Mostrar mensagens com a etiqueta Fernando Pessoa / heterónimos. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Fernando Pessoa / heterónimos. Mostrar todas as mensagens

domingo, 22 de março de 2015

“Não me queiram converter a convicção: sou lúcido! Já disse: sou lúcido. Nada de estéticas com coração: sou lúcido. Merda! Sou lúcido.”

Fernando Pessoa/Álvaro de Campos

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015



“Quanto mais eu sinta, quanto mais eu sinta como várias pessoas,
Quanto mais personalidades eu tiver,
Quanto mais intensamente, estridentemente as tiver,
Quanto mais simultaneamente sentir com todas elas,
Quanto mais unificadamente diverso, dispersadamente atento,
Estiver, sentir, viver, for,
Mais possuirei a existência total do universo,
Mais completo serei pelo espaço inteiro fora.
Mais análogo serei a Deus, seja ele quem for,
Porque, seja ele quem for, com certeza que é Tudo,
E fora d’Ele há só Ele, e Tudo para Ele é pouco”


 Álvaro de Campos

domingo, 30 de novembro de 2014

FERNANDO PESSOA
[13/06/1888-30/11/1935]
“Se depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia,
Não há nada mais simples.
Tem só duas datas - a da minha nascença e a da minha morte.
Entre uma e outra todos os dias são meus”.


Alberto Caeiro, Poemas Inconjuntos

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

  «Em dias de alma como hoje, eu sinto bem, em toda a consciência do meu corpo, que sou a criança triste em quem a vida bateu. Puseram-me a um canto de onde se ouve brincar. Sinto nas mãos o brinquedo partido que me deram por uma ironia lata. Hoje, dia catorze de Março, às nove horas e dez da noite, a minha vida sabe valer isto.»


Obra em prosa de Fernando Pessoa. Livro do Desassossego por Bernardo Soares 1ª parte. Introdução e nova organização de textos de António Quadros. Publicações Europa-América p. 20
«Deixo ao cego e ao surdo
 A alma com fronteiras,
 Que eu quero sentir tudo
  De todas as maneiras.»

...

«E como são estilhaços
Do ser, as coisas dispersas
Quebro a alma em pedaços
E em pessoas diversas.»

....


«Se as coisas são estilhaços
Do saber do universo,
Seja eu os meus pedaços,
Impreciso e diverso.»



Obra em prosa de Fernando Pessoa. Livro do Desassossego por Bernardo Soares 1ª parte. Introdução e nova organização de textos de António Quadros. Publicações Europa-América P. 17

 «A despersonalização imaginativa, onírica e intelectual, é nele permanente: Depois, ao passar diante de casa, chalés, vou vivendo em mim todas as vidas ao mesmo tempo. Sou o pai, a mãe, as filhas, as primas, a criada e o primo da criada...»



Obra em prosa de Fernando Pessoa. Livro do Desassossego por Bernardo Soares 1ª parte. Introdução e nova organização de textos de António Quadros. Publicações Europa-América., p. 17
« Uma tal proliferação de máscaras, de disfarces, de duplos, de outros eus, que são simultaneamente o mesmo e o outro, numa prodigiosa demiurgia, não pode deixar de sugerir que estamos muito para lá de uma simples mistificação literária, que todo este mundo fictício de pseudónimos, sub-heterónimos, semiheterónimos não releva de uma contingência, mas de uma necessidade.»



Obra em prosa de Fernando Pessoa. Livro do Desassossego por Bernardo Soares 1ª parte. Introdução e nova organização de textos de António Quadros. Publicações Europa-América

a simulação, a despersonalização

segunda-feira, 14 de julho de 2014

quinta-feira, 22 de maio de 2014

«Que horas, ó companheira inútil do meu tédio, que horas de desassossego feliz se fingiram nossas ali!...»

Fernando Pessoa/Bernardo Soares

terça-feira, 14 de junho de 2011

«Há grandes raivas feitas de cansaços.»

Fernando Pessoa. Self-Analysis and Thirty Other Poems. Translations by George Monteiro. Calouste Gulbenkian Foundation, Lisbon, 1988, p. 50
«Arre, estou farto de semi-deuses!
Onde é que há gente no mundo?»


Fernando Pessoa. Self-Analysis and Thirty Other Poems. Translations by George Monteiro. Calouste Gulbenkian Foundation, Lisbon, 1988, p. 44

CLEARY NON-CAMPOS!

Não sei qual é o sentimento, ainda inexpresso,
Que subitamente, como uma sufocação, me aflige
O coração que, de repente,
Entre o que vive, se esquece.
Não sei qual é o sentimento
Que me desvia do caminho,
Que me dá de repente
Um nojo daquilo que seguia,
Uma vontade de nunca chegar a casa,
Um desejo de indefinido,
Um desejo lúcido de indefinido.

Quatro vezes mudou a 'stação falsa
No falso ano, no imutável curso
      Do tempo consequente;
Ao verde segue o seco, e ao seco o verde;
E não sabe ninguém qual é o primeiro,
      Nem o último, e acabam.


Fernando Pessoa. Self-Analysis and Thirty Other Poems. Translations by George Monteiro. Calouste Gulbenkian Foundation, Lisbon, 1988, p. 40
Cruz na porta da tabacaria!
Quem morreu? O próprio Alves? Dou
Ao diabo o bem-estar que trazia.
Desde ontem a cidade mudou.

Quem era? Ora, era quem eu via.
Todos os dias o via. Estou
Agora sem essa monotonia.
Desde ontem a cidade mudou.

Ele era o dono da tabacaria.
Um ponto de referência de quem sou.
Eu passava ali de noite e de dia.
Desde ontem a cidade mudou.

Meu coração tem pouca alegria,
E isto diz que é morte aquilo onde estou.
Horror fechado da tabacaria!
Desde ontem a cidade mudou.

Mas ao menos a ele alguém o via,
Ele era fixo, eu, o que vou,
Se morrer, não falto, e ninguém diria:
Desde ontem a cidade mudou.


Fernando Pessoa. Self-Analysis and Thirty Other Poems. Translations by George Monteiro. Calouste Gulbenkian Foundation, Lisbon, 1988, p. 36

ISTO

Dizem que finjo ou minto
Tudo que escrevo. Não.
Eu simplesmente sinto
Com a imaginação.
Não uso o coração.

Tudo o que sonho ou passo,
O que falha ou finda,
É como que um terraço
Sobre outra coisa ainda.
Essa coisa é que é linda.

Por isso escrevo em meio
Do que não está ao pé,
Livre do meu enleio,
Sério do que não é.
Sentir? Sinta quem lê!



Fernando Pessoa. Self-Analysis and Thirty Other Poems. Translations by George Monteiro. Calouste Gulbenkian Foundation, Lisbon, 1988, p. 26

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Fragmento de algum oceano imaginário

Ele falava de coisas que estão num lugar qualquer
onde os nossos deuses não habitam - coisas que
faltavam mas que estavam já no coração.
Os nossos deuses são velhos. Esqueceram-se de nós
como de muitos filhos (bastardos).


Fernando Pessoa, O privilégio dos caminhos


op. cit Gérard de Cortanze. O movimento das coisas. Tradução de Isabel Aguiar Barcelos. Campo das Letras Editores, Porto, 2002., p. 64

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

o semi-heterónimo: Bernardo Soares

Ou pelo menos, assim Pessoa o definiu numa carta enviada a Adolfo Casais Monteiro, a Janeiro, de 1935: “É um semi-heterónimo porque, não sendo a personalidade a minha, é, não diferente da minha, mas uma simples mutilação dela.”

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Diz-me muito mal de Deus.
Diz que ele é um velho estúpido e doente,
Sempre a escarrar no chão
E a dizer indecências. [...]
Tudo no céu é estúpido como a Igreja Católica.
Diz-me que Deus não percebe nada
Das coisas que criou –
“Se é que ele as criou, do que duvido”



Alberto Caeiro, no poema VIII de O Guardador de Rebanhos

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

XII


Coisas terrenas,
Oh, são inúteis e frágeis, mas nelas
Me inspirando, posso esquecer as minhas angústias;
Todo o pensar que dói, as lágrimas vertidas por outros,
Todas as dores e todos os desejos nelas mergulho.
Ao pensá-las, mais dói o pensamento, daí que
Embora temendo, desejo fechar os olhos em morte breve,
Só que mais sofro ainda, pois não sei o que é a morte.
Oh, o mistério do homem, que triste tu és
E tão profundo! Que horrível é o teu rosto
Marcado pelo véu da vida mortal!
Profunda de mais p'ra dizer, grande de mais p'ra pensar.

Alexander Search (1904). Poesia. Ed e Trad. Luísa Freire. Assírio&Alvim, Lisboa, 1999., pp. 367

domingo, 17 de outubro de 2010

XXII
Mulher (para Marino):
Certos homens têm um negro semblante,
Os seus olhos não respondem à luz do olhar
Pois estão mergulhados na sombra. Mas os teus
Têm a escuridão abafada da noite tropical
Onde o relâmpago está prestes...



Alexander Search (1904). Poesia. Ed e Trad. Luísa Freire. Assírio&Alvim, Lisboa, 1999., pp. 335
Powered By Blogger