Gustave Flaubert. Salambô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 32
segunda-feira, 15 de março de 2021
domingo, 14 de março de 2021
''cobria-lhe de sombra o rosto''
Gustave Flaubert. Salambô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 17
« - E perseguia na floresta o monstro fêmea, cuja cauda ondulava sobre as folhas secas, como argênteo ribeiro; e chegou a um campo, onde viu mulheres com corpo de dragão circundando uma grande fogueira, erectas nos extremos das suas caudas. A Lua, cor de sangue, resplandecia no centro de um círculo baço, e as línguas vermelhas dos monstros, fendidas como arpões de pescadores, alongavam-se, recurvando-se até junto das chamas.»
Gustave Flaubert. Salambô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 16
sábado, 13 de março de 2021
sexta-feira, 12 de março de 2021
quinta-feira, 11 de março de 2021
quarta-feira, 10 de março de 2021
''laço matricial entre poesia e verdade''
''O itinerário é interior.''
Natália Correia, em Sonetos Românticos, Lisboa 1990, incluído na edição O Sol nas Noites e o Luar nos Dias, volume 11, Círculo de Leitores, Lisboa 1993, p.327.
«Devo confessar que me foi penoso confrontar-me com considerações de ordem moral e filosófica na profunda meditação que me impus para tomar uma posição inteiramente consciente neste complexo problema da despenalização do aborto. E nesse combate que se travou na minha consciência tomou forma a ideia de respeitar a opção daqueles que por imperativo de concepções e de fé religiosas interpretam o direito à vida em termos de o incompatibilizarem com a impunibilidade do aborto. Perante estes inclina-se o meu respeito pela coerência com os princípios que, vigorando no seu foro íntimo, orientam a sua conduta.
Já aos que, num campo de ideias e de sensibilidade laicas, por posições filosóficas, são adversos à despenalização do aborto provocado, exilando dos seus raciocínios razões dramaticamente ponderosas que o justificam - a própria argumentação filosófica da sua argumentação a torna polemizável -, a estes direi, como Pascal, que toda a filosofia não vale uma hora de dor".
Natália Correia, no exercício de Deputada à Assembleia da República.
''Húmida e dócil ao coito mineral ''
terça-feira, 9 de março de 2021
“As Virgens Suicidas”, de John Romão.
“As Virgens Suicidas”, gravado na Culturgest, pode ser visto aqui.
segunda-feira, 8 de março de 2021
''Uma pátria dividida é uma pátria enfraquecida''
António Ramalho Eanes | Antigo Presidente da República
Senador José de Castro, em 1912, numa longuíssima intervenção sobre o sistema eleitoral defendendo:
“Repare V. Exa. no seguinte: enquanto as sufragistas tiverem aquela cara das inglesas, cujas fotografias andam pelos jornais, pode ter a certeza de que não lhes dava o meu voto.
Riso.
O Sr. Artur Costa: — Podem ser feias algumas mulheres e terem inteligência.
O Orador: — Mulher feia a valer de cara é feia em inteligência. Se for extraordinariamente inteligente nem a cara se lhe chega a ver.
E V. Exa. sabe melhor do que eu: a perfeição do corpo dá a perfeição da alma. Já lá vai o tempo em que a psicologia vivia divorciada da fisiologia. Hoje a perfeição intelectual do ser humano é uma resultante da sua perfeição fisiológica. Se os órgãos não forem perfeitos não poderão funcionar com perfeição. A inteligência é uma função do cérebro. Já não estamos no tempo daquela frase: feia de corpo, bonita na alma.”
''A recusa do direito de voto por poder ocasionar discórdias familiares também é invocado, designadamente pelo Deputado Matos Cid, que a 5 de junho entrega uma moção que conclui referindo que se a mulher tivesse voto, havia de introduzir a discórdia no lar, quando professasse ideias opostas às do marido e seria mais uma origem de disputas que ofereceria um espetáculo degradante por ocasião de eleições, quando se tratasse de comícios e reuniões eleitorais.''
Fonte da Publicação, ver aqui.
tarquigrafia
''a taquigrafia [1] não é capaz de acompanhar o discurso oral, pois “a mão não é composta de articulações da mesma flexibilidade, que as da língua”
Ângelo Ramon Marti, o “Taquígrafo-Mor das Cortes”, 1821
«Violentámos a Natureza quando Matámos as Nossas Feras»
Natália Correia
«Êxodo», in Poesia Completa: O Sol nus Noites e o Luar nos Dias, ob. cit., p. 147.
«Socialmente os homens são a pasta de todos os oprimidos que são precisos para fazer um déspota»
''a irracionalidade genesíaca do espírito''
Luís Adriano Carlos, A Mátria e o Mal, in Natália Correira, 10 Anos Depois
«Na ressaca da I Guerra Mundial, em artigo de 1923, inspirado pelo filósofo germânico Leopold Ziegler, o espanhol Miguel de Unamuno fundou o termo matriotismo para designar um sentimento alternativo que respondesse à falência do sentimento patriótico. A matriz de derivação morfológica do novo vocábulo era a palavra matria, que Unamuno considerava um neologismo, tradução do germânico Mutterland, terra-mãe associada à Europa, por oposição a Vaterland, pátria ou terra-pai que delimita o território da nossa origem biológica e social. Porém, a conceptualização de Unamuno repousava num vitalismo racionalista que, segundo uma estranha oposição do misógino Schopenhauer, e em contramão com os futuristas do protofascismo, atribuía ao Pai o poder da vontade, e à Mãe, a faculdade da inteligência. Em suma, a inteligência representava «a raiz do matriotismo)), e a Mátria, «o lar colectivo da inteligência)): «A raça é, como a inteligência, mãe. O amor da mãe é o mais racional dos amores e o mais inteligente»; «Só a inteligência pode salvar-nos» *
Luís Adriano Carlos, A Mátria e o Mal, in Natália Correira, 10 Anos Depois
*Miguel de Unamuno, «'Matriotismo'», in Obras Compktas La Raza y ia Lengua, IV, Madrid, Escelier, 1968, pp. 1393-1394
domingo, 7 de março de 2021
"Os grandes criadores acabam por desistir de viver. A inveja, a maldade, o cinismo, a hipocrisia que os cerca amargura-os a tal ponto que Ihes apressa a morte, lhes faz apetecer a morte. O José Régio foi um dos que sucumbiram, tal a campanha de ofensas que lhe moveram. Ele será o primeiro homenageado!"
Natália Correia
sábado, 6 de março de 2021
25 de Abril
sexta-feira, 5 de março de 2021
''O filósofo esloveno diz não defender o velho comunismo, e sim um novo comunitarismo globalista. Os novos desafios, afirma, são a ecologia, a renovação do Estado do bem-estar e a prevenção da “guerra digital cognitiva”
quinta-feira, 4 de março de 2021
vendilhão
quarta-feira, 3 de março de 2021
Amália Rodrigues " Ilhas Encantadas " 1965
As Ilhas Encantadas (1965)
Les Iles Enchantées
Produção Rodagem: Abr/Jun 1964
M/14
89 min
Realização: · Carlos Vilardebó
Argumento: · Carlos Vilardebó · José Cardoso Pires · Raymond Bellour
O mar, uma espécie de libertação | «Tenho a mania das flores, das árvores e do mar. Gosto de passear nas árvores. Não sou nada bicho da cidade, o barulho faz-me mal, psicologicamente; começo a perguntar-me onde é que tudo vai ter e sofro. Tenho tendência é para o mar. A primeira vez que fui para o mar já não era muito pequena. Nunca fui para o mar para fazer bem à saúde. Fui daquelas que foi forte… Tive as minhas cicatrizes nos pulmões, os gânglios, asma nervosa… mas curei tudo sem dar por isso. Quando ia para o mar, tinha de passar a noite de véspera a fritar peixe para o farnel. Ia-se carregado, vinha-se carregado, era uma estafa. E o mar era para mim como para as outras crianças, para brincar, fazer covas na areia. Hoje é uma espécie de libertação, um horizonte grande que se tem à frente.
Como aprendeu a gostar do mar?
Foi talvez uma necessidade… Com as flores é diferente, sempre gostei. Agora encho a casa de flores, de todas as qualidades, vou à praça e apetece-me comprar as flores todas. As minhas irmãs até me chamam o “tilim das flores”. Quando me dão uma prenda, um cinzeiro ou uns chinelos de quarto, dizem sempre, “Toma lá isto para pores flores”. Mas a tentação do mar só veio mais tarde, penso que por necessidade. E costumo dizer: “Deus deu-me um lugar bom para morrer”.»
R&T [Rádio & Televisão] espectáculos, «Amália: “Globetrotter do fado”», 2 de Setembro de 1972, entrevista por Regina Louro, fotografias por Corrêa dos Santos.
Fonte da Publicação: ver aqui.
Do disco Cantigas Numa Língua Antiga, Abril de 1977.
O original de Bernardim Ribeiro, «Egloga Qvarta chamada Jano», in História de Menina e Moça, reprodução facsimilada da edição de Ferrara, 1554, estudo introdutório por José Vitorino de Pina Martins, Lisboa,Fundação Calouste Gulbenkian, 2002, pp. cix v.º [109 verso] – cx v.º [110 verso]:
Portugal – EMI-Columbia – 8E 072-40477 – Cantigas Numa Língua Antiga, Abril de 1977, capa de Manuel Fortes, fotografias de Augusto Cabrita
Mudei terra mudei vida
mudei paixam em paixam
vi a alma de mim partida
nunca de meu coraçam
vi minha door despedida:
Antre tamanhas mudanças
de hum cabo minha sospeita
e de outro desconfianças
leixanme em grande estreita
e leuanme as esperanças
Nesta triste companhia
ando eu que tam triste ando
jaa nam sam quem ser soía
os dias viuo chorando
as noutes mal as dormia:
Temo descanço tornado
mal que por meu mal ho vi
e eu mal auenturado
mourome andando assi
antre cuidado e cuidado
Por me nada nam ficar
que nam me fosse tentado
prouei darme a trabalhar
mas nunca me achei cançado
para poder descançar:
Quando mais cançado estaua
alli meu mal entam
a meu mal se apresentaua
e o corpo e o coraçam
ambos cançados leuaua
Nam sabendo onde me hiria
que ma mim laa nam leuasse
roguei a Deus nam soo hum dia
que da vida me tirasse
pois me dala nam queria:
Mas com cuidados maiores
cree que Deus se nam cura
ca dos pobres pastores
como que elles por ventura
O quam bem auenturado
fora jaa se me matara
minha door ou meu cuidado
eu morrera e acabara
e meu mal fora acabado:
Nam vira tal perdiçam
de mim e de tanta cousa
perdido tudo em vam
porque hua paixam nam repousa
em outra maior paixam
Adaptação de Alain Oulman para fado:
Mudei terra mudei vida
Mudei paixão em paixão
Vi a alma de mim partida
Nunca de meu coração
Vi minha dor despedida
E eu malavanturado
Morro-me andando assim
Entre cuidado e cuidado
Eu morrera e acabara
E meu mal fora acabado
Não vira tal perdição
De mim e de tanta coisa
Perdido tudo em vão
Porque a paixão não repousa
Em outra maior paixão
O quem bem aventurado
Fora já se me matara
Minha dor e meu cuidado
Esta relação paradisíaca terá, porém, um fim e, recolhida por um veleiro português, em 1830, Hunila conta a sua história...
[Fonte: José de Matos-Cruz, O Cais do Olhar, 1999, p.129]