domingo, 11 de fevereiro de 2018
REQUINTE DO CAMPO
As pedras colocadas sobre as pedras
e em cima desse muro primitivo
uma oliveira branca.
Não sei porque será que certas coisas
que nada dizem quase,
que bem analisadas não são coisa
digna de nada,
causam no meu ânimo um fluxo
de inextinguível paz.
Dir-se-ia que minhas raízes sinto
dentro desses contornos depurados
que não são nada,
dentro dessa velhice
de tão firme humildade
como se uma incitação familiar
ali me retivesse.
Algo como uma voz que me dissesse
de dentro de mim mesmo:
esta fé encantadora
é a pobreza.
Juan-Gil Albert. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 304
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«(...)
Por isso digo:
Isto será preciso para mim?
Não se poderá buscar outra grandeza?
Ser homem terá de ser isso somente,
alguém que vai deixando no seu banho
a pele antiga?
Que deixou de ter cheiro de pessoa,
de ter o cheiro da humanidade?
Porque se confundiu com a higiene
tal desamor? Não quero confundir-me.
Não quero nada, nada, dessas gentes
que me rodeiam. Quero um fogo santo.
Quero crer, crer, em quanto quero
crer, na amizade, nesse privilégio
desta ambição humana de ser homem.
Crer nesta luz da minha consciência
que nunca deixa, nunca, de alumiar-me,
como uma tocha viva, como um dardo
que acabam de lançar cada manhã
de sobre uma açoteia silenciosa.
Quero crer que está repleto o homem
de um projecto divino e misterioso,
de um projecto que não estará jamais escrito
em nenhuma parede, crer que existe
a razão de viver humanamente
sem que nos mande ninguém, sem que ninguém
levante mais a voz, crer que é verdade
que cada homem é dono de si mesmo
qual de uma parte umbrosa e pensativa:
crer em mim.»
Juan-Gil Albert. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 303
Por isso digo:
Isto será preciso para mim?
Não se poderá buscar outra grandeza?
Ser homem terá de ser isso somente,
alguém que vai deixando no seu banho
a pele antiga?
Que deixou de ter cheiro de pessoa,
de ter o cheiro da humanidade?
Porque se confundiu com a higiene
tal desamor? Não quero confundir-me.
Não quero nada, nada, dessas gentes
que me rodeiam. Quero um fogo santo.
Quero crer, crer, em quanto quero
crer, na amizade, nesse privilégio
desta ambição humana de ser homem.
Crer nesta luz da minha consciência
que nunca deixa, nunca, de alumiar-me,
como uma tocha viva, como um dardo
que acabam de lançar cada manhã
de sobre uma açoteia silenciosa.
Quero crer que está repleto o homem
de um projecto divino e misterioso,
de um projecto que não estará jamais escrito
em nenhuma parede, crer que existe
a razão de viver humanamente
sem que nos mande ninguém, sem que ninguém
levante mais a voz, crer que é verdade
que cada homem é dono de si mesmo
qual de uma parte umbrosa e pensativa:
crer em mim.»
Juan-Gil Albert. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 303
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«(...), começam outros
que chegam a roer com novo afinco
as migalhas do queijo amarelento
que tresanda a morte. Morte, morte,
é tudo quanto vemos nas mãos
da avidez. A morte é a senhora
deste enxame de moscas enlutadas
que tudo consomem como um sopro
que a ninguém redimiu.
Juan-Gil Albert. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 302
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um osso miserável: a riqueza
«(...) O pobre, o poderoso,
a dama e o bobo, quatro cães lebreiros
farejam desde a noite ao amanhecer
o mesmo bocado evanescente,
um osso miserável: a riqueza.»
Juan-Gil Albert. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 302
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«A grande cidade é selva e apenas selva.»
Juan-Gil Albert. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 301
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verso solto
«Porque todos os convidados dos cocktails dos Chamberlayne se esquecem absolutamente de que há muito mais gente, cá fora da sala de estar, com razões de ser próprias que excedem qualquer pretexto de escapatória espalhafatosa para as psicoses dos Chamberlayne e anexos. Sob o ponto de vista de cada uma das personagens centrais da peça, as outras são pretextos de evasão à vacuidade própria; o casal necessita mesmo de se sentir incompatível, afectivamente divorciado, como justificação de experiências, aparentemente convictas, que cada qual procura fora da vida conjugal.»
Irene Gaspar in VÉRTICE Revista de Cultura e Arte, Março 1952, Vol. XII. 103., p. 124
Irene Gaspar in VÉRTICE Revista de Cultura e Arte, Março 1952, Vol. XII. 103., p. 124
«Eliot recorta a sua profissão de fé num fundo de quotidiano contemporâneo. Honra lhe seja. E não há dúvida que consegue uma profunda sugestão dramática de dois dos seus grandes tópicos poéticos: a vacuidade interna e a solidão externa das relações humanas (neste caso, as mais íntimas possível, as relações de cônjuges) quando representadas abstractamente, fora do contexto de um ideal criador.»
Irene Gaspar in VÉRTICE Revista de Cultura e Arte, Março 1952, Vol. XII. 103., p. 115
« Virginia Woolf foi, como se sabe, a delicada prosadora que, sob influência de Bergson e Proust, introduziu na literatura inglesa o romance introspectivo de captação da «corrente de consciência» e do ritmo essencial do Tempo...Mas os seus problemas específicos de mulher, embora educada em círculos selectos, sugeriram-lhe preocupações que transcendiam muitas vezes a análise desproporcionadamente introspectiva de «To the Ligththouse» ou « The Waves».
Tradução de Irene Gaspar. A Irmã de William Shakespeare in VÉRTICE Revista de Cultura e Arte, Março 1952, Vol. XII. 103., p. 118
''(...) uma língua precisa e clara para se entender e fazer entender-se.''
Alberto Machado Cruz. Cultura Portucalente in VÉRTICE Revista de Cultura e Arte, Março 1952, Vol. XII. 103., p. 116
«(...)à hereditariedade, segundo esses, deveriam os portugueses a incapacidade de concentração, a tibiesa da vontade, e ao clima, depressivo e ameno, o culto da facilidade e a incapacidade de esforços longos.»
«Mas há também o autêntico doente do perfeccionismo: o que não tendo recebido uma formação sólida, adquire uma falsa noção do desenvolvimento do saber, tudo quer abarcar e nada chega efectivamente a realizar, inibido em face das tarefas demasiado ambiciosas que se propõe, esquecendo o verdadeiro método de conhecimento por aproximações sucessivas. Este tipo adquirirá facilmente o complexo de tímido e do falhado, o que nunca sucederia se tivesse sido enquadrado num sistema de trabalho de objectivos modestos mas seguros e equilibrados.»
Rodrigo Bastos. Panorama: Difusão, Perfeccionismo e Ignorância in VÉRTICE Revista de Cultura e Arte, Março 1952, Vol. XII. 103., p. 115
Rodrigo Bastos. Panorama: Difusão, Perfeccionismo e Ignorância in VÉRTICE Revista de Cultura e Arte, Março 1952, Vol. XII. 103., p. 115
''A energia criativa que existe na rua não deve ser perseguida, mas sim integrada. Por vezes essa energia acaba por se dissipar apenas por não existir interlocução. ''
Vhils, em entrevista ao Jornal Público, 2018
Vhils, em entrevista ao Jornal Público, 2018
''A credibilização da arte urbana parece ocorrer a duas velocidades. Por um lado o universo canónico da arte tolera-a, mas ainda não a aceita totalmente. Por outro assiste-se a alguns efeitos perversos da sua disseminação, como a promoção de um tipo de muralismo ornamental sem conteúdo e até a aproveitamentos políticos na forma como se deseja melhorar a imagem de alguns bairros, sem que seja garantida a qualidade de vida dos habitantes.
Tudo isso é verdade. Existem alguns aproveitamentos políticos e haverá um excesso de eventos relacionados com essas práticas, mas também existem muitos bons exemplos de como se pode operar. O que noto é que claramente se abriu uma porta para que uma série de artistas que começaram a operar no espaço público validem o seu trabalho o que é mais do que legítimo. Independentemente desses desvios, tem-se vindo a conseguir que uma série de artistas encontrem o seu espaço, sendo parte da solução e não o problema, para a forma como o espaço público é experimentado. Nitidamente hoje existem várias tribos urbanas que podem contribuir de forma positiva para pensar a cidade, estabelecendo pontes e diálogos que há dez anos não existiam. A força da arte em espaço público é essa – alertar e criar relações, ligações e pontes entre pessoas e lugares muito diferenciados, promovendo a compreensão e até a auto-estima no caso de alguns lugares. Agora, como é evidente, tudo o que se fica pela mera fachada, não interessa muito. De qualquer forma se estamos aqui a questionar alguns destes processos é porque eles levantaram questões, independentemente de alguns erros. É preciso estar alerta, mas também não devemos temer a hipótese do erro.''
Vhils, em entrevista ao Jornal Público, 2018
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"The Angry Man of Jazz"
Charles Mingus
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«(...) as lógicas económicas, urbanistas e territoriais têm pontos em comum, com o capital no centro de tudo isso.)
Vhils, Jornal Público, 2018
Vhils, Jornal Público, 2018
sábado, 10 de fevereiro de 2018
TESTAMENTO
Lego aos meus amigos
um azul cerúleo para voar alto
um azul cobalto para a felicidade
um azul ultramarino para estimular o espírito
um vermelhão para fazer circular o sangue alegremente
um verde musgo para acalmar os nervos
um amarelo ouro: riqueza
um violeta cobalto para sonhar
um garança que faz ouvir o violoncelo
um amarelo barite: ficção científica, brilho, resplendor
um ocre amarelo para aceitar a terra
um verde veronese para a memória da primavera
um anil para poder afinar o espírito pela tempestade
um laranja para exercer a visão de um limoeiro ao longe
um amarelo limão para a graça
um branco puro: pureza
terra de siena natural: a transmutação do ouro
um preto sumptuoso para ver Ticiano
uma terra de sombra natural para aceitar melhor a melancolia negra
uma terra de siena queimada para noção de duração
Maria Helena Vieira da Silva
Lego aos meus amigos
um azul cerúleo para voar alto
um azul cobalto para a felicidade
um azul ultramarino para estimular o espírito
um vermelhão para fazer circular o sangue alegremente
um verde musgo para acalmar os nervos
um amarelo ouro: riqueza
um violeta cobalto para sonhar
um garança que faz ouvir o violoncelo
um amarelo barite: ficção científica, brilho, resplendor
um ocre amarelo para aceitar a terra
um verde veronese para a memória da primavera
um anil para poder afinar o espírito pela tempestade
um laranja para exercer a visão de um limoeiro ao longe
um amarelo limão para a graça
um branco puro: pureza
terra de siena natural: a transmutação do ouro
um preto sumptuoso para ver Ticiano
uma terra de sombra natural para aceitar melhor a melancolia negra
uma terra de siena queimada para noção de duração
Maria Helena Vieira da Silva
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''Olhar para Dentro
Muito antes de a consciência do corpo e as relações entre mulheres e homens se terem tornado temas centrais da vanguarda artística internacional, Maria Lassnig decidiu fazer do seu corpo o foco da sua arte. O objectivo principal da sua “consciência do corpo” era dar forma visual às sensações corporais e explorar a percepção corporal. De forma humorística e séria ao mesmo tempo, plena de anseio mas impiedosa, a artista passou para o papel a percepção que tinha de si própria. Lassnig visualizava assim o que sentia. “Pintamos como somos”, afirmou a artista, confirmando a forma contraditória como conduzia um diálogo incondicional com as realidades externa e interna.
Os retratos que Lassnig insistentemente criava nos seus tempos de estudante, já revelavam o seu notável talento: um olhar questionador – agudamente perceptivo, impiedosamente crítico – dominava claramente estes auto-retratos e iria acompanhá-la durante décadas de trabalho. O auto-retrato, um género com longa tradição na história da arte a que Lassnig iria dar dimensões inteiramente novas, continuaria a ser o principal tema da artista.
Logo nos finais da década de 1940, Lassnig começou a criar as suas primeiras peças de “consciência do corpo”, a que a princípio chamou “experiências introspectivas”. Ao colocar o corpo feminino no centro do trabalho criativo, antecipou outros percursos semelhantes, tanto na Europa como na América. A sua linguagem simbólica e contorno de linhas não só definiram as formas dos objectos, mas rapidamente começam a comunicar tensão de uma forma extremamente poderosa e concentrada.
Artista-como-Sismógrafo
Maria Lassnig reagiu ao confronto radical com os movimentos internacionais contemporâneos – que se seguiu ao isolamento artístico da Áustria durante a Segunda Grande Guerra, período durante o qual Lassnig era ainda estudante – explorando, de forma entusiástica, conceitos que eram novos para ela: o uso intenso da cor, o Cubismo, o Surrealismo e – a partir de 1951 – a Arte Informal, todos deixaram marcas óbvias nas obras de Lassnig. Depois de ter ido viver para Paris, em 1960, Maria Lassnig libertou-se de restrições estilísticas e começou a pintar obras figurativas, em grande formato, onde a “consciência do corpo” era já um indício da abordagem que adoptaria em obras tardias.
No final da década de 1960, Lassnig mudou-se para Nova Iorque. O palpitante meio artístico da cidade, as posturas feministas e os grupos artísticos presentes, estimulam-na a seguir novos caminhos: fez filmes de animação onde usou desenhos de “consciência do corpo” para processar acontecimentos, anseios e experiências da sua vida privada. Em 1980, depois de uma estadia em Berlim, a artista—na altura com 60 anos—aceitou um convite da Universidade de Artes Aplicadas de Viena para ensinar Teoria do Design – Design Experimental na área da pintura. No regresso a Viena, para assumir o cargo, a sua pesquisa sobre a sensação corporal alargou-se às redes neurais. Os seus trabalhos descrevem com clareza a tensão interna que lhe permitia reagir como um sismógrafo.''
Cerca de 50 desenhos e aguarelas da artista austríaca Maria Lassnig, vão ser mostrados em Lisboa, no Museu Vieira da Silva
« Ao artista deve dar-se liberdade de escolha do seu estilo e da sua forma e, no campo da expressão, todos os processos apontados por nós são igualmente válidos.
Certos críticos deixaram-se cercar pelas camadas do entusiasmo provocado pelo «campo em profundidade ». Chamas brilhantes e suficientes para estontear os espíritos e obscurecer o brilho, mais afastado no tempo, da obra de Eisenstein. Construía-se, sem se dar conta da natureza dos alicerces, e não só dos alicerces, do próprio esqueleto metálico sobre o qual se formava todo o edifício. Apesar deste esquecimento, a montagem melódica - essa estrutura férrea de suporte - continuava a estar presente em tudo.»
F. Gonçalves Lavrador .Estudos sobre Cinema. Eisenstein, Montagem Clássica e Complexo-Arte-Linguagem (Breves notas para um Ensaio) in VÉRTICE Revista de Cultura e Arte, Março 1952, Vol. XII. 103., p. 109
Sobre noção de Montagem ( no Cinema)
« Na minha opinião, a montagem não consiste na reunião de fragmentos múltiplos numa só película. A montagem é antes de tudo, para mim, um processo de expressão e de explicação do sentido profundo que comporta o filme e de que usa para traduzir no écran as manifestações da vida real»
Pudóvkine
Pudóvkine
Montagem fílmica
« esse papel que toda a obra de arte se impõe a si mesma, a necessidade da exposição coordenada do tema, conteúdo, trama, acção, o movimento dentro da série fílmica e a sua acção dramática como um todo»
Eisenstein
Eisenstein
terça-feira, 6 de fevereiro de 2018
«Eisenstein sofreu a amargura de não ver muitos dos seus sonhos artísticos realizados. Com isso, apenas perdeu a Humanidade.
Mal com Deus e com o Diabo, tantas vezes incompreendido, tantas vezes vítima da sua ânsia de perfeição e de harmonia, tem direito absoluto à justiça dos vindouros e à nossa própria justiça.»
F. Gonçalves Lavrador .Estudos sobre Cinema. Eisenstein, Montagem Clássica e Complexo-Arte-Linguagem (Breves notas para um Ensaio) in VÉRTICE Revista de Cultura e Arte, Março 1952, Vol. XII. 103., p. 100
Mal com Deus e com o Diabo, tantas vezes incompreendido, tantas vezes vítima da sua ânsia de perfeição e de harmonia, tem direito absoluto à justiça dos vindouros e à nossa própria justiça.»
F. Gonçalves Lavrador .Estudos sobre Cinema. Eisenstein, Montagem Clássica e Complexo-Arte-Linguagem (Breves notas para um Ensaio) in VÉRTICE Revista de Cultura e Arte, Março 1952, Vol. XII. 103., p. 100
domingo, 4 de fevereiro de 2018
casa desabitada
«(...)
o mundo não deterá por isso seu destino inadiável
quando os pés do homem se encheram de terra nova
e transladam seu coração sem nostalgia
ali onde tu, casa desabitada,
não és ninguém.»
Juan-Gil Albert. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 299
o mundo não deterá por isso seu destino inadiável
quando os pés do homem se encheram de terra nova
e transladam seu coração sem nostalgia
ali onde tu, casa desabitada,
não és ninguém.»
Juan-Gil Albert. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 299
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« casa guardada num estojo de heras!»
Juan-Gil Albert. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 298
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verso solto
''(...) procurava destruir pelo ridículo as razões alheias''
J.Sousa Mendes. A Polémica entre Camilo e Alexandre da Conceição. in VÉRTICE Revista de Cultura e Arte, Março 1952, Vol. XII. 103., p. 98
«(...) num caminhar acelerado para a cegueira »
J.Sousa Mendes. A Polémica entre Camilo e Alexandre da Conceição. in VÉRTICE Revista de Cultura e Arte, Março 1952, Vol. XII. 103., p. 95
forragear
for.ra.ge.ar
fuʀɐˈʒjar
verbo transitivo e intransitivo
colher forragem (em); segar erva (em)
verbo transitivo
1.
procurar; buscar
2.
devastar (um campo)
3.
figurado apanhar aqui e além; colher; respigar
4.
figurado plagiar
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«Antes de ser escrito, um romance tem de ser concebido e estudado em seus pormenores; e isso importa tanto, ou mais, para o que venha a significar quando concluído, como o processo literário que o romancista adoptou para o realizar.»
J.Sousa Mendes. A Polémica entre Camilo e Alexandre da Conceição. in VÉRTICE Revista de Cultura e Arte, Março 1952, Vol. XII. 103., p. 90
J.Sousa Mendes. A Polémica entre Camilo e Alexandre da Conceição. in VÉRTICE Revista de Cultura e Arte, Março 1952, Vol. XII. 103., p. 90
molosso
mo.los.so
muˈlosu
nome masculino
1.
grande cão de fila
2.
pé de verso, latino ou grego, de três sílabas longas
3.
figurado guarda-costas
4.
figurado valentão
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«(...) com a república a ferir-lhe os miolos,»
J.Sousa Mendes. A Polémica entre Camilo e Alexandre da Conceição. in VÉRTICE Revista de Cultura e Arte, Março 1952, Vol. XII. 103., p. 91
«Apesar disso, Camilo teimava em ler-lhes os livros, semi-cerrando as pálpebras de míope, e sempre de nariz torcido à espera do que considerava tropeções de gramática; bastava a sobreposição de dois adjectivos à maneira de Eça para ele sentir que o estômago, habituado aos condimentos simples e muito à portuguesa de Bernardes e Vieiras, se lhe nauseava numa ânsia.»
J.Sousa Mendes. A Polémica entre Camilo e Alexandre da Conceição. in VÉRTICE Revista de Cultura e Arte, Março 1952, Vol. XII. 103., p. 90
J.Sousa Mendes. A Polémica entre Camilo e Alexandre da Conceição. in VÉRTICE Revista de Cultura e Arte, Março 1952, Vol. XII. 103., p. 90
Abastardar
verbo transitivo
1.
mudar para pior
2.
fazer degenerar
3.
adulterar; corromper
4.
falsificar
verbo pronominal
alterar-se; corromper-se; degenerar
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