A RAPARIGA
Falsas são as palavras que escrevo,
Que de verdade só têm o significado em si mesmo,
Aquele que não diz coisa alguma.
Assim passo os dias e as noites,
A inventar o tempo nesta altitude desmarcada.
Da janela do meu quarto ouço a vida a passar,
Barulhenta e impaciente, para chegar não sei onde,
Sempre a esta hora, às mesmas cores que vestem
o
céu.
Aqui do alto só assomo telhados
Enquanto a vida, sei, corre lá em baixo
Mas nunca corri com ela.
Apenas a janela me dá alguma luz
Não durmo, nunca durmo,
Não por causa do brilho do dia ou da noite,
Porque não me canso de imaginar para além desta
claridade.
Por isso finjo que sou escritora e poeta
E me contento a desenhar letra a letra
Sem narrar estória alguma.
Do nascer do sol ao lusco-fusco,
E à noite, sempre que a lua é generosa,
Verso coisa nenhuma sem certeza do que busco.
Susana Manteigas
Sócia da ADEB nº 4190
segunda-feira, 9 de abril de 2018
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