domingo, 4 de abril de 2021

«As vulnerabilidades são multiescalares e é possível identificá-las nos planos macroeconómico,estatal, territorial, local, metropolitano, no cuidado que se dispensa às pessoas, nas relações laborais e no plano sindical, na progressiva transformação de custos privados em custos sociais, nas relações intergeracionais ou nos territórios físicos, sob a forma de riscos.

Sendo as vulnerabilidades multiescalares, as alternativas também o são. No plano macroeconómico há um novo equilíbrio a encontrar para lá das regras da chamada “governação económica” europeia e dos limites que ela implica nos planos monetário, orçamental e das políticas públicas. Trata-se de reconstituir formas de ação pública que fortaleçam a sociedade, superando desequilíbrios e qualificando-a.

Internamente, para além de tratar de áreas de risco, o país precisa de políticas públicas que restituam capacidade aos seus territórios, assegurando também que a capital e a sua área metropolitana se tornem mais coesas e capacitadas do ponto de vista económico e social, substituindo um modelo de crescimento escassamente qualificado e que tem esgotado demograficamente o resto do país. As políticas sociais, o valor a dar ao trabalho e ao bem- -estar precisam também de retomar a centralidade que perderam.»

José Reis  in Vulnerabilidades. Coordenador José Reis livro: PALAVRAS PARA LÁ DA PANDEMIA: CEM LADOS DE UMA CRISE. Editor Centro de Estudos Sociais Universidade de Coimbra. Julho, 2020


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