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domingo, 14 de julho de 2019

''Para mim é claro que nas sociedades modernas há três formas de dominação principais: capitalismo, colonialismo e patriarcado. Ao contrário do que muitos diziam, o colonialismo não terminou. O colonialismo mudou de forma em relação ao modelo de ocupação territorial estrangeira. É tal e qual o que sucede com o capitalismo. Existe desde o século XVII e é hoje muito diferente dessa época, mas nós continuamos a falar de capitalismo. ''

Boaventura de Sousa Santos

domingo, 26 de maio de 2019

''O termo alemão Zeitgeist é hoje usado em diferentes línguas para designar o clima cultural, intelectual e moral de uma dada época, literalmente, o espírito do tempo. Na idade moderna, dada a persistência da ideia do progresso, uma das maiores dificuldades em captar o espírito de uma dada época reside em identificar as continuidades com épocas anteriores, quase sempre disfarçadas de descontinuidades, inovações, rupturas. O que permanece de períodos anteriores é sempre metamorfoseado em algo que simultaneamente o denuncia e dissimula e, por isso, permanece sempre como algo diferente do que foi sem deixar de ser o mesmo. As categorias que usamos para caracterizar uma dada época são demasiado toscas para captar esta complexidade, porque elas próprias são parte do mesmo espírito do tempo que supostamente devem caracterizar a partir de fora. Correm sempre o risco de serem anacrónicas, pelo peso da inércia, ou utópicas, pela leveza da antecipação.''
''o paradigma moderno é um paradigma em que a ciência é dominante, a sociedade comporta-se em função da ciência. ''
''o nosso tempo é um tempo de transição, isto é, um tempo em que há ainda uma distância entre o modo de viver e aquilo que são as descobertas da ciência, um tempo em que o social ainda não acompanha o científico.''

Boaventura de Sousa Santos

segunda-feira, 22 de abril de 2019

epistemicídio

O autor refere-se à epistemicídio como o silenciamento das epistemologias não científicas através de sua supressão e/ou eliminação (SANTOS, 2002).

fascismo epistemológico

Para Boaventura de Sousa, esta prática seria a não-aceitação de outras epistemes que divergem ou apresentam uma nova visão de mundo, que não a eurocêntrica (SANTOS, 2009).
''As relações sociais são sempre culturais e políticas, representam formas de poder e distribuições desiguais de poder e o conhecimento é a manifestação desse complexo e dessa teia de relações sociais de exploração e dominação (SANTOS, 2009). Segundo Lander (2005) nos encontramos numa linha de chegada numa sociedade sem ideologias, onde se acredita num modelo civilizatório único, globalizado, universal, que torna desnecessária a política, na medida em que já não há alternativas possíveis a este modo de vida. Esse processo marcou o início de uma história universal e de um processo irreversível de isolamento, onde todas essas relações de ordem econômica, política, cultural e espacial, possibilitaram a absorção ideológica, cultural e social de relações estrangeiras do ocidente colonizador.''
 ''O conhecimento científico moderno é um conhecimento desencantado e triste que transforma a natureza num autómato, ou, como diz Prigogine (1997), num interlocutor terrivelmente estúpido (SANTOS, 1986). ''

domingo, 21 de abril de 2019

''O nosso tempo não é um tempo de respostas fortes. É antes um tempo de perguntas fortes e de respostas fracas. ''

«No domínio da organização do trabalho científico, a industrialização da ciência produziu dois efeitos principais. Por um lado, a comunidade cientifica estratificou-se, as relações de poder entre cientistas tornaram-se mais autoritárias e desiguais e a esmagadora maioria dos cientistas foi submetida a um processo de proletarização no interior dos laboratórios e dos centros de investigação. Por outro lado, a investigação capital-intensiva ( assente em instrumentos caros e raros) tornou impossível o livre acesso ao equipamento, o que contribuiu para o aprofundamento do fosso, em termos de desenvolvimento científico e tecnológico, entre os países centrais e os países periféricos.»

 SANTOS, Boaventura de Sousa. Um discurso sobre as ciências. 15. ed. Porto: Afrontamento, 2007. p.35.
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