domingo, 27 de novembro de 2016

«Nascemos dos limites.»

Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 371

''rio intransponível''

42

MÃO QUE VOA

Poesia
não se aperta
na mão
como um pássaro 
doente.

Poesia é a mão
que voa
com o pássaro.

Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 370
de esconso
de soslaio, de esguelha

sexta-feira, 25 de novembro de 2016


37

PASSAGEM DE UM POVO

Sou a passagem 
entre ti e os mortos.
Passagem de um povo.
Escolhi.

Que me lavem no fogo
e me rodeiem
no silêncio da aurora.

A criação pousou em mim.
Eu vejo.

Sou um começo
que nem mesmo entendo.
Passagem de alguém
que reconheço
no amor de andar
em mim.


Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 365

«Nenhuma lucidez é feliz»

Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 364
«Voltava da eternidade
ou do amor quando te vi.»


Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 366
«A eternidade era o sangue
que roubei do equilíbrio.»



Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 364

úmero




nome masculino

ANATOMIA osso longo que constitui o endosqueleto do braço

«os teus sonhos
não dormem.»


Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 363

(...)

« o bando de estorninhos
sobre a alma.»


Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 362

incoativo

adjetivo

1. que começa
2. GRAMÁTICA (verbo) que exprime começo de uma ação (como adormecer e anoitecer)


Do latim inchoatīvu-, «que indica começo»
«(...) E dali
descíamos
e não era o mar,
a escuridão.

Descíamos
para dentro dos vivos.»


Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 361
''¿Quién dijo que cuando nos hacemos mayores ya no podemos crear? El que nace artista, morirá artista y seguirá creando en nuevos mundos. La madre de Tony Luciani ya no era capaz de cuidar de sí misma, entonces el artista canadiense, se encargó de ser su cuidador a tiempo completo. Así que se le ocurrió ir más allá de los cuidados básicos y comenzar una aventura artística junto a su madre. El objetivo, hacerle sentir útil y reforzar…''


quarta-feira, 23 de novembro de 2016

(...)

«Mas teria Deus alguma infância?

A sua maturidade me chegava
aos olhos e aos sentidos.

Não havia divisão na primavera.
Ou submissão.»




Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 360

O SONO DESLIZOU

''cada instante dói''

Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 359

ESTA CHAMA

O coração é jovem.
Envelhece a razão.

Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 359

sábado, 19 de novembro de 2016

«Inocentes somos
quando amamos.»


Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 325

“O homem se fez homem graças à mão”

McLuhan

 “O artista é a pessoa que inventa os meios para unir a herança biológica e os ambientes criados pelas inovações tecnológicas”
Filme de Marcelo Masagão, o já clássico ‘Nós que aqui estamos por vós esperamos’ (1999)

Gilles Deleuze: “... e, como se sabe, um puro espírito, basta ter feito a experiência da mesa girante [do espiritismo], para saber que um puro espírito não dá respostas muito profundas, nem muito inteligentes, é um pouco vago”.
«Sozinho não vou.
Não quero ir.»


Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 322

''vento de amanhecer''

«Quero abraçar-te, morte»

Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 314

‘The Welsh Maid’ book of photographic studies, 1940’s, by Horace Roye from Narbeth


        «Isto começou na minha infância; é uma voz que
se produz, e quando se produz, sempre me desvia do
que vou fazer.»


                                         PLATÃO, Defesa de Sócrates

XLVI


UM DIA

Um dia a aurora
na cesta do pão.

Um dia as coisas 
vergarão a aurora.

Um dia
amor e amantes
colherão
no dobrar das mãos.

O mundo
ao lado de outro
mundo.

Um dia.


Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 297
«Pode a memória ser árvore.
E nós, os nodosos ramos.»



Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 297

«Quando te vi, perdi a morte»

Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 296

sexta-feira, 18 de novembro de 2016


expiatiōne


«Que ponto o amor é amor
ou apenas brusco
atordoamento, expiação
de um mundo definhado?»



Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 292

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

XXXIV


- NÃO CARREGUEM OS MORTOS

Uma terra que não seca
está connosco.
Não carreguem os mortos.
Os ramos se renovam.
E o coração
tem uma corola de fôlegos.



Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 292

«As coisas pedem pouso quando amam.»

Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 286
«Quem te amou,
estava em mim,»


Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 286

Man Ray, Nusch Eluard on Plaster, 1933


«Estamos
no fim de nós mesmos.»


Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 285
(...)

«O coração não sabe
divisar os seus ritos,
nem se arrimar na terra
ou nas cicatrizes.»

Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 285

''a solidão de um homem''

Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 280
«Mitchel (1988) refere que as pessoas continuam ao longo da vida a procurar relações insatisfatórias porque, em todo o caso, elas representam protótipos de graus de segurança, esta é auferida na ligação ao anteriormente já experimentado.
   Da Saúde Mental faz parte a integração de novas experiências de relação, renovadoras e promotoras do desenvolvimento. Contudo, é necessário que se tenha construído internamente um sentimento de ter sido desejado e amado de modo continuado por alguém, de forma a se poder partir em busca de novas relações, também essas geradoras de amor e de crescimento emocional e afectivo.»


Isabel Mesquita. Disfarces de Amor. Relacionamentos Amorosos e Vulnerabilidade narcísica. Isabel Mesquita. Climepsi Editores, Lisboa, 2013., p. 63

o DESABROCHAR DO EU

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