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domingo, 5 de fevereiro de 2023



Poisamos as mãos junto da chávena
sem saber que a porcelana e o osso
são formas próximas da mesma substância.
A minha mão e a chávena nacarada
– se eu temperar o lirismo com a ironia –
são, ainda, familiares dos pterossáurios.
A tranquila tarde enche as vidraças.
A água escorre da bica com ruído,
os melros espiam-me na latada seca.
É assim que muitas vezes o chá evoca:
a minha mão de pedra, tarde serena,
olhar dos melros, som leve da bica.
A Natureza copia esta pintura
do fim da tarde que para mim pintei,
retribui-me os poemas que eu lhe fiz
de novo dando-me os meus versos ao vivo.
Como se eu merecesse esta paisagem
a Natureza dá-me o que lhe dei.
No entanto algures, num poema, ouvi
rodarem as roldanas do cenário,
em que as palavras representavam
a cena da pintura da paisagem
num telão constantemente vário.
Só o chá me traz a minha tarde,
com a chávena e a minha mão que são
o mesmo pedaço de calcário.
Hoje a bica refresca a água do tanque,
os melros descem da latada para o chão,
e as vidraças devagar escurecem.
As palavras movem-se e repõem
no seu imóvel eixo de rotação
o espaço onde esta mesa de verga
gira nas grandes nebulosas.


“O Canto da Chávena de Chá”, de Fiama Hasse Pais Brandão

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022

Do milénio

Porque havemos de respirar o ar lavado e quente de Novembro,
se esperámos o Inverno,
se o sangue dos nossos pulmões amou o
gelo galáctico outrora, antes de sermos?
A flor, como um suicida, nasceu e imola-se,
porque não ama o belo, o agreste Inverno.
Mas nós, que concebemos o amor e o tempo,
iremos dar a nossa respiração ao Incerto?

Depois de traduzir Hélène Dorion

Amar o universo não me traz mágoa.
sobretudo, amar a areia arrebata-me de júbilo e paixão.
Amar o mar completa a minha vida com o tacto de um amor imenso.
Mas veio o vento e, por momentos, amargurou o meu corpo, a oscilar.
E está o Sol aqui, depois de uns dias com o jardim obscurecido a beber sombra.
E sei que os átomos zumbem e dançam como os insectos, ébrios em redor do pólen.

Os amigos que morrem


Os amigos que morrem são arbóreos,
plantados e memoráveis como freixos.
Um freixo, que vejo entre árvores
como a aura, o tronco novo
sulcado de rasgões, a raiz curta
comparável à memória viva enterrada.
Têm uma única forma até à morte, próximos do Sol,
que torna as outras árvores mais ténues que os isolados freixos.

domingo, 24 de outubro de 2021

 Estou só, nas zonas das metáforas

(que é todo o pensamento),

em nenhum resíduo nada exprimo

(mas sempre metaforizo).

Não sinto a solidão total

dos poemas, talvez grutas,

o mar quieto, nem silêncio.

Apenas espero o outro,

um amor esplêndido,

alheio e desejável.


Fiama Hasse Pais Brandão

''solidão poética''

sábado, 31 de outubro de 2020

 


Fiama Hasse Pais Brandão.
Às vezes as coisas dentro de nós.


sábado, 29 de agosto de 2020

«Dizei-me se os meus olhos vêem isso
ou se o pensamento e a vista
já discordam
e então
a loucura deveras me domina.»

Fiama Hasse Pais Brandão. Quem move as árvores. Editora Arcádia, 1ª Edição, 1979., p. 142

« O sangue evoca

a morte,

a nossa própria.»


Fiama Hasse Pais Brandão. Quem move as árvores. Editora Arcádia, 1ª Edição, 1979., p. 115

quinta-feira, 30 de julho de 2020

«Eis-te descoberto, sem que uma palavra haja passado pelos teus lábios.»


Fiama Hasse Pais Brandão. Quem move as árvores. Editora Arcádia, 1ª Edição, 1979., p. 30
«Ao entrar, vi-vos de joelhos perante dois homens que não eram Deus nem seus representantes. Como justificais a vossa atitude, Excelência?»

Fiama Hasse Pais Brandão. Quem move as árvores. Editora Arcádia, 1ª Edição, 1979., p. 29
«Não abandones os teus pensamentos.
Outro dia virão
mais submissos
se sobre ti alcançares
maior domínio.»


Fiama Hasse Pais Brandão. Quem move as árvores. Editora Arcádia, 1ª Edição, 1979., p. 27

« dizei-me tudo o que não sei da minha vida.»

Deixo-me arrastar por fantasias.

Fiama Hasse Pais Brandão. Quem move as árvores. Editora Arcádia, 1ª Edição, 1979., p. 26
«A virtude está no cuidado e nos adubos,
ou melhor, na vontade.»

Fiama Hasse Pais Brandão. Quem move as árvores. Editora Arcádia, 1ª Edição, 1979., p. 25

quarta-feira, 29 de julho de 2020

«Débeis mãos. Mas onde o coração é forte, manda o coração.»

Fiama Hasse Pais Brandão. Quem move as árvores. Editora Arcádia, 1ª Edição, 1979., p. 21

sábado, 10 de março de 2018

«Por detrás desta porta,
uma de todas as portas que para mim se abrem e se fecham,
estou eu ou o universo que eu penso (...)''


Fiama Hasse Pais Brandão

quarta-feira, 3 de agosto de 2016



"Algumas palavras existem E vão sendo transcritas: Se eu disser que há sol nos meus pensamentos ninguém compreenderá que os meus pensamentos estão tristes."

-"Em Cada Pedra Um Voo Imóvel"
- Fiama Hasse Pais Brandão

segunda-feira, 29 de junho de 2015


''O nada que há em tudo.''


Fiama Hasse Pais Brandão
''Nenhuma metáfora me assine.''

Fiama Hasse Pais Brandão
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