domingo, 14 de janeiro de 2018

''No idioma alemão existe uma palavra comum para poder e violência: Gewalt. E Günther Anders estuda sem parar como a técnica vai ganhando cada vez mais poder (violência) sobre o ser humano.''
“Se me perguntarem em que dia me envergonhei absolutamente, responderei: nesta tarde de verão quando em Auschwitz estive perante os montes de óculos, de sapatos, de dentaduras postiças, de molhos de cabelos humanos, de malas sem dono. Porque os meus óculos, os meus dentes, os meus sapatos, a minha mala também deveriam estar ali. Sim, senti-me – já que não tinha estado preso em Auschwitz porque me tinha salvo por acaso – um desertor.”

 Günther Anders
 ''Nas democracias industriais, o voto popular elege o automóvel. Os parlamentos elegem o automóvel, o egoísmo.) ''

Osvaldo Bayer

''O coração de um grande humanista cessou de 'bater. Morreu Heinrich Böll.''

Alexander Rodchenko, On the Pavement, 1928


''Ernst Jünger cruza os caminhos do espírito e do coração''

“Há escritores com uma obra tão reverberante que cega. Há existências tão intensas e complexas que o princípio-chave para as entender só pode ser o da contradição que as informa”, escreveu João Barrento sobre Jünger.

lobo solitário

Ernst Jünger (1895-1998)
Por vezes basta olhar de outra maneira para ver melhor.

Paul Virilio

''O teatro é uma arte política''

Ana Campos

sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

“Me doy cuenta que si fuera estable, prudente y estatico, viviría en la muerte. Por consiguiente, acepto la confusión, la incertidumbre, el miedo y los altibajos emocionales. Porque ese es el precio que estoy dispuesto a pagar por una vida fluida, perpleja y excitante”


Carl Rogers
« O feminismo não é a luta das mulheres contra os homens: é a luta das mulheres pela sua autodeterminação; é o processo de libertação de uma cultura subjugada; é a conquista que do espaço social e político onde ser mulher tenha lugar». 

Maria de Lourdes Pintasilgo (1981)

''Ao afirmar "Ninguém nasce mulher: torna-se mulher", Simone de Beauvoir abre caminho à teorização das relações sociais de sexo e da opressão da mulher em função do determinismo biológico, no qual a mulher é relegada para um papel de subalternidade e vista como um segundo sexo.

A tomada de consciência dos mecanismos sociais na reprodução de estereótipos de género, no que é suposto “ser ou fazer” em função do determinismo biológico, e assente numa visão dicotómica homem/mulher ainda está muito presente na nossa sociedade.

Em pleno século XXI as mulheres ainda continuam a ser vistas como um segundo sexo.''

“O Segundo Sexo”

Simone de Beauvoir, 1949

“Que nada nos defina. Que nada nos sujeite. Que a liberdade seja a nossa própria substância.”

SIMONE DE BEAUVOIR (1908-1986)

segunda-feira, 8 de janeiro de 2018



«(...)                          Se quereis
Que eu ame ainda, devolvei-me
O tempo do amor. É-vos possível?
Impossível como aplacar o fantasma que de mim evocastes.»


Luis Cernuda. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 266

''ignorância voluntária''

«Não sintas a falta de um destino mais fácil,»


Luis Cernuda. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 265

«Fazendo o bem e o mal sem pretendê-lo, »


Luis Cernuda. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 263

«A odiar então aprendeste o amor que não sabe
Arder anónimo sem recompensa alguma.»


Luis Cernuda. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 262


(...)

«Deram-te tudo, sim: vida que não pedias,
E com ela a morte por dura companheira.»

Luis Cernuda. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 262
(...)

«Sob a carne vestida, o dorido fantasma
A quem a oração dos outros nunca acalma
A amargura de ter vivido inutilmente.»


Luis Cernuda. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 261

«Mortos que já não são mais que a imensa morte anónima,»


Luis Cernuda. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 259

''Minha casa desfeita, minha via afadigada, (...)''


Luis Cernuda. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 258

«Pela minha dor entendo que imensos outros sofrem,»


Luis Cernuda. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 25

domingo, 7 de janeiro de 2018


“SOUBESSE EU MORRER ILUMINANDO”

DANIEL FARIA
É talvez o último dia da minha vida.
 Saudei o sol, levantando a mão direita,
Mas não o saudei para lhe dizer adeus.
Fiz sinal de gostar de o ver ainda, mais nada.

 (Pessoa)

“She walks in beauty, like the night”

 Lord Byron
Sou um universo morto que medita.

 Fernando Pessoa

Noite, Morte & Temporalidade


A LARRA COM UMAS VIOLETAS

(1837-1937)


Ainda se queixa vagamente sua alma,
O escuro vazio da sua vida.
Mas não podem pesar sobre essa sombra
Algumas violetas,
E é grato assim deixá-las,
Frescas entre a névoa,
Com a alegria de uma pequena coisa pura
Que resgatasse aquela dor antiga.

Quem fala já aos mortos
Mudo o encontram os que vivem.
Neste silêncio, onde o medo impera,
Colher essas flores uma por uma
Breve consolo foi para estes dias
Cuja pegada sangrenta se abre nas espáduas
Carregadas pelo ódio com uma pedra inútil.

Se a morte apazigua
Tua boca amarga de Deus insatisfeita,
Aceita uma oferta tão leve, sombra sentimental,
Nessa paz que sob a terra te esperava,
Brotando em erva, vento e luz silvestres,
O fiel e último encanto de estar só.

Curado de viver, sorri por uma vez,
Pálido rosto de paixão e tédio.
Olha as velhas ruas que percorreste, errante,
O lampião azulado que te guiou, carne hirta,
Ao regressares do baile ou do torpe jornal,
E as fontes de mármore entre palmeiras:
Águas e folhas, bálsamo dos tristes.

A terra foi medida pelos homens,
Com suas casas estreitas e sórdidos casais,
Sua corrupta opinião pública e suas revoluções
Mais cruéis e injustas do que as leis,

Com um imenso bocejo demoníaco;
Nela não há lugar para o homem solidário,
Filho nu e deslumbrante do divino pensamento.

E a nossa madrasta - olha-a, hoje, desfeita -,
Miserável e bela entre os pardos sepulcros
Dos que como tu, nascidos em sua estepe,
Viram enquanto vivos morrer sua esperança,
E então gritaram, sumidos pelas trevas,
Aos irmãos irrisórios que nunca os executaram.

Escrever em Espanha não é chorar, é morrer,
Porque morre a inspiração envolta em fumo,
Quando sua chama livre não procura o espaço.
Assim, quando o amor, o tenro monstro loiro,
Voltou contra ti tantas ternuras vãs,
Tua mão abriu com um tiro, enorme e rubra, a morte.

Livre e tranquilo ficaste enfim, um dia,
Mas tua voz sem ti abriu um acento inapagável.
É breve a palavra como o canto de um pássaro,
Mas um claro estandarte pode prender-se nela
De embriaguez, paixão, beleza fugitivas,
E subir, anjo vigilante que testemunha do homem,
Além, à região celeste e impassível.


Luis Cernuda. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 255/6

«Submetendo a sua vida a outra vida.»


Luis Cernuda. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 254

''ONDE HABITE O ESQUECIMENTO''

(...)

«Tu justificas minha existência:
Se não te conheço, não vivi jamais;
Se morro sem conhecer-te, não morro, porque não vivi nunca.»

Luis Cernuda. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 253

«Se o homem pudesse dizer o que ama,»


Luis Cernuda. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 253

(...)

«Entre ossos a angústia abre caminho,
Ergue-se pelas veias
Até abrir na pele
Jorros de sonho
Feitos carne interrogando os sonhos.»



Luis Cernuda. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 252

«Que ruído tão triste o que fazem dois corpos quando se amam,»

Luis Cernuda. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 251

''Os Rapazes dos Tanques''

«(...) bates em teu medo, tornas-te mínimo em teu interior...»


Emilio Prados. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 247

sábado, 6 de janeiro de 2018


(Vazio é o sangue da minha carne aberta.)


Emilio Prados. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 245
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