sábado, 6 de junho de 2015
O ÚLTIMO CASO DO INSPECTOR
O lugar do crime
não é ainda o lugar do crime:
é por enquanto um quarto cheio de penumbra
onde duas sombras nuas se beijam.
O assassino
não é ainda o assassino:
é só um homem cansado
que chega a casa um dia antes do previsto
depois de uma longa viagem.
A vítima
ainda não é a vítima:
é somente uma mulher ardendo
noutros braços.
A testemunha de excepção
não é ainda a testemunha da excepção:
apenas um inspector espadaúdo
que se goza da mulher do próximo.
A arma do crime
ainda não é a arma do crime:
é apenas um candeeiro de bronze apagado,
tranquilo, inocente
sobre uma mesa de cabeceira.
Joaquim Pessoa. Os Herdeiros do Vento. Antologia Apocrifa. LITEXA Portugal, 1984., p. 49
sábado, 30 de maio de 2015
«Os anos passaram. Tentei dar uma ordem ao caos da minha imaginação; mas essa substância, confusa como quando era criança, continua a parecer-me o coração da verdade: nós temos o dever, para lá das nossas preocupações pessoais, para lá dos nossos hábitos cómodos, acima de nós próprios, de fixar um fim, e esforçarmo-nos, dia e noite, desdenhando os risos, a fome e a morte, para o atingirmos; uma alma nobre, logo que atinge o seu fim, desloca-o ainda para mais longe. Não por atingi-lo, mas para nunca parar na sua ascensão. É a única maneira de darmos à vida nobreza e unidade.»
Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 71/2
«O canário, pendurado na mimosa, (...)»
Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 63
«Muitas e muitas vezes na minha vida, ora voluntariamente, ora contra vontade, pus uma máscara cómoda sobre os tremores - o amor, a verdade, a doença -, e assim pude suportar a vida.»
Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 63
Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 63
sexta-feira, 29 de maio de 2015
Lhasa de Sela - I'm Going In
When my lifetime had just ended
And my death had just begun
I told you I'd never leave you
But I knew this day would come
Give me blood for my blood wedding
I am ready to be born
I feel new
As if this body were the first I'd ever worn
I need straw for the straw fire
I need hard earth for the plow
Don't ask me to reconsider
I am ready to go now
I'm going in I'm going in
This is how it starts
I can see in so far
But afterwards we always forget
Who we are
I'm going in I'm going in
I can stand the pain
And the blinding heat
'Cause I won't remember you
The next time we meet
You'll be making the arrangements
You'll be trying to set me free
Not a moment for the meeting
I'll be busy as a bee
You'll be talking to me
But I just won't understand
I'll be falling by the wayside
You'll be holding out your hand
Don't you tempt me with perfection
I have other things to do
I didn't burrow this far in
Just to come right back to you
I'm going in I'm going in
I have never been so ugly
I have never been so slow
These prison walls get closer now
The further in I go
I'm going in I'm going in
I like to see you from a distance
And just barely believe
And think that
Even lost and blind
I still invented love
I'm going in
I'm going in
I'm going in
And my death had just begun
I told you I'd never leave you
But I knew this day would come
Give me blood for my blood wedding
I am ready to be born
I feel new
As if this body were the first I'd ever worn
I need straw for the straw fire
I need hard earth for the plow
Don't ask me to reconsider
I am ready to go now
I'm going in I'm going in
This is how it starts
I can see in so far
But afterwards we always forget
Who we are
I'm going in I'm going in
I can stand the pain
And the blinding heat
'Cause I won't remember you
The next time we meet
You'll be making the arrangements
You'll be trying to set me free
Not a moment for the meeting
I'll be busy as a bee
You'll be talking to me
But I just won't understand
I'll be falling by the wayside
You'll be holding out your hand
Don't you tempt me with perfection
I have other things to do
I didn't burrow this far in
Just to come right back to you
I'm going in I'm going in
I have never been so ugly
I have never been so slow
These prison walls get closer now
The further in I go
I'm going in I'm going in
I like to see you from a distance
And just barely believe
And think that
Even lost and blind
I still invented love
I'm going in
I'm going in
I'm going in
Falemos de casas, do sagaz exercício de um poder
tão firme e silencioso como só houve
no tempo mais antigo.
Estes são os arquitectos, aqueles que vão morrer,
sorrindo com ironia e doçura no fundo
de um alto segredo que os restitui à lama.
De doces mãos irreprimíveis.
- Sobre os meses, sonhando nas últimas chuvas,
as casas encontram seu inocente jeito de durar contra
a boca subtil rodeada em cima pela treva das palavras.
Digamos que descobrimos amoras, a corrente oculta
do gosto, o entusiasmo do mundo.
Descobrimos corpos de gente que se protege e sorve, e o silêncio
admirável das fontes –
pensamentos nas pedras de alguma coisa celeste
como fogo exemplar.
Digamos que dormimos nas casas, e vemos as musas
um pouco inclinadas para nós como estreitas e erguidas flores
tenebrosas, e temos memória
e absorvente melancolia
e atenção às portas sobre a extinção dos dias altos.
Estas são as casas. E se vamos morrer nós mesmos,
espantamo-nos um pouco, e muito, com tais arquitectos
que não viram as torrentes infindáveis
das rosas, ou as águas permanentes,
ou um sinal de eternidade espalhado nos corações
rápidos.
- Que fizeram estes arquitectos destas casas, eles que vagabundearam
pelos muitos sentidos dos meses,
dizendo: aqui fica uma casa, aqui outra, aqui outra,
para que se faça uma ordem, uma duração,
uma beleza contra a força divina?
Alguém trouxera cavalos, descendo os caminhos da montanha.
Alguém viera do mar.
Alguém chegara do estrangeiro, coberto de pó.
Alguém lera livros, poemas, profecias, mandamentos,
inspirações.
- Estas casas serão destruídas.
Como um girassol, elaborado para a bebedeira, insistente
no seu casamento solar, assim
se esgotará cada casa, esbulhada de um fogo,
vergando a demorada cabeça para os rios misteriosos
da terra
onde os próprios arquitectos se desfazem com suas mãos
múltiplas, as caras ardendo nas velozes
iluminações.
Falemos de casas. É verão, outono,
nome profuso entre as paisagens inclinadas
Traziam o sal, os construtores
da alma, comportavam em si
restituidores deslumbramentos em presença da suspensão
de animais e estrelas,
imaginavam bem a pureza com homens e mulheres
ao lado uns dos outros, sorrindo enigmaticamente,
tocando uns nos outros –
comovidos, difíceis, dadivosos,
ardendo devagar.
Só um instante em cada primavera se encontravam
com o junquilho original,
arrefeciam o resto do ano, eram breves os mestres
da inspiração.
- E as casas levantavam-se
sobre as águas ao comprido do céu.
Mas casas, arquitectos, encantadas trocas de carne
doce e obsessiva - tudo isso
está longe da canção que era preciso escrever.
- E de tudo os espelhos são a invenção mais impura.
Falemos de casas, da morte. Casas são rosas
Para cheirar muito cedo, ou à noite, quando a esperança
Nos abandona para sempre.
Casas são rios diuturnos, nocturnos rios
Celestes que fulguram lentamente
Até uma baía fria – que talvez não exista,
como uma secreta eternidade.
Falemos de casas como quem fala da sua alma,
Entre um incêndio,
Junto ao modelo das searas,
na aprendizagem da paciência de vê-las erguer
e morrer com um pouco, um pouco
de beleza.
Herberto Helder, A Colher na Boca. Lisboa, Ática, 1961. p. 13-15.
- Ou o Poema Contínuo. Lisboa, Assírio & Alvim, 2004. p. 9-12.
tão firme e silencioso como só houve
no tempo mais antigo.
Estes são os arquitectos, aqueles que vão morrer,
sorrindo com ironia e doçura no fundo
de um alto segredo que os restitui à lama.
De doces mãos irreprimíveis.
- Sobre os meses, sonhando nas últimas chuvas,
as casas encontram seu inocente jeito de durar contra
a boca subtil rodeada em cima pela treva das palavras.
Digamos que descobrimos amoras, a corrente oculta
do gosto, o entusiasmo do mundo.
Descobrimos corpos de gente que se protege e sorve, e o silêncio
admirável das fontes –
pensamentos nas pedras de alguma coisa celeste
como fogo exemplar.
Digamos que dormimos nas casas, e vemos as musas
um pouco inclinadas para nós como estreitas e erguidas flores
tenebrosas, e temos memória
e absorvente melancolia
e atenção às portas sobre a extinção dos dias altos.
Estas são as casas. E se vamos morrer nós mesmos,
espantamo-nos um pouco, e muito, com tais arquitectos
que não viram as torrentes infindáveis
das rosas, ou as águas permanentes,
ou um sinal de eternidade espalhado nos corações
rápidos.
- Que fizeram estes arquitectos destas casas, eles que vagabundearam
pelos muitos sentidos dos meses,
dizendo: aqui fica uma casa, aqui outra, aqui outra,
para que se faça uma ordem, uma duração,
uma beleza contra a força divina?
Alguém trouxera cavalos, descendo os caminhos da montanha.
Alguém viera do mar.
Alguém chegara do estrangeiro, coberto de pó.
Alguém lera livros, poemas, profecias, mandamentos,
inspirações.
- Estas casas serão destruídas.
Como um girassol, elaborado para a bebedeira, insistente
no seu casamento solar, assim
se esgotará cada casa, esbulhada de um fogo,
vergando a demorada cabeça para os rios misteriosos
da terra
onde os próprios arquitectos se desfazem com suas mãos
múltiplas, as caras ardendo nas velozes
iluminações.
Falemos de casas. É verão, outono,
nome profuso entre as paisagens inclinadas
Traziam o sal, os construtores
da alma, comportavam em si
restituidores deslumbramentos em presença da suspensão
de animais e estrelas,
imaginavam bem a pureza com homens e mulheres
ao lado uns dos outros, sorrindo enigmaticamente,
tocando uns nos outros –
comovidos, difíceis, dadivosos,
ardendo devagar.
Só um instante em cada primavera se encontravam
com o junquilho original,
arrefeciam o resto do ano, eram breves os mestres
da inspiração.
- E as casas levantavam-se
sobre as águas ao comprido do céu.
Mas casas, arquitectos, encantadas trocas de carne
doce e obsessiva - tudo isso
está longe da canção que era preciso escrever.
- E de tudo os espelhos são a invenção mais impura.
Falemos de casas, da morte. Casas são rosas
Para cheirar muito cedo, ou à noite, quando a esperança
Nos abandona para sempre.
Casas são rios diuturnos, nocturnos rios
Celestes que fulguram lentamente
Até uma baía fria – que talvez não exista,
como uma secreta eternidade.
Falemos de casas como quem fala da sua alma,
Entre um incêndio,
Junto ao modelo das searas,
na aprendizagem da paciência de vê-las erguer
e morrer com um pouco, um pouco
de beleza.
Herberto Helder, A Colher na Boca. Lisboa, Ática, 1961. p. 13-15.
- Ou o Poema Contínuo. Lisboa, Assírio & Alvim, 2004. p. 9-12.
Adeus
Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.
Meto as mãos nas algibeiras
e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro!
Era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.
e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro!
Era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.
Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes!
e eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.
Mas isso era no tempo dos segredos,
no tempo em que o teu corpo era um aquário,
no tempo em que os meus olhos
eram peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco, mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.
e eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.
Mas isso era no tempo dos segredos,
no tempo em que o teu corpo era um aquário,
no tempo em que os meus olhos
eram peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco, mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.
Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor...,
já se não passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.
Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.
Quando agora digo: meu amor...,
já se não passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.
Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.
Adeus.
Eugénio de Andrade
Posso confessar os meus erros; mas não os tornarei mais graves com a minha cobardia.
«Posso confessar os meus erros; mas não os tornarei mais graves com a minha cobardia. Os meus raciocínios chocarão por vezes contra os guizos da loucura e contra a aparência séria do que não passa de grotesco (embora, segundo alguns filósofos, seja bastante difícil distinguir o bobo do melancólico, visto que a própria vida é um drama cómico ou uma comédia dramática); no entanto, cada um que apanhe moscas, ou mesmo rinocerontes, para descansar de tempos a tempos de um trabalho demasiadamente duro. Para matar moscas, aqui têm a maneira mais expedita, embora não seja a melhor: é esmagá-la entre os dois primeiros dedos da mão. A maior parte dos escritores que trataram a fundo deste assunto calcularam, com muita verosimilhança, que é preferível, em alguns casos, cortar-lhes a cabeça. Se alguém me censurar por eu falar de alfinetes, como de um assunto radicalmente frívolo, que note sem preconceitos que os grandes efeitos têm sido muitas vezes produzidos pelas mais pequenas causas. E, para não me afastar mais do quadro desta folha de papel, não se está mesmo a ver que o laborioso pedaço de literatura que estou compondo, desde o início desta estrofe, seria talvez menos apreciado se se apoiasse num espinhoso problema da química ou da patologia interna? De resto, há gostos para tudo; e quando comecei por comparar os pilares aos alfinetes com tanta propriedade (claro que não acreditava que viessem um dia censurar-me o facto), baseei-me nas leis da óptica, que estabeleceram que, quanto mais o raio visual está afastado de um objecto, mais diminuta a imagem se reflecte na retina.»
Conde de Lautréamont. Cantos de Maldoror. Trad. Pedro Tamem. Prefácio Jorge de Sena, 2ª edição, Moraes Editores,Lisboa, 1979, p. 153
«(...) que drama este, de dois amigos procurando destruir-se!»
Conde de Lautréamont. Cantos de Maldoror. Trad. Pedro Tamem. Prefácio Jorge de Sena, 2ª edição, Moraes Editores,Lisboa, 1979, p. 150
Etiquetas:
amizade,
amor e ódio,
cantos de Maldoror,
Conde de Lautréamont,
imagens
Grisu
nome masculino
mistura gasosa inflamável, composta de metano e de ar, que se encontra nas minas de carvão, onde provoca às vezes graves explosõesem contacto com o fogo
mistura gasosa inflamável, composta de metano e de ar, que se encontra nas minas de carvão, onde provoca às vezes graves explosões
''deixo-me absorver pelos sonhos da compaixão''
Conde de Lautréamont. Cantos de Maldoror. Trad. Pedro Tamem. Prefácio Jorge de Sena, 2ª edição, Moraes Editores,Lisboa, 1979, p. 150
«Eu conheço ou concebo uma doença mais terrível do que os olhos inchados pelas longas meditações sobre o estranho carácter do homem: mas procuro-a ainda...não consegui encontrá-la!»
Conde de Lautréamont. Cantos de Maldoror. Trad. Pedro Tamem. Prefácio Jorge de Sena, 2ª edição, Moraes Editores,Lisboa, 1979, p. 149
Dédalo
nome masculino
1. lugar em que os caminhos estão dispostos de modo que é fácil alguém perder-se; labirinto
2. coisa intrincada
«E a minha vergonha é imensa como a eternidade!»
Conde de Lautréamont. Cantos de Maldoror. Trad. Pedro Tamem. Prefácio Jorge de Sena, 2ª edição, Moraes Editores,Lisboa, 1979, p. 146
«Conta-lhes uma mentira astuciosa (...)»
Conde de Lautréamont. Cantos de Maldoror. Trad. Pedro Tamem. Prefácio Jorge de Sena, 2ª edição, Moraes Editores,Lisboa, 1979, p. 145
Etiquetas:
cantos de Maldoror,
Conde de Lautréamont,
imagens
quinta-feira, 28 de maio de 2015
INCLINAÇÃO NATURAL
"A relação entre a literatura e a vida. Achar o meu próprio caminho nesse terreno."
-"Diário 1941-1943"
- Etty Hillesum
- Etty Hillesum
«Vê os sulcos que cavaram leito nas minhas faces descoloridas: são a gota de esperma e a gota de sangue, que me escorrem lentamente ao longo das rugas secas. Uma vez chegadas ao lábio superior, fazem um imenso esforço e penetram-me no santuário da boca, atraídas como por um íman, pela garganta irresistível.»
Conde de Lautréamont. Cantos de Maldoror. Trad. Pedro Tamem. Prefácio Jorge de Sena, 2ª edição, Moraes Editores,Lisboa, 1979, p. 142
«Notaram-me na testa uma gosta de esperma, uma gota de sangue. A primeira tinha saltado das coxas da cortesã! A segunda tinha jorrado das veias do mártir! Odiosos estigmas!»
Conde de Lautréamont. Cantos de Maldoror. Trad. Pedro Tamem. Prefácio Jorge de Sena, 2ª edição, Moraes Editores,Lisboa, 1979, p. 142
paroxismo
nome masculino
1. a maior intensidade de um acesso, de uma dor, de um prazer
2. MEDICINA período de uma doença em que os sintomas são mais agudos
últimos paroxismos
agonia antes da morte
«O seu rosto já não se assemelha ao rosto humano, e solta risadas como a hiena. Escapam-lhe farrapos de frases, nos quais, cosendo-os uns aos outros, poucos encontrariam um claro significado. O vestido, esburacado em vários sítios, executa-lhe movimentos sacudidos em torno das pernas ossudas e cheias de lama.»
Conde de Lautréamont. Cantos de Maldoror. Trad. Pedro Tamem. Prefácio Jorge de Sena, 2ª edição, Moraes Editores,Lisboa, 1979, p. 124
quarta-feira, 27 de maio de 2015
~
I'm not afraid of the sunset or the rain
I'm just afraid of dyin' alone
I'm not afraid of the sunset or the rain
I'm just afraid of dyin' alone
I'm not afraid of the sunset or the rain
I'm just afraid of dyin' alone
And what would you find
And what would you sing
And what would you mean
I'm not afraid of the suffering or the pain
I'm just afraid of dyin' without findin' you
And what would we find
And what would we say
And what would we mean
And what would we find
And what would we say
And what would we mean
And what would we find
And what would we say
And what would we mean
I'm just afraid of dyin' alone
And what would you find
And what would you sing
And what would you mean
I'm not afraid of the suffering or the pain
I'm just afraid of dyin' without findin' you
And what would we find
And what would we say
And what would we mean
And what would we find
And what would we say
And what would we mean
And what would we find
And what would we say
And what would we mean
Etiquetas:
American singer and guitarist,
letras de canções,
Micah P. Hinson,
vídeos
«Recebi a vida como um ferimento, e não deixei que o suicídio sarasse a cicatriz.»
Conde de Lautréamont. Cantos de Maldoror. Trad. Pedro Tamem. Prefácio Jorge de Sena, 2ª edição, Moraes Editores,Lisboa, 1979, p. 123
«(...), os sustos da solidão e os farrapos da dor.»
Conde de Lautréamont. Cantos de Maldoror. Trad. Pedro TamemPrefácio Jorge de Sena, 2ª edição, Moraes Editores,Lisboa, 1979, p. 115
Etiquetas:
cantos de Maldoror,
Conde de Lautréamont,
imagens
«Nós não falávamos. Que dizem um ao outro dois corações que se amam? Nada. Mas os nossos olhos exprimiam tudo.»
Conde de Lautréamont. Cantos de Maldoror. Trad. Pedro TamemPrefácio Jorge de Sena, 2ª edição, Moraes Editores,Lisboa, 1979, p. 120
Etiquetas:
amor,
cantos de Maldoror,
Conde de Lautréamont
O Tempo é um Assassino
Estou a esquecer-me de ti.
Os dias passam e imagino que ainda aqui estás
Só depois percebo
O tempo é um assassino
Que empunha a grande faca e esfaqueia o corpo
– fazendo bifes, hambúrgueres e petiscos vários –
Daquele que em tempos foi um animal vivo.
O esquecimento serve apenas como prova do crime:
não sobrevivi.
Cláudia Lucas Chéu
Maio 2015
Os dias passam e imagino que ainda aqui estás
Só depois percebo
O tempo é um assassino
Que empunha a grande faca e esfaqueia o corpo
– fazendo bifes, hambúrgueres e petiscos vários –
Daquele que em tempos foi um animal vivo.
O esquecimento serve apenas como prova do crime:
não sobrevivi.
Cláudia Lucas Chéu
Maio 2015
terça-feira, 26 de maio de 2015
"Segue o teu destino,
Rega as tuas plantas,
Ama as tuas rosas.
O resto é a sombra
De árvores alheias.
Rega as tuas plantas,
Ama as tuas rosas.
O resto é a sombra
De árvores alheias.
A realidade
Sempre é mais ou menos
Do que nós queremos.
Só nós somos sempre
Iguais a nós próprios.
Sempre é mais ou menos
Do que nós queremos.
Só nós somos sempre
Iguais a nós próprios.
Suave é viver só.
Grande e nobre é sempre
Viver simplesmente.
Deixa a dor nas aras
Como ex-voto aos deuses.
Grande e nobre é sempre
Viver simplesmente.
Deixa a dor nas aras
Como ex-voto aos deuses.
Vê de longe a vida.
Nunca a interrogues.
Ela nada pode
Dizer-te. A resposta
Está além dos Deuses.
Nunca a interrogues.
Ela nada pode
Dizer-te. A resposta
Está além dos Deuses.
Mas serenamente
Imita o Olimpo
No teu coração.
Os deuses são deuses
Porque não pensam"
Imita o Olimpo
No teu coração.
Os deuses são deuses
Porque não pensam"
- Ricardo Reis, 1-7-1916
«É pobre aquele que tem medo da pobreza; eu não tenho medo.»
Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 44
turíbulo
nome masculino
objeto do culto no qual se queima o incenso para a cerimónia da incensação;incensório
objeto do culto no qual se queima o incenso para a cerimónia da incensação;incensório
Subscrever:
Mensagens (Atom)