«Formulada por Hans-Robert Jauss, a estética da recepção surge no âmbito dos
estudos literários e filológicos desenvolvidos na Escola de Constança (Alemanha), nos
anos 1960. Ocupando o campo da leitura e dando continuidade à teoria hermenêutica de
Hans Georg Gadamer, Jauss (1969; 1988; 1989) dá ulterior desenvolvimento à ideia de
experiência estética, à qual conjuga o conceito de horizonte de expectativas,
identificando, em ambos, os agentes de formação de um determinado texto ou evento
artístico. Desse ponto de vista, no momento do contato com a obra (experiência
estética), a reação do receptor dependerá em larga medida de seu horizonte de
expectativas, ou seja, do conjunto de conhecimentos prévios (para o qual contribuem
experiências estéticas anteriores) que orientarão o seu julgamento crítico. Na teoria
jaussiana, portanto, o significado de uma obra literária não se esgota nas intenções
autorais ou no texto, mas é dado de vez em vez pela interação entre texto-leitor, situados
historicamente. Daí, a conclusão de que as transformações nos modos de percepção
estética não dependem somente das obras ou do “gênio”, pois ainda que estes possam
alterar um determinado paradigma artístico, a sua aceitação vai depender também do
horizonte de expectativas dos receptores, sujeito a contínuas modificações. »
Paula Regina Siega
Antonio Candido, Eduardo Lourenço e Lino Micciché: a literatura
brasileira no circuito da recepção externa do Cinema Novo
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