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quarta-feira, 13 de junho de 2018

«Nós não vemos a vida - vemos um instante da
vida. Atrás de nós a vida é infinita, adiante de nós a
vida é infinita. A primavera está aqui, mas atrás
deste ramo em flor houve camada de primaveras
de oiro, imensas primaveras extasiadas, e flores
desmedidas por trás desta flor minúscula. O tempo
não existe. O que eu chamo a vida é um elo, e o que
aí vem um tropel, um sonho desmedido que há-de
realizar-se. E nenhum grito é inútil, para que o
sonho vivo ande pelo seu pé. (...)
   O mundo é um grito. Onde encontrar a harmo-
nia e a calma neste turbilhão infinito e perpétuo,
neste movimento atroz? O mundo é um sonho sem
um segundo de paz. A dor gera dor num desespero
sem limites.

   Eu não sou nada. Sou um minuto e a eterni-
dade. Sou os mortos. Não me desligo disto - nem
do crime, nem da pedra, nem da voragem. Sou o
espanto aos gritos.

RAÚL BRANDÃO, Húmus

domingo, 18 de dezembro de 2016

"Ponho o ouvido à escuta de encontro ao mundo, ouço-me para dentro, para surpreender as coisas fundamentais que ele me ordena e são duas ou três simples, de instinto e ferocidade.
E além disso outra coisa imensa - que não existe.
Como te chamas tu? E tu, dor, como te chamas?"


-"Húmus"
- Raúl Brandão

domingo, 21 de outubro de 2012

 
«Fui sempre ridículo, mas nem sempre me senti ridículo.»
 
 
Raúl Brandão. O Doido e a Morte. Edição de A «Renascença Portuguesa», Porto, 1923., p. 157
«De resto o que é a loucura e o que é o juízo? Simples pontos de vista e mais nada. O doido pode seguir à vontade o seu sonho, sem que ninguém se meta com ele. Tem quem lhe dê de comer, de vestir e calçar nos manicómios.»
 
 
Raúl Brandão. O Doido e a Morte. Edição de A «Renascença Portuguesa», Porto, 1923., p. 153
«O doido diz tudo quanto lhe passa pela cabeça. (E continuando a falar impertubável faz-lhe sinal que volte para trás e aproxima o dedo da campainha.) Ninguém estranha.
    O doido pode andar de chinelos de ourelo pelo Chiado. Quem tem juízo vive constrangido e está sujeito a mil complicações.»
 
 
 
 
«Raúl Brandão. O Doido e a Morte. Edição de A «Renascença Portuguesa», Porto, 1923., p. 152/3
«Aqui jaz um homem de génio que não teve tempo de se revelar.»
 
 
Raúl Brandão. O Doido e a Morte. Edição de A «Renascença Portuguesa», Porto, 1923., p. 149

«Saiba morrer quem viver não soube.»

Raúl Brandão. O Doido e a Morte. Edição de A «Renascença Portuguesa», Porto, 1923., p. 147

terça-feira, 16 de outubro de 2012


«...Que distância há entre o homem e o homem? entre o homem correcto, o homem de todos os dias e o homem capaz de cometer um crime?...»


Raúl Brandão. O Rei Imaginário. Monólogo..Edição de A «Renascença Portuguesa», Porto, 1923., p. 125

«É estranho o que se passa na alma em certos momentos. Estranho e horrível. Uma coisa imunda começa a falar, a pregar, a obrigar-nos a fazer aquilo a que não nos supúnhamos destinados...Julgar? mas julgar o quê?...O homem que tu és? ou o homem que está por detrás de ti? Julgar-te! julgar uma alma! Uma alma!...Foi talvez por isso que Aquele que sabemos disse um dia: - Não julgarás! (...)»


Raúl Brandão. O Rei Imaginário. Monólogo..Edição de A «Renascença Portuguesa», Porto, 1923., p. 124/5

domingo, 14 de outubro de 2012


Sofia
Para o que a gente nasce!...Só para sofrer.


Candidinha
Só! Quem é pobre é para o que nasce. Depois vem a velhice e ainda é pior. E se a gente pede pão dão-nos escárnio.

Raúl Brandão. O Gebo e a Sombra.Edição de A «Renascença Portuguesa», Porto, 1923., p. 106
«...Tenho o coração negro como a noite...É uma coisa tão funda que não sei donde vem.»

Raúl Brandão. O Gebo e a Sombra.Edição de A «Renascença Portuguesa», Porto, 1923., p. 100

«Neste mundo onde se grita, ninguém ouve os gritos dos que sofrem?»

Raúl Brandão. O Gebo e a Sombra.Edição de A «Renascença Portuguesa», Porto, 1923., p. 93
 
«Há duas noites que não durmo. Que reflicto e comparo...A nossa vida humilde, fazendo todos os dias as mesmas coisas talvez inúteis, é a vida? A resignação é a vida? É a pobreza e a desgraça - ou há outra vida?»






Raúl Brandão. O Gebo e a Sombra.Edição de A «Renascença Portuguesa», Porto, 1923., p. 91

Sofia, num grito abafado.
Nenhum de nós se conhece. Nenhum de nós se conhece! Temos aqui vivido há muitos anos dominados por uma sombra. Eu já não posso mais!...

Gebo
Filha!

Sofia
Tenho-lhe medo! Tenho-me medo! Antes o não tornasse a ver! O seu coração pôs-se pedra. De noite acorda aos gritos e o seu riso gela-me.

Gebo
Oh!

Sofia
Se o pai visse como eu o vejo!...Se o ouvisse!...



Raúl Brandão. O Gebo e a Sombra.Edição de A «Renascença Portuguesa», Porto, 1923., p. 90

João

«Que te posso eu dizer da minha vida e de mim mesmo que tu entendas?»



Raúl Brandão. O Gebo e a Sombra.Edição de A «Renascença Portuguesa», Porto, 1923., p. 73

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

«(....) Gastou-se a sonhar, gastou-se a sofrer.»

Raúl Brandão. O Gebo e a Sombra.Edição de A «Renascença Portuguesa», Porto, 1923., p. 41

Gebo

Todas as vidas são assim.

Doroteia

Mas tão monótona, tão fria que me pesa! Às vezes não sei se estou viva se estou morta. Às vezes nem o sonho que sonho me é possível. Está no fio.



Raúl Brandão. O Gebo e a Sombra.Edição de A «Renascença Portuguesa», Porto, 1923., p. 38

segunda-feira, 1 de outubro de 2012


»(...) quantas vezes me tenho lembrado de morrer.»



Raúl Brandão. O Gebo e a Sombra.Edição de A «Renascença Portuguesa», Porto, 1923., p. 31
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