sábado, 25 de novembro de 2017

 AMA

Somos pouco mais ou menos da mesma idade mas, como eu trabalhei muito, encontro-me bem lubrificada, ao passo que a senhora, devido à vida airada, ficou com as pernas perras.


TIA

Então tu achas que eu não trabalhei?


AMA

Com as pontinhas dos dedos, com linhas, com talos de plantas, com doces. Mas esta aqui trabalhou com o lombo, com os joelhos, com as unhas.


TIA

Então governar uma casa não é trabalhar?

AMA

É muito mais duro esfregar o soalho.


TIA

Não estou disposta a discutir.

AMA

Olhe que não seria má ideia. É uma forma de matar o tempo. Ande lá, responda-me. Mas nós as duas ficamos de bico calado. Antigamente, a gente berrava: porque isto, porque aquilo, porque sim mais que também, porque o arroz doce, porque se não passares mais a ferro...


TIA


Eu já estou como hei-de ir..., e um dia sopas, outro dia migas, o meu copinho de água, e o meu terço no bolso, esperava pela morte com dignidade...Mas quando penso na Rosinha!

AMA

Aí é que está a ferida!


Frederico García Lorca. Dona Rosinha. A Solteira. Editorial Estampa, Lisboa,1973., p. 113/4

Cross Record - Steady Waves




What is the word?
An unhuman search
Memories touching, heavy fog masking
I am a vessel, are you a vessel?

Oh beautiful, comfortable body
I let myself sink into it, a warm blanket

And every once in a while I look inside

Shimmery, it makes me dizzy
To listen closely to the steady waves
«Ainda havemos de passar muitos anos a apanhar rosas.»



Frederico Garcia Lorca. Dona Rosinha. A Solteira. Editorial Estampa, Lisboa,1973., p. 112

«branca como o branco frio
de alguma face de sal.»

Frederico Garcia Lorca. Dona Rosinha. A Solteira. Editorial Estampa, Lisboa,1973., p. 106

quinta-feira, 23 de novembro de 2017

dissemelhanças

modelos de libertação do pudor


Fotografia Patrícia Almeida, da série Portobello
Faleceu a fotógrafa, editora e artista visual Patrícia Almeida. Vítima de doença prolongada, tinha 47 anos e um trabalho notável no seio da fotografia contemporânea portuguesa. Formada em História, tendo passado pelo Goldsmiths College, recebeu o prémio European Photo Exibition e foi finalista do BES Photo em 2010 com o trabalho All Beauty Must Die. O seu trabalho, de características documentais, explorava os espaços urbanos e a forma como as pessoas se relacionavam com eles, sendo incontornáveis os seus trabalhos No ParkingLocationsPortobelo, do qual apresentamos aqui uma imagem, exposto na Galeria Zé dos Bois, em Lisboa, e nomeado em 2009 para o BES Photo, ou ainda de Ma Vie Va Changer, um dos seus últimos trabalhos. Patrícia Almeida foi ainda co-fundadora da editora GHOST, em conjunto com David-Alexandre Guéniot, uma editora também de referência no panorama atual da fotografia portuguesa.

quarta-feira, 22 de novembro de 2017

«(...) lia um poema sobre a fidelidade para além da morte.»

Marguerite Yourcenar. A benefício de Inventário. Tradução de Rafael Gomes Filipe. Difel , 1978, Lisboa., p. 62

''lágrimas bordadas''


«Mihi, sed in sepulcro. Meu, mas na sepultura. Esta divisão adoptada por Luísa traduz com exactidão a realidade da sua existência de viúva.»

Marguerite Yourcenar. A benefício de Inventário. Tradução de Rafael Gomes Filipe. Difel , 1978, Lisboa., p. 60

domingo, 19 de novembro de 2017

''solidões assistidas''

''camisas de noite benzidas''


Marguerite Yourcenar. A benefício de Inventário. Tradução de Rafael Gomes Filipe. Difel , 1978, Lisboa., p. 57

«(...) sombra desolada envergando o luto branco das rainhas,»

Marguerite Yourcenar. A benefício de Inventário. Tradução de Rafael Gomes Filipe. Difel , 1978, Lisboa., p. 52

mulher cerebral

''graça floral''

O catálogo das Rosas

''Narciso feminino''

«(...) cabelos bem entrançados entrelaçados de pérolas,»


Marguerite Yourcenar. A benefício de Inventário. Tradução de Rafael Gomes Filipe. Difel , 1978, Lisboa., p. 46

Fotografia da série ''Incidental Gestures'' de Agnès Geoffray



«Catarina instalou a sua viuvez no castelo finalmente concluído; sobreviveu ao marido pouco mais de dois anos.»

Marguerite Yourcenar. A benefício de Inventário. Tradução de Rafael Gomes Filipe. Difel , 1978, Lisboa., p. 42

Une rose d'automne est plus qu'une autre exquise

«Uma rosa de Outono é mais que qualquer outra sublime».

Agrippa D'Aubigné

''Saber o que se não sabe e se não pode saber,''

Agrippa D'Aubigné

reflorir

«Todos saem da morte como se sai de um sonho.»

Agrippa D'Aubigné























«(...) estes leitos, armadilhas sangrentas, não leitos, mas túmulos, / onde o Amor e a Morte trocaram archotes, o melancólico crepúsculo em que o céu exala um vapor de sangue e de almas,»


Marguerite Yourcenar. A benefício de Inventário. Tradução de Rafael Gomes Filipe. Difel , 1978, Lisboa., p. 34

Os Fogos

Agrippa D'Aubigné
harpias
nome feminino plural de harpia
harpia
har.pi.a
ɐrˈpiɐ
nome feminino
1.
MITOLOGIA monstro fabuloso com cabeça de mulher e corpo de abutre
2.
figurado mulher avarenta e cruel
3.
ORNITOLOGIA grande ave de rapina diurna da família dos Falconídeos,que vive na América Central e no Norte da América do Sul
Do grego Harpyía, «idem», pelo latim Harpyīa-, «idem»

''Hipocrisia remelosa''


Marguerite Yourcenar. A benefício de Inventário. Tradução de Rafael Gomes Filipe. Difel , 1978, Lisboa., p. 32

''figuras flácidas e pensativas''


Marguerite Yourcenar. A benefício de Inventário. Tradução de Rafael Gomes Filipe. Difel , 1978, Lisboa., p. 16

moxinifada

nome feminino
1.salsada, mixórdia, miscelânea
2.embrulhada, trapalhada
3.comida mal preparada, mistela
4.discurso mal preparado e confuso

''pavimento de mármore para esfacelar os crânios''


Marguerite Yourcenar. A benefício de Inventário. Tradução de Rafael Gomes Filipe. Difel , 1978, Lisboa., p. 15

sábado, 18 de novembro de 2017

''Mediocridade de espírito''


Marguerite Yourcenar. A benefício de Inventário. Tradução de Rafael Gomes Filipe. Difel , 1978, Lisboa., p. 12

«A autenticidade é uma coisa, a veracidade é outra.»

Marguerite Yourcenar. A benefício de Inventário. Tradução de Rafael Gomes Filipe. Difel , 1978, Lisboa., p.

2.ª AYOLA

Abre a carta!

1.ª AYOLA

O melhor é que a leias sozinha, não seja o caso de te ter escrito alguma inconveniência.

MÃE

Credo!

(Rosinha sai com a carta.)

1.ª AYOLA

A carta de um noivo não é um livro de reza.

3.ª SOLTEIRONA

É um livro de rezas de amor.

2.ª AYOLA

Sabe-la toda!
(As Ayola riem.)

1.ª AYOLA

Está-se mesmo a ver  que nunca recebeu nenhuma.




Frederico Garcia Lorca. Dona Rosinha. A Solteira. Editorial Estampa, Lisboa,1973., p. 101
«Sobre os teus longos cabelos
gemem as flores cortadas.»


Frederico Garcia Lorca. Dona Rosinha. A Solteira. Editorial Estampa, Lisboa,1973., p. 99

«Dizem que os homens se cansam de uma mulher quando a vêem sempre com o mesmo vestido.»


Frederico Garcia Lorca. Dona Rosinha. A Solteira. Editorial Estampa, Lisboa,1973., p. 86

''mel coado''


''pétalas queimadas''

«Que luto de rouxinóis
deste à minha juventude,»


Frederico Garcia Lorca. Dona Rosinha. A Solteira. Editorial Estampa, Lisboa,1973., p. 52
«Rendas de orvalho possuem
nossas camisas de noiva.»



Frederico Garcia Lorca. Dona Rosinha. A Solteira. Editorial Estampa, Lisboa,1973., p. 49

«Os boatos são coroas.»

Frederico Garcia Lorca. Dona Rosinha. A Solteira. Editorial Estampa, Lisboa,1973., p. 46
«Vais espetar uma seta com fitas roxas no coração dela. Há-de ficar a saber, agora, que os tecidos não servem apenas para fazer flores, mas que servem também para enxugar lágrimas.»


Frederico Garcia Lorca. Dona Rosinha. A Solteira. Editorial Estampa, Lisboa,1973., p. 41

«rosa inermis»


REDOUTÉ, Pierre-Joseph (1759-1840)
Rosa Inermis / Rosier Turbine sans épines [Boursault Rose]
«Pisarem as minhas sementes, ainda vá que não vá,  mas ao pé da rosa de que eu mais gosto e deixá-la assim, com as folhinhas completamente amachucadas, lá isso é que não!»


Frederico Garcia Lorca. Dona Rosinha. A Solteira. Editorial Estampa, Lisboa,1973., p. 33

«(...) pegar numa linha para enfeitar um 'soutien'?

Frederico Garcia Lorca. Dona Rosinha. A Solteira. Editorial Estampa, Lisboa,1973., p. 31

«Eu cá, não, minha senhora. A mim, as flores cheiram-me a menino morto ou a profissão de freira ou a altar de igreja. Cheiram a coisas tristes. Eu sou muito bem capaz de trocar todas  as rosas deste mundo por uma boa laranja ou por um marmelo bem maduro. Mas aqui, nesta casa, são rosas à direita, rosmaninho à esquerda e petúnias e anémonas e essas flores que, agora, estão na moda, esses crisântemos, despenteados que nem cabeleira de ciganinhas.»



Frederico Garcia Lorca. Dona Rosinha. A Solteira. Editorial Estampa, Lisboa,1973., p. 28

heléboro negro

sexta-feira, 17 de novembro de 2017

"Quando amamos alguém, amamos sempre. Uma vez que não estivemos sozinhos, nunca mais estaremos sozinhos"

Maria Casarès 

terça-feira, 14 de novembro de 2017

Mil-Homens

''rosa musguenta''


Dona Rosinha, a Solteira ou a Linguagem das Flores

Frederico Garcia Lorca. Dona Rosinha. A Solteira. Editorial Estampa, Lisboa,1973

Debussy, Bartok, Falla, Stravinsky

«(...), a mulher abandonada da literatura das freiras e de debaixo-da-porta deste tempo.»

Frederico Garcia Lorca. Dona Rosinha. A Solteira. Editorial Estampa, Lisboa,1973., p. 12
«(o tempo e as flores, o tempo e o casamento, o tempo e o desastre das vidas)»


Frederico Garcia Lorca. Dona Rosinha. A Solteira. Editorial Estampa, Lisboa,1973., p. 12

sábado, 11 de novembro de 2017



''Thought I'd been in love before
But in my heart I wanted more''


The Beatles - Real Love




If I fell in love with you,
Would you promise to be true
And help me understand?

'Cause I've been in love before
And I found that love is more
Than just holdin' hands.

If I give my heart
To you,
I must be sure
From the very start
That you
Would love me more than her.

If I trust in you
Oh, please,
Don't run and hide.
If I love you too
Oh, please,
Don't hurt my pride like her

'Cause I couldn't stand the pain
And I
Would be sad if our new love
Was in vain.

So I hope you see
That I
Would love to love you
And that she
Will cry
When she learns we are two

'Cause I couldn't stand the pain
And I
Would be sad if our new love
Was in vain.

So I hope you see
That I
Would love to love you
And that she
Will cry
When she learns we are two.
If I fell in love with you.


«adormeço contigo e desperto contigo
      e é assim que consigo 
          a eternidade.»


Miguel de UnamunoAntologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução José Bento. Assírio&Alvim, 1985, Lisboa., p. 56



«Pelo amor soubemos nós da morte;
            pelo amor soubemos
que se morre: sabemos que se vive
        quando chega o morrermos.»



Miguel de UnamunoAntologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução José Bento. Assírio&Alvim, 1985, Lisboa., p. 56


«Que impossíveis amores
guarda o abismo?»


Miguel de UnamunoAntologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução José Bento. Assírio&Alvim, 1985, Lisboa., p. 53
«E como há-de doer-lhe o pensamento
se é só carne morta,
moxama com crostas desse sangue,
coalhando sangue negro?
Essa dor-espírito não mora
em carne, sangue e terra.»



Miguel de UnamunoAntologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução José Bento. Assírio&Alvim, 1985, Lisboa., p. 50

«Não há nada mais eterno do que a morte;
tudo se acaba?»



Miguel de UnamunoAntologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução José Bento. Assírio&Alvim, 1985, Lisboa., p. 49

(...)

«Que importa que os teus não vejam o caminho,
se dão a luz aos meus e me iluminam todo
         com seu tranquilo lume?
Apoia-te em meus ombros, confia-te ao Destino,
verei por ti, ó cega, afastar-te-ei do lodo,
         levar-te-ei ao cume.»



Miguel de UnamunoAntologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução José Bento. Assírio&Alvim, 1985, Lisboa., p. 44
«sonhar contigo o sonho desta vida,
sonhar a vida que perdura sempre
        sem morrer nunca.»


Miguel de Unamuno, Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução José Bento. Assírio&Alvim, 1985, Lisboa., p. 42
«O que um homem não pode fazer,
          fazem-no as gerações.»

JORGE LUIS BORGES

«Porque conhecer-se é amar-se.»

MIGUEL DE UNAMUNO

quarta-feira, 8 de novembro de 2017


“Do ciclo das intempéries”

“[...] // Repito a corrida na memória quando estou parado / Penso velozmente que o amor, como A poesia, é um estado / De locomoção. É um motor. E fico a trabalho no mecanismo secreto / Do amor. ''

silêncio-ausência

“[...] Estou ligeiramente acima do que morre / Nessa encosta onde a palavra é como pão / Um pouco na palma da mão que divide / E não separo como o silêncio em meio do que escrevo // Ando ligeiro acima do que digo / E verto o sangue para dentro das palavras / Ando um pouco acima da transfusão do poema” (FARIA, 2003: 39).
 «a realidade de uma paisagem “n’est accessible qu’à partir d’une perception et/ ou d’une représentation” (COLLOT, 2005: 12), porque é um bem cultural e uma experiência de subjetividade,»

Michel Collot
 «(...) casas móveis habitadas por um sujeito lírico que transforma o escrever na experiência mística da transubstanciação: palavra – sangue, palavra – corpo, uma experiência mortal, portanto, como transformação e revelação. Mas, ao lado dessa trilha cristocêntrica, podemos compreender em sua poesia a figuração da morte como uma questão de linguagem, a palavra poética como espaço limite, como risco de existência, como fronteira entre o desconhecimento e a revelação, num processo contínuo de busca e de perda, um sacrifício permanente do sujeito para habitar de outra forma este mundo que é uma construção de palavras. »

sobre A poesia de Daniel Faria: a claridade da morte

terça-feira, 7 de novembro de 2017

segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Amusing Ourselves to Death: Public Discourse in the Age of Show Business

Neil Postman, 1985


António DamásioNeurocientista
''Nota-se uma tensão crescente entre o poder de um público vasto que parece mais bem informado do que nunca, mas que não dispõe do tempo ou dos instrumentos para julgar e interpretar a informação, e o poder das empresas e dos governos que controlam a informação e sabem tudo o que há para saber acerca desse mesmo público. Como sanar o conflito resultante? Há também riscos notáveis a considerar. A possibilidade de conflitos catastróficos que envolvam armas nucleares e biológicas representam riscos reais e possivelmente mais elevados agora do que quando essas armas eram controladas pelas potências da Guerra Fria; os riscos do terrorismo e o novo risco da guerra cibernética também são reais, bem como o risco das infecções resistentes a antibióticos. Podemos culpar a modernidade, a globalização, a desigualdade da riqueza, o desemprego, a educação a menos, o entretenimento a mais, a diversidade, e a rapidez e ubiquidade radicalmente paralisantes das comunicações digitais, mas atribuir culpas não reduz os riscos, de imediato, nem resolve o problema das sociedades ingovernáveis, sejam quais forem as causas.''

António Damáio, Neurocientista

''o declínio da civilidade''

sábado, 4 de novembro de 2017

Para além do “ser ou não ser”dos problemas ocos,
O que importa é isto:
Penso nos outros. Logo existo. (Ferreira, 1990a:338)

 tensão entre o eu individual e o eu social

Viagem do século XX em Mim

Viver Sempre Também Cansa

''o poema não morre de ter vivido: ele é feito expressamente para renascer das suas cinzas e para infinitamente se tornar naquilo que sempre terá sido. A poesia reconhece-se nessa propriedade de tender a fazer-se reproduzir na sua forma: estimula- -nos a reconstituí-la identicamente (Valéry, 1995:79). ''

“É a nossa morte que choramos na morte dos outros”


“A Vida é / função contínua / nos limites da dor”

 (António Jacinto, “Arquipélago”, in JACINTO, 1985, p. 33).
Na sua casa entra gente e mais gente
 seu corpo é pegado por mãos e mãos
 seus olhos já não têm brilho ardente (António Jacinto, “Pantano” (uma história de Musseque), in JACINTO, 1982, p. 42)
. Em “Monangamba” o trato do café é equiparado à condição do negro:

 O café vai ser torrado,
 pisado, torturado,
 vai ficar negro, negro da cor do contratado (António Jacinto,
“Monangamba”, in JACINTO, 1982, p. 32)

epidemias coletivas

“Olho-me: / serenamente / morri / Alguém morreu de mim dentro”

JACINTO, António, Sobreviver em Tarrafal de Santiago, Luanda, Instituto Nacional do Livro e do Disco, 1985.p.59

O sofrimento é um aspecto cognitivo da dor.

''Podemos sofrer sem ter dor ou ter dor sem sofrimento. O sofrimento não é a dor, mas causado pela dor, sobretudo quando ela se associa a contextos de perda, com ameaça da integridade do homem nas várias dimensões biológica, psicológica ou social. O sofrimento é um aspecto cognitivo da dor. ''


GONÇALVES, Arantes, “Da sensação à expressão de dor”, in Maria José Cantista (org.), Dor e sofrimento. Uma perspectiva interdisciplinar, Porto, Campo de Letras, 2001. p. 306

GÉNERO NA ARTE. CORPO, SEXUALIDADE, IDENTIDADE, RESISTÊNCIA

João Pedro Vale e Nuno Alexandre Ferreira "Palhaço Rico Fode Palhaço Pobre" (2017) performer: Aurora Pinho foto: Alípio Padilha
''Curadoria: Aida Rechena e Teresa Furtado
Os museus não são lugares neutros. Pelo contrário,  procuram dar respostas a questões fundamentais para a sociedade. O Género enquanto dimensão identificadora dos indivíduos inclui-se nessas questões.
O Género é uma construção sociocultural da identidade imposta pelas normas sociais com o objetivo de transformar as pessoas em mulheres ou homens e que tem consequências reais nas suas vidas, nomeadamente no acesso à riqueza, ao prestígio e ao poder. Mas a construção destes papéis sociais é simultaneamente uma escolha pessoal que resulta num amplo leque fluido e plural de identidades de género, como a heterossexualidade, o lesbianismo, a homossexualidade, a transsexualidade, a intersexualidade, a bissexualidade, o transgenderismo, entre outras, tornando-se um ato de liberdade, diversidade e expressão individual.
O Género não é algo que as pessoas possuam, mas sim algo que se vai construindo a cada minuto, de forma contínua em todas as situações do quotidiano, em permanente interação com os outros, na forma como os indivíduos pensam, comunicam e atuam.
O corpo, a sexualidade, a identidade e resistência são as dimensões presentes na construção diária do Género que conduzem esta exposição. Procurando desfazer estereótipos relativamente à compreensão do Género, a exposição traz para o espaço museológico a reflexão e o debate sobre a dimensão de Género, a partir de um conjunto de obras de arte dos artistas portugueses Alice Geirinhas, Ana Pérez-Quiroga, Ana Vidigal, Carla Cruz, Cláudia Varejão, Gabriel Abrantes, Horácio Frutuoso, João Gabriel, João Galrão, João Pedro Vale e Nuno Alexandre Ferreira, Maria Lusitano, Miguel Bonneville, Thomas Mendonça e Vasco Araújo.''

Ver aqui.

quarta-feira, 1 de novembro de 2017


''fio agudo de facas''


João Cabral de Melo Neto. Poesia Completa 1940-1980. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda. 1986., 345

«o que à tragédia deu número,»


João Cabral de Melo Neto. Poesia Completa 1940-1980. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda. 1986., 340

«precisão doce de flor,
graciosa, porém precisa.»


João Cabral de Melo Neto. Poesia Completa 1940-1980. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda. 1986., 339

«palco raso e sem fundo,
palco que só fosse chão,
agora só frequentado
pelo vento e seu cão.»


João Cabral de Melo Neto. Poesia Completa 1940-1980. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda. 1986., 332


«podeis aprender que o homem
é sempre a melhor medida.
Mais: que a medida do homem
não é a morte mas a vida.»



João Cabral de Melo Neto. Poesia Completa 1940-1980. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda. 1986., 330

''ombros calcários''


João Cabral de Melo Neto. Poesia Completa 1940-1980. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda. 1986., 329

''sei que a miséria é mar largo,''


João Cabral de Melo Neto. Poesia Completa 1940-1980. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda. 1986., 316

''os vazios da fome''


João Cabral de Melo Neto. Poesia Completa 1940-1980. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda. 1986., 316

comigo-ninguém-pode

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''milho negro''

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