«Majestoso Oceano, vela errante das minhas esperanças - cada vaga com o seu mistério e cada quadrante com a sua barragem de nuvens - tu sabes como eu sou frágil e inquieto!»
Joaquim Manso. Pedras para a Construção dum Mundo. Livraria Bertrand, Lisboa., p. 13
quarta-feira, 11 de abril de 2018
segunda-feira, 9 de abril de 2018
A RAPARIGA
Falsas são as palavras que escrevo,
Que de verdade só têm o significado em si mesmo,
Aquele que não diz coisa alguma.
Assim passo os dias e as noites,
A inventar o tempo nesta altitude desmarcada.
Da janela do meu quarto ouço a vida a passar,
Barulhenta e impaciente, para chegar não sei onde,
Sempre a esta hora, às mesmas cores que vestem
o céu.
Aqui do alto só assomo telhados
Enquanto a vida, sei, corre lá em baixo
Mas nunca corri com ela.
Apenas a janela me dá alguma luz
Não durmo, nunca durmo,
Não por causa do brilho do dia ou da noite,
Porque não me canso de imaginar para além desta claridade.
Por isso finjo que sou escritora e poeta
E me contento a desenhar letra a letra
Sem narrar estória alguma.
Do nascer do sol ao lusco-fusco,
E à noite, sempre que a lua é generosa,
Verso coisa nenhuma sem certeza do que busco.
Susana Manteigas Sócia da ADEB nº 4190
Falsas são as palavras que escrevo,
Que de verdade só têm o significado em si mesmo,
Aquele que não diz coisa alguma.
Assim passo os dias e as noites,
A inventar o tempo nesta altitude desmarcada.
Da janela do meu quarto ouço a vida a passar,
Barulhenta e impaciente, para chegar não sei onde,
Sempre a esta hora, às mesmas cores que vestem
o céu.
Aqui do alto só assomo telhados
Enquanto a vida, sei, corre lá em baixo
Mas nunca corri com ela.
Apenas a janela me dá alguma luz
Não durmo, nunca durmo,
Não por causa do brilho do dia ou da noite,
Porque não me canso de imaginar para além desta claridade.
Por isso finjo que sou escritora e poeta
E me contento a desenhar letra a letra
Sem narrar estória alguma.
Do nascer do sol ao lusco-fusco,
E à noite, sempre que a lua é generosa,
Verso coisa nenhuma sem certeza do que busco.
Susana Manteigas Sócia da ADEB nº 4190
domingo, 8 de abril de 2018
quarta-feira, 4 de abril de 2018
terça-feira, 3 de abril de 2018
Love Interruption
I want love to: roll me over slowly,
Stick a knife inside me, and twist it all around.
I want love to: grab my fingers gently,
Slam them in a doorway, Put my face into the ground.
I want love to: murder my own mother,
Take her off to somewhere, like hell, or up above.
And I want love to: change my friends to enemies,
Change my friends to enemies, and show me how it's all my fault.
And I won't let love disrupt, corrupt or interrupt me
I won't let love disrupt, corrupt or interrupt me
Yeah I won't let love disrupt, corrupt or interrupt me, anymore.
I want love to: walk right up and bite me,
Grab a hold of me and fight me, leave me dying on the ground.
I want love to: split my mouth wide open,
And cover up my ears and never let me hear a sound
I want love to: forget that you offended me,
Or how you have defended me when everybody tore me down
Yeah and I want love to: change my friends to enemies,
Change my friends to enemies, and show me how it's all my fault.
Yeah I won't let love disrupt, corrupt or interrupt me
I won't let love disrupt, corrupt or interrupt me
Yeah I won't let love disrupt, corrupt or interrupt me, anymore.
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segunda-feira, 2 de abril de 2018
sábado, 31 de março de 2018
« a imprevisível presença de Deus em todas as coisas.»
Vicente Gaos. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 437
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«Só em algumas tardes acontece
que Deus é evidente.»
Vicente Gaos. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 437
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«Não te afastes de mim, vem cada dia
tornar-me triste, tornar-me homem, filho teu.»
Vicente Gaos. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 437
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versos soltos
«Solitária te vejo,
insone, submissamente orgulhosa,
quase infinita, menina quase
alheia à impaciência
com que os séculos descansam sem frenesim em teu vulto.»
Vicente Gaos. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 436
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«Dá-me a morte, oh Deus, dá-me o teu Nada,»
Vicente Gaos. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 434
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(...)
«Olhar-te-ei outra vez com olhar de homem
e sentado a teu lado voltarei a estar triste
porque não se abrem em nós ditosamente as rosas que dormem a sonhar
[com beijos,»
Ricardo Molina. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 430
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SESTA
Sangue de um deus resplandece nos lábios que cantam.
Um grito roxo de violeta endurece as pernas
dos que pisam asas cativas na terra abrasada.
Pedra e céu confundem sua deslumbrante pulsação
no duplo furor desta hora de Pã. A alma,
luminoso pólen do corpo floral, estala.
A formosura espera que alguém rendido a adore.
A música demora no sangue seus rios harmoniosos.
De sol em sol, de céu em céu, precipita-se soberba
a nebulosa potência do animal no cio.
Eternidade fulgurante cintila no instante nu.
A terra entreabre seus lábios nos vales escondidos.
As coxas da água abrem-se em rochas enamoradas
e sua lascívia espalha escândalo de reflexos e espumas.
Aguda fragrância de virgem plana aérea
sobre o ouro ondulante dos gramíneos prados.
Oh sedução dispersa pela solidão acesa!
O fauno vagabundo que suspira pelo vento
com viril ofego aviva o fogo azul
que o céu esparge, seminal, sobre o mundo.
Ditosa angústia faz ranger furiosos, tensos,
rígidos seres percorridos por sagrada energia.
Os irritados deuses da carne erguem-se, gloriosos,
e tudo subjugam à sua solar potência meridiana.
Ricardo Molina. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 429
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VIDA SILENCIOSA
Da vida silenciosa das plantas
aprendo esquecimento. Ao céu
ergue o lódão seus ramos gementes
de rouxinóis.
Detenho-me um instante. A memória
adormece à sombra. De minha vida
passado nada quero, imagem vã
que foge como a água.
Na tarde outras tardes aprofundam
esta hora. O sossego que me invade
não altera minha mágoa.
Talvez a eternize. Tudo morre?
Morrerá minha dor?A minha vida
aparece-me agora como ânsia
frustrada de beleza.
Claro lódão,
eleva entre os teus ramos lamentosos
meu coração silencioso até à lua.
Ricardo Molina. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 428/9
aprendo esquecimento. Ao céu
ergue o lódão seus ramos gementes
de rouxinóis.
Detenho-me um instante. A memória
adormece à sombra. De minha vida
passado nada quero, imagem vã
que foge como a água.
Na tarde outras tardes aprofundam
esta hora. O sossego que me invade
não altera minha mágoa.
Talvez a eternize. Tudo morre?
Morrerá minha dor?A minha vida
aparece-me agora como ânsia
frustrada de beleza.
Claro lódão,
eleva entre os teus ramos lamentosos
meu coração silencioso até à lua.
Ricardo Molina. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 428/9
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«Ao vosso amor eu dou quanto em mim ama.»
Ricardo Molina. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 428
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“Um país sem cultura não é um país, é uma área mal ocupada”
Nuno Lopes na gala dos Prémios Sophia 2018
sexta-feira, 30 de março de 2018
quarta-feira, 28 de março de 2018
domingo, 25 de março de 2018
domingo, 18 de março de 2018
E se me entrego às imagens do espelho
ou da água, tendo no fundo o céu,
não pensem que me apaixonei por mim.
Não; bom é ver-se no espaço diáfano
do mundo, coisa entre coisas que há
no lume do espelho, fora de si:
peixe entre peixes, pássaro entre pássaros,
um dia passo inteiro para lá.
Antonio Cicero
ou da água, tendo no fundo o céu,
não pensem que me apaixonei por mim.
Não; bom é ver-se no espaço diáfano
do mundo, coisa entre coisas que há
no lume do espelho, fora de si:
peixe entre peixes, pássaro entre pássaros,
um dia passo inteiro para lá.
Antonio Cicero
«Whereas in the symbol destruction is idealized and the transfigured face of nature is fleetingly
revealed in the light of redemption, in allegory the observer is confronted with the facies hippocratica
[change produced in the countenance by death, long illness, hunger, etc.] of history as a petrified,
primordial landscape. (Benjamin 1977: 166) »
«Desse modo, a filosofia que negue a si própria a possibilidade de conhecer a verdade está, ipso facto, negando a si a própria potência. É importante que o faça, tanto para si própria quanto para a poesia, pois se esta constitui a afirmação radical e imanente do mundo fenomenal, imediato, aleatório, finito, aquela é o núcleo do empreendimento moderno de crítica radical e sistemática das ilusões e das ideologias que pretendem congelar ou cercear a vida e, consequentemente, congelar e cercear a própria poesia. (Idem: 129) »
"A Smooth Exit from Eternal Inflation"
físico Stephen Hawkings
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segunda-feira, 12 de março de 2018
''Pessoa escreveu um poema «O amor é que é essencial», datado de 5 de abril de 1935, onde
os seus versos falam do fenómeno amoroso como a consciência do fracasso:
O amor é que é essencial
O sexo é só um acidente.
Pode ser igual
Ou diferente.
O homem não é um animal:
É uma carne inteligente,
Embora às vezes doente. ''
O amor é que é essencial
O sexo é só um acidente.
Pode ser igual
Ou diferente.
O homem não é um animal:
É uma carne inteligente,
Embora às vezes doente. ''
domingo, 11 de março de 2018
Any reader can perform the written text of a poem, and indeed many poems need to be read out loud
in order to make tangible the rhythm and sound patterning. But a poet’s reading of her or his own
work has an entirely different authority. The poet’s performance, both live and recorded, poses an
arresting issue for poetry, for the differences among the alphabetic, grammaphonic, and live are not
so much ones of textual variance as of ontological condition.
(Bernstein 2009: 142)
(Bernstein 2009: 142)
Pissin' In A River
Pissing in a river, watching it rise
Tattoo fingers shy away from me
Voices voices mesmerize
Voices voices beckoning sea
Come come come come back come back
Come back come back come back
Spoke of a wheel, tip of a spoon
Mouth of a cave, I'm a slave I'm free
When are you coming ? Hope you come soon
Fingers, fingers encircling thee
Come come come come come come
Come come come come come come for me oh
My bowels are empty, excreting your soul
What more can I give you ? Baby I don't know
What more can I give you to make this thing grow?
Don't turn your back now, I'm talking to you
Should I pursue a path so twisted ?
Should I crawl defeated and gifted ?
Should I go the length of a river
[The royal, the throne, the cry me a river]
Everything I've done, I've done for you
Oh I give my life for you
Every move I made I move to you,
And I came like a magnet for you now
What about it, you're gonna leave me,
What about it, you don't need me,
What about it, I can't live without you,
What about it, I never doubted you
What about it ? What about it ?
What about it ? What about it ?
Should I pursue a path so twisted ?
Should I crawl defeated and gifted ?
Should I go the length of a river,
[The royal, the throne, the cry me a river]
What about it, what about it, what about it ?
Letra da música de Patti Smith: Pissin' In A River
Tattoo fingers shy away from me
Voices voices mesmerize
Voices voices beckoning sea
Come come come come back come back
Come back come back come back
Spoke of a wheel, tip of a spoon
Mouth of a cave, I'm a slave I'm free
When are you coming ? Hope you come soon
Fingers, fingers encircling thee
Come come come come come come
Come come come come come come for me oh
My bowels are empty, excreting your soul
What more can I give you ? Baby I don't know
What more can I give you to make this thing grow?
Don't turn your back now, I'm talking to you
Should I pursue a path so twisted ?
Should I crawl defeated and gifted ?
Should I go the length of a river
[The royal, the throne, the cry me a river]
Everything I've done, I've done for you
Oh I give my life for you
Every move I made I move to you,
And I came like a magnet for you now
What about it, you're gonna leave me,
What about it, you don't need me,
What about it, I can't live without you,
What about it, I never doubted you
What about it ? What about it ?
What about it ? What about it ?
Should I pursue a path so twisted ?
Should I crawl defeated and gifted ?
Should I go the length of a river,
[The royal, the throne, the cry me a river]
What about it, what about it, what about it ?
Letra da música de Patti Smith: Pissin' In A River
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PICASSO A RIR
bloco-notas
amor divino é assim.
invisível.
bloco-notas
novembro 1. dia de todos os santos. rimbaud-o. vai pró diabo. picasso sabe. foda-se como ele realmente sabia! por onde andará ele agora?
bloco-notas
picasso sai-se com esta: quando ele morrer que ninguém diga nada.
deixem que a vida continue a mover-se como um mito.
até que de súbito alguém toque um sino. depois de uma diz porque porque é que é maior que um século.
ou mais perfeitamente dois séculos.
diário. domingo. 8 abril, 1973.
picasso morre.
abril é o mais cruel dos meses etc. que fica?
os ossos de brian jones. amigo de jim morrison. o lenço estampado
de jimi hendrix. anjo de tira de couro. a grinalda de garland.
o colarinho engomado de baudelaire. o gorro
escultural de voltaire. o elmo dos cruzados como um templo em si. a mala de rimbaud. o seu membro artificial genuflecte. espaço surrealista. o cérebro de pássaro de brancusi.
cocaína superfície lisa. o espelho de mão de carole lombard. p spbretudo de rothko, o negro vestido de malha de piaf. fotografias. picasso a rir. picasso a dançar. picasso a pescar. picasso a andar de cadillac. um desgosto uma pincelada. a luz delizando através da janela da vivenda. o sol a nascer e a pôr-se e a dormir em limpos lençóis brancos impecavelmente dobrados e
a camisa de picasso com o colarinho em forma de barco
witt.
tradução de alexandre vargas
sábado, 10 de março de 2018
« a verde sombra que na boca treme.»
Ricardo Molina. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 427
«Apagai a inquietude da minha alma,»
Ricardo Molina. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 425
«Onde está Blas de Otero? Está morto, com os olhos abertos.»
Blas de Otero. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 420
«lenta e só, ia a minha alma»
Blas de Otero. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 419
Lover had to leave me
Cross the desert plain
Turned to me, his lady
Tells me "lover wait"
Cross the desert plain
Turned to me, his lady
Tells me "lover wait"
Calling Jesus, please
Send his love to me
Send his love to me
Oh, wind and rain may haunt me
Look to the north and pray
Send me, please, his kisses
Send them home today
Look to the north and pray
Send me, please, his kisses
Send them home today
I'm begging Jesus, please
Send his love to me
Send his love to me
Left alone in desert
This house becomes a hell
This love becomes a tether
This room becomes a cell
This house becomes a hell
This love becomes a tether
This room becomes a cell
Mummy, Daddy, please
Send him back to me
Send him back to me
How long must I suffer?
Dear God, I've served my time
This love becomes my torture
This love, my only crime
Dear God, I've served my time
This love becomes my torture
This love, my only crime
Oh lover please release me
My arms too weak to grip
My eyes to dry for weeping
My lips too dry to kiss
My arms too weak to grip
My eyes to dry for weeping
My lips too dry to kiss
Calling Jesus, please
Send his love to me
Send his love to me
I'm begging Jesus, please
Send his love to me
Send his love to me
Compositores: Polly Harvey
Letras de Send His Love to Me © Sony/ATV Music Publishing LLC
Artista: PJ Harvey
Álbum: To Bring You My Love
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PJ Harvey
Is This Desire?
PJ HARVEY
IS THIS DESIRE?
(ISLAND)
Released: September 1998
Described in 2004 by Polly as "a very, very difficult, difficult record to make and still one I find very difficult to listen to, but probably my favorite record that I've made because it had a lot of guts," Is This Desire? again found Polly working with co-producer Flood and, this time, Head. It was recorded between the spring of 1997 and spring of 1998 and produced two officially released singles - "A Perfect Day Elise" and "The Wind."
Polly has also said of the album: "I do think Is This Desire? is the best record I ever made—maybe ever will make—and I feel that that was probably the highlight of my career. I gave 100 per cent of myself to that record. Maybe that was detrimental to my health at the same time."
____________________
A PONTO DE CAIR
Nada é tão necessário ao homem como um pouco de mar
e uma orla de esperança para além da morte,
é tudo o que preciso e talvez um par de asas
abertas no capítulo primeiro da carne.
Não sei como dizê-lo, com que cara
trocar-me por um anjo dos anteriores à terra,
quebraram-se-me os braços de tanto lhes dar corda
dizei-me o que farei agora, que horas são, se ainda há tempo,
é preciso que suba a mudar-me, que me arrependa sem perder uma lágrima,
uma apenas, uma lágrima órfã,
por favor, dizei-me qual a hora das lágrimas,
sobretudo a das lágrimas sem nada mais que pranto
e pranto ainda e para sempre.
Nada é tão necessário ao homem como um par de lágrimas
prontas a cair no desespero.
Blas de Otero. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 411
e uma orla de esperança para além da morte,
é tudo o que preciso e talvez um par de asas
abertas no capítulo primeiro da carne.
Não sei como dizê-lo, com que cara
trocar-me por um anjo dos anteriores à terra,
quebraram-se-me os braços de tanto lhes dar corda
dizei-me o que farei agora, que horas são, se ainda há tempo,
é preciso que suba a mudar-me, que me arrependa sem perder uma lágrima,
uma apenas, uma lágrima órfã,
por favor, dizei-me qual a hora das lágrimas,
sobretudo a das lágrimas sem nada mais que pranto
e pranto ainda e para sempre.
Nada é tão necessário ao homem como um par de lágrimas
prontas a cair no desespero.
Blas de Otero. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 411
sexta-feira, 9 de março de 2018
« não há forma de morrer que não nos gele »
Blas de Otero. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 410
«Ser - e não ser - eternos, fugitivos.»
Blas de Otero. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 408
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verso solto
*
Toma o meu escuro anel imemorial.
Minha armadura desfeita desfaz-se
e de suas muralhas mortas saem fogos
azuis, Brownyn; posso vê-los, tremem.
Tiro a luva de ferro, sou teu servo.
O mar que me acompanha por um mar
de sombra desfaz-se no vazio.
Estou cansado de estar morto e ser.
Juan-Eduardo Cirlot. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 404
Toma o meu escuro anel imemorial.
Minha armadura desfeita desfaz-se
e de suas muralhas mortas saem fogos
azuis, Brownyn; posso vê-los, tremem.
Tiro a luva de ferro, sou teu servo.
O mar que me acompanha por um mar
de sombra desfaz-se no vazio.
Estou cansado de estar morto e ser.
Juan-Eduardo Cirlot. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 404
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«Dentro do coração está a morte »
Juan-Eduardo Cirlot. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 404
A claridade
do afilado desce até às flores.
Os relevos parecem pensamentos.
Juan-Eduardo Cirlot. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 402
do afilado desce até às flores.
Os relevos parecem pensamentos.
Juan-Eduardo Cirlot. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 402
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«Minha cabeça não humana debruça-se à janela;»
Juan-Eduardo Cirlot. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 399
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''tranças de papel''
Juan-Eduardo Cirlot. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 399
« insisto em minha oração sem esperança. »
Juan-Eduardo Cirlot. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 399
«Inúteis a flor e o pensamento »
Juan-Eduardo Cirlot. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 398
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O SALMO DO MEU DEUS
Sobre as pontes verdes que há no céu dos céus
sobre o aço vivo que amargura inclina
sobre os aterrados rebanhos de leões
sobre as catedrais solenes do deserto
Vem um doce rebanho de cordeiros azuis.
Sobre os templos vermelhos ébrios de laranjas
sobre os píncaros duros de lábios e de espigas
sobre os aquedutos adormecidos no ar
sobre as repentinas orquestras do martírio
Vem um doce rebanho de cordeiros azuis.
Sobre as frontes rasgadas, sobre as mãos destroçadas
sobre as noites profundas que uivam como hienas
sobre os peitos ressequidos, os olhos sem pupilas
sobre os vales pardacentos sem sinos e sem torres
Vem um doce rebanho de cordeiros azuis.
Sobre o amor desfeito, suas frontes demolidas
são pedras inflamadas, suas dálias e estilhaços
sobre os surdos mares sem peixe e sem cânticos
sobre o sal furioso e seu mundo de alfinetes.
Vem um rebanho santo de cordeiros azuis.
Sobre a linha morta do pálido horizonte
sobre os detritos rudes de beijos ou de entranhas
sobre as canções apagadas do túmulo
sobre um enxofre negro de rosas destruídas
Vem um doce rebanho de cordeiros azuis.
Sobre o lago mais ermo e sua estrela inacessível
sobre a praia aberta ou seu grito mais distante
sobre o incêndio eterno da árvore eleita
sobre o diamante gélido e o seu gume a ferver
Vem um rebanho santo de cordeiros azuis.
Jahvé, minha voz de sangue, minha voz desamparada
minha voz feita de fogo tomada de teu espaço
as figueiras escrespa de meus queimados punhos!
Jahvé, minha voz ergue-se a chamar-te com cantos!
E as harpas radiantes agrupam seus cabelos
ao derramar as águas de suas luzes rápidas.
E as longas trombetas de prata, sobem
sobre as pontes verdes que há no céu dos céus
Porque sobre as vinhas, os fornos e os louros,
porque sobre as oliveiras, os gritos, os machados,
porque sobre o azeite, a farinha e a tristeza
porque sobre as negras bandeiras do soluço
Do soluço ou do raio, do tigre enfurecido
pelos brancos jardins do abrasado espaço
e seus caminhos certos de ausência ou de esperança
e suas altas margens que rugem como espadas
Vem um lento rebanho de cordeiros azuis.
Juan-Eduardo Cirlot. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 395
sobre o aço vivo que amargura inclina
sobre os aterrados rebanhos de leões
sobre as catedrais solenes do deserto
Vem um doce rebanho de cordeiros azuis.
Sobre os templos vermelhos ébrios de laranjas
sobre os píncaros duros de lábios e de espigas
sobre os aquedutos adormecidos no ar
sobre as repentinas orquestras do martírio
Vem um doce rebanho de cordeiros azuis.
Sobre as frontes rasgadas, sobre as mãos destroçadas
sobre as noites profundas que uivam como hienas
sobre os peitos ressequidos, os olhos sem pupilas
sobre os vales pardacentos sem sinos e sem torres
Vem um doce rebanho de cordeiros azuis.
Sobre o amor desfeito, suas frontes demolidas
são pedras inflamadas, suas dálias e estilhaços
sobre os surdos mares sem peixe e sem cânticos
sobre o sal furioso e seu mundo de alfinetes.
Vem um rebanho santo de cordeiros azuis.
Sobre a linha morta do pálido horizonte
sobre os detritos rudes de beijos ou de entranhas
sobre as canções apagadas do túmulo
sobre um enxofre negro de rosas destruídas
Vem um doce rebanho de cordeiros azuis.
Sobre o lago mais ermo e sua estrela inacessível
sobre a praia aberta ou seu grito mais distante
sobre o incêndio eterno da árvore eleita
sobre o diamante gélido e o seu gume a ferver
Vem um rebanho santo de cordeiros azuis.
Jahvé, minha voz de sangue, minha voz desamparada
minha voz feita de fogo tomada de teu espaço
as figueiras escrespa de meus queimados punhos!
Jahvé, minha voz ergue-se a chamar-te com cantos!
E as harpas radiantes agrupam seus cabelos
ao derramar as águas de suas luzes rápidas.
E as longas trombetas de prata, sobem
sobre as pontes verdes que há no céu dos céus
Porque sobre as vinhas, os fornos e os louros,
porque sobre as oliveiras, os gritos, os machados,
porque sobre o azeite, a farinha e a tristeza
porque sobre as negras bandeiras do soluço
Do soluço ou do raio, do tigre enfurecido
pelos brancos jardins do abrasado espaço
e seus caminhos certos de ausência ou de esperança
e suas altas margens que rugem como espadas
Vem um lento rebanho de cordeiros azuis.
Juan-Eduardo Cirlot. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 395
terça-feira, 6 de março de 2018
DEBAIXO
«Não me busques debaixo deste sangue desnudo
debaixo desta tenda que canta docemente.
Não me busques já nunca, não me busques já nunca.»
Juan-Eduardo Cirlot. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 394
debaixo desta tenda que canta docemente.
Não me busques já nunca, não me busques já nunca.»
Juan-Eduardo Cirlot. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 394
«mas o abismo do homem possui outra violência
com que exprimir o sangue que lhe invade a paisagem.»
Juan-Eduardo Cirlot. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 394
Etiquetas:
excerto,
poesia,
versos soltos
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