quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

 If the development of civilization so much resembles that of the individual and operates with the same means, is not one entitled to proffer the diagnosis that some civilizations or cultural epochs – possibly the whole of humanity – have become ‘neurotic’ under the influence of cultural strivings? (Freud)


If, for a moment, we look at mankind as one individual, we see that it is like a man carried away by unconscious powers. He is dissociated like a neurotic, with the Iron Curtain marking the line of division. (…) Our times have demonstrated what it means when the gates of the psychic underworld are thrown open. Things whose enormity nobody could have imagined in the idyllic innocence of the first decade of our century have happened and have turned the world upside down. Ever since, the world has remained in a state of schizophrenia. (Jung 1990) 

''Quando se diz que a esquizofrenia é a nossa doença, a doença do nosso tempo, não se quer só dizer que a vida moderna enlouquece. Não se trata de um modo de vida, mas de um processo de produção. (…) De facto, o que queremos dizer é que o capitalismo, no seu processo de produção, produz uma formidável carga esquizofrénica sobre a qual faz incidir todo o peso da sua produção, mas que não deixa de se reproduzir como limite do processo. (Deleuze/Guattari 2004)

 “Digam lá, e eu? José Mário Branco, 37 anos, isto é que é uma porra, anda aqui um gajo cheio de boas intenções, a pregar aos peixinhos, a arriscar o pelo, e depois? É só porrada e mal viver é?”

 “Sou português, pequeno burguês de origem, filho de professores primários, artista de variedades, compositor popular, aprendiz de feiticeiro, faltam-me dentes. Sou o Zé Mário Branco, 37 anos, do Porto, muito mais vivo que morto, contai com isto de mim para cantar e para o resto”.


Branco, José Mário (1996), Ser Soli(d/t)ário, EMI - Valentim de Carvalho.

 “Eu sou o drama / MÜLLER VOCÊ NÃO É UM OBJETO POÉTICO / ESCREVA PROSA / A minha vergonha precisa do meu poema” 

Müller , 1998, in “Müller no Hessischen Hof”

voz autoral

cepticismo mülleriano

mimetização de populismos

terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

Modelo de cuidado dirigido por la persona (Person-Directed Care)



Arvo Pärt - Tabula rasa

 « O mundo, pelo contrário, só fala de indigência intelectual ou estética ou de coisas indiferentes, que são as que mais ocupam; porque a sua tendência é, com efeito, para dar um valor infinito às coisas indiferentes.» 

Kierkegaard. O Desespero A Doença Mental. Tradução de Ana Keil. RÉS- Editora, Porto, s/d, p. 39

in.di.gên.ci.a

«Compreende-se que uma andorinha possa viver, pois não sabe que vive para Deus. Mas sermos nós próprios a sabê-lo e não nos assombrarmos imediatamente na loucura e no nada!»

Kierkegaard. O Desespero A Doença Mental. Tradução de Ana Keil. RÉS- Editora, Porto, s/d, p. 38

 « Leva então uma existência imaginária, infinitizando-se ou isolando-se no abstracto, sempre privado do seu eu, do qual consegue afastar-se cada vez mais.»

Kierkegaard. O Desespero A Doença Mental. Tradução de Ana Keil. RÉS- Editora, Porto, s/d, p. 38

«O eu é formado de finito e de infinito.»

 Kierkegaard. O Desespero A Doença Mental. Tradução de Ana Keil. RÉS- Editora, Porto, s/d, p. 33

Beethoven's Silence

 


Kierkegaard. O Desespero A Doença Mental. Tradução de Ana Keil. RÉS- Editora, Porto, s/d, p. 31

''dolorosos sucessos ou violentas decisões''

 Kierkegaard. O Desespero A Doença Mental. Tradução de Ana Keil. RÉS- Editora, Porto, s/d, p. 30

« E assim o que é mais belo e mais adorável, a feminilidade em flor, é todavia desespero.»

Kierkegaard. O Desespero A Doença Mental. Tradução de Ana Keil. RÉS- Editora, Porto, s/d, p. 29


Wang Ningde, No Name e Some Days





 

Lhasa De Sela - Soon this place will be too small


Soon this space will be too small
And I'll go oustide
To the huge illside
Where the wild winds blow
And the cold stars shine

I'll put my foot
On the living road
And be carried from here
To the heart of the world

I'll be strong as a ship
And wise as a wale
And I'll say the three words
That will save us all
And I'll say the three words
That will save us all

Soon this space will be too small
And I'll laugh so hard
That the walls cave in

The I'll die three times
And be born again
In a little box
With a golden key
And a flying fish
Will set me free

Soon this space will be too small
All my veins and bones
Will be burned to dust
You can throw me into
A black iron pot
And my dust will tell
What my flesh would not

Soon this space will be too small
And I'll go oustide
And I'll go oustide
And I'll go oustide


« Os obstinados do mundo podem bem obstinar-se hoje, amanhã e depois de amanhã, mas não poderão obstinar-se eternamente; por fim terão de mudar.»

Mao Tsetung. Sobre a prática. Sobre a contradição e outros textos. Textos Políticos. 1ª Edição, 1974. Editorial Minerva., p. 213
«Há que explicar claramente a situação às pessoas comuns, a fim de que não se desorientem.»

Mao Tsetung. Sobre a prática. Sobre a contradição e outros textos. Textos Políticos. 1ª Edição, 1974. Editorial Minerva., p. 213

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

duplicidade

 «Pede-se-lhes que marchem para diante, mas preferem morrer a dar um passo em frente; são os chamados elementos obstinados.»

Mao Tsetung. Sobre a prática. Sobre a contradição e outros textos. Textos Políticos. 1ª Edição, 1974. Editorial Minerva., p. 207


 

resistividade eléctrica

inadimplente

domingo, 21 de fevereiro de 2021

Trevas


O que foi antigamente manhã limpa
Sereno amor das coisas e da vida
É hoje busca desesperada busca
De um corpo cuja face me é oculta.

Sophia de Mello Breyner Andresen, do livro “Coral e outros poemas”

Nesta hora


Nesta hora limpa da verdade é preciso dizer a verdade toda
Mesmo aquela que é impopular neste dia em que se invoca o povo

Pois é preciso que o povo regresse do seu longo exílio
E lhe seja proposta uma verdade inteira e não meia verdade

Meia verdade é como habitar meio quarto
Ganhar meio salário
Como só ter direito
A metade da vida

O demagogo diz da verdade a metade
E o resto joga com habilidade
Porque pensa que o povo só pensa metade
Porque pensa que o povo não percebe nem sabe

A verdade não é uma especialidade
Para especializados clérigos letrados

Não basta gritar povo é preciso expor
Partir do olhar da mão e da razão
Partir da limpidez do elementar

Como quem parte do sol do mar do ar
Como quem parte da terra onde os homens estão

Para construir o canto do terrestre
– Sob o ausente olhar silente de atenção –

Para construir a festa do terrestre
Na nudez de alegria que nos veste

Sophia de Mello Breyner Andresen,
do livro “Coral e outros poemas”

katrien de Blauwer



 

Wolf Alice - Wicked Game


The world was on fire and no one could save me but you
It's strange what desire will make foolish people do
I never dreamed that I'd meet somebody like you
And I never dreamed that I'd lose somebody like you
No, I don't wanna fall in love (this world is only gonna break your heart)
No, I don't wanna fall in love (this world is only gonna break your heart)
With you
With you
(This world is only gonna break your heart)
What a wicked game you play, to make me feel this way
What a wicked thing to do, to let me dream of you
What a wicked thing to say, you never felt this way
What a wicked thing to do, to make me dream of you
And I don't wanna fall in love (this world is only gonna break your heart)
No, I don't wanna fall in love (this world is only gonna break your heart)
With you
The world was on fire and no one could save me but you
It's strange what desire will make foolish people do
I never dreamed that I'd love somebody like you
And I never dreamed that I'd lose somebody like you
No, I don't wanna fall in love (this world is only gonna break your heart)
No, I don't wanna fall in love (this world is only gonna break your heart)
With you (this world is only gonna break your heart)
With you
(This world is only gonna break your heart)
No, I (this world is only gonna break your heart)
(This world is only gonna break your heart)
Nobody loves no one~

Compositores: Chris Isaak

Cidade


Cidade, rumor e vaivém sem paz das ruas,
Ó vida suja, hostil, inutilmente gasta,
Saber que existe o mar e as praias nuas,
Montanhas sem nome e planícies mais vastas
Que o mais vasto desejo,
E eu estou em ti fechada e apenas vejo
Os muros e as paredes, e não vejo
Nem o crescer do mar, nem o mudar das luas.

Saber que tomas em ti a minha vida
E que arrastas pela sombra das paredes
A minha alma que fora prometida
Às ondas brancas e às florestas verdes.

Sophia de Mello Breyner Andresen,
do livro “Coral e outros poemas”

Apolo Musageta

Eras o primeiro dia inteiro e puro
Banhando os horizontes de louvor.

Eras o espírito a falar em cada linha
Eras a madrugada em flor
Entre a brisa marinha.
Eras uma vela bebendo o vento dos espaços
Eras o gesto luminoso de dois braços
Abertos sem limite.
Eras a pureza e a força do mar
Eras o conhecimento pelo amor.

Sonho e presença
De uma vida florindo
Possuída e suspensa.

Eras a medida suprema, o cânon eterno
Erguido puro, perfeito e harmonioso
No coração da vida e para além da vida
No coração dos ritmos secretos.



Sophia de Mello Breyner Andresen, do livro “Coral e outros poemas”

O jardim e a noite


Atravessei o jardim solitário e sem lua,
Correndo ao vento pelos caminhos fora,
Para tentar como outrora
Unir a minha alma à tua,
Ó grande noite solitária e sonhadora.

Entre os canteiros cercados de buxo
Sorri à sombra tremendo de medo.
De joelhos na terra abri o repuxo,
E os meus gestos foram gestos de bruxedo.
Foram os gestos dessa encantação,
Que devia acordar do seu inquieto sono
A terra negra dos canteiros
E os meus sonhos sepultados
Vivos e inteiros.

Mas sob o peso dos narcisos floridos
Calou-se a terra,
E sob o peso dos frutos ressequidos
Do presente
Calaram-se os meus sonhos perdidos.


Entre os canteiros cercados de buxo,
Enquanto subia e caía a água do repuxo,
Murmurei as palavras em que outrora
Para mim sempre existia
O gesto dum impulso.
Palavras que eu despi da sua literatura,
Para lhes dar a sua forma primitiva e pura,
De fórmulas de magia.

Docemente a sonhar entre a folhagem
A noite solitária e pura
Continuou distante e inatingível
Sem me deixar penetrar no seu segredo.
E eu senti quebrar-se, cair desfeita,
A minha ânsia carregada de impossível,
Contra a sua harmonia perfeita.

Tomei nas minhas mãos a sombra escura
E embalei o silêncio nos meus ombros.
Tudo em minha volta estava vivo
Mas nada pôde acordar dos seus escombros
O meu grande êxtase perdido.

Só o vento passou pesado e quente
E à sua volta todo o jardim cantou
E a água do tanque tremendo
Se maravilhou
Em círculos, longamente

 Sophia de Mello Breyner Andresen
, do livro “Coral e outros poemas” 
Apesar das ruínas e da morte,
Onde sempre acabou cada ilusão,
A força dos meus sonhos é tão forte,
Que de tudo renasce a exaltação
E nunca as minhas mãos ficam vazias.

Sophia de Mello Breyner Andresen, do livro “Coral e Outros Poemas”

 «Por consequência, os trabalhadores progressistas da cultura na Guerra da Resistência devem possuir o seu próprio exército da cultura, quer dizer, as massas populares. Um trabalhador revolucionário da cultura que não esteja ligado às massas populares é um «comandante» sem «exército», o seu poder de fogo não pode abater o inimigo»

Mao Tsetung. Sobre a prática. Sobre a contradição e outros textos. Textos Políticos. 1ª Edição, 1974. Editorial Minerva., p. 199/200

''Ter pátria é ter uma culpa.''


terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

The Stooges - I wanna be your dog (1969)

                                                                   Ana Teresa Barboza, Artista Têxtil 



 

o cérebro límbico

 '' a obesidade informativa dos números''

Vítor Cotovio, psiquiatra.


7

Eu não sou eu nem sou o outro,
Sou qualquer coisa de intermédio:
Pilar da ponte de tédio
Que vai de mim para o Outro.

Mário de Sá-Carneiro
ALÉM-TÉDIO

Nada me expira já, nada me vive ---
Nem a tristeza nem as horas belas.
De as não ter e de nunca vir a tê-las,
Fartam-me até as coisas que não tive.

Como eu quisera, enfim de alma esquecida,
Dormir em paz num leito de hospital...
Cansei dentro de mim, cansei a vida
De tanto a divagar em luz irreal.

Outrora imaginei escalar os céus
À força de ambição e nostalgia,
E doente-de-Novo, fui-me Deus
No grande rastro fulvo que me ardia.

Parti. Mas logo regressei à dor,
Pois tudo me ruiu... Tudo era igual:
A quimera, cingida, era real,
A própria maravilha tinha cor!

Ecoando-me em silêncio, a noite escura
Baixou-me assim na queda sem remédio;
Eu próprio me traguei na profundura,
Me sequei todo, endureci de tédio.

E só me resta hoje uma alegria:
É que, de tão iguais e tão vazios,
Os instantes me esvoam dia a dia
Cada vez mais velozes, mais esguios...

Wang Ningde. Some Days No. 73, 2009

Dispersão

Perdi-me dentro de mim
Porque eu era labirinto
E hoje, quando me sinto.
É com saudades de mim.

Passei pela minha vida
Um astro doido a sonhar.
Na ânsia de ultrapassar,
Nem dei pela minha vida…

Para mim é sempre ontem,
Não tenho amanhã nem hoje:
O tempo que aos outros foge
Cai sobre mim feito ontem.

(O Domingo de Paris
Lembra-me o desaparecido
Que sentia comovido
Os Domingos de Paris:

Porque um domingo é família,
É bem-estar, é singeleza,
E os que olham a beleza
Não têm bem-estar nem família).

O pobre moço das ânsias…
Tu, sim, tu eras alguém!
E foi por isso também
Que me abismaste nas ânsias.

A grande ave doirada
Bateu asas para os céus,
Mas fechou-as saciada
Ao ver que ganhava os céus.

Como se chora um amante,
Assim me choro a mim mesmo:
Eu fui amante inconstante
Que se traiu a si mesmo.

Não sinto o espaço que encerro
Nem as linhas que protejo:
Se me olho a um espelho, erro –
Não me acho no que projecto.

Regresso dentro de mim
Mas nada me fala, nada!
Tenho a alma amortalhada,
Sequinha, dentro de mim.

Não perdi a minha alma,
Fiquei com ela, perdida.
Assim eu choro, da vida,
A morte da minha alma.

Saudosamente recordo
Uma gentil companheira
Que na minha vida inteira
Eu nunca vi… Mas recordo

A sua boca doirada
E o seu corpo esmaecido,
Em um hálito perdido
Que vem na tarde doirada.

(As minhas grandes saudades
São do que nunca enlacei.
Ai, como eu tenho saudades
Dos sonhos que sonhei!… )

E sinto que a minha morte –
Minha dispersão total –
Existe lá longe, ao norte,
Numa grande capital.

Vejo o meu último dia
Pintado em rolos de fumo,
E todo azul-de-agonia
Em sombra e além me sumo.

Ternura feita saudade,
Eu beijo as minhas mãos brancas…
Sou amor e piedade
Em face dessas mãos brancas…

Tristes mãos longas e lindas
Que eram feitas pra se dar…
Ninguém mas quis apertar…
Tristes mãos longas e lindas…

Eu tenho pena de mim,
Pobre menino ideal…
Que me faltou afinal?
Um elo? Um rastro?… Ai de mim!…

Desceu-me n’alma o crepúsculo;
Eu fui alguém que passou.
Serei, mas já não me sou;
Não vivo, durmo o crepúsculo.

Álcool dum sono outonal
Me penetrou vagamente
A difundir-me dormente
Em uma bruma outonal.

Perdi a morte e a vida,
E, louco, não enlouqueço…
A hora foge vivida
Eu sigo-a, mas permaneço…

………………………………………………….

………………………………………………….
Castelos desmantelados,
Leões alados sem juba…

…………………………………………………

…………………………………………………

Mário de Sá-Carneiro

in Dispersão

“baixo, só ele toca; os outros tocam baixinho.”

 Amália Rodrigues sobre o seu guitarrista de sempre, Joel Pina.

Rosmaninhal

 concelho beirão de Idanha-a-Nova

'Audio-livro' com poemas de Almada Negreiros, Mário de Sá-Carneiro e Fernando Pessoa.


 

Aniversário (Álvaro de Campos), declamado por Germana Tanger

''Tudo certo, certo / Relógios certos / Nas cabeças certas. / Tudo certo, certo /... e eu tão errada / Tão longe nas certezas certas.''

Maria Germana Tânger
''O Verde-Gaio foi a primeira Companhia profissional portuguesa que se conhece, digna desse nome, nasceu em 1940 em pleno Estado Novo. A ideia de criar uma Companhia de Dança Portuguesa parece ter surgido na mente de António Ferro ainda no início da década de 1920 quando se tornou director da «Ilustração Portuguesa».''

Autoria: António Laginha.
Título: História do Bailado em Portugal | History of Ballet in Portugal.
Edição - Lisboa, Edições CTT Correios de Portugal, 2021. Edição bilingue.

'' a erosão da democracia''

 


quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

''As nossas livrarias são bombardeadas pela incultura e incivilidade dum povo ignaro e por elites divorciadas desse povo.''

António Carlos Cortez

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

N̲eil Yo̲ung̲ - H̲arve̲st (Full Album) 1972

O SILÊNCIO

Quando a ternura
parece já do seu ofício fatigada,

e o sono, a mais incerta barca,
inda demora,

quando azuis irrompem
os teus olhos

e procuram
nos meus navegação segura,

é que eu te falo das palavras
desamparadas e desertas,


pelo silêncio fascinadas


Eugénio de Andrade

  "viver é a coisa mais rara do Mundo. A maioria das pessoas apenas existe"

"resiliência fatigada"


O Funcionário Cansado

A noite trocou-me os sonhos e as mãos
dispersou-me os amigos
tenho o coração confundido e a rua é estreita
estreita em cada passo
as casas engolem-nos
sumimo-nos
estou num quarto só num quarto só
com os sonhos trocados
com toda a vida às avessas a arder num quarto só

Sou um funcionário apagado
um funcionário triste
a minha alma não acompanha a minha mão
Débito e Crédito Débito e Crédito
a minha alma não dança com os números
tento escondê-la envergonhado
o chefe apanhou-me com o olho lírico na gaiola do quintal em frente
e debitou-me na minha conta de empregado
Sou um funcionário cansado de um dia exemplar
Porque não me sinto orgulhoso de ter cumprido o meu dever?
Porque me sinto irremediavelmente perdido no meu cansaço?

Soletro velhas palavras generosas
Flor rapariga amigo menino
irmão beijo namorada
mãe estrela música.
São as palavras cruzadas do meu sonho
palavras soterradas na prisão da minha vida
isto todas as noites do mundo uma noite só comprida
num quarto só

António Ramos Rosa

ESPLANADA

Naquele tempo falavas muito de perfeição,
da prosa dos versos irregulares
onde cantam os sentimentos irregulares.
Envelhecemos todos, tu, eu e a discussão,

agora lês saramagos & coisas assim
e eu já não fico a ouvir-te como antigamente
olhando as tuas pernas que subiam lentamente
até um sítio escuro dentro de mim.

O café agora é um banco, tu professora de liceu;
Bob Dylan encheu-se de dinheiro, o Che morreu.
Agora as tuas pernas são coisas úteis, andantes,
e não caminhos por andar como dantes.

Manuel António Pina

''O adubo da insatisfação''

 Júlio Machado Vaz

 

glaciólogo

gla.ci.ó.lo.go
ɡlɐˈsjɔluɡu
nome masculino
pessoa que estuda os glaciares e os fenómenos relativos aos glaciaresespecialista em glaciologia

 “O sentido do cuidado e/ou do cuidar integra, antes de mais, o sentido do próprio existir humano. Cuidamos “naturalmente” de nós e dos outros, pelo simples facto de existirmos com o(s) outro(s) no mundo” 

(Perdigão, 2003:485)


                                                                         Wang Ningde
 

“Silêncio, silêncio! Se não falares para quebrar o silêncio, morrerás com ele.”

Escritor chinês Lu Xun (1881-1936)

“Antes da revolução nós éramos escravos. E agora somos escravos de antigos escravos”

 Escritor chinês Lu Xun (1881-1936)

''Almas puras e delicadas. Mas eles sofrem de angústia e de dor e tornam-se irados até à violência. (…) A alma torna-se dura com o vento poeirento. Eu amo estas almas porque são almas humanas. Quero beijar esta dureza invisível mas coberta de sangue. (…) As almas dos jovens estão à minha frente. São violentos ou podem vir a sê-lo, mas eu amo estas almas sangradas e dolorosas. Fazem-me sentir que estou vivo neste mundo real.''

Escritor chinês Lu Xun (1881-1936)

“China’s Greatest Dissident Writer: Dead But Still Dangerous.''

New York Times, artiho sobre o escritor chinês Lu Xun

Insectos Nocturnos

''A cabeça é grande, a cauda é curta. Tem a forma de uma semente de girassol. Mas o seu tamanho não será mais que metade de um grão de trigo. A cor é verde jade. De encantamento. Bocejo, acendo um cigarro, expulso uma longa nuvem de fumo e, em frente à lanterna, em silêncio, presto o meu respeito a estes heróis. Verde jade. Tão perfeitíssimamente pequenos.''

Escritor chinês Lu Xun (1881-1936)

MOZART "This Tearful Day" Sir Georg Solti (Vienna 1991)

“Não devemos nunca esquecer que podemos também descobrir sentido na vida quando confrontados com uma situação desesperada, quando enfrentamos um destino que não pode ser alterado.” 

(Viktor Frankl, 2012)

terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

 «Devemos assimilar tudo o que nos seja útil hoje não só das actuais culturas, socialista e de democracia nova, mas também das culturas antigas das nações estrangeiras, por exemplo, da cultura dos diversos países capitalistas durante o século das luzes. Mas em caso nenhum devemos engolir qualquer desse material estrangeiro sem crítica;»


Mao Tsetung. Sobre a prática. Sobre a contradição e outros textos. Textos Políticos. 1ª Edição, 1974. Editorial Minerva., p. 196

Pescetarianismo


 Wang Ningde

gen.tri.fi.ca.ção

Geodemografia do Envelhecimento

''41 livros para descobrir o cérebro e pensar o futuro ''

 21 Lições Para o Século XXI – Yuval Noah Harari

A Estranha Ordem das Coisas – António Damásio

A Vida Secreta da Mente – Mariano Sigman

Ameaças e Riscos Transnacionais no Novo Mundo Global – João Vieira Borges e Teresa Rodrigues

Ao Encontro de Espinosa – António Damásio

Arte e Instinto – Denis Dutton

Breve História do Futuro – Jacques Attali

Cá Dentro – Isabel Minhós Martins, Maria Manuel Pedrosa, Madalena Matos

Cérebro e Música – Alexandre Castro Caldas

Comportamento – Robert M. Spolsky

Criatividade: a função cerebral improvável – Alexandre Castro Caldas

Da Leveza – Gilles Lipovetsky

Domínio do Ocidente – Ian Morris

Elon Musk – Ashlee Vance

Física do Futuro – Michio Kaku

Física do Impossível – Michio Kaku

Guerra! Para Que Serve? – Ian Morris

Homo Creator – Edward O. Wilson

Homo Deus – Yuval Noah Harari

Macbeth – William Shakespeare

O Erro de Descartes – António Damásio

O Futuro da Mente – Michio Kaku

O Homem que Confundiu a Mulher com um Chapéu – Oliver Sacks

O Livro da Consciência – António Damásio

O Sentimento de Si – António Damásio

O Terceiro Chimpanzé – Jared Diamond

Os Próximos 100 Anos – George Friedman

Porque Dormimos? – Matthew Walker

Romeu e Julieta – William Shakespeare

Roubar o Fogo – Steven Kotler and Jamie Wheal

Splitting the Harrow, Understanding the Business of Life – Prem Rawat

Superinteligência: Caminhos, Perigos, Estratégias – Nick Bostrom

Superprevisões: a arte e a ciência da previsão – Dan Gardner e Philip E. Tetlock

Tecnologia versus Humanidade – Gerd Leonhard

The Master and His Emissary – Iain McGilchrist

The Posthuman – Rosi Braidotti

The Singularity is Near – Ray Kurzweil

Uma Paixão Humana: o seu cérebro e a música – Daniel Levitin

Uma Visita Politicamente Incorrecta ao Cérebro Humano – Alexandre Castro Caldas

Via Para o Futuro da Humanidade – Edgar Morin

Ways of Attending – Iain McGilchrist

Fonte: ver aqui.

morte-cor

Asaf Avidan - Small Change Girl

"All beauty must die"

 Where the Wild Roses Grow

They call me the wild rose
But my name was Elisa Day
Why they call me it I do not know
For my name was Elisa Day
From the first day I saw her I knew she was the one
She stared in my eyes and smiled
For her lips were the color of the roses
That grew down the river, all bloody and wild
When he knocked on my door and entered the room
My trembling subsided in his sure embrace
He would be my first man, and with a careful hand
He wiped at the tears that ran down my face
They call me the wild rose
But my name was Elisa Day
Why they call me that I do not know?
For my name was Elisa day
On the second day I brought her a flower
She was more beautiful than any woman I've seen
I said, "Do you know, where the wild roses grow
So sweet and scarlet and free?"
On the second day he came with a single red rose
He said "Give me your loss and your sorrow?"
I nodded my head, as I lay on the bed
If I show you the roses will you follow alone
They call me the wild rose
But my name was Elisa Day
Why they call me that I do not know
For my name was Elisa Day
On the third day he took me to the river
He showed me the roses and we kissed
And the last thing I heard was a muttered word
As he knelt above me with a rock in his fist
On the last day I took her where the wild roses grow
She lay on the bank, the wind light as a thief
And I kissed her goodbye, said "All beauty must die"
And I knelt down and planted a rose between her teeth
They call me the wild rose
But my name is Elisa Day
Why they call me it I do not know
For my name is Elisa Day
My name was Elisa Day
For my name was Elisa Day

Nick Cave
''Pelo que eu observo, se nós amamos, nós sofremos. É isso. Esse é o pacto. A dor e o amor estão eternamente entrelaçados. A dor é um lembrete terrível da profundidade do nosso amor e, como o amor, a dor é não-negociável. Existe uma vastidão na dor que nos sobrecarrega. Nós somos minúsculos e trémulos aglomerados de átomos absorvidos pela impressionante presença da dor. Isso ocupa o núcleo do nosso ser e se estende pelos nossos dedos até os limites do universo.

Dentro desse giro rodopiante, todo tipo de loucura existe; fantasmas e espíritos e visitas de sonhos, e tudo o mais que nós, em nossa angústia, desejamos que exista. Esses são dons preciosos que são tão válidos e tão reais quanto precisamos que sejam. Eles são os guias espirituais que nos levam para fora da escuridão.''

Nick Cave


 

Beth Gibbons / Penderecki / Górecki - Symphony No. 3 Final Movement

«É fácil imitar o desespero, é fácil que sejam tomados como desespero todas as espécies de abatimento sem consequência, de sofrimentos que passam sem chegar a sê-lo.»

Kierkegaard. O Desespero A Doença Mental. Tradução de Ana Keil. RÉS- Editora, Porto, s/d, p. 27

 «, assim como há doenças imaginárias, há saúde imaginárias;»

Kierkegaard. O Desespero A Doença Mental. Tradução de Ana Keil. RÉS- Editora, Porto, s/d, p. 26/7

 «O homem que se diz desesperado, crê que o seja, mas não basta que não creia, para passar por não o ser. Rarefica-se assim o desespero, quando, na verdade, ele é universal. Não é ser desesperado que é raro, o raro, o raríssimo, é realmente não o ser.»

Kierkegaard. O Desespero A Doença Mental. Tradução de Ana Keil. RÉS- Editora, Porto, s/d, p. 26

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

 «Assim como talvez não haja, dizem os médicos, ninguém completamente são, também se poderia dizer, conhecendo bem o homem, que nem um só existe que esteja isento de desespero, que não tenha lá no fundo uma inquietação, uma perturbação, uma desarmonia, um receio de que não se sabe o quê de desconhecido ou que ele nem ousa conhecer, receio duma eventualidade exterior ou o receio de si-próprio; tal como os médicos dizem de uma doença, o homem traz em estado latente uma enfermidade, da qual, num relâmpago, raramente um medo inexplicável lhe revela a presença interna.»

Kierkegaard. O Desespero A Doença Mental. Tradução de Ana Keil. RÉS- Editora, Porto, s/d, p. 25

Iánnis Xenákis- Metastasis


Ana Teresa Barboza, Artista Têxtil 

 

«O desesperado é um doente de morte.»

 Kierkegaard. O Desespero A Doença Mental. Tradução de Ana Keil. RÉS- Editora, Porto, s/d, p. 23

«Ser César ou nada»

 «Eis o ácido, a gangrena do desespero, esse suplício cuja ponta, dirigida sobre o interior, nos afunda cada vez mais numa auto-destruição impotente.»

Kierkegaard. O Desespero A Doença Mental. Tradução de Ana Keil. RÉS- Editora, Porto, s/d, p. 20

 «No desespero, o morrer continuamente transforma-se em viver. Quem desespera não pode morrer; «assim como um punhal não serve para matar pensamentos», assim também o desespero, verme imortal, fogo inextinguível, não devora a eternidade do eu, que é o seu próprio sustentáculo.»

Kierkegaard. O Desespero A Doença Mental. Tradução de Ana Keil. RÉS- Editora, Porto, s/d, p. 20

''morrer a morte''

 Kierkegaard. O Desespero A Doença Mental. Tradução de Ana Keil. RÉS- Editora, Porto, s/d, p. 20

 «Assim, estar mortalmente doente é não poder morrer, mas neste caso a vida não permite esperança, e a desesperança é a impossibilidade da última esperança, a impossibilidade de morrer.»

Kierkegaard. O Desespero A Doença Mental. Tradução de Ana Keil. RÉS- Editora, Porto, s/d, p. 20

Betty Davis

Antelóquio

«(...), o desespero não é só a pior das misérias, como a nossa perdição.»

 Kierkegaard. O Desespero A Doença Mental. Tradução de Ana Keil. RÉS- Editora, Porto, s/d, p. 15

 Capítulo I

«Doença do espírito - do eu - o desespero pode, enquanto tal,

tomar três formas: o desesperado inconsciente de ter um eu

             - o que é verdadeiro desespero - ;

               o desesperado que não quer, e o 

         desesperado que quer ser ele próprio.»


Kierkegaard. O Desespero A Doença Mental. Tradução de Ana Keil. RÉS- Editora, Porto, s/d, p. 11

 O DESESPERO É A 

DOENÇA MORTAL


Kierkegaard. O Desespero A Doença Mental. Tradução de Ana Keil. RÉS- Editora, Porto, s/d, p. 11

''angústia existencial''; ''sofrimento ascético''

domingo, 7 de fevereiro de 2021


Fotógrafo Felice Beato

«cerco e aniquilamento»

Mao Tsetung. Sobre a prática. Sobre a contradição e outros textos. Textos Políticos. 1ª Edição, 1974. Editorial Minerva., p. 189

cam.pe.si.na.to

''a intelectualidade urbana''

Mao Tsetung. Sobre a prática. Sobre a contradição e outros textos. Textos Políticos. 1ª Edição, 1974. Editorial Minerva., p. 186

ideologia escravizante

“We will go far away, to nowhere, to conquer, to fertilize until we become tired. Then we will stop and there will be our home.” 

Dejan Stojanovic


 

As Guerras do Ópio

 ou Guerra Anglo-Chinesa

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