quarta-feira, 11 de março de 2015
«T: Mas pode-se sonhar que se sonha
L: Também se pode dizer que se diz qualquer coisa
T: É pena
Pensava que estávamos a encetar uma conversa
interessante
L: Não estás a dizer nada
Estás só a destruir coisas
T: É a mesma coisa
L: Sim, é tudo a mesma coisa:
é nada
Uma conversa interessante, um sonho, ou um buraco
negro
para o qual és sugado
Quero um bebé!»
Gerardjan Rijnders. Buraco Negro. Campo das Letras, 1999, p. 163
"O meu livreiro dá-me conselhos. Ele conhece-me, sabe o género de livros de que eu gosto. O meu marido, esse, lê coisas científicas. Não gosta de romances, lê coisas muito difíceis de compreender... oh, não é que não gostasse de ler... mas neste momento... durmo...
Sou alguém que tem medo - continua Alissa - medo de ficar abandonada, medo do futuro, medo de amar, medo da violência, do número, do desconhecido, da fome, da miséria, da verdade."
Sou alguém que tem medo - continua Alissa - medo de ficar abandonada, medo do futuro, medo de amar, medo da violência, do número, do desconhecido, da fome, da miséria, da verdade."
-"Destruir, Diz Ela"
- Marguerite Duras
- Marguerite Duras
Silêncio
RICHARD
Não te compreendo
RITA
Como se quisesses
Silêncio
RICHARD
Eu quero compreender-te
RITA
Tu nem sequer sabes o que isso quer dizer
Silêncio
RICHARD
Eu quero que tu me expliques
Aquilo que eu quero
Quando digo
''Eu quero compreender-te''
Gerardjan Rijnders. Belo? Buraco Negro. Câncer. Campo das Letras, 1999, p. 131
''No lamento sou feliz''
Gerardjan Rijnders. Belo? Buraco Negro. Câncer. Campo das Letras, 1999, p. 108
«RICHARD
Um homem ama uma mulher
Ela ama-o
Mas ele não pode mais fodê-la
Só massajar
Então não dá vontade de chorar?
RITA
Sim
Isso
''Não pode mais fodê-la''
É nisso que deu então
Todos os anos que estiveram juntos
RICHARD
Sim
RITA
Sim?
RICHARD
Tenho frio
RITA
Muita gente tem frio
Gerardjan Rijnders. Belo? Buraco Negro. Câncer. Campo das Letras, 1999, p. 82
Um homem ama uma mulher
Ela ama-o
Mas ele não pode mais fodê-la
Só massajar
Então não dá vontade de chorar?
RITA
Sim
Isso
''Não pode mais fodê-la''
É nisso que deu então
Todos os anos que estiveram juntos
RICHARD
Sim
RITA
Sim?
RICHARD
Tenho frio
RITA
Muita gente tem frio
Gerardjan Rijnders. Belo? Buraco Negro. Câncer. Campo das Letras, 1999, p. 82
terça-feira, 10 de março de 2015
«RITA
Uma verdadeira tragédia?
RICHARD
Ou uma tragédia representada
As catástrofes possuem frequentemente uma grande
dose de beleza?
RITA
Verdadeiras catástrofes?
RITA
A indiferença ajuda.
RICHARD
Porque é que eu diria uma coisa dessas?
RITA
Mas tu não o dizes
Tu dizes isso no palco
Ou querias verdadeiramente dizê-lo?»
Gerardjan Rijnders. Belo? Buraco Negro. Câncer. Campo das Letras, 1999, p. 36
RITA
Isso é inveja
Ou impotência
Depressão
A inocência tão-pouco
A inocência não pode ser feia
RICHARD
Muitas vezes estúpida e ensebada
De se calcar aos pés
Freiras amargas
Bebés ranhosos
A compaixão nada tem a ver com o belo.
RITA
A compaixão não pode ser feia.
Gerardjan Rijnders. Belo? Buraco Negro. Câncer. Campo das Letras, 1999, p. 28/9
''uma paz de papel de parede com flores.''
Gerardjan Rijnders. Belo? Buraco Negro. Câncer. Campo das Letras, 1999, p. 24
«Aquela dor simulada passa por verdadeira mágoa, e Péricles, devorado de angústia, suspirando e derramando grossas lágrimas, torna e embarcar, e abandona Tarso. Jura de nunca mais lavar a cara nem cortar o cabelo; veste-se com um saco, e embarca. Sobrevém uma tempestade que lhe despedaça o navio, mas de que ele escapa. Permiti agora que vos leia o epitáfio de Marina, escrito pela criminosa Dionisa.»
William Shakespeare. Péricles Príncipe de Tiro. Trad e revisto por João Grave. Lello & Irmão Editores, Porto, 1976., p. 126/7
''Se vives, Péricles, tens um coração que deve estalar de dor!''
William Shakespeare. Péricles Príncipe de Tiro. Trad e revisto por João Grave. Lello & Irmão Editores, Porto, 1976., p. 93
quinta-feira, 5 de março de 2015
Três is
«Três is: imaginação, investimento, inteligência.
Se me perguntarem agora, eu acrescentava: «E o maior obstáculo ao progresso é o preconceito.»
Peça III Parte - Os Modernos
in Maria do Céu Guerra. Ser ou Não Ser. ou estórias da História do Teatro. Círculo de Leitores, 2005., p. 201
Se me perguntarem agora, eu acrescentava: «E o maior obstáculo ao progresso é o preconceito.»
Peça III Parte - Os Modernos
in Maria do Céu Guerra. Ser ou Não Ser. ou estórias da História do Teatro. Círculo de Leitores, 2005., p. 201
''Porque ela justifica interiormente tudo o que faz.''
Peça III Parte - Os Modernos
in Maria do Céu Guerra. Ser ou Não Ser. ou estórias da História do Teatro. Círculo de Leitores, 2005., p. 198
in Maria do Céu Guerra. Ser ou Não Ser. ou estórias da História do Teatro. Círculo de Leitores, 2005., p. 198
''Morrer é o que eu faço melhor.''
Peça III Parte - Os Modernos
in Maria do Céu Guerra. Ser ou Não Ser. ou estórias da História do Teatro. Círculo de Leitores, 2005., p. 188
quarta-feira, 4 de março de 2015
terça-feira, 3 de março de 2015
O SENHOR WAGNER
"As palavras, leves.
Ilusões diversas,
que nos alegravam.
É verdade que
no país invisível
para além do corredor da fronteira
ficava um lugar chamado bater do coração.
Mas nós estávamos em trânsito.
Em trânsito
para uma miragem.
Que nestas circunstâncias
parecia ser objectivo bastante."
Ilusões diversas,
que nos alegravam.
É verdade que
no país invisível
para além do corredor da fronteira
ficava um lugar chamado bater do coração.
Mas nós estávamos em trânsito.
Em trânsito
para uma miragem.
Que nestas circunstâncias
parecia ser objectivo bastante."
-"Castanhas Quentes e Outros Poemas"
- Richard Wagner
- Richard Wagner
sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015
«A prudência ensina-me que os homens a quem as acções mais negras que a noite não fazem corar de rubor, nada poupariam para que tais acções não fossem divulgadas. Um crime, sei-o perfeitamente, traz um outro; o assassinato anda ligado à concupiscência, como a chama ao fumo. O veneno e a traição são a mão direita e a mão esquerda do crime: - servem-lhe de escudo para afastar os traços da vergonha.»
William Shakespeare. Péricles Príncipe de Tiro. Trad e revisto por João Grave. Lello & Irmão Editores, Porto, 1976
quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015
«Estava só, talvez já há três horas. Não dormia. Esquecera-se do sono e do tempo: «Nós os velhos, dormimos pouco, quase nunca. Por vezes, quase dormitamos, mas nunca deixamos de pensar. É a única coisa que me falta fazer.»
Juan Rulfo. Pedro Páramo in Obra Reunida. Trad. Rui Lagartinho, Sofia Castro Rodrigues, Virgílio Tenreiro Viseu. Cavalo de ferro.1ª ed., 2010, p. 136
«O tutano dos nossos ossos convertido em lume e as veias do nosso sangue feitas fios de fogo, fazendo-nos dar gritos de inacreditável dor: nunca apaziguado; sempre atiçado pela ira do Senhor.
«Ele aninhava-me entre os seus braços. Dava-me amor.»
Juan Rulfo. Pedro Páramo in Obra Reunida. Trad. Rui Lagartinho, Sofia Castro Rodrigues, Virgílio Tenreiro Viseu. Cavalo de ferro.1ª ed., 2010, p. 132
«Quisera adivinhar os seus pensamentos e ver a batalha daquele coração para rejeitar as imagens que ele semeara dentro dela. Olhou-a nos olhos e ela devolveu-lhe o olhar. E pareceu-lhe ver os seus lábios esboçarem um sorriso.»
Juan Rulfo. Pedro Páramo in Obra Reunida. Trad. Rui Lagartinho, Sofia Castro Rodrigues, Virgílio Tenreiro Viseu. Cavalo de ferro.1ª ed., 2010, p. 132
Juan Rulfo. Pedro Páramo in Obra Reunida. Trad. Rui Lagartinho, Sofia Castro Rodrigues, Virgílio Tenreiro Viseu. Cavalo de ferro.1ª ed., 2010, p. 128
"O silêncio é a minha maior tentação. As palavras, esse vício ocidental, estão gastas, envelhecidas, envilecidas. Fatigam, exasperam. E mentem, separam, ferem. Também apaziguam, é certo, mas é tão raro! Por cada palavra que chega até nós, ainda quente das entranhas do ser, quanta baba nos escorre em cima a fingir de música suprema! A plenitude do silêncio só os orientais a conhecem".
Eugénio de Andrade
“Tudo existe dentro da nossa intimidade comovida. O nosso amor é um mar onde mergulham e flutuam todas as coisas… Esta auréola sentimental que nos envolve, exala-se do nosso coração e expande-se no infinito espaço, e a expansão é indefinida…
[… ]
Amar alguém não é, de algum modo, ser esse alguém?”
"Não te poderás considerar um verdadeiro intelectual se não puseres a tua vida ao serviço da justiça; e sobretudo se te não guardares cuidadosamente do erro em que se cai no vulgo: o de a confundir com a vingança. A justiça há-de ser para nós amparo criador, consolação e aproveitamento das forças que andam desviadas; há-de ter por princípio e por fim o desejo de uma Humanidade melhor; há-de ser forte e criadora; no seu grau mais alto não a distinguiremos do amor"
Agostinho da Silva, “Pelos vencidos”, Considerações [1944], in Textos e Ensaios Filosóficos I, p. 112.
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