sexta-feira, 9 de abril de 2021

Pós-COVID19: Um SNS mais Colaborativo e Adaptativo

 ''A  pandemia COVID19 confrontou todo o Sistema Nacional de Saúde com um “tsumani” de magnitude muito elevada. Emergiu a necessidade de gerir esta “gigacrise” com impactos na saúde, na economia, na sociedade e em cada, um de nós. De repente, todo e qualquer gestor, político, profissional de diferentes áreas científicas, jornalista e uma parte significativa dos cidadãos tornaram-se “especialistas” em Gestão de Unidades de Saúde. Neste contexto de crise, a política definida pelo Governo e especificamente pelo Ministério da Saúde, nem sempre ajudou o Serviço Nacional de Saúde (SNS) a cumprir as suas atribuições da melhor forma e nas condições esperadas.  

Estamos perante um crescendo de impactos inimagináveis nos serviços de saúde e nos profissionais de saúde, com consequências graves nos doentes com COVID e na prevenção e tratamento dos casos não-COVID. Vemos profissionais de saúde exaustos, em desespero, em burnout e doentes, e os hospitais e as unidades de cuidados primários hiper-pressionados, com carência de profissionais de saúde e recursos tecnológicos, sujeitos a informações contraditórias e a impossibilidade de cumprimento dos compromissos assistenciais para a obtenção de ganhos em saúde da população.  E os doentes e aqueles que estão a adoecer? Também se sentem estes impactos em todas as estruturas de apoio direto ou indireto ao setor da saúde. A população confronta-se com informações imprecisas, overdoses de números e estratégias de comunicação massivas e por vezes desalinhadas.

É compreensível, e as teorias assim o relevam, que quando se lida com o inesperado, um sistema (os indivíduos, as equipas, as organizações e as comunidades) desenvolva respostas novas perante a emergência de novas situações. À medida que a crise evolui, os atores-chave e outros que se interessam pelo tema ou pelos desafios que se geram, envolvem-se em tentativas para melhor compreenderem a situação e propõem soluções até então não testadas ou aprendidas previamente[1]. Se por um lado, surgem os “opinion makers, também é neste cenário de “esforço” que se podem gerar oportunidades de aprendizagem profunda, questionando a estratégia, os objetivos e os processos. Mas, nem sempre uma situação de crise origina aprendizagens individuais e coletivas!''


Excerto de Artigo da autoria de Generosa do Nascimento – Professora no ISCTE-IUL, Diretora do Executive Master em Gestão de Serviços de Saúde e da Pós-graduação em Gestão para Profissionais de Saúde do ISCTE Executive Education

Cainça

''The Mind of Plants''

“O bom, o dever e o ser”

  Imperative of Responsability, Hans Jonas

«O poder só deveria ser exercido por aqueles que reconhecem a sua ignorância e a corrigem».

Maria de Lourdes Pintasilgo

W. Eugene Smith

 

 «O ser humano é também uma existência, isto é, sou: o que sinto e penso, o que digo, o que mostro, o que faço. A minha existência modela-me a cada momento: importância de cada atitude, de cada gesto (actualidade daquela frase moralista de que “a maior obra-prima da nossa vida somos nós próprios”), não no sentido de nos transformarmos a golpes de vontade mas no sentido da construção do nosso próprio projecto por cada decisão.»

Maria de Lourdes Pintasilgo

«operários da consciência»

'' É preciso ouvir o barulho das grilhetas de cada perseguição, de cada violência, de cada nova miséria humana, os corpos que se torcem de todas as dores, o mal nas suas formas mais cruéis, os estranhos seres que povoam as águas e que hoje falam da destruição de tudo o que é vivo, as guerras sem sentido em que os homens se destroem. Onde estão os operários de consciência? Onde se escondem? Por que não trazem “as inequívocas flautas de sons claros” e com elas atravessam o mundo das trevas para o salvar?''

Maria de Lourdes Pintasilgo

 «É um facto que é necessária uma massa crítica em prol de todos os que se encontram privados dos seus direitos básicos, pois só essa massa crítica será capaz de desencadear a qualidade de vida que, como seres humanos, merecem.»

Maria de Lourdes Pintasilgo


 «O laço ôntico que liga todos os humanos na noosfera não permite separar de forma nítida uns dos outros. Se é certo que há uma história pessoal e única é certo também que as histórias humanas se entrelaçam em todas as dimensões da existência.»

Maria de Lourdes Pintasilgo


 conceito de «noosfera» do filósofo francês Teilhard de Chardin. 

 ''A cidadania tem de responder às consequências da tendência para a fragmentação e o individualismo que são, de forma evidente, o contra-ponto da globalização.''

Maria de Lourdes Pintasilgo

ser-com-os-outros-no-mundo

Weiner Dan

1974, Matera, Italy

 

a relação Eu-Outro

 Segundo Pintasilgo, para uma autêntica organização social e política é preciso dotar o ser humano de plena consciência cívica. 

Vemos à nossa volta a mais completa ausência de serviço cívico, o abandono da integridade na coisa pública, a demissão das responsabilidades, a crítica sem consequências positivas que se faz descuidadamente à mesa do café, a carência de gente que sinceramente, devotadamente, e com competência, queira ajudar a edificar a comunidade.

PT/FCF/CDP/MLP – 0012.019, “A missão dos leigos na conversão do mundo”, Aveiro, 1958, 12 fls., p. 1.

 «De uma forma simples, o sujeito é ator social; é por ele que acontecem a mudança e a transformação das ideias e das instituições.»

 (PINTASILGO, Maria de Lourdes (1999) “Femmes et hommes au pouvoir”, in NPC, op. cit., p. 115).

 

noosfera

no.os.fe.ra
nwɔʃˈfɛrɐ
nome feminino
mundo do espírito e do pensamento, figurado, por analogia com a biosfera, por uma camada sobreposta à da vida

  «eu-com-os-outros-no-mundo», de Martin Heidegger e Maurice Merleau-Ponty

desobedecer ao a.mor-pró.pri.o

«(...) trata-se de um pensamento que se pensa, e não de um pensamento já pensado.»

  No prefácio do livro Dimensões da Mudança, Eduardo Prado Coelho caracteriza o pensamento de Maria de Lourdes Pintasilgo como um «pensamento que se pensa»

"Going Down" - Freddie King




Going Down

I'm going down
I'm going, down, down, down
Down, down
Yes, I'm going down, yes
I'm going down, down, down
Down, down
Yes, I've got my feet in the window
Got my head on the ground
Let me down
And close that box car door
Yes, let me down
And close that box car door
Well, I'm goin' back to Chattanooga
And sleep on sister Irene's door
Yes, I'm going down
I'm going down
I'm going, down, down, down
Down, down
Yes, I got my feet in the window
I got my head on the ground

 Texto autobiográfico de Maria de Lourdes Pintasilgo que se inclui na coletânea intitulada Confidências de mulheres: anos 50-60, ao afirmar:

 Foi também nos anos 50 que despertou e cresceu em mim aquilo que viria a tornar-se convicção profunda sobre o papel das mulheres na sociedade. (…) Através da Acção Social Universitária e, mais tarde, no meio fabril, percebi que as mulheres viviam não só sexualmente discriminadas pelos homens mas dominadas por eles, em formas que violavam toda a dignidade da pessoa humana.

«irrupção da mulher»

 um dos temas centrais em Maria de Lourdes Pintasilgo

 «Um conceito é uma palavra que significa, e o seu significado é tomado no contexto das outras palavras, às quais ele se refere, e mais, que permitam defini-lo pela relação com elas». (PAYOT, Roger (1999) “Fin de la métaphysique et la mort de Dieu”, in Renée Bouveresse (dir): La Métaphysique, Paris, Éditions Ellipses Marketing, pp. 129-144, p. 133).

o “humano autómato”


anomia

quarta-feira, 7 de abril de 2021

A morte chega cedo,

 A morte chega cedo,

Pois breve é toda vida

O instante é o arremedo

De uma coisa perdida.

O amor foi começado,

O ideal não acabou,

E quem tenha alcançado

Não sabe o que alcançou.

E a tudo isto a morte

Risca por não estar certo

No caderno da sorte

Que Deus deixou aberto.

11-9-1933

Poesias. Fernando Pessoa. (Nota explicativa de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1942 (15ª ed. 1995). 

 - 175.

 




 

identitarismo

terça-feira, 6 de abril de 2021

 

senolítico

se.no.lí.ti.co
sənuˈlitiku
adjetivo
que previne ou combate o envelhecimento
nome masculino
agente, medicamento ou substância que previne ou combate o envelhecimento

segunda-feira, 5 de abril de 2021

“Queria ter uma alma nova, decidida, capaz de tudo ousar (…) 
A alma que eu queria e devia ter era uma alma asselvajada, impoluta, nova, nova, nova, nova!"

Irene Lisboa, Outono havias de vir, Poesia I

Clã com Manel Cruz - Na Sombra

 

A DOENÇA DO BEM

(Manel Cruz/ Hélder Gonçalves)


tentei esconder a minha raiva
de mim, por ti
não sei por quem o fiz
avançou meus braços
como a cura para o bem
e eu não quis deixar


em ti pensei ouvir a minha voz
meu ar, tão só
tentando ser feliz
diz quais os teus planos
quem vais tu matar no fim
quando eu acordar


depois de ver o que acabou
de que vai valer a minha voz
será que o bem nos faz sofrer
por nunca o vermos existir em nós


e é tão bom sentir de novo o teu calor
é tão maior que o mais profundo amor
e é isso que me assusta
ver-te assim denunciar
quem eu não quis ser


e a mesma luz que nos guiou
que nos trouxe aqui
devolve-nos ao escuro
antes do meu corpo arder
sem promessas de um futuro
só eu e os meus planos
sem nenhum sinal de ti
para me salvar


depois de ver o que acabou
de que vai valer a minha voz
será que o bem nos faz sofrer
por nunca o vermos existir em nós


o que vai valer
porquê esconder a minha raiva
o que vai valer
isso é fugir da minha sombra


depois de ver o que acabou
de que vai valer a minha voz
será que o bem existe em nós

domingo, 4 de abril de 2021

«As vulnerabilidades são multiescalares e é possível identificá-las nos planos macroeconómico,estatal, territorial, local, metropolitano, no cuidado que se dispensa às pessoas, nas relações laborais e no plano sindical, na progressiva transformação de custos privados em custos sociais, nas relações intergeracionais ou nos territórios físicos, sob a forma de riscos.

Sendo as vulnerabilidades multiescalares, as alternativas também o são. No plano macroeconómico há um novo equilíbrio a encontrar para lá das regras da chamada “governação económica” europeia e dos limites que ela implica nos planos monetário, orçamental e das políticas públicas. Trata-se de reconstituir formas de ação pública que fortaleçam a sociedade, superando desequilíbrios e qualificando-a.

Internamente, para além de tratar de áreas de risco, o país precisa de políticas públicas que restituam capacidade aos seus territórios, assegurando também que a capital e a sua área metropolitana se tornem mais coesas e capacitadas do ponto de vista económico e social, substituindo um modelo de crescimento escassamente qualificado e que tem esgotado demograficamente o resto do país. As políticas sociais, o valor a dar ao trabalho e ao bem- -estar precisam também de retomar a centralidade que perderam.»

José Reis  in Vulnerabilidades. Coordenador José Reis livro: PALAVRAS PARA LÁ DA PANDEMIA: CEM LADOS DE UMA CRISE. Editor Centro de Estudos Sociais Universidade de Coimbra. Julho, 2020


ocularcentrismo

o establishment e a elite

des.po.li.ti.za.ção

sentimentos fascizantes

«No princípio, a palavra coincidia com a coisa, e dizia, com acribia e limpidez, aquilo que é. Mais tarde, a palavra passou a linguajar, de longe, mera informação. Só na poesia digna desse nome continua a palavra a perguntar pelo seu próprio rigor. Se não interromper, se não interrogar, se não resistir, se não desassossegar – a poesia não cumpre o seu papel de principal interpeladora.»

Maria Irene Ramalho  in Poesia. Coordenador José Reis livro: PALAVRAS PARA LÁ DA PANDEMIA: CEM LADOS DE UMA CRISE. Editor Centro de Estudos Sociais Universidade de Coimbra. Julho, 2020



                                                                KATRIEN DE BLAUWER


 

acribia

poesia fossilizada

 «(...)os trabalhos do cuidado são responsabilidade de todas e todos e não são uma segunda natureza das mulheres;»

Teresa Cunha in Economias do Cuidado com a Vida. Coordenador José Reis livro: PALAVRAS PARA LÁ DA PANDEMIA: CEM LADOS DE UMA CRISE. Editor Centro de Estudos Sociais Universidade de Coimbra. Julho, 2020

literatura epidemiológica e sociológica

DESGLOBALIZAR

oligarquias partidárias




 Théo Gosselin




Zygmunt Bauman - Fronteiras do Pensamento

''socialização prudencial''

 Rui Gomes in Corpo e Riscos. Coordenador José Reis livro: PALAVRAS PARA LÁ DA PANDEMIA: CEM LADOS DE UMA CRISE. Editor Centro de Estudos Sociais Universidade de Coimbra. Julho, 2020


''autoritarismo sanitário''

 Rui Gomes in Corpo e Riscos. Coordenador José Reis livro: PALAVRAS PARA LÁ DA PANDEMIA: CEM LADOS DE UMA CRISE. Editor Centro de Estudos Sociais Universidade de Coimbra. Julho, 2020



«Na paisagem pós-pandémica, a preservação da saúde pública, a defesa dos direitos humanos e a salvaguarda da liberdade individual não podem ser inconciliáveis. O exemplo chinês, no qual a ostentada eficácia do combate à pandemia, apoiada na hipervigilância, se está a fazer em detrimento da autonomia e da liberdade dos cidadãos, não pode propagar-se. É imperativo escrutinar os contornos do “novo normal”, barrando a materialização da distopia.»

Rui Bebiano in Combater a Distopia.Coordenador José Reis livro: PALAVRAS PARA LÁ DA PANDEMIA: CEM LADOS DE UMA CRISE. Editor Centro de Estudos Sociais Universidade de Coimbra. Julho, 2020


 

A linguagem da saúde cultural

 «A linguagem da saúde cultural, com consistência e abertura a grupos e lugares alternativos de criação;»

Carlos Fortuna in Cidades.Coordenador José Reis livro: PALAVRAS PARA LÁ DA PANDEMIA: CEM LADOS DE UMA CRISE. Editor Centro de Estudos Sociais Universidade de Coimbra. Julho, 2020


''devastações bélicas''

«Nenhum autor é tão preciso como Karl Polanyi na datação da origem do capitalismo moderno – 1834, a data em que o Parlamento do Reino Unido aprovou a Emenda à Lei dos Pobres. Para Polanyi este momento assinala a instituição do mercado de trabalho ‘livre’ de que o capitalismo na sua forma industrialista tanto carecia. Com efeito esse ato legislativo pôs termo ao antigo regime de mitigação da pobreza substituindo-o por um outro, de estrita condicionalidade, que sujeitava os requerentes de apoio a internamento em casas de trabalho intencionalmente degradadas e degradantes tanto quanto o necessário para os obrigar a procurar e aceitar ‘livremente’ trabalhar fora delas por um qualquer salário.» 


José Castro Caldas. Capitalismo. Coordenador José Reis livro: PALAVRAS PARA LÁ DA PANDEMIA: CEM LADOS DE UMA CRISE. Editor Centro de Estudos Sociais Universidade de Coimbra. Julho, 2020


«A alternativa está no combate permanente por slow science; pelo direito ao ócio, indispensável para a criatividade; pelo direito ao tempo para o cuidado de si e dos afetos. A alternativa passa por uma ética do cuidado – proposta por Carol Gilligan, na década de 1980 – também no espaço de trabalho, na construção coletiva e solidária do conhecimento; na solidariedade humana, no regresso ao tempo com tempo para ter conversas “inúteis”, para o riso e para o choro – como defende Daphna Hacker –, manifestações humanas expressas na materialidade dos corpos. Só a opção por um tempo lento do conhecimento poderá devolver o humano à academia.»


Adriana Bebiano in ACADEMIA E ÉTICA DO CUIDADO.Coordenador José Reis livro: PALAVRAS PARA LÁ DA PANDEMIA: CEM LADOS DE UMA CRISE. Editor Centro de Estudos Sociais Universidade de Coimbra. Julho, 2020


«Predomina um discurso moral da valorização do desempenho quantificado por métricas sem sentido, que produz uma cultura da culpa pelo tempo não ocupado de forma “útil” e “produtiva”.»

Adriana Bebiano in ACADEMIA E ÉTICA DO CUIDADO.Coordenador José Reis livro: PALAVRAS PARA LÁ DA PANDEMIA: CEM LADOS DE UMA CRISE. Editor Centro de Estudos Sociais Universidade de Coimbra. Julho, 2020



financeirização

sábado, 3 de abril de 2021


Man in White on Bed, 1979 
Jo Ann Callis

''Como Oscar Wilde ele sabia que o progresso é a concretização das utopias, tendo o entendimento da tradição como suporte histórico e cultural para a transformação do mundo.''

Mário Tomé sobre Mário Viegas

''engraxadores teatrais''

 Mário Tomé

  “O Cavaco pesca tanto de economia que até faz quadras populares à António Aleixo com as ligas da sua Maria Cavaca.”

Mário Viegas e o seu “Manifesto Anti-Cavaco”, de 1995.

“não basta mudar as moscas”

quaestio mihi factus sum

 “Converti-me numa questão para mim”

Santo Agostinho 

i.nin.te.li.gi.bi.li.da.de

''epistemicídio maciço''

Thom Yorke - Love Will Tear Us Apart | Cover of Joy Division

''A utopia do interconhecimento é aprender outros conhecimentos sem esquecer os próprios.''

Santos, Boaventura de Sousa (2007), “Para além do pensamento abissal: das linhas globais a uma ecologia de saberes”, Revista Crítica de Ciências Sociais, 78, 3-46. Disponível em https://doi.org/10.4000/rccs.753.

conditio sine qua non

''Uma concepção pós-abissal de marxismo (em si mesmo, um bom exemplo de pensamento abissal) pretende que a emancipação dos trabalhadores seja conquistada em conjunto com a emancipação de todas as populações descartáveis do Sul global, que são oprimidas mas não directamente exploradas pelo capitalismo global. Da mesma forma, reivindica que os direitos dos cidadãos não estarão seguros enquanto os não-cidadãos sofrerem um tratamento sub-humano.''


Santos, Boaventura de Sousa (2007), “Para além do pensamento abissal: das linhas globais a uma ecologia de saberes”, Revista Crítica de Ciências Sociais, 78, 3-46. Disponível em https://doi.org/10.4000/rccs.753.

leis excludentes


Newsha Tavakolian Photography

''A plasticidade da soft law''

 Santos, Boaventura de Sousa (2007), “Para além do pensamento abissal: das linhas globais a uma ecologia de saberes”, Revista Crítica de Ciências Sociais, 78, 3-46. Disponível em https://doi.org/10.4000/rccs.753.

''A humanidade moderna não se concebe sem uma sub-humanidade moderna.''

 Santos, Boaventura de Sousa (2007), “Para além do pensamento abissal: das linhas globais a uma ecologia de saberes”, Revista Crítica de Ciências Sociais, 78, 3-46. Disponível em https://doi.org/10.4000/rccs.753.

 

cooptação

nome feminino

admissão de um novo membro (numa instituição, grupo, etc.) com dispensa das formalidades da praxe; agregação

''o conceito de vazio jurídico''

práticas idolátricas

não-contemporaneidade

 “Três graus de latitude alteram toda a jurisprudência e um meridiano determina o que é verdadeiro... É um tipo peculiar de justiça cujos limites são demarcados por um rio, verdadeiro neste lado dos Pirinéus e falso no outro”

 (Pascal, 1966)

amity lines

 linhas de amizade


 

agnotologia

nome feminino

área de estudo multidisciplinar que se dedica à análise de fenómenos de desinformação cultural e socialmente induzidos, com vista à deliberada promoção da ignorância ou da incerteza na opinião pública acerca de determinado tópico, nomeadamente através da difusão de informação errónea ou não verificada, da publicação de dados descontextualizados, etc.

eussocialidade

nome feminino


ZOOLOGIA nível complexo de organização social animal, observável sobretudo em insetos (formigas, abelhas, etc.), caracterizado pelo cuidado cooperativo na criação da prole e pela divisão de funções entre indivíduos reprodutores e indivíduos não reprodutores

disputa epistemológica moderna entre as formas científicas e não-científicas de verdade

''No campo do conhecimento, o pensamento abissal consiste na concessão à ciência moderna do monopólio da distinção universal entre o verdadeiro e o falso, em detrimento de dois conhecimentos alternativos: a filosofia e a teologia. O carácter exclusivo deste monopólio está no cerne da disputa epistemológica moderna entre as formas científicas e não-científicas de verdade. Sendo certo que a validade universal da verdade científica é, reconhecidamente, sempre muito relativa, dado o facto de poder ser estabelecida apenas em relação a certos tipos de objectos em determinadas circunstâncias e segundo determinados métodos, como é que ela se relaciona com outras verdades possíveis que podem inclusivamente reclamar um estatuto superior, mas não podem ser estabelecidas de acordo com o método científico, como é o caso da razão como verdade filosófica e da fé como verdade religiosa?''

Santos, Boaventura de Sousa (2007), “Para além do pensamento abissal: das linhas globais a uma ecologia de saberes”, Revista Crítica de Ciências Sociais, 78, 3-46. Disponível em https://doi.org/10.4000/rccs.753.

 ''dicotomia apropriação/violência''

'' O pensamento moderno ocidental é um pensamento abissal. Consiste num sistema de distinções visíveis e invisíveis, sendo que as invisíveis fundamentam as visíveis. As distinções invisíveis são estabelecidas através de linhas radicais que dividem a realidade social em dois universos distintos: o universo “deste lado da linha” e o universo “do outro lado da linha”. A divisão é tal que “o outro lado da linha” desaparece enquanto realidade, torna‑se inexistente, e é mesmo produzido como inexistente. Inexistência significa não existir sob qualquer forma de ser relevante ou compreensível. Tudo aquilo que é produzido como inexistente é excluído de forma radical porque permanece exterior ao universo que a própria concepção aceite de inclusão considera como sendo o Outro.´´

Santos, Boaventura de Sousa (2007), “Para além do pensamento abissal: das linhas globais a uma ecologia de saberes”, Revista Crítica de Ciências Sociais, 78, 3-46. Disponível em https://doi.org/10.4000/rccs.753.

quinta-feira, 1 de abril de 2021

segunda-feira, 29 de março de 2021

"FUTURICIDADE"




 


Achadismos populistas

MULHER

A mulher não é só casa

mulher-loiça, mulher-cama

ela é também mulher-asa,
mulher-força, mulher-chama

E é preciso dizer
dessa antiga condição
a mulher soube trazer
a cabeça e o coração

Trouxe a fábrica ao seu lar
e ordenado à cozinha
e impôs a trabalhar
a razão que sempre tinha

Trabalho não só de parto
mas também de construção
para um filho crescer farto
para um filho crescer são

A posse vai-se acabar
no tempo da liberdade
o que importa é saber estar
juntos em pé de igualdade

Desde que as coisas se tornem
naquilo que a gente quer
é igual dizer meu homem
ou dizer minha mulher

ARY DOS SANTOS

quinta-feira, 25 de março de 2021

capital intelectual

 

últimos paroxismos
agonia antes da morte

 Un jour on saura peut-être qu’il n’y avait pas d’art, mais seulement de la médecine

J.M.G. Le Clézio. 

quarta-feira, 24 de março de 2021

Lauryn Hill- When It Hurts So Bad


Woman on Grass with Satin Quilt, 1975.
Jo Ann Callis

 

 Now I don't

I used to love him
Now I don't
Now I don't
As I look at what I've done (What I've done)
The type of life that I've lived (Life that I've lived)
How many things I pray the Father will forgive?
One situation (One situation)
Involved a young man (Involved a young man)
He was the ocean
And I was the sand
He stole my heart
Like a thief in the night
Dulled my senses
And blurried my sight
And I used to love him
I used to love him (Love him)
But now I don't
(Now I don't)
I used to love him
But now I don't
(Now I don't)
I chose the road of passion and pain (Passion and pain)
Sacrificed too much
And waited in vain
Gave up my power (Gave up my power)
Ceased being queen
Addicted to love
Like the drug of (Tell 'em), drug of a fiend
See, torn and confused, wasted and used
Reached the crossroad which path would I choose
Stuck and frustrated I waited, debated
For something to happen that just wasn't fated
Thought what I wanted was something I needed
When momma said no then I just should have heeded
Misled I bled 'til the poison was gone
And out of the darkness arrived the sweet dawn
I used to love him (I used to love him)
But now I don't
(Now I don't)
I used to love him
But now I don't
(Now I don't)
(Now I don't)
Father you saved me (Father you saved me)
And showed me that life
Was much more than being
Some foolish man's wife
Showed me that love
Was respect and devotion
Greater than planets
And deeper than any ocean
See my soul was weary (My soul was weary)
But now it's replenished (But now it's replenished)
Content because that part
Of my life is finished
I see him sometimes and the look in his eyes
Is one of a man who's lost treasures untold
But my heart is gold see I took back my soul
And totally let my creator control
The life which was his (The life which was his)
The life which was his (The life which was his)
To begin with
Now I don't
See I used to love him
Now I don't
Now I don't
I used to love him (But now I don't)
Now I don't
Now I don't (But now I don't)
I used to love him (But now I don't)
Now I don't
Now I don't (But now I don't)
I used to love him
Now I don't (Now I don't, don't, don't)
Now I don't (Don't, don't, don't)
I used to love him
I used to love him
But now I don't (But now I don't)
I used to love him
But now I don't
See, I used to love him


 Lauryn Hill 

degustador

segunda-feira, 22 de março de 2021

 Portugal é uma República soberana, baseada na dignidade da pessoa humana e na vontade popular e empenhada na construção de uma sociedade livre, justa e solidária. 

 (Constituição da República Portuguesa, artigo 1.º)

domingo, 21 de março de 2021

Credo by Arvo Pärt

 


Rendez-vous 70 (2015),KATRIEN DE BLAUWER

Forgive Them Father

 Forgive us our trespasses

As we forgive those that trespass against us
Although them again we will never never never trust
Hoo hoo hoo hoo hoo!
Them not know what them do
Big out to yi while I'm stickin' like glue
Fling skin grin while them plotting for you, true!
Forgive them father for they know not what they do
(Me nah tellin' them no more)
Forgive them father for they know not what they do
(Be real, them not a clue!)
Beware the false motives of others
Be careful of those who pretend to be brothers
And you never suppose it's those who are closest to you
To you
They say all the right things, to gain their position
Then use your kindness as their ammunition
To shoot you down in the name of ambition, they do
Oh
Forgive them father for they know not what they do
Forgive them father for they know not what they do
Why every Indian want to be the chief?
Feed a man 'til he full and he still want beef
Give me grief, try to tief off my piece
Why for you to increase, I must decrease?
If I treat you kindly, does it mean that I'm weak?
You hear me speak and think I won't take it to the streets
I know enough cats that don't turn the other cheek
But I try to keep it civilized like Menelik
And other African czars, observing stars with war scars
Get yours in this capitalistic system
So many caught or got bought you can't list them
How you gonna idolize the missing?
To survive is to stay alive in the face of opposition
Even when they comin', gunnin' I stand position
L's known the mission since conception
Let's free the people from deception
If you looking for the answers then you gotta ask the questions
And when I let go, my voice echoes through the ghetto
Sick of men trying to pull strings like Geppetto
Why black people always be the ones to settle?
March through these streets like Soweto, uh
Like Cain and Abel, Caesar and Brutus
Jesus and Judas, backstabbers do this
Forgive them father for they know not what they do
Forgive them father for they know not what they do
It took me a little while to discover
Wolves in sheep coats who pretend to be lovers
Men who lack conscience will even lie to themselves
To themselves
A friend once said, and I found to be true
That everyday people, they lie to God too
So what makes you think, that they won't lie to you?
Forgive them father for they know not what they do
(Forgive dem, forgive dem)
Forgive them father for they know not what they do
(Forgive dem, forgive dem)
Gwan like dem love while dem rip you to shreds
Trample pon yuh heart and lef yuh fi dead
Dem a-yuh friend who yuh depen pon from way back when
But if you, gi dem yuh back dem yuh mus meet yuh end
Dem not know what dem do do
Dem not know what dem do do
Dem not know, dem not know, dem not know, dem not know
Dem not know what dem do do
(Forgive them father, forgive them father)

Compositores: Lauryn Hill / Lauryn N. Hill

 «; de noite, continuava a caminhar, coberto de feridas sangrentas, esfaimado, sem forças, sustentando-se de raízes e cadáveres de animais que encontrava.»

Gustave Flaubert. Salambô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 41

« O homem desesperado não faz portanto mais do que construir castelos no ar e bater-se sempre contra moinhos de vento.» 

Kierkegaard. O Desespero A Doença Mental. Tradução de Ana Keil. RÉS- Editora, Porto, s/d, p. 79

 «A necessidade de solidão revela sempre a nossa espiritualidade e serve para dar a sua medida.»

Kierkegaard. O Desespero A Doença Mental. Tradução de Ana Keil. RÉS- Editora, Porto, s/d, p. 73

 «(...), assalta-o muitas vezes uma necessidade de solidão, tão vital para ele como respirar e dormir.»

Kierkegaard. O Desespero A Doença Mental. Tradução de Ana Keil. RÉS- Editora, Porto, s/d, p. 73

Rendez-vous 74 (2019), Katrien De Blauwer
 

''desespero-fraqueza''

'' 2º Desespero quanto ao Eterno ou de Si-Próprio.''

Kierkegaard. O Desespero A Doença Mental. Tradução de Ana Keil. RÉS- Editora, Porto, s/d, p. 70

'' à força de esquecer, cicatrizar o mal''

Kierkegaard. O Desespero A Doença Mental. Tradução de Ana Keil. RÉS- Editora, Porto, s/d, p. 69

''ilusões pueris''

« e em redor estende-se um belo e verde prado»

 «Quanto mais o desespero se impregna de reflexão menos é visível, ou menos fácil é de encontrar.»

Kierkegaard. O Desespero A Doença Mental. Tradução de Ana Keil. RÉS- Editora, Porto, s/d, p. 66

 Théo Gosselin

''sob esta lengalenga de bons conselhos e de atinados provérbios''

Kierkegaard. O Desespero A Doença Mental. Tradução de Ana Keil. RÉS- Editora, Porto, s/d, p. 65

sábado, 20 de março de 2021

Jardim das Virtudes

«When it hurts so bad, when it hurts so bad
Why's it feel so good?»

Lauryn Hill

Responsabilidade Delitual

sexta-feira, 19 de março de 2021


Felice Beato
Motín de la India

 

 « Os sacerdotes queimaram-lhes os cabelos para lhes atormentarem as almas; partiram-nos em bocados e penduraram-nos nos açougues. Alguns chegavam a dar-lhes dentadas e à noite, para acabarem com eles, acenderam fogueiras nas ruas e nas praças.»


Gustave Flaubert. Salambô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 39

“Safety is what we want for those we love; autonomy is what we want for ourselves.”

Atul Gawande

« À roda dos rins e nos joelhos tinha grandes pastas de barro amassado com palha e trapos de linho muito sujos. A pele mole e terrosa pendia-lhe dos membros descarnados, como farrapos em ramos secos; as mãos tremiam-lhe continuamente, e caminhava abordoando-se a um pequeno tronco de oliveira.»

Gustave Flaubert. Salambô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 39

extemporâneo

quinta-feira, 18 de março de 2021

 ''O desgosto matá-los-ia...mas já morreram.''

John Steinbeck. O Inverno do Nosso Descontentamento. Tradução de João Belchior Viegas. Edição «Livros do Brasil», Lisboa, 1962., p. 53




 

''Os noctívagos habituais e os gatos não gostam de caminhar na neve.''

John Steinbeck. O Inverno do Nosso Descontentamento. Tradução de João Belchior Viegas. Edição «Livros do Brasil», Lisboa, 1962., p. 53

primícia

 ''Ela esperava...Vejo-o agora.

E, lentamente, suponho, cansou-se de esperar.''

John Steinbeck. O Inverno do Nosso Descontentamento. Tradução de João Belchior Viegas. Edição «Livros do Brasil», Lisboa, 1962., p. 52

saudosismos

''navios baleeiros''

John Steinbeck. O Inverno do Nosso Descontentamento. Tradução de João Belchior Viegas. Edição «Livros do Brasil», Lisboa, 1962., p. 51

''busca no prazer e fuga à dor''

terça-feira, 16 de março de 2021

''It is extremely important for our democracy to function that ordinary citizens understand the key issues and basic theories of economics.''

Ha-Joon Chang

segunda-feira, 15 de março de 2021


Serpentina-I
Petrina Hicks

 

Powered By Blogger