Professora Doutora Stella António – Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas – Universidade Técnica de Lisboa – Lisboa 2010
segunda-feira, 30 de julho de 2018
domingo, 29 de julho de 2018
« D. JUAN - Errei, confesso-me. Julgava-te ingénua e, afinal, és uma sabidona. Não me serves. És daquelas que, aos primeiros olhinhos, põe logo os cornos a um tipo.
JOVEM MULHER - A homens como tu, para quem o amor é um vício, não teria dúvidas em enfeitar-te a testa com um bom par.»
Vasco José. A Mulher Deitada. Collecção de autor, Torres Vedras, 1977., p. 50
JOVEM MULHER - A homens como tu, para quem o amor é um vício, não teria dúvidas em enfeitar-te a testa com um bom par.»
Vasco José. A Mulher Deitada. Collecção de autor, Torres Vedras, 1977., p. 50
«Uma mulher vale o que representa.»
Vasco José. A Mulher Deitada. Collecção de autor, Torres Vedras, 1977., p. 39
«(...) Não sou rainha de nada, sou mulher que trabalha. Não sou fada de homem nenhum, nem me interessa sê-lo. Podemos, quando muito, satisfazer necessidades mútuas.
RAINHA - Insistes em tornar-te vulgar. Porque te humilhas? Perdes a dignidade, todo o teu encanto e, assim, mais facilmente te deixas subverter.»
Vasco José. A Mulher Deitada. Collecção de autor, Torres Vedras, 1977., p. 38
«O bicho-homem. Só o que quer é poder.»
Vasco José. A Mulher Deitada. Collecção de autor, Torres Vedras, 1977., p. 32
«(...) Não se arranjou, na Idade Média, um cinto para a mulher não cornear o marido?
PRATICANTE - Sim, chefe? Não sabia.
INQUISIDOR - Não sabias? Então aprende, que eu não posso durar sempre. Chamava-se o Cinto da Castidade.»
Vasco José. A Mulher Deitada. Collecção de autor, Torres Vedras, 1977., p. 31
terça-feira, 24 de julho de 2018
Je T'aime Moi Non Plus
Je t'aime, je t'aime
Oh, oui je t'aime!
Moi non plus
Oh, mon amour
Comme la vague irrésolu
Je vais, je vais et je viens
Entre tes reins
Je vais et je viens
Entre tes reins
Et je me retiens
Oh, oui je t'aime!
Moi non plus
Oh, mon amour
Comme la vague irrésolu
Je vais, je vais et je viens
Entre tes reins
Je vais et je viens
Entre tes reins
Et je me retiens
Je t'aime, je t'aime
Oh, oui je t'aime!
Moi non plus
Oh mon amour
Tu es la vague, moi l'île nue
Tu va, tu va et tu viens
Entre mes reins
Tu vas et tu viens
Entre mes reins
Et je te rejoins
Oh, oui je t'aime!
Moi non plus
Oh mon amour
Tu es la vague, moi l'île nue
Tu va, tu va et tu viens
Entre mes reins
Tu vas et tu viens
Entre mes reins
Et je te rejoins
Je t'aime, je t'aime
Oh, oui je t'aime!
Moi non plus
Oh, mon amour
Comme la vague irrésolu
Je vais, je vais et je viens
Entre tes reins
Je vais et je viens
Entre tes reins
Et je me retiens
Oh, oui je t'aime!
Moi non plus
Oh, mon amour
Comme la vague irrésolu
Je vais, je vais et je viens
Entre tes reins
Je vais et je viens
Entre tes reins
Et je me retiens
Tu va, tu va et tu viens
Entre mes reins
Tu vas et tu viens
Entre mes reins
Et je te rejoins
Entre mes reins
Tu vas et tu viens
Entre mes reins
Et je te rejoins
Je t'aime, je t'aime
Oh, oui je t'aime!
Moi non plus
Oh mon amour
L'amour physique est sans issue
Je vais, je vais et je viens
Entre tes reins
Je vais et je viens
Et je me retiens
Non! Maintenant viens!
Oh, oui je t'aime!
Moi non plus
Oh mon amour
L'amour physique est sans issue
Je vais, je vais et je viens
Entre tes reins
Je vais et je viens
Et je me retiens
Non! Maintenant viens!
Compositores: Serge Gainsbourg
Etiquetas:
Jane Birkin,
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Serge Gainsbourg,
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segunda-feira, 23 de julho de 2018
« PEDREIRO - Chiu! Estás a querer mandar em mim? Quem manda nas mulheres, nos gatos e nos cães são os homens. Não são eles que lhes dão de comer? Não serão eles, porventura, os seus donos? Portanto, quem manda em ti sou eu. Ao menos, sempre mando em alguma coisa.»
Vasco José. A Mulher Deitada. Collecção de autor, Torres Vedras, 1977., p. 25
Vasco José. A Mulher Deitada. Collecção de autor, Torres Vedras, 1977., p. 25
«Pernas velhas, asas mortas.»
Vasco José. A Mulher Deitada. Colecção de autor, Torres Vedras, 1977., p. 21
«GUARDA-LIVROS - Quando vinha ao longe, notei-te à janela. E tu, sabe-lo bem, não tolero ver-te à janela. Não tens roupa para coser? Meias para remendar? O comer, a horas, para fazer? As gatas é que estão sempre à janela...à espera dos gatos. Sou uma pessoa muito boa, que gosta de tratar todos bem, mas também gosto que me respeitem. Fiz de ti uma mulher doméstica, uma mulher séria, por isso tens de cumprir o teu regulamento.»
Vasco José. A Mulher Deitada. Collecção de autor, Torres Vedras, 1977., p. 17
domingo, 22 de julho de 2018
''Lindos calções enfeitados''
Molière. Escola de Mulheres. Tradução de Maria Valentina Trigo de Sousa. Livros de bolso Europa América.. p. 45
sábado, 21 de julho de 2018
quarta-feira, 18 de julho de 2018
Igor Pjörrt
Heavenly Persona (2018)
Heavenly Persona is an ethereal archive of black-and-white photos from the long-distance relationship documented in the previous series Betelgeuse. Inspired by japanese erotic photography and Shizuka’s album of the same name, Heavenly Persona examines afterlife, memory and a sexual awakening through a collection of evocative images.
Also an exploration of naturism, the book contemplates the animalistic condition of man as a mammal and his innate attraction to nature, where the earth nurtures, protects and forms its own system with the male body, serving as both womb and deathbed. With his companion, they find themselves in lawless territory - an infinite landscape that reduces their bodies to their physical form and presents them with unparalleled freedom.
My attention shifted to the more spiritual nature of this relationship while considering the erotic links between creation and ruin. The earth is no longer imagined as a promise of life but rather a genesis of pleasure with no other end. An impenetrable desire echoes through closed rooms and open fields as the two lovers endlessly navigate this isolated stretch between purgatory and heaven in search of a climax which always seems to be on the horizon.
Also an exploration of naturism, the book contemplates the animalistic condition of man as a mammal and his innate attraction to nature, where the earth nurtures, protects and forms its own system with the male body, serving as both womb and deathbed. With his companion, they find themselves in lawless territory - an infinite landscape that reduces their bodies to their physical form and presents them with unparalleled freedom.
My attention shifted to the more spiritual nature of this relationship while considering the erotic links between creation and ruin. The earth is no longer imagined as a promise of life but rather a genesis of pleasure with no other end. An impenetrable desire echoes through closed rooms and open fields as the two lovers endlessly navigate this isolated stretch between purgatory and heaven in search of a climax which always seems to be on the horizon.
110 pages
54 black-and-white plates
245x183 mm
Unique handmade copy
Etiquetas:
Portuguese photographer Igor Pjörrt
«Houve escuma e confusão.»
Artigo: Profissões para Mulheres
Conferência proferida a 21 de Janeiro de 1931 em Londres na
Women's Service League e publicada em The Death of the Moth (1942)
Ensaios de Virginia Wolf. O Momento Total. Organização e Introdução de Luísa M.ª Rodrigues Flora. Ulmeiro Universidade, p. 121
«Fiz aquilo que pude para a matar. Se tivesse de ir a tribunal, alegaria que actuara em legítima defesa. Se eu não a tivesse morto, ela ter-me-ia morto a mim. Teria arrancado o coração da minha escrita. Pois, como constatei assim que pus a pena ao papel não é possível criticar nem sequer um romance sem ter uma opinião própria, sem expressar o que se entende ser verdade acerca das relações humanas, da moralidade, do sexo.»
Ensaios de Virginia Wolf. O Momento Total. Organização e Introdução de Luísa M.ª Rodrigues Flora. Ulmeiro Universidade, p. 119
Artigo: Profissões para Mulheres
Conferência proferida a 21 de Janeiro de 1931 em Londres na
Women's Service League e publicada em The Death of the Moth (1942)
Ensaios de Virginia Wolf. O Momento Total. Organização e Introdução de Luísa M.ª Rodrigues Flora. Ulmeiro Universidade, p. 119
«Ela sacrificava-se quotidianamente.»
Artigo: Profissões para Mulheres
Conferência proferida a 21 de Janeiro de 1931 em Londres na
Women's Service League e publicada em The Death of the Moth (1942)
Ensaios de Virginia Wolf. O Momento Total. Organização e Introdução de Luísa M.ª Rodrigues Flora. Ulmeiro Universidade, p. 119
«Que há de mais fácil do que escrever artigos e comprar gatos persas com os lucros?»
Artigo: Profissões para Mulheres
Conferência proferida a 21 de Janeiro de 1931 em Londres na
Women's Service League e publicada em The Death of the Moth (1942)
Ensaios de Virginia Wolf. O Momento Total. Organização e Introdução de Luísa M.ª Rodrigues Flora. Ulmeiro Universidade, p. 118
«Escrever era uma ocupação respeitável e inofensiva. O arranhar de uma pena não perturbava a paz familiar.»
Ensaios de Virginia Wolf. O Momento Total. Organização e Introdução de Luísa M.ª Rodrigues Flora. Ulmeiro Universidade, p. 117
Artigo: Profissões para Mulheres
Conferência proferida a 21 de Janeiro de 1931 em Londres na
Women's Service League e publicada em The Death of the Moth (1942)
Ensaios de Virginia Wolf. O Momento Total. Organização e Introdução de Luísa M.ª Rodrigues Flora. Ulmeiro Universidade, p. 117
«(...) simples conversada lançada ao papel e deixada secar em poças e borrões.»
Artigo: As Mulheres e a Ficção
Ensaios de Virginia Wolf. O Momento Total. Organização e Introdução de Luísa M.ª Rodrigues Flora. Ulmeiro Universidade, p. 113
The Forum, March 1929
Ensaios de Virginia Wolf. O Momento Total. Organização e Introdução de Luísa M.ª Rodrigues Flora. Ulmeiro Universidade, p. 113
«(...) reacções de cólera na obra de escritoras menores - na sua escolha de um assunto, na sua altivez pouco natural, na sua submissão exagerada. Além disso, a falta de sinceridade infiltra-se de modo quase inconsciente nas suas obras.»
Ensaios de Virginia Wolf. O Momento Total. Organização e Introdução de Luísa M.ª Rodrigues Flora. Ulmeiro Universidade, p. 109
Artigo: As Mulheres e a Ficção
The Forum, March 1929
Ensaios de Virginia Wolf. O Momento Total. Organização e Introdução de Luísa M.ª Rodrigues Flora. Ulmeiro Universidade, p. 109
« O génio de Jane Austen e de Emily Bronte alcança o seu máximo poder de persuasão devido à capacidade, por ambas partilhada, de ignorar tais apelos e reivindicações, mantendo o caminho traçado sem temer críticas ou desdém. Mas era preciso ter um espírito muito tranquilo ou muito forte para resistir à tentação da cólera.»
Artigo: As Mulheres e a Ficção
The Forum, March 1929
Ensaios de Virginia Wolf. O Momento Total. Organização e Introdução de Luísa M.ª Rodrigues Flora. Ulmeiro Universidade, p. 109
terça-feira, 17 de julho de 2018
domingo, 15 de julho de 2018
«É incontestável que a experiência exerce uma influência enorme sobre a ficção. O que há de melhor nos romances de Conrad, por exemplo, seria anulado caso lhe tivesse sido impossível andar na Marinha. Retiremos tudo quanto Tolstoi sabia acerca da guerra como soldado que foi, tudo o que conhecia da vida e da sociedade enquanto jovem rico cuja educação admitia todo o tipo de experiências, e War and Peace ficará incrivelmente empobrecido.
Todavia Pride and Prejudice, Wuthering Heights, Villette e Middlemarch foram escritos por mulheres às quais era energicamente recusada toda a experiência para lá das quatro paredes de uma sala de estar da classe média.»
Artigo: As Mulheres e a Ficção
The Forum, March 1929
Ensaios de Virginia Wolf. O Momento Total. Organização e Introdução de Luísa M.ª Rodrigues Flora. Ulmeiro Universidade, p. 108
«Charlotte Bronte posava a pena e escolhia os olhos das batatas. E, vivendo na sala de estar rodeada de pessoas, uma mulher habituava-se a exercitar o espírito na observação e na análise de carácter. Aprendia a ser romancista, não poetisa. »
Artigo: As Mulheres e a Ficção
The Forum, March 1929
Ensaios de Virginia Wolf. O Momento Total. Organização e Introdução de Luísa M.ª Rodrigues Flora. Ulmeiro Universidade, p. 108
«A mulher extraordinária depende da mulher comum.»
Ensaios de Virginia Wolf. O Momento Total. Organização e Introdução de Luísa M.ª Rodrigues Flora. Ulmeiro Universidade, p. 106
CAP. IX
''Bom, quanto ao que o mundo pensa desta ejaculação - não dou um vintém.''
Ensaios de Virginia Wolf. O Momento Total. Organização e Introdução de Luísa M.ª Rodrigues Flora. Ulmeiro Universidade, p. 99
«Pode lamber sofregamente com a sua longa língua glutinosa os mais ínfimos fragmentos dos factos e amontoá-los nos labirintos mais subtis, pode escutar um silêncio às portas por detrás das quais apenas se ouve um murmúrio, um sussurro. »
Ensaios de Virginia Wolf. O Momento Total. Organização e Introdução de Luísa M.ª Rodrigues Flora. Ulmeiro Universidade, p. 97
« No espírito moderno a beleza não é acompanhada pela sua sombra mas pelo seu contrário. O poeta moderno fala do rouxinol que solta ''os seus trinados para orelhas sujas''. Lado a lado da nossa beleza moderna caminha um espírito sardónico que desdenha da beleza por ser bela; que vira o espelho e nos mostra que a outra face dela está desfigurada, deformada. É como se o espírito moderno, ao pretender sempre verificar as suas emoções, tivesse perdido a capacidade de aceitar qualquer coisa simplesmente por aquilo que é. »
Ensaios de Virginia Wolf. O Momento Total. Organização e Introdução de Luísa M.ª Rodrigues Flora. Ulmeiro Universidade, p. 93
«Também um escritor tem, do mesmo modo, uma atitude perante a vida, ainda que seja uma vida diferente. Também os escritores podem encontrar-se numa posição desagradável, confusos, frustrados, incapazes de alcançar aquilo que pretendem como escritores. Isto verifica-se por exemplo, nos romances de George Gissing. Ou então podem retirar-se para os subúrbios e desperdiçar todo o seu interesse em cãezinhos de estimação e duquesas - em graças, sentimentalismos e snobismos - e é o caso de alguns dos nossos romancistas de maior êxito.»
«Há uma coisa vaga e misteriosa a que chamamos atitude perante a vida. Todos nós conhecemos pessoas - deixemos por um momento a literatura e voltemos-nos para a vida - que estão em conflito com a existência; pessoas infelizes que nunca conseguem aquilo que pretendem, que estão confusas, que se lamentam, que se encontram numa posição desagradável de onde olham tudo de soslaio. Outros, ainda que aparentem um perfeito contentamento, parecem ter perdido todo o contacto com a realidade. Desperdiçam todo o seu afecto com cãezinhos e porcelana antiga. Apenas lhes interessam as vicissitudes da sua própria saúde e os altos e baixos das vaidades sociais. Contudo, há ainda outros que nos impressionam, e seria difícil precisar porquê, como pessoas a quem a natureza ou as circunstâncias colocaram numa posição na qual podem usar inteiramente todas as suas faculdades em coisas de valor. Não são fatalmente pessoas felizes ou bem sucedidas, mas há na sua presença um sabor, naquilo que fazem um interesse. Parecem totalmente vivos.»
segunda-feira, 9 de julho de 2018
sexta-feira, 29 de junho de 2018
«(...) essa crítica literária adocicada e insípida, esses poemas que celebram de forma melodiosa a inocência das rosas e dos carneiros, e todos passam plausivelmente por literatura nos nossos dias.»
Ensaios de Virginia Wolf. O Momento Total. Organização e Introdução de Luísa M.ª Rodrigues Flora. Ulmeiro Universidade, p. 84
Ensaios de Virginia Wolf. O Momento Total. Organização e Introdução de Luísa M.ª Rodrigues Flora. Ulmeiro Universidade, p. 84
«Ao ir para a cama à noite, perturbou-vos a complexidade dos vossos sentimentos. Num único dia milhares de ideias atravessaram o vosso espírito; milhares de emoções se cruzaram, colidiram, e desapareceram em assombrosa desordem.»
Ensaios de Virginia Wolf. O Momento Total. Organização e Introdução de Luísa M.ª Rodrigues Flora. Ulmeiro Universidade, p. 83
Ensaios de Virginia Wolf. O Momento Total. Organização e Introdução de Luísa M.ª Rodrigues Flora. Ulmeiro Universidade, p. 83
segunda-feira, 25 de junho de 2018
''alvoraçando-lhe o coração''
Molière. Escola de Mulheres. Tradução de Maria Valentina Trigo de Sousa. Livros de bolso Europa América.. p. 42
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''intrigas caritativas!''
Molière. Escola de Mulheres. Tradução de Maria Valentina Trigo de Sousa. Livros de bolso Europa América.. p. 40
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''(...), para que as dúvidas do meu espírito doente se esclareçam''
Molière. Escola de Mulheres. Tradução de Maria Valentina Trigo de Sousa. Livros de bolso Europa América.. p. 38
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«(...); sem que vos ofenda a comparação, conheci um aldeão, conhecido por Pedro Pateta, que, não possuindo mais do que um pedaço de terra, mandou fazer-lhe em volta um fosso para poder adoptar o pomposo nome de Sr. da Ilha.»
«ARNOLFO: Quem casa com uma ingénua é porque não é ingénuo de todo. Como bom cristão, acredito que a sua metade é recatada. Mas uma mulher esperta é mau presságio. Eu sei quanto tem custado a muitos terem casado com mulheres cheias de talento. Não seria eu que casaria com uma intelectual que só falasse de reuniões mundanas e de alcovas, que em prosa ou em verso soubesse escrever doces frases, que em casa recebesse marqueses e literatos, enquanto eu, com o rótulo de marido da senhora, não passaria de um santo ignorado, sem devotos! Não e não, não quero esposa de grandes talentos, pois mulher que sabe compor sabe mais do que é necessário. Para mim, prefiro mulher de poucas luzes, que nem sequer saiba o que é uma rima e no jogo do «corbillon» nunca acerte. Numa palavra, quero-a bem ignorante e basta-me que saiba rezar, amar-me, coser e fiar.»
Molière. Escola de Mulheres. Tradução de Maria Valentina Trigo de Sousa. Livros de bolso Europa América.
domingo, 24 de junho de 2018
sobre a cidade de Lisboa
“NÃO: Nada de proas homéricas singrando rio acima, batidas de ignotos mares, a fundar a capital do futuro Império-que-foi: mas um homem hirsuto e furtivo, talvez em busca da liberdade, que um dia assomou aqui (...)”, e mais adiante, a propósito dos temas escolhidos, escreve que: “ainda há beirais floridos, varandas com nespreiras, gaiolas de passarinhos, papagaios, voos de pombas; e mulheres de luto, pimenteiras, namorados esquecidos, velhos dormindo ao sol nos parques e jardins (...)”
José Rodrigues Miguéis
sábado, 23 de junho de 2018
De momento, exceto Portugal e Espanha, o racismo é o único ponto de entendimento entre os europeus. Nem mais nem menos: racismo. E não tem a ver com o medo do outro, da diferença. Tem a ver com a incapacidade de lidar com o passado colonial. A ideia que prevalece na Europa é que se ganha quando se é mais racista do que o outro. A Europa está fraturada e o discurso mantém-se: o Norte contra o Sul, [o grupo de] Visegrado contra Paris e Berlim… Enfim, apenas confluem num aspeto: rejeitar a imigração.''
Entre finais da década de 1970 e 2013, a taxa de suicídio aumentou 60% em todo o mundo, segundo dados da OMS. Como podemos explicar este aumento brutal?! O que aconteceu há 40 anos atrás? Como referi antes, Margaret Thatcher declarou que a sociedade não existe; paralelamente, o neoliberalismo eliminou a empatia da esfera social. Depois, a tecnologia digital começou a destruir a possibilidade do real, da relação física entre humanos; a emergência de Tony Blair é a prova de que a Esquerda morreu – refiro Blair por ser mais fácil de identificar, mas juntamente com ele estão muitos outros líderes. A Esquerda nunca foi capaz de equacionar alternativas como o RBI e outras, e embarcou no discurso neoliberal: pleno emprego, oito horas por dia, cinco dias por semana durante uma vida inteira. Isto é cada vez menos viável. O pleno emprego é algo impossível, o que temos é mais precariedade para todos, cortes nos salários para todos, mais trabalho para todos, em suma, uma nova escravatura. A isto somam-se dois aspetos importantes. Primeiro, a obrigação passou a ser parte integrante da nossa formação psicológica e a competição tornou-se no princípio moral universal. Segundo, passámos a julgar-nos em função do critério da produtividade. Existe apenas um modelo, um padrão, que é o da competição e sentimo-nos culpados de todos os nossos “fracassos”, seja ele o desemprego ou a pobreza. Há quem lhe chame auto-exploração.''
Esse tem sido o discurso dos líderes políticos nos últimos 40 anos, desde que Margaret Thatcher declarou que “a sociedade não existe”. Existem apenas indivíduos, empresas e países competindo e lutando pelo lucro. É este o objetivo do capitalismo financeiro. E com esta declaração foi proclamado o fim da sociedade e o início de uma guerra infinita: a competição é a dimensão económica da guerra. Quando a competição é a única relação que existe entre as pessoas, a guerra passa a ser o ‘ponto de chegada’, o culminar do processo. Penso que, em breve, acabaremos por assistir a algo que está para além da nossa imaginação…''
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Franco Berardi
''O formigueiro futuro apavora-me e odeio as suas virtudes de robôs. Eu nasci para ser jardineiro.''
''Meu caro Dalloz, como lamento estas quatro linhas. Teria adorado saber o que pensava dos tempos presentes. Eu desespero. Vivi avarias e desmaios por falta de oxigénio, fui perseguido por caças e tive incêndios a bordo. Já tive a minha dose. Se me abatessem, não me arrependeria de nada. O formigueiro futuro apavora-me e odeio as suas virtudes de robôs. Eu nasci para ser jardineiro. Um abraço Saint-Ex.''
última carta que Saint-Exupéry escreveu ao seu amigo pintor Pierre Dalloz
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segunda-feira, 18 de junho de 2018
I Thought About Killing You
I know, I know, I know, I know, know
I, I know it, I know it (I know, I know, I know, I know, know)
I, I know it, I know it (I know, I know, I know, I know, know)
The most beautiful thoughts are always besides the darkest
Today I seriously thought about killing you
I contemplated, premeditated murder
And I think about killing myself
And I love myself way more than I love you, so
Today I thought about killing you, premeditated murder
You'd only care enough to kill somebody you love
The most beautiful thoughts are always beside the darkest
(Mhm—mhm—mhm—mhm—mhmm)
Just say it out loud to see how it feels
People say, "Don't say this, don't say that"
Just say out loud, just to see how it feels
Weigh all the options, nothing's off the table
Today I thought about killing you, premeditated murder
I think about killing myself, and I, I love myself way more than I love you
The most beautiful thoughts are always beside the darkest
(Mhm—mhm—mhm—mhm—mhm—mhm—mhm—mhm—mhmm)
I think this is the part where I'm supposed to say something good
To compensate it so it doesn't come off bad
But sometimes I think really bad things
Really, really, really bad things
And I love myself way more than I love you
See, if I was trying to relate it to more people
I'd probably say I'm struggling with loving myself
Because that seems like a common theme
But that's not the case here
I love myself way more than I love you
And I think about killing myself
So, best believe, I thought about killing you today
Premeditated murder
Today I seriously thought about killing you
I contemplated, premeditated murder
And I think about killing myself
And I love myself way more than I love you, so
Today I thought about killing you, premeditated murder
You'd only care enough to kill somebody you love
The most beautiful thoughts are always beside the darkest
(Mhm—mhm—mhm—mhm—mhmm)
Just say it out loud to see how it feels
People say, "Don't say this, don't say that"
Just say out loud, just to see how it feels
Weigh all the options, nothing's off the table
Today I thought about killing you, premeditated murder
I think about killing myself, and I, I love myself way more than I love you
The most beautiful thoughts are always beside the darkest
(Mhm—mhm—mhm—mhm—mhm—mhm—mhm—mhm—mhmm)
I think this is the part where I'm supposed to say something good
To compensate it so it doesn't come off bad
But sometimes I think really bad things
Really, really, really bad things
And I love myself way more than I love you
See, if I was trying to relate it to more people
I'd probably say I'm struggling with loving myself
Because that seems like a common theme
But that's not the case here
I love myself way more than I love you
And I think about killing myself
So, best believe, I thought about killing you today
Premeditated murder
I called up my loved ones, I called up my cousins
I called up the Muslims, said I'm 'bout to go dumb
Get so bright it's no sun, get so loud I hear none
Screamed so loud got no lungs, hurt so bad, I go numb
Time to bring in the drums, that prrt-pum-pum-pum
Set the Newtone on 'em, set the nuke off on 'em
I need coconut rum, I taste coke on her tongue
I don't joke with no one, they'll say, "He died so young"
I done had a bad case of too many bad days
Got too many bad traits
Used the floor for ashtrays
I don't do shit halfway, I'ma clear the cache
I'ma make my name last, put that on my last name
It's a different type of rules that we obey
Ye, Ye, Ye season, nigga, we obey
We was all born to die, nigga DOA
Niggas say they hero, mm, I don't see no cape
Mm, I don't see no, mm, yeah, I don't see no, mm, mm
If I wasn't signed to so hard, wouldn't be no shade
Buckwheat ass nigga, it's 'gon be otay
Young nigga shit, nigga, we don't age
I thought I was past my Deebo ways
Even when I went broke, I ain't break
How you gon' hate? Nigga, we go way back
To when I had the braids and you had the wave cap
Drop a pimp of the fade and I'm on my way ASAP
Don't get socked in the mouth, you know homie don't play that
Pay the fire marshal bill 'cause this shit done got way packed
They wanna see me go ape (ape, ape)
All you gotta do is speak on Ye
All you gotta do is speak on Ye
Don't get your tooth chipped like Frito-Lay
I called up the Muslims, said I'm 'bout to go dumb
Get so bright it's no sun, get so loud I hear none
Screamed so loud got no lungs, hurt so bad, I go numb
Time to bring in the drums, that prrt-pum-pum-pum
Set the Newtone on 'em, set the nuke off on 'em
I need coconut rum, I taste coke on her tongue
I don't joke with no one, they'll say, "He died so young"
I done had a bad case of too many bad days
Got too many bad traits
Used the floor for ashtrays
I don't do shit halfway, I'ma clear the cache
I'ma make my name last, put that on my last name
It's a different type of rules that we obey
Ye, Ye, Ye season, nigga, we obey
We was all born to die, nigga DOA
Niggas say they hero, mm, I don't see no cape
Mm, I don't see no, mm, yeah, I don't see no, mm, mm
If I wasn't signed to so hard, wouldn't be no shade
Buckwheat ass nigga, it's 'gon be otay
Young nigga shit, nigga, we don't age
I thought I was past my Deebo ways
Even when I went broke, I ain't break
How you gon' hate? Nigga, we go way back
To when I had the braids and you had the wave cap
Drop a pimp of the fade and I'm on my way ASAP
Don't get socked in the mouth, you know homie don't play that
Pay the fire marshal bill 'cause this shit done got way packed
They wanna see me go ape (ape, ape)
All you gotta do is speak on Ye
All you gotta do is speak on Ye
Don't get your tooth chipped like Frito-Lay
Compositores: Kanye West / Francis Farewell Starlite / Mike Dean / Benny Blanco
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domingo, 17 de junho de 2018
«O meu país é um país que não reconhece o verdadeiro valor, não gratifica a excelência, e mal suspeita de alguma coisa original, logo, estranha, esmaga-a. Camões morreu pobre e desolado. Provavelmente sem ter tido sequer a sorte de ter tido um único amigo, como eu tive. O Pessoa, que viveu de quarto em quarto, foi morrer com o fígado trespassado a um hospital com nome de santo francês que está no Bairro Alto e, ao que se diz, a última frase que lhe se ouviu foi em inglês que a disse I do not know what tomorrow will bring, para tirar as dúvidas a quem as tivesse. O Ruy Belo, um magnífico poeta, foi um herói desprezado primeiro pela academia fascista e, depois, pela academia democrática. O Ruy Cinatti, um poeta entre os maiores, enlouqueceu com a revolução dos medíocres e presumidos cravos, que entretanto desapareceram como espécie. Eu só não me deixei esmagar porque não tenho valor algum em particular, nunca tendo chegado a ser o que queria (…) [“Espécie de Amor”, 2014]»
Pedro Paixão
''Uma pessoa pode salvar-te. Uma multidão esmaga-te, deixa-te morrer.''
Pedro Paixão, entrevista ao Observador
quarta-feira, 13 de junho de 2018
«Leiam o Agamemnon e vejam se, com o tempo, as vossas simpatias não vão quase inteiramente para Clitemenestra. Ou então considerem a vida conjugal dos Carlyles e lamentem o desperdício, a futilidade, para ele como para ela, da terrível tradição doméstica que julgava conveniente gastar o tempo de uma mulher genial a dar caça às baratas e a arear panelas, em vez de o aproveitar a escrever livros.»
Ensaios de Virginia Wolf. O Momento Total. Organização e Introdução de Luísa M.ª Rodrigues Flora. Ulmeiro Universidade, p. 65
''bagatelas artificiosas''
Ensaios de Virginia Wolf. O Momento Total. Organização e Introdução de Luísa M.ª Rodrigues Flora. Ulmeiro Universidade, p. 44
''mediocridade irreligiosa''
Ensaios de Virginia Wolf. O Momento Total. Organização e Introdução de Luísa M.ª Rodrigues Flora. Ulmeiro Universidade, p. 44
«Nós não vemos a vida - vemos um instante da
vida. Atrás de nós a vida é infinita, adiante de nós a
vida é infinita. A primavera está aqui, mas atrás
deste ramo em flor houve camada de primaveras
de oiro, imensas primaveras extasiadas, e flores
desmedidas por trás desta flor minúscula. O tempo
não existe. O que eu chamo a vida é um elo, e o que
aí vem um tropel, um sonho desmedido que há-de
realizar-se. E nenhum grito é inútil, para que o
sonho vivo ande pelo seu pé. (...)
O mundo é um grito. Onde encontrar a harmo-
nia e a calma neste turbilhão infinito e perpétuo,
neste movimento atroz? O mundo é um sonho sem
um segundo de paz. A dor gera dor num desespero
sem limites.
Eu não sou nada. Sou um minuto e a eterni-
dade. Sou os mortos. Não me desligo disto - nem
do crime, nem da pedra, nem da voragem. Sou o
espanto aos gritos.
RAÚL BRANDÃO, Húmus
« Paro de escrever muitas vezes. O mundo está em mau estado e eu sinto-me esmagada.»
Agnès Varda
Agnès Varda
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Agnès Varda,
cineasta,
fotógrafa belga
terça-feira, 12 de junho de 2018
''O público em 1910 foi atirado para paroxismos de cólera e de riso. Iam de Cézanne a Gauguin e de Gauguin a Van Gogh, iam de Picasso a Signac e de Derain a Friesz e enraiveciam. Os quadros eram uma brincadeira e uma brincadeira feita à sua medida.»
Ensaios de Virginia Wolf. O Momento Total. Organização e Introdução de Luísa M.ª Rodrigues Flora. Ulmeiro Universidade, p. 13
Ensaios de Virginia Wolf. O Momento Total. Organização e Introdução de Luísa M.ª Rodrigues Flora. Ulmeiro Universidade, p. 13
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