Even if you were a million miles away I can still feel you in my bed Near me, touch me, feel me
And even at the bottom of the sea I could still hear inside my head Telling me, touch me, feel me And all the time, you were telling me lies
So tonight, I'm gonna find a way to make it without you Tonight, I'm gonna find a way to make it without you I'm gonna hold on to the times that we had Tonight, I'm gonna find a way to make it without you
Have you ever try sleeping with a broken heart? Well you could try sleeping in my bed Lonely, own me, nobody ever shut it down like you
You wore the crown, you made my body feel heaven bound Why don't you hold me, need me I thought you told me, you'd never leave me
Looking in the sky I could see your face Then I knew right where I fit in Take me, make me, you know that I'll always be in love with you Right till the end
So tonight, I'm gonna find a way to make it without you Tonight, I'm gonna find a way to make it without you I'm gonna hold on to the times that we had Tonight, I'm gonna find a way to make it without you
Anybody could've told you right from the start it's 'bout to fall apart So rather than hold on to a broken dream I'll just hold on to love And I could find a way to make it, don't hold on too tight I'll make it without you tonight
So tonight, I'm gonna find a way to make it without you Tonight, I'm gonna find a way to make it without you I'm gonna hold on to the times that we had Tonight, I'm gonna find a way to make it without you
Compositores: Jeff Bhasker / Alicia Augello-Cook / Patrick Reynolds
Mário Cláudio.Noites de Anto. Sociedade Portuguesa de Autores. Publicações Dom Quixote., Lisboa, 1988.
«Era uma festa de morte e desastre, um delírio de sal e farrapos. E os amantes a boiar, encaixados uns nos outros, de cabelo esguedelhado, com os olhos muito abertos de inconsumado prazer.» Mário Cláudio.Noites de Anto. Sociedade Portuguesa de Autores. Publicações Dom Quixote., Lisboa, 1988., p. 34
And if you don't love me now You will never love me again I can still hear you saying you would never break the chain And if you don't love me now You will never love me again I can still hear you saying you would never break the chain
Listen to the wind blow, down comes the night
Run in the shadows Damn your love, damn your lies
Break the silence Damn the dark, damn the light
And if you don't love me now You will never love me again I can still hear you saying you would never break the chain And if you don't love me now You will never love me again I can still hear you saying you would never break the chain And if you don't love me now You will never love me again I can still hear you saying you would never break the chain
Chain...keeps us together (run into the shadows) Chain...keeps us together (run into the shadows) Chain...keeps us together (run into the shadows)
Time of day I can't recall The kind of thing that takes it's toll Over years and over time Over smiles and over wine All in all it wasn't bad All in all it wasn't good But I still care That's the problem with the days They're never long enough to say What it is you never said All the books you never read I throw myself into the wind Hoping somebody will pick me up And carry me again
Where are you now Do you let me down Do you make me grieve for you Do I make you proud Do you get me now Am I your pride and joy I believe this to be true Nothing sacred nothing new No one tells you when its time There are no warnings only signs And you know that you're alone You're not a child anymore But you're still scared All your mountains turn to rocks All your oceans turn to drops They are nothing like you thought Can't be something you are not Life is not a looking glass Don't get tangled in your past Like I am learning not to
Where are you now Do you let me down Do you make me grieve for you Do I make you proud Do you get me now Am I your pride joy
Compositores: Brandi M. Carlile / Timothy Jay Hanseroth / Phillip John Hanseroth
«ANTO - Levava um colar de búzios, a espuma encharcava-lhe a saia, de encontro aos artelhos.»
Mário Cláudio.Noites de Anto. Sociedade Portuguesa de Autores. Publicações Dom Quixote., Lisboa, 1988., p. 33
I'm gonna to get in Haven't you heard Don't you know who I am I'm with the Joneses I'm their best friend
I came to saturate the market To perpetuate the hip kid I was born so I could fall in line I'm a legend in my own mind Can I blend in with your kind?
I need you to liberate me You the masses educate me Hold my fist into the air Declare a social victory
You can own me, you control me Individuality has never stood a chance against you Jump into the mainstream
Your revolution Gets in the way of my confusion I need someone to tell me who I am Because Im under this illusion
I came to separate the classes To place the fails above the passes And there has never been a better time To set the bar beneath the masses Can I blend in with your kind?
I need you to liberate me You the masses educate me Hold my fist into the air Declare a social victory
You can own me, you control me Individuality has never stood a chance against you Jump into the mainstream
I need you to liberate me You the masses educate me Hold my fist into the air Declare a social victory
You can own me, you control me Individuality has never stood a chance against you Jump into the mainstream
Your revolution Into the mainstream kid Your revolution Into the mainstream Your revolution Into the mainstream kid Your revolution Into the mainstream kid Jump into the mainstream kid
«E as camisas que tenho, como estão coçadas no colarinho.» Mário Cláudio.Noites de Anto. Sociedade Portuguesa de Autores. Publicações Dom Quixote., Lisboa, 1988., p.28
domingo, 14 de julho de 2019
''A democracia nunca foi compatível com o capitalismo: a acumulação infinita nunca coincidiu com a soberania popular. Quando o liberalismo surge e é teorizado por exemplo por [John] Locke, o que existe é uma democracia censitária, em que os proprietários eram os únicos a poder votar. Tudo o que é democrático no capitalismo foi uma conquista e não uma concessão. As primeiras greves foram ferozmente reprimidas. É o que acontece agora nos conflitos de terra no Brasil ou na Colômbia, em que este ano, depois do acordo de paz, foram mortos mais líderes sociais que no ano passado.''
''Para mim é claro que nas sociedades modernas há três formas de dominação principais: capitalismo, colonialismo e patriarcado. Ao contrário do que muitos diziam, o colonialismo não terminou. O colonialismo mudou de forma em relação ao modelo de ocupação territorial estrangeira. É tal e qual o que sucede com o capitalismo. Existe desde o século XVII e é hoje muito diferente dessa época, mas nós continuamos a falar de capitalismo. ''
Boaventura de Sousa Santos
Chantal Mouffe -cientista política, viúva de Ernesto Laclau, e co-autora com ele do “ Hegemony and Socialist Strategy - Towards a Radical Democratic Politics”
«Quão quietas são vocês, queridas, delicadas flores. Vocês não se
movem de lugar, não tem olhos nem orelhas, e vocês nunca saem
para passear, o que é tão bom. Agora e sempre vocês parecem
que podem falar, mas em todo caso vocês certamente tem
sentimentos e uma sensibilidade só suas. Eu frequentemente
sinto que vocês estão reflectindo, com todo o tipo de pensamentos.
Mas ainda, eu penso muito sobre vocês e eu adoraria viver com
vocês, como um de vocês, eu ficaria feliz em ser como vocês,
deixar os raios de sol me acariciarem, balançar e oscilar sob o
vento. »
''A palavra ritmo vem do grego ρέω, “correr, fluir”. O que corre e flui, corre e flui em uma dimensão temporal, corre no tempo. Segundo a representação comum, o tempo não é de fato nada 9 além do puro fluir, o suceder-se incessante dos instantes ao longo de uma linha infinita. Não obstante, o ritmo (…) parece introduzir nesse eterno fluxo uma dilaceração e uma parada. Assim, em uma obra musical, ainda que ela seja de algum modo no tempo, percebemos o ritmo como algo que se subtrai à fuga incessante dos instantes e aparece quase como uma presença atemporal no tempo.''
AGAMBEN
“Walser recusava-se a grandes gestos. Calava-se por princípio sobre as catástrofes colectivas de seu tempo. No entanto, ele era tudo, menos politicamente ingénuo”
SEBALD
''Sabe porque não me tornei um escritor de sucesso?Quero dizer-lhe: é que não possuía um instinto social suficientemente desenvolvido. Não representei o suficiente para agradar à sociedade. Olhe que foi mesmo assim! Hoje vejo-o claramente. Entreguei-me demasiado aos meus prazeres pessoais. Sim, é verdade, sempre tive a tendência para me tornar uma espécie de vagabundo e quase não lutei contra ela. Esse lado subjetivo irritou os leitores d’ Os Irmãos Tanner. Para eles o escritor não deve perder-se na subjetividade. Acham pretensioso levar tão a sério a sua pessoa. Como está enganado o escritor que supõe que o mundo se interessa pelos seus assuntos privados. A minha estreia literária gerou logo a impressão de que os bons burgueses me aborreciam, de que não os achava bons o suficiente. E eles nunca o esqueceram. Consideraram-me sempre um zero à esquerda, um inútil. Deveria ter misturado nos meus livros um pouco de amor e de tristeza, de solenidade e de aprovação.” [ Robert Walser a Carl Seelig]''
Pitigrilli. A virgem de 18 quilates. Tradução de João Santana. 1ª Edição: Agosto de 1973, Editorial Minerva., p. 79
«Mas, lá em baixo, ainda se dividem as doenças em morais e imorais, confessáveis e inconfessáveis. Para mim as enfermidades são simplesmente curáveis.» Pitigrilli. A virgem de 18 quilates. Tradução de João Santana. 1ª Edição: Agosto de 1973, Editorial Minerva., p. 79
Pitigrilli. A virgem de 18 quilates. Tradução de João Santana. 1ª Edição: Agosto de 1973, Editorial Minerva., p. 79
Maria Lamas, Jovem mãe da Castanheira, Serra da Estrela
''a Mulher ajoelhada/ferida que arrasta a perna machucada anda em direção ao centro, segurando
a perna com a mão''
Quadro Guernica, Pablo Picasso
''O que vocês pensam que seja um artista? Um imbecil feito só de olhos, se é
pintor, ou de ouvidos, se é músico, ou de coração em forma de lira, se é poeta,
ou mesmo feito só de músculos, se se trata de um pugilista? Muito ao contrário,
ele é ao mesmo tempo um ser político, sempre alerta aos acontecimentos tristes,
alegres, violentos, aos quais reage de todas as maneiras.
Pablo Picasso.
“No, la pintura no está hecha para decorar las habitaciones.
Es un instrumento de guerra ofensivo y defensivo contra el enemigo.”
Pablo Picasso, sobre Guernica.
''Ainda quando pequeno desenhava pombas,
bonecas, cavalos, árvores e as touradas que costumava assistir com o pai.''
''Pablo Diego José Francisco de Paula Juan Nepomuceno Maria dos Remedios Cipriano de
la Santissima Trinidad Ruiz y Picasso nasceu em Málaga, Espanha, em 25 de outubro de 1881.
Picasso era o sobrenome de sua mãe e os demais nomes que dão extensão ao seu nome de
baptismo fazem referência e homenagem a avôs, tio, pai e padrinho do artista. No entanto, foi
como Pablo Picasso que ficou conhecido.''
''O que fez do cinema novo um fenómeno de importância internacional
foi justamente o seu alto nível de compromisso com a verdade; foi o
seu próprio miserabilismo, que, antes escrito pela literatura de 30,
foi agora fotografado pelo cinema de 60; e se antes era escrito como
denúncia social, hoje passou a ser discutido como problema político.
(ROCHA, 2004, p. 65)''
«É fácil constatar que a mesma pessoa que recusa, como
demasiadamente brutal a aplicação de uma norma legal, e que se
presta, por gentileza, a favorecer uma pretensão irregular, encare com
insensibilidade notável a mortalidade infantil ou a fome endémica.
Assim, a violência é ideologicamente distorcida para dar a impressão
de que não exista. (CANDIDO, 1969, p. 416)»
'' A arte é muitas vezes uma solução, um cavalo de Tróia, um pincel que ajuda a retratar e a apagar ditaduras. O seu poder é imenso, ainda que contraditório. A arte pode ser um meio e um fim, pode redimir e condenar. Pode ser um instrumento de subversão e um veículo de consenso, uma expressão de liberdade e rosto do totalitarismo.''
''só se tem uma vida privada quando se dorme. O padrão de um regime totalitarista, é que todas as áreas da vida, e da arte têm de ser controladas, porque são todas perigosas e são''
dito por chefe do partido trabalhista nazi
"Le blé" (ao lado de "Le sel") em IMAGES PORTUGAISES, ed. Secretariado da Propaganda Nacional, s.d. (1939), prefácio de António Ferro. in 4º, 72 p.
Like the beat, beat, beat of the tom-tom When the jungle shadows fall Like the tick, tick, tock of the stately clock As it stands against the wall
Like the drip, drip, drip of the raindrops When the summer shower is through So a voice within me keeps repeating you, you, you
Night and day, you are the one Only you beneath the moon or under the sun Whether near to me or far It's no matter, darling, where you are I think of you
Night and day, day and night, why is it so That this longing for you follows wherever I go? In the roaring traffic's boom In the silence of my lonely room
I think of you Night and day, night and day Under the hide of me There's an, oh, such a hungry yearning burning inside of me
And its torment won't be through 'Till you let me spend my life making love to you Day and night, night and day
Night and day Under the hide of me There's an, oh, such a hungry yearning burning inside of me And its torment won't be through 'Till you let me spend my life making love to you Day and night, night and day
[...] as imagens cinematográficas são frases de prosa. Uma imagem
que se fixa um pouco mais demoradamente na tela, é um substantivo
com adjetivo. Um primeiro plano é um ponto exclamativo, e de facto os
primeiros planos ociosos irritam como toda ênfase inútil. A câmera
procede como uma máquina de escrever. Mas uma ‘leitura’
demasiadamente tecnicista de um filme, como é aquela adoptada hoje
das revistas especializadas, penso que seja frustrante. (CATALANO,
1975, p. XI, )
“[...] le immagini cinematografiche sono delle frasi di prosa. Un’immagine che si ferma un po’ più a
lungo sullo schermo, è un sostantivo con aggettivo. Un primo piano è un punto esclamativo, e infatti i
primi piani oziosi irritano come ogni sottolineatura inutile. La macchina da presa procede come una
macchina da scrivere. Ma una ‘lettura’ troppo tecnicista di un film, come è quella adottata oggi dalle
riviste specializzate, penso sia deludente”.
Antonio Candido, Eduardo Lourenço e Lino Micciché: a literatura brasileira no circuito da recepção externa do Cinema Novo
«Formulada por Hans-Robert Jauss, a estética da recepção surge no âmbito dos
estudos literários e filológicos desenvolvidos na Escola de Constança (Alemanha), nos
anos 1960. Ocupando o campo da leitura e dando continuidade à teoria hermenêutica de
Hans Georg Gadamer, Jauss (1969; 1988; 1989) dá ulterior desenvolvimento à ideia de
experiência estética, à qual conjuga o conceito de horizonte de expectativas,
identificando, em ambos, os agentes de formação de um determinado texto ou evento
artístico. Desse ponto de vista, no momento do contato com a obra (experiência
estética), a reação do receptor dependerá em larga medida de seu horizonte de
expectativas, ou seja, do conjunto de conhecimentos prévios (para o qual contribuem
experiências estéticas anteriores) que orientarão o seu julgamento crítico. Na teoria
jaussiana, portanto, o significado de uma obra literária não se esgota nas intenções
autorais ou no texto, mas é dado de vez em vez pela interação entre texto-leitor, situados
historicamente. Daí, a conclusão de que as transformações nos modos de percepção
estética não dependem somente das obras ou do “gênio”, pois ainda que estes possam
alterar um determinado paradigma artístico, a sua aceitação vai depender também do
horizonte de expectativas dos receptores, sujeito a contínuas modificações. »
Paula Regina Siega
Antonio Candido, Eduardo Lourenço e Lino Micciché: a literatura
brasileira no circuito da recepção externa do Cinema Novo
«No amor verdadeiro, a comunhão dos corpos realiza-se como o coito das flores, como as bodas dos insectos.» Pitigrilli. A virgem de 18 quilates. Tradução de João Santana. 1ª Edição: Agosto de 1973, Editorial Minerva., p. 74
«Meu irmão segue um regime de solidão para higiene do espírito: impelido pela necessidade de conhecer todos os homens, afastou-se de todos e observa-os de longe; eu, para não conhecer nenhum, para não me afeiçoar a nenhum, procuro aproximar-me de todos. E, desse modo, o solitário misantropo e a irrequieta vagabunda acharam-se de acordo sobre o mesmo ponto, chegando a duas conclusões simétricas e equivalentes; não ver ninguém para conhecer todos, e ver todos para não conhecer ninguém.»
Pitigrilli. A virgem de 18 quilates. Tradução de João Santana. 1ª Edição: Agosto de 1973, Editorial Minerva., p. 73
Pitigrilli. A virgem de 18 quilates. Tradução de João Santana. 1ª Edição: Agosto de 1973, Editorial Minerva., p. 72
«Explico-te: sou mulher: forte, como mulher, forte para reagir, forte para me defender; mas fraca para reagir contra mim mesma, fraca para me defender da minha melancolia.» Pitigrilli. A virgem de 18 quilates. Tradução de João Santana. 1ª Edição: Agosto de 1973, Editorial Minerva., p. 72
Pitigrilli. A virgem de 18 quilates. Tradução de João Santana. 1ª Edição: Agosto de 1973, Editorial Minerva., p. 72
«Há uma canção que diz: ''À rapariga cigana que se enamorar de um homem de outra raça é como uma pomba errante que procura pousar na ponta de um punhal. Não consegue suster-se e o ferro trespassa-lhe o coração.''»
Pitigrilli. A virgem de 18 quilates. Tradução de João Santana. 1ª Edição: Agosto de 1973, Editorial Minerva., p. 71
«Calava a cada passo, pois sabia a graça das pausas e o valor musical do silêncio.»
Pitigrilli. A virgem de 18 quilates. Tradução de João Santana. 1ª Edição: Agosto de 1973, Editorial Minerva., p. 71
''(...), um jovem que parava, para beijá-la, nas zonas de penumbra,'' Pitigrilli. A virgem de 18 quilates. Tradução de João Santana. 1ª Edição: Agosto de 1973, Editorial Minerva., p. 71
«Com seu lençol de neve, o inverno for chegando,
Cada postigo fecharei com férreos elos
Para noite erguer meus mágicos castelos.
Hei de sonhar então com azulados astros,
Jardins onde a água chora em meio aos alabastros,
Beijos, aves que cantam de manhã e à tarde,
E tudo o que no Idílio de infantil se guarde.
O Tumulto, golpeando em vão minha vidraça,
Não me fará mover a fronte ao que se passa,
Pois que estarei entregue ao voluptuoso alento
De relembrar a Primavera em pensamento
Em um sol na lama colher, tal como quem, absorto,
Entre as ideias goza um tépido conforto »
Baudelaire
''Em a Paisagem (BAUDELAIRE, 2012, p. 305), ao descrever o cenário urbano, a voz
poética nos permite fitar a Paris de então: a quietude das igrejas e a suavidade dos campanários contrastam com a correria dos operários absortos no trabalho braçal na fábrica:
«Quero, para compor os meus castos monólogos, / Deitar-me ao pé do céu, assim como os
astrólogos, / E, junto aos campanários, escutar sonhando / Solenes cânticos que o vento vai
levando. / As mãos sob meu queixo, só, na água-furtada, / Verei a fábrica em azáfama engolfada.»''
«Que marítimos abismos ou que rios ignoram
esta lúgubre guerra? Que mar não foi manchado
pelo massacre dos Dáunios?
Que costa não está suja com o nosso sangue?»
Horácio
«(...)no meio de tanta mortandade causada por um contínuo de
guerras e batalhas fratricidas. »
Almo Sol, que em teu refulgente carro
o dia fazes surgir e escondes, e que um outro
embora o mesmo sempre renasces, possas tu
nada maior ver do que a urbe de Roma.
«Esta cidade floresceu durante muitos anos, até que Mezêncio a submeteu ao
seu império soberbo e às suas armas cruéis. Para quê recordar as abomináveis
chacinas e as selvagens proezas deste tirano? Que os deuses as façam recair sobre
a sua cabeça e a da sua descendência! Ele unia cadáveres a viventes, juntando
mãos com mãos e bocas com bocas, tortura medonha, e fazia-os perecer assim,
de uma morte lenta, escorrendo sangue e pus em um doloroso amplexo! Mas,
um dia, os cidadãos, cansados das atrocidades deste louco, levantam-se em
armas, cercam-no a ele e à sua casa, matam os cúmplices e lançam fogo ao palácio. Ele conseguiu escapar, no meio daquela mortandade, e refugiou-se nas
terras dos Rútulos, sob a protecção das armas de Turno, que lhe dá defesa e
hospitalidade.»
«Aqui estão os que, enquanto a vida durava, odiaram os irmãos, os que
levantaram a mão contra o pai e os que defraudaram um cliente, e aqueles que
descobriram riquezas e as guardaram só para si e não deram uma parte aos
seus (estes são a maior parte); e aqueles que foram mortos por causa de um
adultério, os que seguiram armas ímpias e não temeram trair os juramentos
feitos aos seus senhores que [aqui] esperam a sua pena. (....). Aí está sentado,
e eternamente estará, o infeliz Teseu; e Flégias, o mais desventurado de todos,
adverte e testemunha, em alta voz, através das sombras: ‘Pela força do exemplo,
aprendam a respeitar a justiça e a não desprezar os deuses.’ Este vendeu a pátria
por ouro e impôs-lhe um tirano; promulgou leis e, por dinheiro, anulou-as;
aquele assaltou o tálamo da filha e consumou um himeneu interdito. Ousaram
todos um acto monstruoso e dessa ousadia se gozaram.»
«Pois que é Roma senão os Romanos? Não se trata
aqui de pedras, ou de traves, de grandes edifícios ou de extensas muralhas.
Tudo isto fora construído de modo que um dia haveria de ruir. Quando o
homem construiu, colocou pedra sobre pedra, quando destruiu, derrubou
pedra após pedra. O homem fez, o homem desfez.»
August. De urb. Exc.6.6. Trad. de Urbano, Carlota M. (2010) Agostinho, O “De excidio
Vrbis”e outros sermões sobre a queda de Roma. Coimbra, CECH., 79
«Pois julgais, irmãos, que a cidade se mede pelos seus muros e não
pelos seus cidadãos? », perguntava Santo Agostinho, pouco tempo depois
do saque de Roma em 410, tentando consolar os Romanos perante a
devastação causada pelas tropas de Alarico.