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sábado, 6 de maio de 2017


«Numa comédia francesa, dois amantes, em Paris, cortam relações:
-Porque dizes que nunca mais nos encontraremos? O mundo é muito pequeno!
   E o outro responde:
-Mas Paris é muito grande!»



Pitigrillia decadência do paradoxo. Tradução Portuguesa de Dr. Souza-Soares. Editorial Minerva, Lisboa., p. 25

domingo, 26 de fevereiro de 2012


« - Quero beber pelas tuas mãos - disse Hansi a Loulou.»


Georges Bataille. História do Olho e Minha Mãe. Edição ''Livros do Brasil'', Lisboa, 1988., p. 230
«A grande 'ursa' jamais saberá - dizia ela - que o prazer da inteligência, mais sujo que o do corpo, é mais puro, e o único que nunca se desfia.»


Georges Bataille. História do Olho e Minha Mãe. Edição ''Livros do Brasil'', Lisboa, 1988., p. 224

« - E no entanto, sou feliz. Doem-me os nervos dos olhos, mas vejo-te.
   - Sim, também me doem os olhos. Vejo-te. A única maneira de não sofrermos mais, é fazermos amor outra vez.»


Georges Bataille. História do Olho e Minha Mãe. Edição ''Livros do Brasil'', Lisboa, 1988., p. 217/8
«(...) sofro e já não sei o que penso.»



Georges Bataille. História do Olho e Minha Mãe. Edição ''Livros do Brasil'', Lisboa, 1988., p. 215

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

«Perco frequentemente o gosto de viver.»


Georges Bataille. História do Olho e Minha Mãe. Edição ''Livros do Brasil'', Lisboa, 1988., p. 206

«Quero que me conheças bem. Faço infelizes todos os que me amam. É por isso que peço o meu prazer às mulheres das quais me posso servir com indiferença.»


Georges Bataille. História do Olho e Minha Mãe. Edição ''Livros do Brasil'', Lisboa, 1988., p. 166

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

«Tremia, era infeliz, mas tinha prazer em me oferecer a toda a desordem do mundo. Teria conseguido não sucumbir ao mal em que minha mãe me sufocava? Durante vários dias ela esteve fora de casa. Eu passava o tempo a destruir-me - ou a chorar -, a esperá-la.»





Georges Bataille. História do Olho e Minha Mãe. Edição ''Livros do Brasil'', Lisboa, 1988., p. 149

« - Adivinho o que pensas - disse-me ainda. - Decidi não mais te poupar. Não modificarei os meus desejos. Respeitar-me-ás tal como sou: não esconderei nada de ti. Finalmente sou feliz por não me esconder de ti.»




Georges Bataille. História do Olho e Minha Mãe. Edição ''Livros do Brasil'', Lisboa, 1988., p. 135

domingo, 19 de fevereiro de 2012


« - Queria - e falava-me como quem acaba de deixar à vista um veneno, depois de tomá-lo -, que me amasses até na morte. Por mim, já te amo neste momento na morte. Mas não quero o teu amor senão desde que sabes que sou repugnante e que, sabendo-o, me amas.»


Georges Bataille. História do Olho e Minha Mãe. Edição ''Livros do Brasil'', Lisboa, 1988., p. 127
A VELHICE RENOVA O TERROR ATÉ AO INFI-
NITO. ELA FAZ REGRESSAR O SER, SEM  CESSAR,
AO PRINCÍPIO. O PRINCÍPIO QUE ENTREVEJO
À BEIRA DO TÚMULO É O PORCO, QUE NEM
A MORTE NEM O INSULTO PODEM MATAR EM MIM.
O TERROR À BEIRA DO TÚMULO É DIVINO, E EU
AFUNDO-ME NO TERROR DO QUE SOU FILHO.



Georges Bataille. História do Olho e Minha Mãe. Edição ''Livros do Brasil'', Lisboa, 1988., p. 116

quinta-feira, 20 de outubro de 2011


«Não me faças morrer! Tenho tanto medo da morte!...»



Anatole France. Thaïs. Tradução de Sodre Viana. Irmãos Pongetti Editores, Rio de Janeiro, 2ª ed., p. 89

Prometo-te mais do que uma embriaguez florida


«Palavras fingidas. Mas o monge, animado de piedoso zelo, as proferia com um ardor sincero. Entretanto, Thaïs já olhava sem constrangimento aquele estranho ser que lhe causara medo. Paphnucio maravilhava-a, pelo aspecto rude e selvagem, pelo fulgor melancólico que inundava os seus olhos. Sentia-se curiosa da condição e da existência de um homem tão diferente de todos os que conhecia. Respondeu zombando docemente:
    -Pareces muito precipitado na admiração, estrangeiro. Acautela-te, para que os meus olhares não te devorem até aos ossos. Livra-te de me amar!
   Ele disse:
   - Amo-te, ó Thaïs! Amo-te mais do que à minha vida e mais do que a mim mesmo. Deixei por ti o meu pobre deserto. Por ti, os meus lábios, votados ao silêncio, proferiram palavras profanas. Por ti, vi o que não devia ver e ouvi o que me era proibido ouvir. Por ti, a minha alma se perturbou, o meu coração se abriu, e dele jorraram ideias como as cascatas onde bebem as pombas. Por ti, caminhei dia e noite através de areias fervilhantes de insectos e de vampiros. Por ti, com os pés nus, pisei as víboras e os escorpiões. Sim, eu te amo! Mas não com o amor desses homens incendidos do desejo da carne, que te procuram como lobos esfomeados ou touros em fúria. Eles te querem como o leão quer a gazela. Carniceiros do amor, devoram-te até à alma, ó mulher! Eu porém te amo em espírito e em verdade: amo-te em Deus e pelos séculos dos séculos. O que tenho por ti no peito chama-se desvelo justo e caridade divina. Prometo-te mais do que uma embriaguez florida e mais do que ilusões de uma noite fugaz: prometo-te os santos banquetes e as núpcias do céu. A felicidade que te ofereço não acabará jamais: é inaudita. Inefável. E tal que, se os venturosos deste mundo pudessem entrever apenas uma sombra sua, logo morreriam deslumbrados. »




Anatole France. Thaïs. Tradução de Sodre Viana. Irmãos Pongetti Editores, Rio de Janeiro, 2ª ed., p. 84
«''Nada te deve desviar do cultivo da tua alma.''»


Anatole France. Thaïs. Tradução de Sodre Viana. Irmãos Pongetti Editores, Rio de Janeiro, 2ª ed., p. 80

«A soleira da sua casa vivia enfeitada de flores e regada de sangue.»

(...)

«E, de tão amada, amava-se a si própria.»




Anatole France. Thaïs. Tradução de Sodre Viana. Irmãos Pongetti Editores, Rio de Janeiro, 2ª ed., p. 75
«Thaïs amava Lollius, com todos os furores da imaginação e todas as surpresas da inocência. Dizia-lhe, em plena verdade do seu coração:
    - Nunca fui senão tua.
  Lollius respondia:
     - Tu não pareces nenhuma outra mulher.
  O idílio durou seis meses, e se desfez um dia.
De repente, Thaïs sentiu-se vazia e só. Não reconhecia mais Lollius. Pensava:
 ''Que me teria transformado assim, num instante? Porque será que ele agora se parece com todos os outros homens, e não se parece consigo mesmo?''
    Abandonou-o, não sem um secreto desejo de procurá-lo em algum outro, desde que não o encontrava mais nele próprio. Pensou também que viver com um homem a quem jamais houvesse amado seria bem menos triste do que viver com um homem a quem já não amava.»



Anatole France. Thaïs. Tradução de Sodre Viana. Irmãos Pongetti Editores, Rio de Janeiro, 2ª ed., p. 73

Thaïs fugia de Lollius

«Entretanto, presa de inquietação e de medo, Thaïs fugia de Lollius, mas sem cessar o via dentro de si mesma. Sofria e não sabia de quê. Perguntava-se porque havia mudado tanto, e de onde vinha a sua melancolia. Repeliu todos  os amantes; causavam-lhe terror. Não queria mais ver a luz e deixava-se ficar o dia inteiro no leito, soluçando, cabeça escondida nos coxins. Lollius, tendo aprendido a penetrar no quarto, ia suplicar e maldizer aquela menina cruel. Thaïs resistia como se fosse uma virgem, e repetia:
    - Não quero! Não quero!
   Depois, quinze dias passados, entregou-se a ele e conheceu que o amava. Acompanhou-o à sua casa e não o deixou mais. Foi uma vida deliciosa. Levavam o dia inteiro isolados, olhos nos olhos, dizendo-se mutuamente cousas que só se dizem às crianças. À tarde, passeavam nas margens desertas do Oronte e perdiam-se nos braços de loureiros. Às vezes erguiam-se pela madrugada para colher jacintos nas encostas do Silpicus. Bebiam na mesma taça e, quando ela levava à boca um bago de uva, ele, com os dentes, tirava-o de entre os seus lábios.»





Anatole France. Thaïs. Tradução de Sodre Viana. Irmãos Pongetti Editores, Rio de Janeiro, 2ª ed., p. 72/3

« - Que eu não seja, Thaïs, a coroa que engrinalda a tua cabeleira, o manto que cinge o teu corpo encantador, a sandália do teu pé gentil! Mas desejo que me pises aos pés como uma sandália, e que as minhas carícias sejam o teu manto e a tua coroa. Vem, linda menina, vem à minha casa, e esqueçamos o universo.»


Anatole France. Thaïs. Tradução de Sodre Viana. Irmãos Pongetti Editores, Rio de Janeiro, 2ª ed., p. 71

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

«Jungido à cruz, as mãos pregadas, não gemeu uma queixa. Apenas repetia num suspiro: ''Tenho sede''»



Anatole France. Thaïs. Tradução de Sodre Viana. Irmãos Pongetti Editores, Rio de Janeiro, 2ª ed., p. 67
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