Ainda tem necessidade de fotografar? Tenho mais necessidade de escrever e de ler sobre fotografia do que de fazer fotografia. A fotografia para mim hoje tornou-se um fenómeno quase fantasma. Olho para certas coisas e vejo que ela é tão, tão fotografia que já não posso fotografá-la. O processo de beleza e de arte estão em diálogo. Quando você olha para uma flor e diz que é linda, você pode estar certa que ela também está achando você bonita. No diálogo as duas coisas não se desprezam, não se esquecem, atraem-se. O diálogo existe mesmo. Como existem várias coisas que me preocupam ligadas à arte e à própria fotografia. A questão da escuta é uma tese que ando a desenvolver.
E significa o quê? Significa a escuta como uma memória, é uma ajuda. É que a memória é traiçoeira. Então penso no gesto. O que é o gesto? O gesto na arte, o teu gesto para fazer uma gravura é diferente do gesto de fazer uma pintura. O teu gesto significa o tempo para fazer uma escultura ou um desenho. O gesto é uma coisa real e precisa como um eletrocardiograma. Você pega uma pintura e põe e tira, depois põe e tira, até ao momento em que ela se fecha mas você não tem tempo para ficar. A escultura também você tira tanto, tanto, que chega a uma certa altura e pensa: o que é que foi importante? O que tirei ou o que ficou? Veja a experiência do cinema. Toda a gente sabe que um filme só é bom e está pronto quando é cortado no fim, a montagem é que é a definição do filme. É onde fica essa relação do que ficou e do que foi tirado. Se eu fosse cineasta ia aproveitar isso para fazer um filme sobre a saudade.
Teve saudades? Saudades do que ficou. A saudade é tão importante que no campo da arte ela é não só saudade do que você já fez, como também saudade do futuro, do que tem de fazer.
Paula Cristina Lima Freitas 15 anos Escola Secundária da Lagoa, Lagoa, Portugal
Cancioneiro Infanto-Juvenil para a Língua Portuguesa. 2º Concurso Poético. Vol.IV O Sonho Vem Pela Cabeça. Instituto Piaget, Lisboa, 1992., p. 181
(...) «Amo alguém tristemente que, na fúria da mente, me enlouqueceu. Amo alguém que, em sua vida, encontrou a saída e me esqueceu.» Mayra Alessandra Bighete S. Lutus 14 anos S. Paulo, Brasil Cancioneiro Infanto-Juvenil para a Língua Portuguesa. 2º Concurso Poético. Vol.IV O Sonho Vem Pela Cabeça. Instituto Piaget, Lisboa, 1992., p. 176
Cláudia Sofia Ponosca Palmeiro 13 anos Cacém, Portugal Cancioneiro Infanto-Juvenil para a Língua Portuguesa. 2º Concurso Poético. Vol.IV O Sonho Vem Pela Cabeça. Instituto Piaget, Lisboa, 1992., p. 169
Patrícia Menezes Pedreira da Silva 13 anos Rio de Janeiro, Brasil Cancioneiro Infanto-Juvenil para a Língua Portuguesa. 2º Concurso Poético. Vol.IV O Sonho Vem Pela Cabeça. Instituto Piaget, Lisboa, 1992., p. 159
Cancioneiro Infanto-Juvenil para a Língua Portuguesa. 2º Concurso Poético. Vol.IV O Sonho Vem Pela Cabeça. Instituto Piaget, Lisboa, 1992., p. 136
''A vida é um pesadelo, P'ra quem o tem no coração.'' Ana Catarina Alves Duarte 11 anos Lisboa, Portugal Cancioneiro Infanto-Juvenil para a Língua Portuguesa. 2º Concurso Poético. Vol.IV O Sonho Vem Pela Cabeça. Instituto Piaget, Lisboa, 1992., p. 135
sexta-feira, 29 de novembro de 2019
I walk along the street of sorrow The boulevard of broken dreams Where gigolo and gigolette Can take a kiss without regret So they forget their broken dreams
You laugh tonight and cry tomorrow When you behold your shattered schemes And gigolo and gigolette Wake up to find their eyes are wet With tears that tell of broken dreams
Here is where you'll always find me Always walking up and down But I left my soul behind me In an old cathedral town
The joy that you find here, you borrow You cannot keep it long, it seems But gigolo and gigolette Still sing a song and dance along The boulevard of broken dreams
Da, da, da, da, da, da, da Da, da, da, da, da, da, da Da, da, da, da, da, da, da Da, da, da, da, da, da, da
The joy that you find here, you borrow You cannot keep it long, it seems But gigolo and gigolette Still sing a song and dance along The boulevard of broken dreams
Com uma pergunta, o Zaratustra de Nietzsche
(2011, p. 46) pode ainda nos perturbar e inquietar,
provocando a reflexão: “[e] também vós, para quem
a vida é furioso trabalho e desassossego: não estais
muito cansados da vida?”
Nietzsche, Friedrich. (2011), Assim falou Zaratustra:
um livro para todos e para ninguém. São Paulo, Companhia das Letras.
''dialogando
com obras de escritores e artistas diversos – entre os
quais despontam não apenas os já citados (Nietzsche,
Melville, Handke, Agamben), mas também Kafka,
Maurice Blanchot, Cézanne, Merleau-Ponty, Walter
Benjamin, Theodor Adorno, Hannah Arendt, Jean
Baudrillard e Roberto Esposito –, Byung-Chul Han
apresenta em seu Sociedade do cansaço uma reflexão
percuciente para o público leitor compreender melhor o modo de funcionamento da sociedade capitalista contemporânea. ''
''(...)para Han, o estado de esgotamento na sociedade atual não provém desse tipo de
potência, mas do excesso de positividade (leia-se:
estímulos). A leitura de 24/7 – Capitalismo tardio e
os fins do sono pode ratificar o sentido da experiência
social analisado por Byung-Chul Han. Nesse livro, o
professor de história da arte Jonathan Crary (2016)
evidencia de que forma a presença constante de estímulos tende a impedir o desligamento do indivíduo,
que dorme hoje em sleep mode. Inspirada nas máquinas, essa expressão recorrente e apenas aparentemente inócua dá a ver a ideia de que o indivíduo
está em “modo de consumo reduzido”, à disposição,
superando a lógica “desligado/ligado”, “de maneira que nada está de fato ‘desligado’ e nunca há um
estado real de repouso” (Crary, 2016, pp. 22-23).
Trazendo à tona projetos científicos, tecnológicos
e laboratoriais cujo objetivo consiste em reduzir ou
eliminar o sono, o norte-americano mostra que tais
empreendimentos – supostamente inacreditáveis –
são consonantes à cultura moderna ocidental que
deprecia o sono desde a estimação positiva de conceitos e valores como produtividade, racionalidade,
consciência, vontade, objetividade, ação, desempenho. Na cultura ocidental contemporânea “24/7”,
na qual impera o regime de trabalho non-stop, o
sono se apresenta como a única dimensão existencial
ainda não colonizada pelo capitalismo.''
''O sistema capitalista mudou o registro da exploração
estranha para a exploração própria, a fim de acelerar o processo. […] Hoje, vivemos numa época pós-marxista. No
regime neoliberal a exploração tem lugar não mais como
alienação e autodesrealização, mas como liberdade e autorrealização. Aqui não entra o outro como explorador,
que me obriga a trabalhar e me explora. Ao contrário, eu
próprio exploro a mim mesmo de boa vontade na fé de
que possa me realizar. E me realizo na direção da morte.
Otimizo a mim mesmo para a morte (pp. 105 e 116).'' Han, Byung-Chul.Sociedade do cansaço. Tradução de Enio Paulo Giachini. 2 ed. ampl. Petrópolis, Vozes, 2017. 128 pp.
''Experimenta-se o “tempo de trabalho total” – expressão que nos remete, às avessas da suposta liberdade
individual sustentada pelos arautos do neoliberalismo, à noção de um “trabalho totalitário”. “A própria
pausa se conserva implícita no tempo de trabalho.
Ela serve apenas para nos recuperar do trabalho,
para poder continuar funcionando” (p. 113)''
Han, Byung-Chul. Sociedade do cansaço. Tradução de Enio Paulo Giachini. 2 ed. ampl. Petrópolis, Vozes, 2017. 128 pp.
''(...)sociedade pós-disciplinar que
absolutiza desempenho e produção. “O excesso de
trabalho e desempenho agudiza-se numa autoexplo-
338 Tempo Social, revista de sociologia da USP, v. 30, n. 3
Resenhas, pp. 335-342
ração. […] Os adoecimentos psíquicos da sociedade
de desempenho são precisamente as manifestações
patológicas dessa liberdade paradoxal” (p. 30).''
Han, Byung-Chul.Sociedade do cansaço. Tradução de Enio Paulo Giachini. 2 ed. ampl. Petrópolis, Vozes, 2017. 128 pp.
Han, Byung-Chul. Sociedade do cansaço. Tradução de Enio Paulo Giachini. 2 ed. ampl. Petrópolis, Vozes, 2017. 128 pp.
A coação de desempenho força-o [o sujeito narcísico
de desempenho] a produzir cada vez mais. Assim, jamais
alcança um ponto de repouso da gratificação. Vive constantemente num sentimento de carência e de culpa. E visto
que, em última instância, está concorrendo consigo mesmo, procura superar a si mesmo até sucumbir. Sofre um
colapso psíquico, que se chama de burnout (esgotamento).
O sujeito de desempenho se realiza na morte. Realizar-se e
autodestruir-se, aqui, coincidem (pp. 85-86).
Han, Byung-Chul. Sociedade do cansaço. Tradução de Enio Paulo Giachini. 2 ed. ampl. Petrópolis, Vozes, 2017. 128 pp.
''(...)para as relações
sociais de produção capitalista contemporânea, o sujeito de desempenho pode explorar-se a si próprio de
modo ainda mais efetivo “quando se mantém aberto
para tudo” (p. 96).''
Han, Byung-Chul. Sociedade do cansaço. Tradução de Enio Paulo Giachini. 2 ed. ampl. Petrópolis, Vozes, 2017. 128 pp.
''o sujeito obediente, temerário e angustiado diante
da possibilidade de transgressão''
Han, Byung-Chul. Sociedade do cansaço. Tradução de Enio Paulo Giachini. 2 ed. ampl. Petrópolis, Vozes, 2017. 128 pp.
''Yes, we can – o slogan utilizado pelo presidente estadunidense Barack Obama – expressa com
precisão o excesso de positividade da sociedade do
desempenho.''
Han, Byung-Chul. Sociedade do cansaço. Tradução
de Enio Paulo Giachini. 2 ed. ampl. Petrópolis, Vozes,
2017. 128 pp.
terça-feira, 26 de novembro de 2019
''O autor Byung-Chul Han na obra "A sociedade do cansaço" refere que "A sociedade disciplinar, tal como Foucault a concebe, formada por hospitais, manicómios, prisões, quartéis e fábricas, já não corresponde à sociedade dos nossos dias. Há muito tempo que ela foi substituída por uma sociedade completamente distinta, uma sociedade de ginásios, torres de escritórios, bancos, aeroportos, centros comerciais e laboratórios genéticos. A sociedade do século XXI já não é uma sociedade disciplinar, mas, sim, uma sociedade de produção". Para além desta obra transporto comigo textos/ensaios fundamentais tais como “Elogio ao Ócio” de Russell, a ”sociedade do espetáculo” de Guy Debord e alguns textos de Fredy Perlman e Ernst Lohoff.''
''(...), os ninhos nas varandas '' Andreia Filipa Veiga da Costa Pinho 11 anos Escola n.º3, Setúbal, Portugal Cancioneiro Infanto-Juvenil para a Língua Portuguesa. 2º Concurso Poético. Vol.IV O Sonho Vem Pela Cabeça. Instituto Piaget, Lisboa, 1992., p. 123
'' Mortos por ambição
Ao dinheiro e ao Poder
Pessoas que sem qualquer razão
Deixaram então de viver.'' Cancioneiro Infanto-Juvenil para a Língua Portuguesa. 2º Concurso Poético. Vol.IV O Sonho Vem Pela Cabeça. Instituto Piaget, Lisboa, 1992., p. 122
''Era uma vez dois castelos de conta
num vivia um sapo
noutro uma princesa tonta.''
Cancioneiro Infanto-Juvenil para a Língua Portuguesa. 2º Concurso Poético. Vol.IV O Sonho Vem Pela Cabeça. Instituto Piaget, Lisboa, 1992., p. 114
''Basta imaginar
um pássaro
para o aprisionar,
depois imaginar
o ar para o libertar,
(...)''
Luís Noël Royer Oliveira Cruz 9 anos Lisboa, Portugal Cancioneiro Infanto-Juvenil para a Língua Portuguesa. 2º Concurso Poético. Vol.IV O Sonho Vem Pela Cabeça. Instituto Piaget, Lisboa, 1992., p. 99
''A vida é um labirinto que, na morte, encontramos a saída. Nas esquinas do labirinto, há a tristeza.''
Ariel Camargo Gris da Silva 9 anos Porto Alegre, Brasil Cancioneiro Infanto-Juvenil para a Língua Portuguesa. 2º Concurso Poético. Vol.IV O Sonho Vem Pela Cabeça. Instituto Piaget, Lisboa, 1992., p. 93
A contas com o bem que tu me fazes A contas com o mal por que passei Com tantas guerras que travei Já não sei fazer as pazes
São flores aos milhões entre ruínas Meu peito feito campo de batalha Cada alvorada que me ensinas Oiro em pó que o vento espalha
Cá dentro inquietação, inquietação É só inquietação, inquietação Porquê, não sei Porquê, não sei Porquê, não sei ainda
Há sempre qualquer coisa que está pra acontecer Qualquer coisa que eu devia perceber Porquê, não sei Porquê, não sei Porquê, não sei ainda
Ensinas-me fazer tantas perguntas Na volta das respostas que eu trazia Quantas promessas eu faria Se as cumprisse todas juntas
Não largues esta mão no torvelinho Pois falta sempre pouco para chegar Eu não meti o barco ao mar Pra ficar pelo caminho
Cá dentro inquietação, inquietação É só inquietação, inquietação Porquê, não sei Porquê, não sei Porquê, não sei ainda
Há sempre qualquer coisa que está pra acontecer Qualquer coisa que eu devia perceber Porquê, não sei Porquê, não sei Porquê, não sei ainda
Cá dentro inquietação, inquietação É só inquietação, inquietação Porquê, não sei Mas sei É que não sei ainda
Há sempre qualquer coisa que eu tenho que fazer Qualquer coisa que eu devia resolver Porquê, não sei Mas sei Que essa coisa é que é linda
Compositores: José Mário Branco
(...) '' A lua parece uma rosa branca que anda à volta do Mundo.''
Nuno Miguel Rodrigues Calado 9 anos Setúbal, Escola n.º 3, Portugal Cancioneiro Infanto-Juvenil para a Língua Portuguesa. 2º Concurso Poético. Vol.IV O Sonho Vem Pela Cabeça. Instituto Piaget, Lisboa, 1992., p. 88
Cancioneiro Infanto-Juvenil para a Língua Portuguesa. 2º Concurso Poético. Vol.IV O Sonho Vem Pela Cabeça. Instituto Piaget, Lisboa, 1992., p. 86
''(...) E riam os dois às gargalhadas Como duas lagartas torradas.''
Inês Alexandra Royer Oliveira Cruz 9 anos Lisboa, Portugal Cancioneiro Infanto-Juvenil para a Língua Portuguesa. 2º Concurso Poético. Vol.IV O Sonho Vem Pela Cabeça. Instituto Piaget, Lisboa, 1992., p. 84