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quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015
«Estava só, talvez já há três horas. Não dormia. Esquecera-se do sono e do tempo: «Nós os velhos, dormimos pouco, quase nunca. Por vezes, quase dormitamos, mas nunca deixamos de pensar. É a única coisa que me falta fazer.»
Juan Rulfo. Pedro Páramo in Obra Reunida. Trad. Rui Lagartinho, Sofia Castro Rodrigues, Virgílio Tenreiro Viseu. Cavalo de ferro.1ª ed., 2010, p. 136
«O tutano dos nossos ossos convertido em lume e as veias do nosso sangue feitas fios de fogo, fazendo-nos dar gritos de inacreditável dor: nunca apaziguado; sempre atiçado pela ira do Senhor.
«Ele aninhava-me entre os seus braços. Dava-me amor.»
Juan Rulfo. Pedro Páramo in Obra Reunida. Trad. Rui Lagartinho, Sofia Castro Rodrigues, Virgílio Tenreiro Viseu. Cavalo de ferro.1ª ed., 2010, p. 132
«Quisera adivinhar os seus pensamentos e ver a batalha daquele coração para rejeitar as imagens que ele semeara dentro dela. Olhou-a nos olhos e ela devolveu-lhe o olhar. E pareceu-lhe ver os seus lábios esboçarem um sorriso.»
Juan Rulfo. Pedro Páramo in Obra Reunida. Trad. Rui Lagartinho, Sofia Castro Rodrigues, Virgílio Tenreiro Viseu. Cavalo de ferro.1ª ed., 2010, p. 132
Juan Rulfo. Pedro Páramo in Obra Reunida. Trad. Rui Lagartinho, Sofia Castro Rodrigues, Virgílio Tenreiro Viseu. Cavalo de ferro.1ª ed., 2010, p. 128
« - É verdade que a noite está cheia de pecados, Justina?
-Sim, Susana.
-E é verdade?
-Deve ser, Susana.
-E o que é que tu pensas que a vida é, Justina, senão um pecado? Não ouves? Não ouves como a Terra range?
- Não, Susana, não consigo ouvir nada. A minha sorte não é tão grande como a tua.
-Ficarias assustada. Digo-te que ficarias assustada se ouvisses o que eu ouço.
Justina continuou a pôr ordem no quarto. Passou uma e outra vez o pano pelas tábuas húmidas do chão. Limpou a água da jarra partida. Recolheu as flores. Pôs os vidros no balde cheio de água.
-Quantos pássaros mataste tu na vida, Justina?
-Muitos, Susana.
-E não sentiste tristeza?
-Sim, Susana.
-Então, estás à espera de quê para morreres?
-Da morte. Susana.
-Se é disso, não tardará. Não te preocupes.
Susana San Juan estava sentada na cama, recostada nas almofadas. Os olhos inquietos, olhando para todos os lados. As mãos sobre o ventre, presas ao ventre como uma concha protectora. Havia leves zumbidos que se cruzavam como asas por cima da sua cabeça. E o barulho das roldanas na nora. O rumor das pessoas ao acordar.
-Tu acreditas no Inferno, Justina?
-Sim, Susana. E também no Céu.
-Eu só acredito no Inferno - disse. E fechou os olhos.»
Juan Rulfo. Pedro Páramo in Obra Reunida. Trad. Rui Lagartinho, Sofia Castro Rodrigues, Virgílio Tenreiro Viseu. Cavalo de ferro.1ª ed., 2010, p. 127
-Sim, Susana.
-E é verdade?
-Deve ser, Susana.
-E o que é que tu pensas que a vida é, Justina, senão um pecado? Não ouves? Não ouves como a Terra range?
- Não, Susana, não consigo ouvir nada. A minha sorte não é tão grande como a tua.
-Ficarias assustada. Digo-te que ficarias assustada se ouvisses o que eu ouço.
Justina continuou a pôr ordem no quarto. Passou uma e outra vez o pano pelas tábuas húmidas do chão. Limpou a água da jarra partida. Recolheu as flores. Pôs os vidros no balde cheio de água.
-Quantos pássaros mataste tu na vida, Justina?
-Muitos, Susana.
-E não sentiste tristeza?
-Sim, Susana.
-Então, estás à espera de quê para morreres?
-Da morte. Susana.
-Se é disso, não tardará. Não te preocupes.
Susana San Juan estava sentada na cama, recostada nas almofadas. Os olhos inquietos, olhando para todos os lados. As mãos sobre o ventre, presas ao ventre como uma concha protectora. Havia leves zumbidos que se cruzavam como asas por cima da sua cabeça. E o barulho das roldanas na nora. O rumor das pessoas ao acordar.
-Tu acreditas no Inferno, Justina?
-Sim, Susana. E também no Céu.
-Eu só acredito no Inferno - disse. E fechou os olhos.»
Juan Rulfo. Pedro Páramo in Obra Reunida. Trad. Rui Lagartinho, Sofia Castro Rodrigues, Virgílio Tenreiro Viseu. Cavalo de ferro.1ª ed., 2010, p. 127
Juan Rulfo. Pedro Páramo in Obra Reunida. Trad. Rui Lagartinho, Sofia Castro Rodrigues, Virgílio Tenreiro Viseu. Cavalo de ferro.1ª ed., 2010, p. 126
«Mais tarde teve de tirar a camisa de noite porque a noite começou a ficar quente...»
Juan Rulfo. Pedro Páramo in Obra Reunida. Trad. Rui Lagartinho, Sofia Castro Rodrigues, Virgílio Tenreiro Viseu. Cavalo de ferro.1ª ed., 2010, p. 124
«Era uma dessas luas tristes que ninguém olha, de que ninguém faz caso. Ali esteve, algum tempo, desfigurada, sem dar luz alguma, e depois foi esconder-se atrás dos cerros.»
Juan Rulfo. Pedro Páramo in Obra Reunida. Trad. Rui Lagartinho, Sofia Castro Rodrigues, Virgílio Tenreiro Viseu. Cavalo de ferro.1ª ed., 2010, p. 122/3
Então fundo-me nele, inteira.
«Então fundo-me nele, inteira. Entrego-me a ele no seu forte bater, no seu suave possuir, sem lhe negar nada.»
Juan Rulfo. Pedro Páramo in Obra Reunida. Trad. Rui Lagartinho, Sofia Castro Rodrigues, Virgílio Tenreiro Viseu. Cavalo de ferro.1ª ed., 2010, p. 113/4
«- É como se fosses um ''pico feio'', um entre mmuitos - disse-me. - Gosto mais de ti à noite, quando estamos os dois na mesma almofada, debaixo dos lençóis, na escuridão.»
Juan Rulfo. Pedro Páramo in Obra Reunida. Trad. Rui Lagartinho, Sofia Castro Rodrigues, Virgílio Tenreiro Viseu. Cavalo de ferro.1ª ed., 2010, p. 113
Juan Rulfo. Pedro Páramo in Obra Reunida. Trad. Rui Lagartinho, Sofia Castro Rodrigues, Virgílio Tenreiro Viseu. Cavalo de ferro.1ª ed., 2010, p. 113
quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015
«As suas pestanas já quietas; quieto já o seu coração.»
Juan Rulfo. Pedro Páramo in Obra Reunida. Trad. Rui Lagartinho, Sofia Castro Rodrigues, Virgílio Tenreiro Viseu. Cavalo de ferro.1ª ed., 2010, p. 94
«(...) o sabor a sangue na língua.»
Juan Rulfo. Pedro Páramo in Obra Reunida. Trad. Rui Lagartinho, Sofia Castro Rodrigues, Virgílio Tenreiro Viseu. Cavalo de ferro.1ª ed., 2010, p. 92
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