«Thaïs amava Lollius, com todos os furores da imaginação e todas as surpresas da inocência. Dizia-lhe, em plena verdade do seu coração:
- Nunca fui senão tua.
Lollius respondia:
- Tu não pareces nenhuma outra mulher.
O idílio durou seis meses, e se desfez um dia.
De repente, Thaïs sentiu-se vazia e só. Não reconhecia mais Lollius. Pensava:
''Que me teria transformado assim, num instante? Porque será que ele agora se parece com todos os outros homens, e não se parece consigo mesmo?''
Abandonou-o, não sem um secreto desejo de procurá-lo em algum outro, desde que não o encontrava mais nele próprio. Pensou também que viver com um homem a quem jamais houvesse amado seria bem menos triste do que viver com um homem a quem já não amava.»
Anatole France. Thaïs. Tradução de Sodre Viana. Irmãos Pongetti Editores, Rio de Janeiro, 2ª ed., p. 73
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