terça-feira, 27 de setembro de 2016

«Eu sei o teu nome, eu sei o teu nome
este vício secreto e interior»

Vasco Cabral in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 391

domingo, 25 de setembro de 2016

Pus na urina (piúria)


Fernando Pessoa

No man is normal, perfect — this is true.

No man is normal, perfect — this is true. A normal man were a man incapable of being affected by disease. For every disease (as I think) predisposition is necessary, a predisposition of the organism to disease. The degree of predisposition is the degree of abnormality. Every disease supposes predisposition to it, even as every real thing supposes its own personality, since it is real.
1910?
Textos Filosóficos . Vol. I. Fernando Pessoa. (Estabelecidos e prefaciados por António de Pina Coelho.) Lisboa: Ática, 1968 (imp. 1993).
 - 229.
Fernando Pessoa

Personalidade supõe complexidade.

Personalidade supõe complexidade. Não há personalidade simples?
1906
Textos Filosóficos . Vol. II. Fernando Pessoa. (Estabelecidos e prefaciados por António de Pina Coelho.) Lisboa: Ática, 1968. 
 - 147.



Fernando Pessoa

A única realidade para mim são as minhas sensações.

A única realidade para mim são as minhas sensações. Eu sou uma sensação minha. Portanto nem da minha própria existência estou certo. Posso está-lo apenas daquelas sensações a que eu chamo minhas.
A verdade? É uma coisa exterior? Não posso ter a certeza dela, porque não é uma sensação minha, e eu só destas tenho a certeza. Uma sensação minha? De quê?
Procurar o sonho é pois procurar a verdade, visto que a única verdade para mim, sou eu próprio. Isolar-se tanto quanto possível dos outros é respeitar a verdade.
s.d.
Textos Filosóficos . Vol. II. Fernando Pessoa. (Estabelecidos e prefaciados por António de Pina Coelho.) Lisboa: Ática, 1968. 
 - 220.

Mas eu nem sempre quero ser feliz. / É preciso ser de vez em quando infeliz /Para se poder ser natural...



Alberto Caeiro

XXI - Se eu pudesse trincar a terra toda

XXI
Se eu pudesse trincar a terra toda
E sentir-lhe um paladar,
E se a terra fosse uma coisa para trincar
Seria mais feliz um momento...
Mas eu nem sempre quero ser feliz.
É preciso ser de vez em quando infeliz
Para se poder ser natural...
Nem tudo é dias de sol,
E a chuva, quando falta muito, pede-se.
Por isso tomo a infelicidade com a felicidade
Naturalmente, como quem não estranha
Que haja montanhas e planícies
E que haja rochedos e erva...
O que é preciso é ser-se natural e calmo
Na felicidade ou na infelicidade,
Sentir como quem olha,
Pensar como quem anda,
E quando se vai morrer, lembrar-se de que o dia morre,
E que o poente é belo e é bela a noite que fica...
Assim é e assim seja...
7-3-1914
“O Guardador de Rebanhos”. Poemas de Alberto Caeiro. Fernando Pessoa. (Nota explicativa e notas de João Gaspar Simões e Luís de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1946.
  - 45.

''nudez dos chafarizes''


Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 238
levar as lampas a alguém levar-lhe vantagem

''pássaros de metal''


Jorge Viegas  in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 417

«É cedo, dizem os que

distribuem os dias, os pães.»


Sebastião Alba  in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 402

''braçado dos louros''

Não confundir bobos com burros



Manuel António Pina escreveu este texto no Jornal de Notícias, em 9 de novembro de 2005

Os meus gatos dormem durante a maior parte do dia (e, obviamente, durante a noite toda). Suspeito que os gatos têm um segredo, que conhecem uma porta para um mundo coincidente e feliz, por onde só se passa sonhando. Um mundo criado como Deus terá criado o nosso humano mundo, à sua desmesurada imagem. Porque os que sonham são deuses criadores. Os gatos sonham dormindo, os homens sonham fazendo perguntas e procurando respostas.


Mas os meus gatos dormem e sonham porque não têm fome. Teriam, se precisassem de procurar comida, tempo para sonhar? Acontece talvez assim com os homens. Como se o espírito criador fosse, afinal, prisioneiro do estômago. Talvez, então, a mesquinhez de propósitos da nossa vida colectiva radique, como nos querem fazer crer, no défice, e talvez o cumprimento das normas do pacto de estabilidade seja o único sonho que nos é hoje permitido.


E, contudo, dir-se-ia (e isto é algo que escapa aos economistas) que é o sonho, mais do que a balança de pagamentos, que alimenta a vida, e que os povos, como os homens, precisam de mais do que de números. Os próprios números têm (os economistas não o sabem porque a sua ciência dos números é uma ciência de escravos) o poder desrazoável de, não apenas repetir, mas sonhar o mundo.


Há anos que somos governados por economistas e o resultado está à vista. Talvez seja chegada a altura de ser a política (e o sonho) a dirigir a economia e não a economia a dirigir a política. Jesus Cristo «não sabia nada de finanças, / nem consta que tivesse biblioteca», e o seu sonho, no entanto, continua a mover o mundo.

'' não obrigues a palavra''


Rui Knopfli  in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 381

« A poesia é uma arma carregada de futuro.»


«Não te arrependas de nada.
Um verso está sempre certo
mesmo quando errado. A verdade
também, mesmo quando dói

ou fere ou parece inoportuna.
A verdade nunca é inoportuna.»

(...)

Rui Knopfli  in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 381

"Hoje, quando alguém diz que ama alguma coisa ou alguém, realmente está como que a ver-se ao espelho, está a amar, ou a pensar amar, alguma coisa que é semelhante a ele. (…) Amar o diferente, vendo-o como um aspecto do Uno, é que é realmente a mais alta expressão de amor"
~ Agostinho da Silva

«Não te arrependas de nada.
Um verso está sempre certo
mesmo quando errado. A verdade
também, mesmo quando dói

ou fere ou aparece inoportuna.
A verdade nunca é inoportuna.»

(...)

Rui Knopfli  in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 381


Quando vier a Primavera,
Se eu já estiver morto,
As flores florirão da mesma maneira
E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada.
A realidade não precisa de mim.
Sinto uma alegria enorme
Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma
Se soubesse que amanhã morria
E a Primavera era depois de amanhã,
Morreria contente, porque ela era depois de amanhã.
Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo?
Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo;
E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse.
Por isso, se morrer agora, morro contente,
Porque tudo é real e tudo está certo.
Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem.
Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele.
Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências.
O que for, quando for, é que será o que é.


Alberto Caeiro,
in "Poemas Inconjuntos"
Heterónimo de Fernando

sábado, 24 de setembro de 2016

''Tenho mais presente em mim aquilo que me falta''

''o peixe morde a sede''


Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 220

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

O GALOPAR DO FOGO


Amar não é esquecer
o rosto sobre as cinzas.
Mas é lembrar o fogo

e o que ele limita.
E enrijecê-lo todo,
carvão de rubra fibra.

O fogo, o fogo, o fogo,
no potro, que o encilha.
E ir queimando como

se vai moldando a argila.
Sabemos que o abandono
mantém as formas fixas.

O fogo, o fogo, o fogo,
suas rédeas transidas
com fúrias e perícias.

O fogo, o fogo, os anos
de penhascos e bridas.
O ar no ar as vinhas,

centelhas, iras, víboras.
De tanto amar e amar,
o que em nós queimar,

é o que nos vai podando.
Amar é libertar,
libertar-se das cinzas,

até ficar o fogo,
o seu trote frondoso,
o fogo, o fogo ainda.


Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 218/9

tardança


«Só é fiel a agonia.»


Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 212

O TRINCO DAS AMORAS


Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 212

percuciente

que percute ou fere

«Não pesa o amor, pesa o engano.»


Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 205

«teus desvanecidos traços tento definir
pois de ti só possuo, intensamente, a imagem
de um lenço branco, acenando no cais.»

Fonseca Amaral  in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 367

«os estilhaços de vidro na memória»

Fonseca Amaral  in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 363

''luares de suor''



Fonseca Amaral  in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 361


«Para ti, meu navio de cabelos brancos, velho colono do mar,
vieram o cansaço, o caruncho a roer-te o casaco e as articulações,
o catarro roubando-te a galhardia aos silvos
que faziam saltar, bater as palmas
às gentes daqui até Mocímba.»

Fonseca Amaral  in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 360

álacre



adjectivo de 2 géneros


1. alegre; animado
2. em que há entusiasmo; vivo
3. berrante; vistoso

« a fumar com o lume dentro da boca »


Fonseca Amaral  in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 360

«Mãe silenciosa oferecendo-me suas costas nuas,
mornas como sol de inverno...»

Noémia de Sousa  in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 358

domingo, 18 de setembro de 2016

«com desesperos suicidas e orgulhos brâmanes»

Noémia de Sousa  in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 353





Baby sometimes i don't understand you
But you're the abstract art in my modern museum
And baby sometimes we fall apart
But the ruins of my heart stands like a coliseum

I hope you die by my side
The two of us at the exact same time
I hope we die not long from now
The two of us at the exact same time

But baby it's all beyond control
But baby you can have my soul
I hope you die by my side
Baby it's all ages away
But i can't help but think of the day
I hope we die at the exact same time

Baby your love is bigger than a football field
I'm the hooligan of your heart
Sometimes we win but sometimes we lose our dreams
But i always wear the colours of your team

I hope you die by my side
The two of us at the exact same time
I hope we die not long from now
The two of us at the exact same time

Baby you're the coolest moon when the night's begun
And i'm a goth in the sun
And you can sleep through the summer days
I know you think i'm morbid when i say

I hope you die by my side
The two of us at the exact same time
I hope we die not long from now
The two of us at the exact same time
Baby i hope you die right by my side...
Baby i hope we die at the exact same time...

«Quero um cavalo de várias cores,»


Reinaldo Ferreira  in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 341
«Feliz quem pode parar
Onde a certeza é certeza
E pensar é só pensar!»

Reinaldo Ferreira  in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 341

''Eu-cidadão''


José Craveirinha  in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 337
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