quarta-feira, 1 de julho de 2015

«FÍGADOS DE TIGRE
     Que diabo de embrulhada é essa?!

PEDRO
     Isto, cá na literatura, chama-se demonstração lógica.»


Francisco Gomes de AmorimFígados de Tigre. Prefácio de Luiz Francisco Rebello. Biblioteca de Autores Portugueses, 1984 p. 53
«Paixões além da campa, sinto que sois tristes como a morte!»

Francisco Gomes de AmorimFígados de Tigre. Prefácio de Luiz Francisco Rebello. Biblioteca de Autores Portugueses, 1984 p. 45

''bugiarias teatrais''

«A abstinência é uma qualidade das almas superiores.»

Francisco Gomes de AmorimFígados de Tigre. Prefácio de Luiz Francisco Rebello. Biblioteca de Autores Portugueses, 1984 p. 39

Laura Antonelli is The Divine Nymph


“A melhor maneira de aprender a fazer
um filme é fazer um.”

Stanley Kubrick

O Gato e a Lua - W. B. Yeats (1865-1939)


O gato passeava aqui, ali
E a lua girava como um pião,
E, parente próximo da lua,
O furtivo gato, contemplava o céu.
O negro Minnaloushe admirava fixamente a lua,
Pois, embora miasse, vagueando,
A pura e fria luz no céu
Conturbava o seu sangue animal.
Minnaloushe corre pela erva
Erguendo as delicadas patas.
Danças, Minnaloushe, danças?
Quando dois parentes se encontram
Haverá coisa melhor do que dançar?
Talvez a lua possa aprender,
Cansada dessa moda cortesã,
Um novo passo de dança.

Minnaloushe desliza pela erva
De um lugar enluarado a outro,
E a sagrada lua nas alturas
Entrou agora numa nova fase.
Saberá Minnaloushe que as suas pupilas
Passarão de mudança em mudança,
E que da lua cheia à minguante,
Da minguante à cheia elas irão mudar?
Minnaloushe desliza pela erva
Sozinho, importante e sábio,
E ergue até a lua em transição
Os olhos em mudança.

SEIS EMBUÇADOS ANÓNIMOS

Francisco Gomes de AmorimFígados de Tigre. Prefácio de Luiz Francisco Rebello. Biblioteca de Autores Portugueses, 1984 p. 36
«as reminiscências lacrimárias das antigas tragédias, não estavam ainda de todo apagadas então, e as mães de família não iam para o teatro sem provisão de lenços, para enxugar os olhos durante os esfaqueamentos dos galãs, (...)


In Prólogo

Francisco Gomes de AmorimFígados de Tigre. Prefácio de Luiz Francisco Rebello. Biblioteca de Autores Portugueses, 1984 p. 27

Óperas de Offenbach

terça-feira, 30 de junho de 2015

«paródia de melodramas»

Fígados de Tigre

«a planta excepcional que imprevisivelmente floresceu no jardim do nosso teatro romântico.»

In Prefácio

Francisco Gomes de Amorim. Fígados de Tigre. Prefácio de Luiz Francisco Rebello. Biblioteca de Autores Portugueses, 1984 p. 17

Escravatura Branca


Comédie sérieuse

segunda-feira, 29 de junho de 2015

"Nenhum crime é vulgar; mas toda a vulgaridade é um crime."
É absurdo ter uma lei inflexível sobre o que se deva ou não ler. A cultura moderna depende em grande parte do que se não devia ler."
"Os ideias são perigosos; as realidades têm mais valor"

-"A Juventude É Uma Arte"
- Oscar Wilde
ONDE MORREM OS SONHOS
"Há-de haver um fundo inesperado no extremo oposto onde
morrem os sonhos, sob os pés onde procuramos a própria
sombra, fundida talvez à luz que um dia ameaçou o regresso
das dores passadas, logo a seguir à infância, muito antes da
poesia."
-"Ou a Empatia"
- António Quadros Ferro

Boys with Bicycles, Portland Road, North Kensington, 1957 Roger Mayne


putéfia

«Quando penso que um dos meus doentes está estabilizado...ele suicida-se!!!»

Mário de Carvalho. Se perguntarem por mim, não estou. Editorial Caminho, Lisboa, 1999., p. 14
«Salgueiros do Salgueiral
Com um sol tão doentio,»

Poesias de Afonso Duarte. Textos Literários. Apresentação crítica, selecção e sugestões para análise literária de Maria Madalena Gonçalves. Editorial Comunicação, Lisboa, 1984., p. 121

''Tu tens um coração peninsular''


Poesias de Afonso Duarte. Textos Literários. Apresentação crítica, selecção e sugestões para análise literária de Maria Madalena Gonçalves. Editorial Comunicação, Lisboa, 1984.

''O nada que há em tudo.''


Fiama Hasse Pais Brandão
''Nenhuma metáfora me assine.''

Fiama Hasse Pais Brandão
''Polir o coração para reverdecer.''


Fiama Hasse Pais Brandão

domingo, 28 de junho de 2015

«O teu nome voava de boca em boca; actualmente és o assunto das nossas conversas solitárias.»


Conde de LautréamontCantos de Maldoror. Trad. Pedro Tamem. Prefácio Jorge de Sena, 2ª edição, Moraes Editores,Lisboa, 1979, p. 251

«Mas o doente só se tornou doente para seu próprio prazer;»

Conde de LautréamontCantos de Maldoror. Trad. Pedro Tamem. Prefácio Jorge de Sena, 2ª edição, Moraes Editores,Lisboa, 1979, p. 244

"A vida é fictícia, as palavras perdem a realidade. E no entanto esta vida fictícia é a única que podemos suportar. Estamos aqui como peixes num aquário. E sentindo que há outra vida ao nosso lado, vamos até à cova sem dar por ela. Estamos aqui a matar o tempo"

 Raul Brandão, Húmus

''carúncula carnosa''


Conde de LautréamontCantos de Maldoror. Trad. Pedro Tamem. Prefácio Jorge de Sena, 2ª edição, Moraes Editores,Lisboa, 1979, p. 242

''imundos ossários das minhas horas de tédio''


Conde de LautréamontCantos de Maldoror. Trad. Pedro Tamem. Prefácio Jorge de Sena, 2ª edição, Moraes Editores,Lisboa, 1979, p. 241

"Procuro não ter planos para a vida para não atrapalhar os planos que a vida possa ter para mim."

Agostinho da Silva

sexta-feira, 26 de junho de 2015

Exausta fujo as arenas do puro intolerável

Os deuses da destruição sentaram-se ao meu lado
A cidade onde habito é rica de desastres
Embora exista a praia lisa que sonhei

Sophia de Mello Breyner Andresen
«Ele tinha a faculdade especial de tomar formas irreconhecíveis para olhos experimentados.»


Conde de LautréamontCantos de Maldoror. Trad. Pedro Tamem. Prefácio Jorge de Sena, 2ª edição, Moraes Editores,Lisboa, 1979, p. 227



«Foi preciso que adivinhasse por mim mesmo os inumeráveis tesouros de ternura e castidade ocultos pelo bater do vosso coração  opresso. Peito ornado de grinaldas de rosas e de vetiver. Foi preciso que vos entreabrisse as pernas para vos conhecer e para que a minha boca ficasse suspensa das insígnias do vosso pudor. Mas (coisa importante de observar) não vos esqueçais de lavar todos os dias a pele das partes com água quente, porque senão iriam crescer-me cancros venéreos nas comissuras rasgadas dos lábios insatisfeitos.»


Conde de LautréamontCantos de Maldoror. Trad. Pedro Tamem. Prefácio Jorge de Sena, 2ª edição, Moraes Editores,Lisboa, 1979, p. 204

''coroa de feridas''

''ânus infundibuliforme''

"É preciso fazer um esforço contínuo para amar o presente. Viver pelo passado, pelo que se fez, pelo que se conseguiu, é o mesmo que alimentar uma fome premente com banquetes de outrora"

 Miguel Torga, Diário (1946)

quinta-feira, 25 de junho de 2015

quarta-feira, 24 de junho de 2015

"O mundo é circular: ninguém morre senão nos funerais, e por
instantes, para não assustar os vivos"

Gonçalo M. Tavares, 1, 2011, p.58.
"Todas as opiniões que há sobre a Natureza
Nunca fizeram crescer uma erva ou nascer uma flor"


Alberto Caeiro
"Que é amar senão inventar-se a gente noutros gostos e vontades? Perder o sentimento de existir e ser com delícia a condição de outro, com seus erros que nos convencem mais do que a perfeição?"

 Agustina Bessa-Luís

segunda-feira, 22 de junho de 2015


OUVIR A VONTADE
"eu queria ser o mais simplesdos cantores, aquele que uma trompa
acompanha em deslocação à província,
ter a teimada obstinação do grilo
e o grito da água, surpresa no alto dos penhascos,
e há pássaros que mergulham e me rasgam
para pousar no silêncio inteiro da queda.
tudo tentei: lugar de nascimento, morada, cartão
de identidade fixa,
férias no cabo do mundo, de livro na mão, declamado
a exacta simetria dos espaços;
a repetição até à agonia, do símil completo
e da elipse redonda;
tudo analisável, grosseiro, como compete
à purificação da língua, lavada escorrida
para uso nas escolas, as da vida e as
que não morrem.
saio para a rua e todos os homens trazem
braçadeiras brancas,
os pequenos polícias atiram sesgado,
estamos infelizes e mortais, como é costume.
depois disto ninguém vai acreditar quando disser
que veneno maior é o dedal da chuva,
que nele ouvi a luz que nos despede,
que nele ouvi a fome, a sede e o frio."

-"As Moradas 1& 2"
 António Franco Alexandre
"Frente a uma situação difícil, o Português opta pela espera de um milagre ou pela descompressão de uma anedota. O grave disto é que o milagre não vem e a anedota descomprime de tudo.
Ficamos assim à mercê do azar e sem restos de razão para mexer um dedo"

Vergílio Ferreira, Conta-Corrente, 2
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