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domingo, 26 de janeiro de 2014
«Aquilino Ribeiro publicava A Via Sinuosa, e ele retratava a mulher cuja ''carne era uma harpa de inefáveis melodias''. O melhor que uma mulher de espírito podia aspirar era ser chamada «privilegiada senhora».
Agustina Bessa-Luís. Doidos e amantes. 2ª edição, Lisboa Guimarães Editores, 2005., p. 66
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quinta-feira, 21 de julho de 2011
Aí tem a enfermidade de seu marido.
« - Sabe qual é o mal que corrói Ricardo?...Hem, não sabe?...Sabe, sabe, que eu já lho dei a entender. Hem?...Eu repito: amar Mónica em demasia. Garanto-lho. Julga-se no ocaso, o pateta, e para ele a esposa - não veja cumprimento que me limito a reproduzir palavras dele - é a madrugada. Gosta de si perdidamente e assim não é para admirar que o amor venha enlodado de ciúme. Ciúme de fera que não olha ao passado nem ao presente, mas apenas ao futuro, para lá dos anos, para lá, porventura, da morte, tão tirânico e absurdo é esse sentimento. Pode compreender semelhante aberração, se assim se lhe deve chamar?...Há-de poder...Eu posso. Aí tem a enfermidade de seu marido.»
Aquilino Ribeiro. O Arcanjo Negro. Livraria Bertrand, 1960., p. 244
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terça-feira, 19 de julho de 2011
«Partir já e sozinha era bem o desejo dela, sôfrega como estava de desafogar, chorar, gemer, arranhar-se, talvez, mesmo durante o trajecto.»
Aquilino Ribeiro. O Arcanjo Negro. Livraria Bertrand, 1960., p. 216
Aquilino Ribeiro. O Arcanjo Negro. Livraria Bertrand, 1960., p. 216
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os olhos de Mónica
«(...) os olhos de Mónica foram-se enevoando de tristeza como o céu escurece quando está para chover.»
Aquilino Ribeiro. O Arcanjo Negro. Livraria Bertrand, 1960., p. 212
Aquilino Ribeiro. O Arcanjo Negro. Livraria Bertrand, 1960., p. 212
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«Ao pé, hipocritamente de joelhos e mãos em cruz, o gato familiar finge que dorme, mas pela fresta subtilíssima das pálpebras com despeito sádico vê sarabandear os pardais dos telhados que andam a dizer uns aos outros com certo alvoroço onde se pode molhar o bico.»
Aquilino Ribeiro. O Arcanjo Negro. Livraria Bertrand, 1960., p. 204/5
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terça-feira, 12 de julho de 2011
muita gente que não só me não deve nada como me não conhece
«(...), pessoas com quem trocava apenas cumprimentos da mais extremada cerimónia das vezes que se encontrava com elas.
- Ora, ora! Que honra ser das relações do Tavarede, o Tavarede porventura milionário, ora e sempre árbitro das petulâncias! - opôs Teodósio.
- Vi a acompanhar o féretro muita gente que não só me não deve nada como me não conhece - retorquiu Ricardo com secura.»
Aquilino Ribeiro. O Arcanjo Negro. Livraria Bertrand, 1960., p.175
- Ora, ora! Que honra ser das relações do Tavarede, o Tavarede porventura milionário, ora e sempre árbitro das petulâncias! - opôs Teodósio.
- Vi a acompanhar o féretro muita gente que não só me não deve nada como me não conhece - retorquiu Ricardo com secura.»
Aquilino Ribeiro. O Arcanjo Negro. Livraria Bertrand, 1960., p.175
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Essas mãos enxertaram rosas no caule dos cardos
«Mãos de Sísifo, infatigáveis, mãos de Eneias, piedosas mãos de Sepúlveda, crispadas de agonia, mãos abençoadas de demiurgo amassador de civilizações, salve! Essas mãos vestiram de messes o campo de Haceldama. Essas mãos enxertaram rosas no caule dos cardos. Petrificaram, ó Céus, no dia glorioso para a sociedade lusa, triunfante contra a desordem soprada para nossos lares pelo demónio das estepes e das neves eternais.»
Aquilino Ribeiro. O Arcanjo Negro. Livraria Bertrand, 1960., p.170/1
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Mas não tenhas dúvida que os que se acachapam, que aderem, que batem palmas são a escumalha.
«Mas não tenhas dúvidas que os que se acachapam, que aderem, que batem palmas são a escumalha. Pau para toda a colher, quer dizerm donos de uma consciência cívica fraca como a porta das hospedarias, é ilusório fundamentar em tal espécie de gente a força dum regime e muito menos a dum povo. Acontecem estas fatalidades aos países apoucados e semibárbaros. Aqui está porque acima de tudo, independentemente do descalabro que sobrevém às ideias, me fazem pena os que morrem e os que serão acalcanhados sem piedade. Eram, pelo menos, o nervo da população democrática, e só em Portugal os homens não representam um valor como as mais coisas. Se representassem, outro galo nos cantaria. Mas, afinal, que é isto tudo perante a eternidade, como clamas tu e o cura, ali, de S.Paulo?!»
Aquilino Ribeiro. O Arcanjo Negro. Livraria Bertrand, 1960., p.152
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segunda-feira, 11 de julho de 2011
a observar
«Tavarede não soube ter palavras para responder e encostou-se ao peitoril a observar.»
Aquilino Ribeiro. O Arcanjo Negro. Livraria Bertrand, 1960., p.136
Aquilino Ribeiro. O Arcanjo Negro. Livraria Bertrand, 1960., p.136
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domingo, 10 de julho de 2011
Isso para mim é grego!
« - Ricardo está a atravessar a fase contrária à do coração insatisfeito, quando se não sentia correspondido; correspondido como era seu entender...Sim senhora, a do amor desconfiado por se ver satisfeito...É a contracurva da estrada.
- Isso para mim é grego!
- Será complicado, será, mas há-de ver que bate certo. Creia, estamos em face duma psicose sentimental. E tudo leva a crer que seu marido lhe volte amável e rendido como dantes, mais depressa do que imagina.»
Aquilino Ribeiro. O Arcanjo Negro. Livraria Bertrand, 1960., p.116
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O arcanjo Negro
contrastes de humor
«De começo não ligara importância àqueles contrastes de humor, embora se sucedessem, gradativos como se um prisma monstruoso lhe decompusesse nos vários tons, de hora para hora, o espectro sentimental.»
Aquilino Ribeiro. O Arcanjo Negro. Livraria Bertrand, 1960., p.111
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O arcanjo Negro
Porque te não suicidas?
«Não te tomam a sério porque nunca andaste de braço dado com eles pelos sol-e-dós da política nem juraste morte ao padre no altar da deusa Razão. A tua insistência em querer abrir uma porta que te está fechada toca as raias da paranóia. Queres dar cabo de ti, dize, tomando semelhante tóxico?...Coitado, podias adoptar melhor processo! Mas se é assim, se andas realmente insatisfeito com a vida, se é possível caber tal absurdo no espírito dum homem dotado de tudo quanto pode gerar a felicidade, vale mais suicidares-te. Porque não te suicidas? É mais elegante, maças menos os teus amigos, incomodas por uma vez a família. Olha, Ricardo, não leves a mal - e se levas, pouco importa - mas permite que, em nome daquela correcção fraterna de que nos falavam os padres de S.Fiel, te aconselhe a reflectir, a reflectir e dar volta ao miolo de modo a trazeres para a vida activa, quer dizer, para a vida quotidiana, o resto do juízo que ainda possas conservar.»
Aquilino Ribeiro. O Arcanjo Negro. Livraria Bertrand, 1960., p.103
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quinta-feira, 7 de julho de 2011
« (...) catervas de meninas mais atreitas ao namorico que ao humanismo.»
Aquilino Ribeiro. O Arcanjo Negro. Livraria Bertrand, 1960., p.95
Aquilino Ribeiro. O Arcanjo Negro. Livraria Bertrand, 1960., p.95
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terça-feira, 5 de julho de 2011
«- Cuidado, matar a pacassa, bem está; feri-la, é o Diabo! É o diabo! (...)»
Aquilino Ribeiro. O Arcanjo Negro. Livraria Bertrand, 1960., p.90
Aquilino Ribeiro. O Arcanjo Negro. Livraria Bertrand, 1960., p.90
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« - Desconheço o que vocês vão fazer. Faltava um homem; já o acharam? É quanto basta para deitar abaixo a teia de aranha.
- Porque não dá o passo em frente?
- O bastão, ao que vejo, está em boas mãos. Nasce-se, amigo Tavarede, para comandar como se nasce para levar vida obscura.»
Aquilino Ribeiro. O Arcanjo Negro. Livraria Bertrand, 1960., p.89
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domingo, 3 de julho de 2011
IV
«Estava há mais de um quarto de hora com a caneta ao alto à espera de inspiração, batido por sentimentos contrários. O papel branco ofuscava-o; luz, coisas, bugigangas pareciam atentas ao que ia fazer e concordarem entre elas que não faria nada. O seu espírito não era poço vazio e com lodo no fundo a exalar miasmas, como lhe dissera certo foliculário, mas um armazém de salvados...Lá isso, sim, salvados de naufrágio. Seriam mais de dez da noite e ele continuava a passear o olhar indeciso pelos objectos, em cada um deixando um pensamento de melancolia: o retrato de Mónica tão altaneira na sua madrugada, os livros, os tristes livros para onde autores de que ninguém mais queria saber haviam despejado a pobre massa encefálica e o melhor do sangue, (...)»
sábado, 2 de julho de 2011
sexta-feira, 14 de janeiro de 2011
«Perguntamo-nos se a criança tem necessidade de evasão como as criaturas de idade e batidas pelo uniforme pesadume das coisas. Por minha parte quero crer que o mundo gravita em sonho e em mistério. Cada partícula da vida encerra um conto de fadas. Não é preciso inventá-las. Os brinquedos de Nuremberga são de resto tanto mais apreciados pelos meninos quanto melhor reproduzem o real; ursos de feltro, cavalos de pau, pintainhos de lata que andam e vão bicando um imaginável grão de painço.»
Aquilino Ribeiro in Teorias do autor acerca da literatura infantil e dos seus dois livros neste género - inquérito. Romance da Raposa. Ilustrações de Benjamim Rabier.21ª edição. Bertrand Editora. Lisboa, 1961. p. 174/5
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