''(...)para Han, o estado de esgotamento na sociedade atual não provém desse tipo de
potência, mas do excesso de positividade (leia-se:
estímulos). A leitura de 24/7 – Capitalismo tardio e
os fins do sono pode ratificar o sentido da experiência
social analisado por Byung-Chul Han. Nesse livro, o
professor de história da arte Jonathan Crary (2016)
evidencia de que forma a presença constante de estímulos tende a impedir o desligamento do indivíduo,
que dorme hoje em sleep mode. Inspirada nas máquinas, essa expressão recorrente e apenas aparentemente inócua dá a ver a ideia de que o indivíduo
está em “modo de consumo reduzido”, à disposição,
superando a lógica “desligado/ligado”, “de maneira que nada está de fato ‘desligado’ e nunca há um
estado real de repouso” (Crary, 2016, pp. 22-23).
Trazendo à tona projetos científicos, tecnológicos
e laboratoriais cujo objetivo consiste em reduzir ou
eliminar o sono, o norte-americano mostra que tais
empreendimentos – supostamente inacreditáveis –
são consonantes à cultura moderna ocidental que
deprecia o sono desde a estimação positiva de conceitos e valores como produtividade, racionalidade,
consciência, vontade, objetividade, ação, desempenho. Na cultura ocidental contemporânea “24/7”,
na qual impera o regime de trabalho non-stop, o
sono se apresenta como a única dimensão existencial
ainda não colonizada pelo capitalismo.''
Han, Byung-Chul
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