa. Fausto -Tragégia Subjectiva. Texto estabelecido por Teresa Sobral Cunha. Prefácio por Eduardo Lourenço. Editorial Presença., p. 106

« Há entre a alma e a alma um abismo.»

Fernando Pessoa. Fausto -Tragégia Subjectiva. Texto estabelecido por Teresa Sobral Cunha. Prefácio por Eduardo Lourenço. Editorial Presença., p. 106

«Pudesse-te eu amar sem que existisses
E possuir-te sem que ali estivesses!»


Fernando Pessoa. Fausto -Tragégia Subjectiva. Texto estabelecido por Teresa Sobral Cunha. Prefácio por Eduardo Lourenço. Editorial Presença., p. 105

«Quero falar ternura e não o sei;»

Fernando Pessoa. Fausto -Tragégia Subjectiva. Texto estabelecido por Teresa Sobral Cunha. Prefácio por Eduardo Lourenço. Editorial Presença., p. 104
«Eu não sei dizer mais; não aprendi
Como o amor faça, não, não aprendi,
Porque o amor não fala, não pode
Dizer-se todo, senão não seria
Amor, / ao menos este amor que eu sinto/.»


Fernando Pessoa. Fausto -Tragégia Subjectiva. Texto estabelecido por Teresa Sobral Cunha. Prefácio por Eduardo Lourenço. Editorial Presença., p. 102
«Arrasta a grilheta da dor,
Cujos olhos não choram por não ter
Na alma já lágrimas p'ra chorar,»


Fernando Pessoa. Fausto -Tragégia Subjectiva. Texto estabelecido por Teresa Sobral Cunha. Prefácio por Eduardo Lourenço. Editorial Presença., p. 102

«Amor, diz qualquer coisa que eu te sinta!»

Fernando Pessoa. Fausto -Tragégia Subjectiva. Texto estabelecido por Teresa Sobral Cunha. Prefácio por Eduardo Lourenço. Editorial Presença., p. 101

«Diz-me porque é que o amor te faz ser triste?
Canso-te? Posso eu cansar-te se amas?»


Fernando Pessoa. Fausto -Tragégia Subjectiva. Texto estabelecido por Teresa Sobral Cunha. Prefácio por Eduardo Lourenço. Editorial Presença., p. 100
«29-96*   Maria:        Amo como o amor ama.
                                           Não sei razão pra amar-te mais que amar-te.
                                           Que queres que te diga mais que te amo,
                                            Se o que quero dizer-te é que te amo?
                                          Não procures no meu coração...

                                          Quando te falo, dói-me que respondas
                                          Ao que te digo e não ao meu amor.
                                          Quando há amor a gente não conversa:
                                           Ama-se, e fala-se para se sentir.
                                         Posso ouvir-te dizer-me que tu me amas,
                                          Sem que mo digas, se eu sentir que me amas.

(...)»




Fernando Pessoa. Fausto -Tragégia Subjectiva. Texto estabelecido por Teresa Sobral Cunha. Prefácio por Eduardo Lourenço. Editorial Presença., p. 99
«(A desilusão de Fausto é de três espécies: 1) verifica, no facto de que Maria o ama em parte sem saber porquê e em parte por qualidades que lhe supõe e ele não tem, que o amor é coisa que não se pode querer compreender e entre o qual e ele há um abismo profundíssimo; 2) verifica, na sua incapacidade não só de compreender o amor, como até de o sentir ou, talvez melhor, de se sentir sentindo-o, que esse abismo que existe entre ele e o amor começa por ser um abismo que existe entre ele e ele próprio; 3) verifica (...)»

Fernando Pessoa. Fausto -Tragégia Subjectiva. Texto estabelecido por Teresa Sobral Cunha. Prefácio por Eduardo Lourenço. Editorial Presença., p. 99

«Tão cheio de ódios contra o meu destino»

Fernando Pessoa. Fausto -Tragégia Subjectiva. Texto estabelecido por Teresa Sobral Cunha. Prefácio por Eduardo Lourenço. Editorial Presença., p. 97
                                 «Escrever
Em palavras de carne, (...)»



Fernando Pessoa. Fausto -Tragégia Subjectiva. Texto estabelecido por Teresa Sobral Cunha. Prefácio por Eduardo Lourenço. Editorial Presença., p. 93


                                                                            *
29 -50                Só a inocência e a ignorância são
                             Felizes, mas não o sabem. São-no ou não?
                             Que é ser sem no saber? Ser, como pedra,
                             Um lugar, nada mais.


Fernando Pessoa. Fausto -Tragégia Subjectiva. Texto estabelecido por Teresa Sobral Cunha. Prefácio por Eduardo Lourenço. Editorial Presença., p. 93

«Mais só que a solidão. Sou um estranho
Ao que em mim pensa.»


Fernando Pessoa. Fausto -Tragégia Subjectiva. Texto estabelecido por Teresa Sobral Cunha. Prefácio por Eduardo Lourenço. Editorial Presença., p. 91

«Estou sempre só, nem a mim mesmo faço
A companhia de sentir.»


Fernando Pessoa. Fausto -Tragégia Subjectiva. Texto estabelecido por Teresa Sobral Cunha. Prefácio por Eduardo Lourenço. Editorial Presença., p. 91
«(...)             Pensar em dizer «amo-te»
E «amo-te» só - só isto me angustia...
Pensar que ao rir ( e mesmo que o não seja)
Exponho uma íntima parte de mim,
Para poder amar eu precisava
Esquecer que sou Fausto o/pensador/.»


Fernando Pessoa. Fausto -Tragégia Subjectiva. Texto estabelecido por Teresa Sobral Cunha. Prefácio por Eduardo Lourenço. Editorial Presença., p. 90


«E sinto horror a abrir o ser a alguém,
A confiar n'alguém. Horror eu sinto
A que prescrute alguém, ou levemente
Ou não, quaisquer/recantos/do meu ser.»


Fernando Pessoa. Fausto -Tragégia Subjectiva. Texto estabelecido por Teresa Sobral Cunha. Prefácio por Eduardo Lourenço. Editorial Presença., p. 89

« (...)                                   Felicidade
Fez-se para quem a não pode sentir.»

Fernando Pessoa. Fausto -Tragégia Subjectiva. Texto estabelecido por Teresa Sobral Cunha. Prefácio por Eduardo Lourenço. Editorial Presença., p. 88/9

«É a noiva eterna morta de um eu
Que não soube amar.»


Fernando Pessoa. Fausto -Tragégia Subjectiva. Texto estabelecido por Teresa Sobral Cunha. Prefácio por Eduardo Lourenço. Editorial Presença., p. 88
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