quinta-feira, 4 de maio de 2023
SOLITUDE
Está muito escuro, hoje; através da chuva,
a montanha deixa de ser visível. O único som
é o da chuva, arrastando a vida para debaixo da terra.
E com a chuva vem o frio.
Esta noite não haverá Lua, não haverá estrelas.
O vento levantou-se durante a noite;
fustigou o trigo toda a manhã -
parou ao meio-dia. Mas a tempestade continuou,
encharcando os campos secos, inundando-os a seguir -
A terra desapareceu.
Não há nada para ver, só a chuva
a reluzir no escuro das vidraças.
Este é o lugar de repouso, onde nada mexe -
Agora voltamos ao que éramos -
animais a viver na escuridão,
desprovidos de linguagem ou de visão -
Nada prova que estou viva.
Há apenas a chuva, a chuva é infindável.
«Sob o silêncio, o som do mar.»
Louise Glück. Uma Vida de Aldeia. Tradução de Frederico Pedreira. Relógio D'Água. 2021., p. 103
«Ele nunca recorre a palavras. Para ele, as palavras são para planear
coisas,
para tratar de negócios. Nunca para a zanga. Nunca para a ternura.
Ela acaricia-lhe as costas. Pousa o rosto nelas,
embora isso seja como encostar o rosto a uma parede.
E o silêncio entre os dois é muito antigo: diz
são estes os limites.»
(...)
Louise Glück. Uma Vida de Aldeia. Tradução de Frederico Pedreira. Relógio D'Água. 2021., p. 101
terça-feira, 25 de abril de 2023
domingo, 23 de abril de 2023
« As borboletas pousam no seu ouvido de pedra.»
William Carlos Williams. Paterson. Tradução de Maria de Lourdes Guimarães. Relógio D'Água Editores, 1998., p 22
sexta-feira, 21 de abril de 2023
O Livro dos Amantes
I Glorifiquei-te no eterno. Eterno dentro de mim fora de mim perecível. Para que desses um sentido a uma sede indefinível. Para que desses um nome à exactidão do instante do fruto que cai na terra sempre perpendicular à humidade onde fica. E o que acontece durante na rapidez da descida é a explicação da vida. Natália Correia
O Livro dos Amantes
IX Pusemos tanto azul nessa distância ancorada em incerta claridade e ficamos nas paredes do vento a escorrer para tudo o que ele invade. Pusemos tantas flores nas horas breves que secam folhas nas árvores dos dedos. E ficámos cingidos nas estátuas a morder-nos na carne dum segredo. Natália Correia
Nuvens correndo num rio
Nuvens correndo num rio Quem sabe onde vão parar? Fantasma do meu navio Não corras, vai devagar! Vais por caminhos de bruma Que são caminhos de olvido. Não queiras, ó meu navio, Ser um navio perdido. Sonhos içados ao vento Querem estrelas varejar! Velas do meu pensamento Aonde me quereis levar? Não corras, ó meu navio Navega mais devagar, Que nuvens correndo em rio, Quem sabe onde vão parar? Que este destino em que venho É uma troça tão triste; Um navio que não tenho Num rio que não existe. Natália Correia
Do sentimento trágico da vida
Não há revolta no homem que se revolta calçado. O que nele se revolta é apenas um bocado que dentro fica agarrado à tábua da teoria. Aquilo que nele mente e parte em filosofia é porventura a semente do fruto que nele nasce e a sede não lhe alivia. Revolta é ter-se nascido sem descobrir o sentido do que nos há-de matar. Rebeldia é o que põe na nossa mão um punhal para vibrar naquela morte que nos mata devagar. E só depois de informado só depois de esclarecido rebelde nu e deitado ironia de saber o que só então se sabe e não se pode contar. Natália Correia
segunda-feira, 17 de abril de 2023
«Uma noite escura - as ruas pertencem aos gatos.»
Louise Glück. Uma Vida de Aldeia. Tradução de Frederico Pedreira. Relógio D'Água. 2021., p. 73
VIA DELLE OMBRE
Na maior parte dos dias, é o sol que me acorda.
Mesmo nos dias mais escuros, há sempre muita luz de manhã -
linhas esguias onde as persianas não fecham.
É manhã - abro os olhos.
E todas as manhãs vejo outra vez como este lugar é imundo, sinistro.
Por isso, nunca chego atrasado ao trabalho - isto não é lugar para
se estar,
para ficar a ver a imundice a acumular-se enquanto o Sol resplandece.
Durante o dia de trabalho, esqueço o assunto.
Penso no trabalho: meter contas coloridas em frasquinhos de vidro.
Ao anoitecer, quando chego a casa, o quarto está sombrio -
a sombra da escrivaninha cobre por inteiro o chão despido.
Diz-me que quem aqui vive está condenado.
Quando é este o meu estado de espírito,
vou a um bar, fico a ver desporto na televisão .
Às vezes, falo com o dono.
Ele diz que os estados de espírito não querem dizer nada -
as sombras significam que a noite se aproxima, não que o dia nunca
mais irá voltar.
Diz-me para mudar a escrivaninha de lugar; terei outras sombras,
talvez
um diagnóstico diferente.
Se estamos sozinhos, ele baixa o som da televisão.
Os jogadores continuam a esbarrar uns nos outros,
mas só conseguimos ouvir as nossas próprias vozes.
Se não há jogo, ele escolhe um filme.
É a mesma coisa - o som mantém-se no mínimo, por isso restam
as imagens.
Quando o filme acaba, trocamos opiniões para ter a certeza de que
assistimos à mesma história.
Às vezes, passamos horas a ver este lixo.
Quando volto a pé para casa, já é noite. Por uma vez, escapa-nos a
pobreza das casas.
Trago o filme na cabeça: convenço-me de que estou a trilhar o mesmo
caminho que o herói.
O herói atreve-se a sair à rua - culpa do amanhecer.
Quando sai, a câmara recolhe imagem de outras coisas.
Quando volta, já sabe tudo o que há para saber,
só de vigiar o quarto.
Agora não há sombras.
Está escuro dentro do quarto; a brisa noturna vem fresca.
No Verão, consegue-se sentir o aroma das flores de laranjeira.
Se não há vento, basta uma árvore - não é preciso um pomar inteiro.
Faço como o herói.
Ele abre a janela. Tem a sua reunião com a terra.
domingo, 16 de abril de 2023
« É como uma folha de erva seca num campo de gramíneas.»
Louise Glück. Uma Vida de Aldeia. Tradução de Frederico Pedreira. Relógio D'Água. 2021., p. 65
sábado, 15 de abril de 2023
«Todos os meses, ou assim, encontramo-nos para tomar café.
No Verão, é costume passearmos pelo prado, por vezes vamos até
à montanha.
Mesmo quando sofre, ele continua pujante, feliz no seu corpo.
Isso deve-se em parte às mulheres, claro, mas não só.»
Louise Glück. Uma Vida de Aldeia. Tradução de Frederico Pedreira. Relógio D'Água. 2021., p. 35
«Morreu Augusto Cunha»
''Quando no dia 18 de Abril de 1947, mês que também o viu nascer, Augusto Cunha morreu, vítima de doença dolorosa e prolongada, levou consigo o seu «Mundo Português». No último número da revista (o único póstumo), Raul Feio publicou «Morreu Augusto Cunha»:
[excerto] Lembrava-me que nunca mais o ouviria conversar, que nunca mais o ouviria dizer aquelas suas (e já tão nossas!) graças e trocadilhos, que nunca mais o veria acender o cigarro daquela maneira tão sua, que nunca mais o veria sacudir a cinza do fato com aquele gesto tão seu… Assim, é exactamente assim. Só coisas pequenas me vieram à cabeça. Não pensei sequer que tinha morrido um artista, que tinha desaparecido um homem bom, profundamente bom, um homem como poucos! – e adiante – Estive depois sozinho no seu escritório, sentado na sua cadeira, diante daquela grande secretária. E em tudo estava o ar das coisas sucedidas de repente e inacreditavelmente definitivas. Os livros e as caricaturas, a caneta, os jornais, os papéis em desordem, viviam como eu exactamente o espanto daquele momento. Vi cartas para responder e senti problemas a decidir. Mas tudo tinha parado. Nunca mais ouviria o meu velho amigo ler-me o rascunho duma crónica, expor-me a ideia do novo livro e interessar-se como só ele sabia, interessar-se de alma e coração pelas minhas pequenas tragédias.»
''borboletear cognitivo''
«Algo da imaterialidade do livro electrónico contagiará o seu conteúdo, como essa literatura tresmalhada, sem ordem nem sintaxe, feita de apócopes e calão, por vezes indecifrável, que determina o mundo dos blogues, do Twitter, do Facebook e restantes sistemas de comunicação através da Rede, como se os seus autores, ao usar esse simulacro que é a ordem digital para se expressarem, se sentisse libertos de toda a exigência formal e autorizados a atropelar a gramática, a sinérese e os princípios mais elementares da correcção linguística.»
Mario Vargas Llosa. A civilização do Espectáculo. Tradução de Cristina Rodriguez e Artur Guerra. 2.ª Edição. Quetzal. 2012., p. 199
''público de papalvos''
Mario Vargas Llosa. A civilização do Espectáculo. Tradução de Cristina Rodriguez e Artur Guerra. 2.ª Edição. Quetzal. 2012., p. 196
''pesadelo orwelliano''
Mario Vargas Llosa. A civilização do Espectáculo. Tradução de Cristina Rodriguez e Artur Guerra. 2.ª Edição. Quetzal. 2012., p. 194
« o ópio do povo»
« Suporta-se melhor a pobreza, a discriminação, a exploração e o atropelo se se acreditar que haverá um desagravo e uma reparação póstumos para tudo isto. (Por isso, Marx chamou à religião « o ópio do povo», droga que anestesiava o espírito rebelde dos trabalhadores e permitia aos seus amos viver tranquilos a explorá-los.»
«A traição de muitos artistas e intelectuais aos ideais democráticos não o é a princípios abstractos, mas sim a milhares e milhões de pessoas de carne e osso que, sob as ditaduras, resistem e lutam por alcançar a liberdade. Mas o mais triste é que esta traição às vítimas não responda a princípios e convicções, mas sim a oportunismo profissional e a poses, gestos e insolências de circunstância. Muitos artistas e intelectuais do nosso tempo tornaram-se muito baratos.»
Mario Vargas Llosa. A civilização do Espectáculo. Tradução de Cristina Rodriguez e Artur Guerra. 2.ª Edição. Quetzal. 2012., p. 139« Os palhaços e os cómicos, convertidos em maîtres à penser - directores de consciência - da sociedade contemporânea, opinam como o que são: o que há de estranho nisso? As suas opiniões parecem responder a supostas ideias progressistas, mas, na verdade, repetem um guião snobista de esquerda: agitar as massas, dar que falar.»
Mario Vargas Llosa. A civilização do Espectáculo. Tradução de Cristina Rodriguez e Artur Guerra. 2.ª Edição. Quetzal. 2012., p. 139'' A putrefação do sistema''
Mario Vargas Llosa. A civilização do Espectáculo. Tradução de Cristina Rodriguez e Artur Guerra. 2.ª Edição. Quetzal. 2012., p. 136
''parasita do orçamento''
Mario Vargas Llosa. A civilização do Espectáculo. Tradução de Cristina Rodriguez e Artur Guerra. 2.ª Edição. Quetzal. 2012., p. 135
«A cultura snobe e acomodada adormece cívica e moralmente uma sociedade que, deste modo, se torna cada vez mais indulgente para com as perversões e excessos daqueles que ocupam cargos públicos e exercem qualquer tipo de poder.»
Mario Vargas Llosa. A civilização do Espectáculo. Tradução de Cristina Rodriguez e Artur Guerra. 2.ª Edição. Quetzal. 2012., p. 133''farejar a sujidade alheia''
Mario Vargas Llosa. A civilização do Espectáculo. Tradução de Cristina Rodriguez e Artur Guerra. 2.ª Edição. Quetzal. 2012., p. 132
«Hoje em dia, em todas as sondagens que se fazem sobre a política, uma maioria significativa de cidadãos opina que se trata de uma atividade medíocre e suja, que repele os mais honestos e capazes e recruta sobretudo nulidades e espertalhões que veem nela uma maneira rápida de enriquecer.»
quarta-feira, 12 de abril de 2023
«Caí farto de mim, Senhor! , exausto,
Farto de mim, de tudo, exausto, imbele,
Impotente ante o excesso do teu fausto
E sem vida ante a Vida..., como aquele
Que num supremo olhar e último hausto,
Próximo já do Norte já não dele,
Mais não recolhe que a fugaz visão
Dum Polo a que só outros chegarão...»
Chão que nunca viu sol nem sonhou rosas
José Régio. As Encruzilhadas de Deus. Edições Presença, Coimbra, 1935., p. 164
sexta-feira, 7 de abril de 2023
''Proibido proibir''
Mario Vargas Llosa. A civilização do Espectáculo. Tradução de Cristina Rodriguez e Artur Guerra. 2.ª Edição. Quetzal. 2012., p. 76
''machismo linguístico''
Mario Vargas Llosa. A civilização do Espectáculo. Tradução de Cristina Rodriguez e Artur Guerra. 2.ª Edição. Quetzal. 2012.
«Mas conseguimos uma vitória pírica, um remédio pior do que a doença: viver na confusão de um mundo em que, paradoxalmente, como já não há maneira de saber o que é a cultura, tudo o é e já nada o é.»
Mario Vargas Llosa. A civilização do Espectáculo. Tradução de Cristina Rodriguez e Artur Guerra. 2.ª Edição. Quetzal. 2012., p. 65
« Nos nossos dias, onde o que se espera dos artistas não é o talento, nem a destreza, mas sim a pose e o escândalo, os seus atrevimentos não são mais do que máscaras de um novo conformismo.»
Mario Vargas Llosa. A civilização do Espectáculo. Tradução de Cristina Rodriguez e Artur Guerra. 2.ª Edição. Quetzal. 2012., p. 45''a vil volúpia da dor''
José Régio. As Encruzilhadas de Deus. Edições Presença, Coimbra, 1935., p. 109
«Vai-te!, como vão todos;»
José Régio. As Encruzilhadas de Deus. Edições Presença, Coimbra, 1935., p. 91
segunda-feira, 3 de abril de 2023
«Que a sede de me dar e de possuir,»
José Régio. As Encruzilhadas de Deus. Edições Presença, Coimbra, 1935., p. 74
domingo, 2 de abril de 2023
«A alma doi-me...! , porque tu ma vês.»
José Régio. As Encruzilhadas de Deus. Edições Presença, Coimbra, 1935., p. 49
« e só morrerás quando eu morrer.»
Guillermo Valencia. Um País que Sonha cem anos de poesia columbiana (1865-1965). Selecção e prólogo Lauren Mendinueta. Tradução Nuno Júdice. Assírio &Alvim, 2012., p. 36
quarta-feira, 29 de março de 2023
terça-feira, 28 de março de 2023
«Dormindo debaixo de um laranjal»
José Afonso. Textos e Canções. Organização Elfriede Engelmayer. 3ª edição revista. Relógio D'Água Editores, Outubro de 2000., p. 182
TU MORRES TODOS OS DIAS
Tu morres todos os dias
libertando telefonemas
diante da minha mágoa
exposta à ira dos dias
levo-te cravos vermelhos
flores recentes da estação
Morres e vais caminhando
sobre uma estrada de fumo
o lume que nos sustenta
Já não cheira não tem vida
Às vezes vens-me à lembrança
descalça ao longo da praia
Vivo terrores de madraço
Com dívidas acumuladas
Seguindo de perto o tráfego
Saberei um dia amar-te
Tu morres tu pontificas
eu respiro a tua sombra
Ai repouso de guerreiro
Sobre o abismo repousas
Azeitão, 31 de Março de 1981
José Afonso. Textos e Canções. Organização Elfriede Engelmayer. 3ª edição revista. Relógio D'Água Editores, Outubro de 2000., p. 162
''chora-se a agonia''
José Afonso. Textos e Canções. Organização Elfriede Engelmayer. 3ª edição revista. Relógio D'Água Editores, Outubro de 2000., p. 156
(...)
«Corre o veneno pelas paredes brancas
o mar vomita peixes e serpentes
caem meninos mortos das varandas
as Parcas estão contentes
Tranquilizar o coração humano
É tão difícil como ser ribeiro
As águas essas correm todo o ano
Não voltam em Janeiro »
'' A dor-inverno''
José Afonso. Textos e Canções. Organização Elfriede Engelmayer. 3ª edição revista. Relógio D'Água Editores, Outubro de 2000., p. 133
« Só nos pinhais é possível parar sem arrependimentos tardios»
« Só nos pinhais é possível parar sem arrependimentos tardios
e penso muito naquela tarde vazia»
José Afonso. Textos e Canções. Organização Elfriede Engelmayer. 3ª edição revista. Relógio D'Água Editores, Outubro de 2000., p. 124
«dentro da asa o delírio»
José Afonso. Textos e Canções. Organização Elfriede Engelmayer. 3ª edição revista. Relógio D'Água Editores, Outubro de 2000., p. 122
domingo, 26 de março de 2023
NOCTURNO
Uma noite,
uma noite toda cheia de perfumes, de murmúrios e de músicas de asas,
uma noite,
em que ardiam na sombra nupcial e húmida, pirilampos fantásticos,
ao meu lado, lentamente, a mim toda cingida,
muda e pálida
Como se um pressentimento de amarguras infinitas,
até ao fundo mais secreto das tuas fibras te agitasse,
pelo atalho que atravessa a campina em flor
caminhavas
e a lua cheia
pelos céus azúleos, infinitos e profundos espargia a sua luz branca,
e a tua sombra
fina e lânguida,
e a minha sombra
pelos raios da lua projectadas,
sobre as areias tristes
da vereda se juntavam
e eram uma
e eram uma
E eram uma única longa sombra!
E eram uma única longa sombra!
E eram uma única longa sombra!
Esta noite
sozinho, a alma
cheia das infinitas amarguras e agonias da tua morte,
separado de ti mesma, pela sombra, pelo tempo e a distância,
pelo infinito negro,
que a nossa voz não alcança
só e mudo
pelo atalho caminhava,
e ouvia-se o ladrar dos cães à lua,
à lua pálida,
e o coaxar
das rãs…
Tive frio, era o frio que sentiam no quarto
As tuas faces e a tua testa e as tuas mãos adoradas,
entre as brancuras níveas
das brancas mortalhas!
Era o frio do sepulcro, era o frio da morte
era o frio do nada…
e a minha sombra
pelos raios da lua projectada,
ia sozinha,
ia sozinha,
ia sozinha pela estepe solitária!
e a tua sombra esbelta e ágil
fina e lânguida,
como nessa noite morta da morta primavera
como nessa noite cheia de perfumes, de murmúrios e de músicas de
asas
abeirou-se e caminhou com ela,
abeirou-se e caminhou com ela,
abeirou-se e caminhou com ela…Oh as sombras enlaçadas!
Oh as sombras que se procuram e se juntam nas noites de negruras e
de lágrimas!...
José Asunción Silva. Um País que Sonha cem anos de poesia columbiana (1865-1965). Selecção e prólogo Lauren Mendinueta. Tradução Nuno Júdice. Assírio &Alvim, 2012., p. 21-22