sábado, 6 de outubro de 2018

ouropel

ou.ro.pel                  o(w)ruˈpɛɫ
nome masculino
1.
lâmina de latão que imita o ouro
2.
ouro falso
3.
figurado falso brilho
4.
figurado aparência enganadora

Nasci com Passaporte de Turista

Alves Redol 

Robert Mapplethorpe, Lisa Lyon, 1980,


''metafísica estéril''

''subalternização do intimismo''

parangona


pa.ran.go.na        pɐrɐ̃ˈɡonɐ
nome feminino

1.tipo de impressão, de corpo grande (caracteres tipográficos de 18 ou 21pontos), muito utilizado em anúncios e cartazes
2.notícia publicada nos jornais em lugar de relevo e em caracteres grandes
3.figurado grande palavreado, sem jeito
«(...) só realiza verdadeira cultura aquele que vive em permanente libertação: libertação de certas formas obsoletas de todo incompatíveis com o pensar actual e libertação do falso historicismo de mera cultura compreensiva que se traduz em vontade de repetição. A verdadeira historicidade supõe predisposição que nos conduza à descoberta das fontes que nutrem toda a vida, e, portanto, a actual também.»


Manuel Filipe (homónimo do pintor neo-realista contemporâneo)
«Perante o seu incerto destino, de duas uma: ou [o intelectual] se mantém altivamente no seu posto neutral de simples observador ou aceita realizar tarefas que a sociedade existente possa pedir-lhe para diverti-la ou justificar, pela criação de qualquer ideal espiritual, as empresas interessadas a que ela se dedica.»

Manuel Filipe (homónimo do pintor neo-realista contemporâneo)
«E vem a propósito dizer que os problemas literários são os próprios problemas humanos. Aqueles, sem estes, não teriam significação. »

Jorge Domingues. O real e o irreal na literatura, O Diabo, nº169, 19.12.1937, p.5.
«É que a relação de dependência entre a literatura e os fenómenos sociais possui tal amplitude que aquela tem, necessariamente, de acompanhar a linha evolutiva destes, amoldando-se às novas condições da sociedade, servindo de expressão às novas inquietações do tempo, concretizando as novas aspirações da Humanidade.»

Jorge Domingues. O real e o irreal na literatura, O Diabo, nº169, 19.12.1937, p.5.

abdicação

“o papel individual do artista na obra a realizar”

Álvaro Salema

Robert Mapplethorpe, Two Men Dancing, 1984


“Página velha de um ensaio tímido”

Álvaro Salema
“toda a Arte, desde que seja digna deste nome, possui uma função utilitária, já que não é útil apenas a arte que visa o progresso social ou político”
«rosto queimado
pelo hálito das multidões »

Paulo Leminsky 
«Não sei ao certo se a erosão das estátuas, no lado mais exposto ao tempo, as prejudica ou não.»

  Carlos de Oliveira 

Don't Play That Song - Aretha Franklin


[Verse 1]
Don’t play that song for me
Cause it brings back memories
Of days that i once knew
The days that i spent with you
Oh no! Don’t let them play it (oh no!)
It fills my heart with pain (it hurts!)
Please stop it right away
Cause i remember just a’ what he said

[Chorus]
He said, darling (darling i, i love you)
And i know that he lied (darling i, i love you)
You know that you lied (darling i, i love you)
You know that you lied (you lied)
Lied (you lied)
You lied (to me)

[Verse 2]
Hey mister, don’t play it no more
Don’t play it no more
I can’t stand it
Don’t play it no more (no more)
No more (no more)
No more (can’t stand it)
I remember on our first date
He kissed me and he walked away
I was only seventeen
I never dreamed he’d be so mean

[Chorus]
He told me darling (darling, i love you)
Baby, baby, you lied (darling, i need you)
You, you lied (darling, i love you)
You know that you lied (you lied)
Lied (you lied)
Lied, lied (to me)

[Outro]
O-o-oh darling (darling, i love you)
You know that you lied, yeah (darling, i need you)
You know i know you lied (darling, i love you)
Darling, you lied (you lied)
You lied (you lied)
You lied. You’re all that i need. You lied (to me)
O-u-o-o-o-oh, you lied (don’t play it no more)
Hey baby don’t play it no more (wo-o-oh, don’t play it no more)
Don’t do it. Don’t play it no more (wo-o-oh, for me)
No more (for me)
I can’t stand it no more (don’t play it no more)
Ouh! Hey! Don’t play it no more (wo-o-oh, don’t play it no more)




«Um dia, vinha para a vila o carvoeiro Zé Preto com o seu burro carregado de carvão. O burro progredia com dificuldade, não só porque a carga era pesada, mas também porque as moscas não o largavam. Ao passar a Valinha, um homem que morava ali junto ao caminho, querendo brincar com o Zé Preto, pediu se lhe podia arranjar um quilo de moscas!
 - Arranjo, sim senhor!
Respondeu sem demoras o Zé. Parou o burro e começou a apanhar as moscas que pousavam no pobre do animal, aproveitando até as que estavam nos burros dos amigos que por ali passavam, juntando o tal quilo de moscas que lhe encomendavam. Encomenda pedida, encomenda arranjada, encomenda entregue:
-Aqui tem o que pediu, amigo!
Mas o homem, sentando-se numa pedra que estava mesmo junto ao caminho, começou a apartar as moscas, depois de uma olhadela atenta, seguida de uma breve pausa:
-Esta não é mosca, é mosco! Este é mosco..., este é mosco..., etc..., etc.... -
Não deixava o homem nada da parte que era suposta ser das moscas, para depois dizer que não pagava a encomenda que pedira. Zé Preto bem controlou os nervos para não desancar uma grande surra no esperto do homem. Mas não ficava pela demora.»

O CarvoeiroLendas do Vale do Minho.  Associação de Municípios do Vale do Minho, Caminha, 2002., p. 105

''carro de feno''

«No pensamento nem sempre mandamos. Nos actos, sim.»

Frei João da Cruz. Lendas do Vale do Minho.  Associação de Municípios do Vale do Minho, Caminha, 2002., p. 74

''deambulações predatórias''

O Tomás das GuingostasLendas do Vale do Minho.  Associação de Municípios do Vale do Minho, Caminha, 2002., p. 67

LE BIDONVILLE PORTUGAIS DE CHAMPIGNY-SUR-MARNE, PAUL ALMÁSY, 1963


tramóia

''Olha a sem vintém, (...)''

Santo AginhaLendas do Vale do Minho.  Associação de Municípios do Vale do Minho, Caminha, 2002., p. 25

«Tens fermento da última cozedura de pão?»

Santo AginhaLendas do Vale do Minho.  Associação de Municípios do Vale do Minho, Caminha, 2002., p. 25

''histórias de antanho''

  «(...) o assaltante só desistia da presa depois de a esbulhar, nem que fosse da roupa que trazia.»

Santo Aginha. Lendas do Vale do Minho.  Associação de Municípios do Vale do Minho, Caminha, 2002., p. 9

domingo, 30 de setembro de 2018

«Quando não tenho nada no coração, não tenho nada.» 

Abbas Kiarostami

France 1963. Travailleurs immigrés portugais travaillant sur un chantier


«Por isto, e só por isto, temos existido »

T.S.ELIOT. A Terra sem Vida. Colecção Poesia. Edições Ática. Lisboa., p. 51

« Ossos secos não fazem mal a ninguém.»

T.S.ELIOT. A Terra sem Vida. Colecção Poesia. Edições Ática. Lisboa., p. 51
(...)

«A altura é agora propícia, como ele pensa,
A refeição acabou, ela está cansada e aborrecida,
Tenta captá-la com carícias,
Que não são repelidas, embora não sejam desejadas.
Excitado e decidido, ataca de repente;
As suas mãos pesquisadoras não encontram defesa;
A vaidade dele não exige retribuição
E toma a indiferença por bom acolhimento.»


T.S.ELIOT. A Terra sem Vida. Colecção Poesia. Edições Ática. Lisboa., p. 39
(...)

«Eu, Terésias, embora cego, palpitando entre duas vidas,
Velho de seios femininos enrugados, posso ver
Na hora violeta, a hora da noite que nos arrasta»

T.S.ELIOT. A Terra sem Vida. Colecção Poesia. Edições Ática. Lisboa., p. 37

O SERMÃO DO FOGO

T.S.ELIOT. A Terra sem Vida. Colecção Poesia. Edições Ática. Lisboa., p. 35


(...)

«Devias ter vergonha, disse eu,  de parecer tão velha.
(E ela só tem trinta e um anos.)
Não é minha a culpa, disse ela, desanimada,
Foram os comprimidos que tomei para o desmancho, disse ela.
(Ela já teve cinco e quase morreu quando nasceu o Jorginho.)»



T.S.ELIOT. A Terra sem Vida. Colecção Poesia. Edições Ática. Lisboa., p. 31
(...)

«Os meus nervos estão mal esta noite. Sim, mal. Fica ao pé de mim.
«Fala comigo. Porque é que nunca falas? Fala.
       «Em que estás a pensar? Em que pensas? Em quê?
«Nunca sei em que estás a pensar. Pensa.»

T.S.ELIOT. A Terra sem Vida. Colecção Poesia. Edições Ática. Lisboa., p. 29
(...)

«Aquele cadáver que plantaste o ano passado no teu jardim
«Já começou a despontar? Dará flor este ano?
«Ou a súbita geada perturbou o seu canteiro?»

T.S.ELIOT. A Terra sem Vida. Colecção Poesia. Edições Ática. Lisboa., p. 25
(...)

«arrastam a carcaça do verde       e dos céus sáfaros
como pétalas podres caem mortos os pássaros
e à febre das areias que deliram ao sol
arremessam as águas primeiras do dilúvio 
as espinhas dos peixes que dos bruscos terraços
das ondas se despenham em luas de petróleo

Chamávamos Europa ao sítio onde parou
o sangue que a estrela de seis pontas buscava
onde a sede do corpo por fim chegasse à alma
Mal eram começadas as letras que a serpente
sabiam encantar ensanguentou-se o livro»

Natália CorreiaPoemas a Rebate. Poesia Século XX. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 1975., p. 178

Nina Simone - Black Is The Color Of My True Love's Hair



Black is the color of my true love's hair
His face so soft and wondrous fair
The purest eyes
And the strongest hands
I love the ground on where he stands
I love the ground on where he stands
Black is the color of my true love's hair
Of my true love's hair
Of my true love's hair
Oh I love my lover
And where he goes
Yes, I love the ground on where he goes
And still I hope
That the time will come
When he and I will be as one
When he and I will be as one
So black is the color of my true love's hair
Black is the color of my true love's hair
Black is the color of my true love's hair

Compositores: Nina Simone
(...)

«Que direcção tomar? Com os cérebros ligados
à corrente do inferno o medo é um caminho
de espantosos autómatos que acaba no ocaso
Porque o tempo não gosta dos que andam para a frente
e irado os espera com a espada do poente
Se chegarmos às portas do segundo milénio
como larvas activas de um numérico horror
numa pútrida data esperada pelos corvos
terminada a tarefa das flores asfixiadas 
nas jarras retorcidas dos fins do oxigénio
a cobrir-nos os olhos teremos como prémio
o astro da fuligem que no umbral do ferro
pelo anjo da raiz quadrada está escrito.»


Natália CorreiaPoemas a Rebate. Poesia Século XX. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 1975., p. 177
(...)

«Chegará simplesmente como um verão mais perverso
cantam-na as mulheres nuas estampadas nos lençóis
como cancros de fogo nas virilhas dos soldados »


Natália CorreiaPoemas a Rebate. Poesia Século XX. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 1975., p. 175

«nós saímos dos ovos e quisemos ser números »

Natália CorreiaPoemas a Rebate. Poesia Século XX. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 1975., p. 173

Aretha Franklin - I Never Loved A Man (The Way I Love You)

You're a no good heart breaker
You're a liar and you're a cheat
And I don't know why
I let you do these things to me
My friends keep telling me
That you ain't no good
But oh, they don't know
That I'd leave you if I could

I guess I'm uptight
And I'm stuck like glue
Cause I ain't never
I ain't never, I ain't never, no, no (loved a man)
(The way that I, I love you)

Some time ago I thought
You had run out of fools
But I was so wrong
You got one that you'll never lose
The way you treat me is a shame
How could ya hurt me so bad
Baby, you know that I'm the best thing
That you ever had
Kiss me once again

Don'cha never, never say that we we're through
Cause I ain't never
Never, Never, no, no (loved a man)
(The way that I, I love you)

I can't sleep at night
And I can't eat a bite
I guess I'll never be free
Since you got, your hooks, in me

Whoa, oh, oh
Yeah! Yeah!
I ain't never loved a man
I ain't never loved a man, baby
Ain't never had a man hurt me so bad

No
Well this is what I'm gonna do about it

''orquídeas de fumo''

Natália CorreiaPoemas a Rebate. Poesia Século XX. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 1975., p. 168

(...)

«e do fundo da noite que é o sexo à deriva
da bailarina nua vem uma estrela húmida
onde passa a correr uma mulher em chamas
montando um cavalinho que fugiu de uma libra»

Natália CorreiaPoemas a Rebate. Poesia Século XX. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 1975., p. 167
A VIRGEM DE MEMLING ATRAI COM UMA MAÇÃ
                        OS SUICIDAS A BRUGES

Que mais pedir à lassidão e ao sonho
que o último tomo de uma geira
neste sonambulismo das coisas
em sua propriedade de cera?

Um cometa de lacre tudo selou
e na liturgia do sossego
inerte e insone a água ficou
num impossível voo negro

Propõem os sinos lêvedas horas
e estátuas jacentes submetidas
e falando uma língua morta
declinam os dias pendões de guildas

mercadoria de reinos mortos
que fundam penados sucursais
Sustendo o pó dois anjos seguram
o céu coroa seca de decimais

Húmida e amarela pinga nos canais
uma luz de sódio lua de gafeira
que as habitantes do esquecimento dá
a sua cor final e verdadeira

E eu peço a estas sombras empalhadas
(embalsamado horror de olhos abertos)
os sete palmos que honestamente vão
do meu coração aos meus desertos

Acaso é uma linha imaginária
a morte que separa este hemisfério
numa cordial agência funerária
de cinzas pó e nada
                                        ou do mistério?


Natália CorreiaPoemas a Rebate. Poesia Século XX. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 1975., p. 165/6

(...)

«Do préstito cardíaco da hora populosa
fica um último homem síncope de profecia
que ao clarão de uma árvore de lágrimas eléctricas
lê o último capítulo das gaivotas.»


Natália CorreiaPoemas a Rebate. Poesia Século XX. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 1975., p. 164

«metafísica dos homens sós »


Natália CorreiaPoemas a Rebate. Poesia Século XX. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 1975., p. 156

''Da fixidez de esperar''


Natália CorreiaPoemas a Rebate. Poesia Século XX. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 1975., p. 155

(...)

«Do aguerrido galo a crista se amansa
num lilás luminar que ocupa de alfazema
sestas meridionais no ar boquiaberto
que deixou a passagem de uma canção blasfema»


Natália CorreiaPoemas a Rebate. Poesia Século XX. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 1975., p. 152

«do suicídio que se incuba nos corações molhados»


Natália CorreiaPoemas a Rebate. Poesia Século XX. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 1975., p. 149

capitosa

calendas

ca.len.das
kɐˈlẽdɐʃ
nome feminino plural
primeiro dia de cada mês, no antigo calendário romano
para as calendas gregas
irónico nunca (os gregos não tinham calendas)

«Não tente ser uma pessoa de sucesso, em vez disso, seja uma pessoa de valor.»

Albert Einstein

sábado, 29 de setembro de 2018

«A vida é toda um processo de demolição. Existem goles que vêm de dentro, que só se sentem quando é demasiado tarde para fazer seja o que for, e é quando nos apercebemos definitivamente de quem em certa medida nunca mais seremos os mesmos.»

F.Scott Fitzgerald
''Actualmente o sentimento de perda é muito mais presente. Hoje conhece-se muito mais pessoas, sítios, realidades e a quantidade de informação nova, que anula ou nos obriga a reformular ideias e até valores, é enorme. A habituação do indivíduo a uma perda constante que gera também uma memória atrofiada; a autonarração da vida é assim desregulada pelo iniciar constante de novos ciclos.''
(...)

« nas portas e nas bocas nas vulvas e nas tumbas
puseram a assinatura da vitória
e com vinha da ira e cães de fila
dos talos da morte cresceu o muro mnemónica»

Natália CorreiaPoemas a Rebate. Poesia Século XX. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 1975., p. 141
LES DIABOLIQUES: Simone Signoret et Paul Meurisse dans le film d'Henri-Georges Clouzot (1955).

sílfide

síl.fi.de
ˈsiɫfid(ə)
nome feminino
1.
MITOLOGIA génio feminino que preside ao ar
2.
figurado mulher delicada e graciosa

''suástica crucificação''

Natália CorreiaPoemas a Rebate. Poesia Século XX. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 1975., p. 137

domingo, 23 de setembro de 2018

«anjo não é cão de guarda»

Natália CorreiaPoemas a Rebate. Poesia Século XX. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 1975., p. 123

« do fundo dos teus olhos a tua dor rodada»


Natália CorreiaPoemas a Rebate. Poesia Século XX. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 1975., p. 114

espúrio

es.pú.ri.o
(i)ʃˈpurju
adjetivo
1.
antiquado diz-se de filho de uma relação extraconjugalbastardoilegítimo
2.
que não segue as leisilegítimo
3.
diz-se da obra que não pertence ao autor a quem é atribuída
4.
adulteradofalsificado
5.
que não pertence ao vernáculo
6.
não autênticonão genuíno
7.
regionalismo avarento e de aspecto pouco agradável

hagiologia


«arte de flancos mornos versificando o cio »

Natália CorreiaPoemas a Rebate. Poesia Século XX. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 1975., p. 111
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