domingo, 29 de novembro de 2015


«SIGLA: Estás mas é louca, tu é que não percebes. Tu é que não vês a maneira como olhas às vezes. (Sorriso fatigado de Nina.) E os lapsos, Nina. Os silêncios em que ficas de repente...e tu nem notas.»

José Cardoso Pires. Corpo-Delito na Sala de Espelhos. Publicações Dom Quixote, Porto, 1ª ed, 1980., p. 135
«O que é preciso é ter memória, quando ninguém se lembra da gente.»


José Cardoso Pires. Corpo-Delito na Sala de Espelhos. Publicações Dom Quixote, Porto, 1ª ed, 1980., p. 122
« ESCUTA: Ao menos para passar fome, passo-a sozinha.»



José Cardoso Pires. Corpo-Delito na Sala de Espelhos. Publicações Dom Quixote, Porto, 1ª ed, 1980., p. 106

Then I Heard A Bachelor's Cry



Then I Heard A Bachelor's Cry

Lately I've been searching, searching for answers
I walk around the boulevards, looking for magicians
With a cold feet, black coat full of arms outstretched and a leading voice
And I can't help but shout at the top of my lungs
Who is next in line to get hurt
Who is next in line to get speared

Bad mouth, bad habits
Now leads icicles growing out me hair
Our past I'd guaranteed you if you'd stay with me your tomorrow will be endlessly free

Don't know what it was that had made you to come by
Though I know God created me beautifully but don't you know beauty will forever kill

Who is next in line to get hurt?

Who is next in line to get speared?

I am sorry
I can see our future
It isn't so bright
There isn't any light

Who is next in line to get hurt
Who is next in line to get my spear

And so I wait
I wait for my next prey
I wait
Here
“Temos, sobretudo, de aprender duas coisas: aprender o extraordinário que é o mundo e aprender a ser bastante largo por dentro, para o mundo todo poder entrar”

Agostinho da Silva, “A Última Conversa” (1993), p.96.

ave embalsamada

iniludível

''o soutien é uma grinalda a comemorar o corpo''


José Cardoso Pires. Corpo-Delito na Sala de Espelhos. Publicações Dom Quixote, Porto, 1ª ed, 1980., p. 83

«-Eu até encontrava um certo charme ao tipo.
-Também eu, também eu. Mas na cama...só lhe digo: analfabeto como a menina não pode imaginar.»

José Cardoso Pires. Corpo-Delito na Sala de Espelhos. Publicações Dom Quixote, Porto, 1ª ed, 1980., p. 83

« SIGLA: Sei. Para mim é como estava: a menina que volta para casa debaixo de chuva. Tem até qualquer coisa de romântico, esse fim.

NINA: Romântica era a tua avó. E tu ainda és pior que queres que todos os fins acabem em casa, a dar ao rabo. »

José Cardoso Pires. Corpo-Delito na Sala de Espelhos. Publicações Dom Quixote, Porto, 1ª ed, 1980., p, 74

PLANO C


   Em mangas de camisa, pistola à vista, o Agente contempla o poster de uma mulher nua. 
   Tira um pente do bolso traseiro das calças e, sem deixar de olhar o cartaz, compõe o cabelo. Afasta-se e aproxima-se da figura, analisa pormenores, coçando os testículos de mão no bolso.

José Cardoso Pires. Corpo-Delito na Sala de Espelhos. Publicações Dom Quixote, Porto, 1ª ed, 1980., p 63

''Sigla dá-lhe um beijo convencional de despedida.''

José Cardoso Pires. Corpo-Delito na Sala de Espelhos. Publicações Dom Quixote, Porto, 1ª ed, 1980., p 62

sábado, 28 de novembro de 2015

"Quando estou felizmente apaixonado, a minha vida fica cheia de prazer imediato e nem o passado nem o futuro me preocupam. Se o meu coração fica vazio, os meus pensamentos viram-se para o passado ou para o futuro, que acaba em morte, e a tristeza envolve-me. Por isso o amor é a única salvação do tempo pernicioso, salva-nos do passado e do futuro; pára o tempo no dia feliz de hoje.
Se o tepo pára para alguém que está apaixonado, isso quer dizer que a única forma de parar o tempo é estar constantemente apaixonado. E como é impossível estar constatemente apaixonado por uma mulher, estou constantemente a apaixonar-me por mulheres diferentes."




Alexandre Puchkine"Diário Secreto (1836-1837)"

sexta-feira, 27 de novembro de 2015


"Olhar esta ausência que é a única possível porque está escrita dentro de mim e, opaca, se estende no insensível curso do tempo.
Ver nela os erros repetidos e não ter coragem de lhes pôr termo. Não passar do vómito, de projectos vagos do que já hoje deveria estar consumado.
Quem arrumou a mesa onde escrevo trocou todos os lugares de todas as coisas.
Deixou intacto apenas o crâneo branco, meu interlocutor visível desde há alguns dias. O que ele me diz, digo-o eu há meses, há anos. Ele é uma pedra por onde passou o hálito de um ser. É enquanto passa que o hálito corrói.
Ninguém já pode numa das mãos os meus olhos e beijar com a outra a minha face agónica. É tarde na noite e no tempo. Ouço em mim o murmurar exterior do silêncio abafando cada vez mais o borbulhar dos gestos que reservara para mim. Quem outrora esperei sobe agora todos os degraus que eu não quero subir,
Devo olhar-me bem para me aniquilar melhor."

-"Aventuras de Um Crâneo e Outros Textos"
- Mário Botas

segunda-feira, 23 de novembro de 2015


«SIGLA: Guardavas as nódoas negras...o meu cheiro...Tudo o que ficava na pele era sagrado. (Sorriso:) Estupor de palavra, sagrado

José Cardoso Pires. Corpo-Delito na Sala de Espelhos. Publicações Dom Quixote, Porto, 1ª ed, 1980., p 61

«Nada disse. Nada disse, por cobardia.»


Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 201

«Com os olhos que não dormem, da saudade...»


António PatrícioTeatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 131

montear

verbo transitivo
caçar no monte

verbo intransitivo
fazer montaria, andar à caça no monte


«Vê as minhas mãos. Ainda têm manchas de sangue...»

António PatrícioTeatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 123

«São jóias da Morte os teus cabelos...»


António PatrícioTeatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 120

giestais



«Oiço as roseiras da cerca a desfolhar-se...»


António PatrícioTeatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 119

«São dois abismos a beijar-se...»


António PatrícioTeatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 119

«Saboreio o teu cheiro como um corvo.»


António PatrícioTeatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 118

«...a terra que fez noite nos teus olhos...»


António PatrícioTeatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 117

freiras-flores


«Têm pouca luz aquelas flores. São freiras-flores.»


António PatrícioTeatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 116

«A impressão de coisas frias...coisas tristes...de coisas a que não há nada que fazer...»


António PatrícioTeatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 114

«Nem sossegou na vida nem na morte.»


António PatrícioTeatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 110

«Tomara eu que o vento se calasse.»


António PatrícioTeatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 110

«(...), cem anos que eu viva, há-de viver dentro e mim o sangue e lume.»


António Patrício. Teatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 107

transir

açodadamente

Poinsétia


«PRIMEIRA FREIRA

Mas com os olhos cheios de sol...»


António PatrícioTeatro Completo. Assírio & Alvim. Lisboa, 1982., p. 98

sábado, 21 de novembro de 2015

Jerzy Kosiński- Nude Story, (Studium Aktu),1956


"Nenhum gato reconheceu Ulisses no
seu regresso a casa. Nem consta
que algum brincasse com os novelos
que a mulher dobava e desdobava
durante a longa ausência para
iludir os pretendentes. Por isso
me soa estranha a Odisseia e o
regresso a Ítaca sem o festivo içar
da cauda dum gato."
-"O Segundo Olhar"
- Inês Lourenço
"Traduzir rostos, escrever rostos, caminhar rostos:
as tarefas essenciais do ofício."
-"O Mistério do Ofício"
- Pablo Javier Pérez Marques
"A alma e o mundo estão confundidos um com o outro, de maneira que eu tento fazer a história dessas percepções, desse sentimento. Essa é que é a nossa história, uma história real. A história de uma personagem que existe e se desenvolve não é comigo, embora eu adore esses grandes, sei lá, Rousseau, por exemplo. Rousseau foi um dos primeiros que perceberam que contra a história dele era contar, refazer a história do mundo, para que ele correspondesse àquilo que ele imaginava que seria a sua vocação."


Eduardo Lourenço / José Jorge Letria"Eduardo Lourenço: A História é a Suprema Ficção"
(Entrevistas)

Nikos Kazantzakis in Crete, as a member of the Central Committee for the Verification of Atrocities on Crete of the German and Italian occupying forces. July 1945.


"Há um pássaro pequeno dentro das costelas da alma.
Escutá-lo entre o ruído ou sob o silêncio é saber quem somos."
-"O Mistério do Ofício"
- Pablo Javier Pérez López

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

"(amamos a infelicidade com desespero. Não usamos perfumes nem cremes para mascarar o corpo, não usamos filhos para a sobrevivência, aliás nem filhos temos, e eu não os poderei ter, quanto ao mano, as mulheres das revistas não engravidam com o seu esperma, temos esta casa e dinheiro para acordarmos todos os dias sós. Confortavelmente sós. Temos os corpos dos outros, temos sempre os corpos dos outros, como num filme mudo, andam calados pelo ecrã, mostram-se em cada passada, somos os espectadores dessa passagem)"

Rui Nunes. "A Boca na Cinza" 
«Por toda a parte há gente que tem fome enquanto outros lambem os beiços, enfartados. Por toda a parte há lobos e cordeiros: ou comes ou és comido. Só uma lei permanece inviolável no mundo: a lei da selva.»


Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 194
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