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sábado, 31 de março de 2018
« a imprevisível presença de Deus em todas as coisas.»
Vicente Gaos. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 437
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«Só em algumas tardes acontece
que Deus é evidente.»
Vicente Gaos. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 437
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«Não te afastes de mim, vem cada dia
tornar-me triste, tornar-me homem, filho teu.»
Vicente Gaos. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 437
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«Solitária te vejo,
insone, submissamente orgulhosa,
quase infinita, menina quase
alheia à impaciência
com que os séculos descansam sem frenesim em teu vulto.»
Vicente Gaos. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 436
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«Dá-me a morte, oh Deus, dá-me o teu Nada,»
Vicente Gaos. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 434
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(...)
«Olhar-te-ei outra vez com olhar de homem
e sentado a teu lado voltarei a estar triste
porque não se abrem em nós ditosamente as rosas que dormem a sonhar
[com beijos,»
Ricardo Molina. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 430
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SESTA
Sangue de um deus resplandece nos lábios que cantam.
Um grito roxo de violeta endurece as pernas
dos que pisam asas cativas na terra abrasada.
Pedra e céu confundem sua deslumbrante pulsação
no duplo furor desta hora de Pã. A alma,
luminoso pólen do corpo floral, estala.
A formosura espera que alguém rendido a adore.
A música demora no sangue seus rios harmoniosos.
De sol em sol, de céu em céu, precipita-se soberba
a nebulosa potência do animal no cio.
Eternidade fulgurante cintila no instante nu.
A terra entreabre seus lábios nos vales escondidos.
As coxas da água abrem-se em rochas enamoradas
e sua lascívia espalha escândalo de reflexos e espumas.
Aguda fragrância de virgem plana aérea
sobre o ouro ondulante dos gramíneos prados.
Oh sedução dispersa pela solidão acesa!
O fauno vagabundo que suspira pelo vento
com viril ofego aviva o fogo azul
que o céu esparge, seminal, sobre o mundo.
Ditosa angústia faz ranger furiosos, tensos,
rígidos seres percorridos por sagrada energia.
Os irritados deuses da carne erguem-se, gloriosos,
e tudo subjugam à sua solar potência meridiana.
Ricardo Molina. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 429
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VIDA SILENCIOSA
Da vida silenciosa das plantas
aprendo esquecimento. Ao céu
ergue o lódão seus ramos gementes
de rouxinóis.
Detenho-me um instante. A memória
adormece à sombra. De minha vida
passado nada quero, imagem vã
que foge como a água.
Na tarde outras tardes aprofundam
esta hora. O sossego que me invade
não altera minha mágoa.
Talvez a eternize. Tudo morre?
Morrerá minha dor?A minha vida
aparece-me agora como ânsia
frustrada de beleza.
Claro lódão,
eleva entre os teus ramos lamentosos
meu coração silencioso até à lua.
Ricardo Molina. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 428/9
aprendo esquecimento. Ao céu
ergue o lódão seus ramos gementes
de rouxinóis.
Detenho-me um instante. A memória
adormece à sombra. De minha vida
passado nada quero, imagem vã
que foge como a água.
Na tarde outras tardes aprofundam
esta hora. O sossego que me invade
não altera minha mágoa.
Talvez a eternize. Tudo morre?
Morrerá minha dor?A minha vida
aparece-me agora como ânsia
frustrada de beleza.
Claro lódão,
eleva entre os teus ramos lamentosos
meu coração silencioso até à lua.
Ricardo Molina. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 428/9
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«Ao vosso amor eu dou quanto em mim ama.»
Ricardo Molina. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 428
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sábado, 10 de março de 2018
A PONTO DE CAIR
Nada é tão necessário ao homem como um pouco de mar
e uma orla de esperança para além da morte,
é tudo o que preciso e talvez um par de asas
abertas no capítulo primeiro da carne.
Não sei como dizê-lo, com que cara
trocar-me por um anjo dos anteriores à terra,
quebraram-se-me os braços de tanto lhes dar corda
dizei-me o que farei agora, que horas são, se ainda há tempo,
é preciso que suba a mudar-me, que me arrependa sem perder uma lágrima,
uma apenas, uma lágrima órfã,
por favor, dizei-me qual a hora das lágrimas,
sobretudo a das lágrimas sem nada mais que pranto
e pranto ainda e para sempre.
Nada é tão necessário ao homem como um par de lágrimas
prontas a cair no desespero.
Blas de Otero. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 411
e uma orla de esperança para além da morte,
é tudo o que preciso e talvez um par de asas
abertas no capítulo primeiro da carne.
Não sei como dizê-lo, com que cara
trocar-me por um anjo dos anteriores à terra,
quebraram-se-me os braços de tanto lhes dar corda
dizei-me o que farei agora, que horas são, se ainda há tempo,
é preciso que suba a mudar-me, que me arrependa sem perder uma lágrima,
uma apenas, uma lágrima órfã,
por favor, dizei-me qual a hora das lágrimas,
sobretudo a das lágrimas sem nada mais que pranto
e pranto ainda e para sempre.
Nada é tão necessário ao homem como um par de lágrimas
prontas a cair no desespero.
Blas de Otero. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 411
sexta-feira, 9 de março de 2018
«Ser - e não ser - eternos, fugitivos.»
Blas de Otero. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 408
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*
Toma o meu escuro anel imemorial.
Minha armadura desfeita desfaz-se
e de suas muralhas mortas saem fogos
azuis, Brownyn; posso vê-los, tremem.
Tiro a luva de ferro, sou teu servo.
O mar que me acompanha por um mar
de sombra desfaz-se no vazio.
Estou cansado de estar morto e ser.
Juan-Eduardo Cirlot. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 404
Toma o meu escuro anel imemorial.
Minha armadura desfeita desfaz-se
e de suas muralhas mortas saem fogos
azuis, Brownyn; posso vê-los, tremem.
Tiro a luva de ferro, sou teu servo.
O mar que me acompanha por um mar
de sombra desfaz-se no vazio.
Estou cansado de estar morto e ser.
Juan-Eduardo Cirlot. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 404
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A claridade
do afilado desce até às flores.
Os relevos parecem pensamentos.
Juan-Eduardo Cirlot. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 402
do afilado desce até às flores.
Os relevos parecem pensamentos.
Juan-Eduardo Cirlot. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 402
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«Minha cabeça não humana debruça-se à janela;»
Juan-Eduardo Cirlot. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 399
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«Inúteis a flor e o pensamento »
Juan-Eduardo Cirlot. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 398
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O SALMO DO MEU DEUS
Sobre as pontes verdes que há no céu dos céus
sobre o aço vivo que amargura inclina
sobre os aterrados rebanhos de leões
sobre as catedrais solenes do deserto
Vem um doce rebanho de cordeiros azuis.
Sobre os templos vermelhos ébrios de laranjas
sobre os píncaros duros de lábios e de espigas
sobre os aquedutos adormecidos no ar
sobre as repentinas orquestras do martírio
Vem um doce rebanho de cordeiros azuis.
Sobre as frontes rasgadas, sobre as mãos destroçadas
sobre as noites profundas que uivam como hienas
sobre os peitos ressequidos, os olhos sem pupilas
sobre os vales pardacentos sem sinos e sem torres
Vem um doce rebanho de cordeiros azuis.
Sobre o amor desfeito, suas frontes demolidas
são pedras inflamadas, suas dálias e estilhaços
sobre os surdos mares sem peixe e sem cânticos
sobre o sal furioso e seu mundo de alfinetes.
Vem um rebanho santo de cordeiros azuis.
Sobre a linha morta do pálido horizonte
sobre os detritos rudes de beijos ou de entranhas
sobre as canções apagadas do túmulo
sobre um enxofre negro de rosas destruídas
Vem um doce rebanho de cordeiros azuis.
Sobre o lago mais ermo e sua estrela inacessível
sobre a praia aberta ou seu grito mais distante
sobre o incêndio eterno da árvore eleita
sobre o diamante gélido e o seu gume a ferver
Vem um rebanho santo de cordeiros azuis.
Jahvé, minha voz de sangue, minha voz desamparada
minha voz feita de fogo tomada de teu espaço
as figueiras escrespa de meus queimados punhos!
Jahvé, minha voz ergue-se a chamar-te com cantos!
E as harpas radiantes agrupam seus cabelos
ao derramar as águas de suas luzes rápidas.
E as longas trombetas de prata, sobem
sobre as pontes verdes que há no céu dos céus
Porque sobre as vinhas, os fornos e os louros,
porque sobre as oliveiras, os gritos, os machados,
porque sobre o azeite, a farinha e a tristeza
porque sobre as negras bandeiras do soluço
Do soluço ou do raio, do tigre enfurecido
pelos brancos jardins do abrasado espaço
e seus caminhos certos de ausência ou de esperança
e suas altas margens que rugem como espadas
Vem um lento rebanho de cordeiros azuis.
Juan-Eduardo Cirlot. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 395
sobre o aço vivo que amargura inclina
sobre os aterrados rebanhos de leões
sobre as catedrais solenes do deserto
Vem um doce rebanho de cordeiros azuis.
Sobre os templos vermelhos ébrios de laranjas
sobre os píncaros duros de lábios e de espigas
sobre os aquedutos adormecidos no ar
sobre as repentinas orquestras do martírio
Vem um doce rebanho de cordeiros azuis.
Sobre as frontes rasgadas, sobre as mãos destroçadas
sobre as noites profundas que uivam como hienas
sobre os peitos ressequidos, os olhos sem pupilas
sobre os vales pardacentos sem sinos e sem torres
Vem um doce rebanho de cordeiros azuis.
Sobre o amor desfeito, suas frontes demolidas
são pedras inflamadas, suas dálias e estilhaços
sobre os surdos mares sem peixe e sem cânticos
sobre o sal furioso e seu mundo de alfinetes.
Vem um rebanho santo de cordeiros azuis.
Sobre a linha morta do pálido horizonte
sobre os detritos rudes de beijos ou de entranhas
sobre as canções apagadas do túmulo
sobre um enxofre negro de rosas destruídas
Vem um doce rebanho de cordeiros azuis.
Sobre o lago mais ermo e sua estrela inacessível
sobre a praia aberta ou seu grito mais distante
sobre o incêndio eterno da árvore eleita
sobre o diamante gélido e o seu gume a ferver
Vem um rebanho santo de cordeiros azuis.
Jahvé, minha voz de sangue, minha voz desamparada
minha voz feita de fogo tomada de teu espaço
as figueiras escrespa de meus queimados punhos!
Jahvé, minha voz ergue-se a chamar-te com cantos!
E as harpas radiantes agrupam seus cabelos
ao derramar as águas de suas luzes rápidas.
E as longas trombetas de prata, sobem
sobre as pontes verdes que há no céu dos céus
Porque sobre as vinhas, os fornos e os louros,
porque sobre as oliveiras, os gritos, os machados,
porque sobre o azeite, a farinha e a tristeza
porque sobre as negras bandeiras do soluço
Do soluço ou do raio, do tigre enfurecido
pelos brancos jardins do abrasado espaço
e seus caminhos certos de ausência ou de esperança
e suas altas margens que rugem como espadas
Vem um lento rebanho de cordeiros azuis.
Juan-Eduardo Cirlot. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 395
segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018
INSÓNIA
E agora voltar-se um pouco do outro lado,
e nada.
A ver se vem o sono,
como a dizer: «A ver se tu vens, morte.»
E, acordado, como nunca, permanecedor
com a água
até ao pescoço.
Ou «que mas dêem aqui todas»...
(E se mas dão todas?)
Há pancadas que se aproximam pelo quarto contíguo, e se desvanecem,
[antes de entrar completamente e apresentar-se.
Mas o silêncio nunca se habitua
a ser sempre silêncio.
E os olhos fecham-se
para não ver como chega
na completa escuridão
os medonhos
arautos.
José García Nieto Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 389
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«A POESIA É UMA ARMA CARREGADA DE FUTURO»
Gabriel Celaya. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 379
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