MASHA (Com amargura e desapontamento, entre-den-
tes) Que Deus não me tivesse nunca deixado
pôr os olhos em ti!»
A. Tchekov. A Gaivota. Tradução de Fiama Hasse Pais Brandão. Relógio D'Água, Lisboa, 1992., p. 86
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segunda-feira, 21 de março de 2011
POLINA (Para TREPLEV) Ela é um amor. (Pausa) As
mulheres querem apenas uma única coisa,
Kostya: um olhar de adoração. Sei-o por
mim.
A. Tchekov. A Gaivota. Tradução de Fiama Hasse Pais Brandão. Relógio D'Água, Lisboa, 1992., p. 84
mulheres querem apenas uma única coisa,
Kostya: um olhar de adoração. Sei-o por
mim.
A. Tchekov. A Gaivota. Tradução de Fiama Hasse Pais Brandão. Relógio D'Água, Lisboa, 1992., p. 84
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domingo, 20 de março de 2011
POLINA (Suspirando) As pessoas de idade são iguais
às crianças pequenas.
A. Tchekov. A Gaivota. Tradução de Fiama Hasse Pais Brandão. Relógio D'Água, Lisboa, 1992., p. 83
às crianças pequenas.
A. Tchekov. A Gaivota. Tradução de Fiama Hasse Pais Brandão. Relógio D'Água, Lisboa, 1992., p. 83
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MASHA (Levanta a luz do candeeiro) O lago está co-
berto de ondas. Ondas gigantescas.
MEDVEDENKO Está uma escuridão total, no jardim. Deviam
ter mandado desarmar o palco. Para ali ficou,
no meio do jardim, desguarnecido e desarti-
culado, como um esqueleto, e com a cortina a
espanejar ao vento. Ontem à noitinha, passei
lá ao pé e pareceu-me ouvir alguém a chorar,
lá dentro.
A. Tchekov. A Gaivota. Tradução de Fiama Hasse Pais Brandão. Relógio D'Água, Lisboa, 1992., p. 82
berto de ondas. Ondas gigantescas.
MEDVEDENKO Está uma escuridão total, no jardim. Deviam
ter mandado desarmar o palco. Para ali ficou,
no meio do jardim, desguarnecido e desarti-
culado, como um esqueleto, e com a cortina a
espanejar ao vento. Ontem à noitinha, passei
lá ao pé e pareceu-me ouvir alguém a chorar,
lá dentro.
A. Tchekov. A Gaivota. Tradução de Fiama Hasse Pais Brandão. Relógio D'Água, Lisboa, 1992., p. 82
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TREPLEV (...) Perdoa-me, não sei men-
tir - os livros dele dão-me vómitos.
(...)
TREPLEV (Com ironia) ''Realmente dotados de ta-
lento'', ora vejamos! (Furioso) Quanto a
isso, eu tenho muito mais talento do que vo-
cês todos juntos. (Arranca a ligadura da ca-
beça) Vocês e as vossas convençõezinhas ta-
canhas são quem manda na arte, hoje em dia.
Considerem que só o que é feito por vocês é
genuíno, autêntico - suprimem e destroem
tudo o mais. Recuso-me a reconhecer-vos, e
à vossa supremacia! Não admito a tua, nem a
dele!
A. Tchekov. A Gaivota. Tradução de Fiama Hasse Pais Brandão. Relógio D'Água, Lisboa, 1992., p. 70
tir - os livros dele dão-me vómitos.
(...)
TREPLEV (Com ironia) ''Realmente dotados de ta-
lento'', ora vejamos! (Furioso) Quanto a
isso, eu tenho muito mais talento do que vo-
cês todos juntos. (Arranca a ligadura da ca-
beça) Vocês e as vossas convençõezinhas ta-
canhas são quem manda na arte, hoje em dia.
Considerem que só o que é feito por vocês é
genuíno, autêntico - suprimem e destroem
tudo o mais. Recuso-me a reconhecer-vos, e
à vossa supremacia! Não admito a tua, nem a
dele!
A. Tchekov. A Gaivota. Tradução de Fiama Hasse Pais Brandão. Relógio D'Água, Lisboa, 1992., p. 70
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sexta-feira, 18 de março de 2011
ACTO III
(Sala de jantar em casa de SORIN. À esquerda e à direita, há portas. Aparador. Outro armário, com muitos remédios. Mesa, no meio da sala. Uma mala e caixas de chapéus. Preparativos de viagem, bem visíveis. TRIGORIN está a almoçar. MASHA, de pé, junto da mesa)
MASHA Se lhe falo nisto, é precisamente por o senhor
ser escritor. Se quiser, pode utilizar tudo. Se
ele estivesse gravemente ferido, eu não seria
capaz de continuar a viver nem mais um mi-
nuto. Ah, mas ainda conservo algum ânimo, e
resolvi arrancar este amor do meu coração, de
uma vez para sempre, arrancar-lhe raízes.
TRIGORIN Como?
MASHA Casando-me. Vou casar-me com o
Medvedenko.
TRIGORIN O professor?
MASHA Sim.
TRIGORIN Para mim não é muito clara a razão que a
compeliu a isso.
MASHA É um amor sem esperança, ano após ano à
espera...Se eu me casar, deixo de ter tempo
para o amor. Responsabilidades novas hão-
-de apagar os antigos afectos. De qualquer
modo vai ser uma situação nova para mim.
Acompanha-me? (Enche os copos)
A. Tchekov. A Gaivota. Tradução de Fiama Hasse Pais Brandão. Relógio D'Água, Lisboa, 1992., p. 59/60
MASHA Se lhe falo nisto, é precisamente por o senhor
ser escritor. Se quiser, pode utilizar tudo. Se
ele estivesse gravemente ferido, eu não seria
capaz de continuar a viver nem mais um mi-
nuto. Ah, mas ainda conservo algum ânimo, e
resolvi arrancar este amor do meu coração, de
uma vez para sempre, arrancar-lhe raízes.
TRIGORIN Como?
MASHA Casando-me. Vou casar-me com o
Medvedenko.
TRIGORIN O professor?
MASHA Sim.
TRIGORIN Para mim não é muito clara a razão que a
compeliu a isso.
MASHA É um amor sem esperança, ano após ano à
espera...Se eu me casar, deixo de ter tempo
para o amor. Responsabilidades novas hão-
-de apagar os antigos afectos. De qualquer
modo vai ser uma situação nova para mim.
Acompanha-me? (Enche os copos)
A. Tchekov. A Gaivota. Tradução de Fiama Hasse Pais Brandão. Relógio D'Água, Lisboa, 1992., p. 59/60
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NINA O que é que está a escrever?
TRIGORIN São só uns apontamentos...Ocorreu-me agora
mesmo um tema...(Mete o bloco de notas na
algibeira) Um tema para um conto. Uma ra-
pariga que passou a vida à beira de um lago,
Assim, como você. Essa rapariga ama o lago.
como uma gaivota, e é feliz e livre como uma
gaivota. Um homem passa, olha para ela, e
como não tem mais nada que fazer, destrói-a
- como aquela gaivota ali. (Pausa)
A. Tchekov. A Gaivota. Tradução de Fiama Hasse Pais Brandão. Relógio D'Água, Lisboa, 1992., p.58
TRIGORIN São só uns apontamentos...Ocorreu-me agora
mesmo um tema...(Mete o bloco de notas na
algibeira) Um tema para um conto. Uma ra-
pariga que passou a vida à beira de um lago,
Assim, como você. Essa rapariga ama o lago.
como uma gaivota, e é feliz e livre como uma
gaivota. Um homem passa, olha para ela, e
como não tem mais nada que fazer, destrói-a
- como aquela gaivota ali. (Pausa)
A. Tchekov. A Gaivota. Tradução de Fiama Hasse Pais Brandão. Relógio D'Água, Lisboa, 1992., p.58
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terça-feira, 15 de março de 2011
TREPLEV (Entra, sem chapéu, com uma espingarda.
Traz na mão uma gaivota morta) Está aqui
sozinha?
NINA Sozinha. (TREPLEV poisa a gaivota no chão,
aos pés de NINA) Que quer isto dizer?
TREPLEV Hoje cometi um acto desprezível. Matei esta
gaivota. E agora deponho-a a teus pés.
NINA Mas o que é que tu tens? (Pega na gaivota e
observa-a).
TREPLEV (Após uma pausa) Não vai tardar muito que
eu me mate também.
NINA Não estou a reconhecer-te.
TREPLEV Foi desde que eu deixei de te reconhecer a ti.
Mudaste, no teu comportamento para comigo.
Tens um olhar frio...a minha presença constran-
ge-te.
NINA E tu, de há algum tempo para cá, tornaste-te
irritável. Nem é fácil apanhar o sentido do
que tu dizes - parece que falas por símbolos.
Quer parecer-me que esta gaivota também
é um símbolo, obviamente, mas não o
entendo, desculpa-me. (Põe a gaivota em
cima do banco) Sou demasiado simples para
poder entender-te.
TREPLEV Tudo começou naquela noite, com o falhanço
da minha peça. Um falhanço estúpido! E as
mulheres não perdoam nunca o insucesso. Já
queimei a peça, não ficou nem uma folha. Se
tu soubesses como eu me sinto infeliz. Essa
tua frieza é horrível. É inacreditável. Sinto-me
como se tivesse acordado de repente, e visse
o lago todo seco, bebido pela terra. Disseste
que eras simples de mais para me entenderes.
Mas entenderes o quê? A minha peça desa-
gradou a todos. E tu não dás valor à minha
inspiração, consideras-me medíocre, uma
nulidade, como a maior parte das outras pes-
soas...(Bate com um dos pés) Ah, como eu
estou a compreender tudo, a compreender
muitíssimo bem! É como se me tivessem dado
uma martelada na cabeça. Maldito! Maldito
orgulho que me está a sugar o sangue até à
derradeira gota, que é como uma víbora...
(Vê TRIGORIN a aproximar-se, lendo o seu
bloco de apontamentos) Eis que vem aí um
verdadeiro génio, tem as passadas de Hamlet,
e, como ele, avança de livro na mão. (Zomba)
''Words, words, words...'' Ainda este sol
vem longe e já o teu sorriso desponta. A
frieza do teu olhar aquece sob os seus raios.
Não quero ser importuno. (Sai, rápido)
A. Tchekov. A Gaivota. Tradução de Fiama Hasse Pais Brandão. Relógio D'Água, Lisboa, 1992., p.48-50
Traz na mão uma gaivota morta) Está aqui
sozinha?
NINA Sozinha. (TREPLEV poisa a gaivota no chão,
aos pés de NINA) Que quer isto dizer?
TREPLEV Hoje cometi um acto desprezível. Matei esta
gaivota. E agora deponho-a a teus pés.
NINA Mas o que é que tu tens? (Pega na gaivota e
observa-a).
TREPLEV (Após uma pausa) Não vai tardar muito que
eu me mate também.
NINA Não estou a reconhecer-te.
TREPLEV Foi desde que eu deixei de te reconhecer a ti.
Mudaste, no teu comportamento para comigo.
Tens um olhar frio...a minha presença constran-
ge-te.
NINA E tu, de há algum tempo para cá, tornaste-te
irritável. Nem é fácil apanhar o sentido do
que tu dizes - parece que falas por símbolos.
Quer parecer-me que esta gaivota também
é um símbolo, obviamente, mas não o
entendo, desculpa-me. (Põe a gaivota em
cima do banco) Sou demasiado simples para
poder entender-te.
TREPLEV Tudo começou naquela noite, com o falhanço
da minha peça. Um falhanço estúpido! E as
mulheres não perdoam nunca o insucesso. Já
queimei a peça, não ficou nem uma folha. Se
tu soubesses como eu me sinto infeliz. Essa
tua frieza é horrível. É inacreditável. Sinto-me
como se tivesse acordado de repente, e visse
o lago todo seco, bebido pela terra. Disseste
que eras simples de mais para me entenderes.
Mas entenderes o quê? A minha peça desa-
gradou a todos. E tu não dás valor à minha
inspiração, consideras-me medíocre, uma
nulidade, como a maior parte das outras pes-
soas...(Bate com um dos pés) Ah, como eu
estou a compreender tudo, a compreender
muitíssimo bem! É como se me tivessem dado
uma martelada na cabeça. Maldito! Maldito
orgulho que me está a sugar o sangue até à
derradeira gota, que é como uma víbora...
(Vê TRIGORIN a aproximar-se, lendo o seu
bloco de apontamentos) Eis que vem aí um
verdadeiro génio, tem as passadas de Hamlet,
e, como ele, avança de livro na mão. (Zomba)
''Words, words, words...'' Ainda este sol
vem longe e já o teu sorriso desponta. A
frieza do teu olhar aquece sob os seus raios.
Não quero ser importuno. (Sai, rápido)
A. Tchekov. A Gaivota. Tradução de Fiama Hasse Pais Brandão. Relógio D'Água, Lisboa, 1992., p.48-50
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ARKADINA (...) Onde é que está o Boris Alexeevich?
NINA Está lá em baixo, a pescar.
ARKADINA Nunca se cansa de pescar, não entendo.
(Prepara-se para prosseguir leitura)
NINA Que livro é esse?
ARKADINA Na Água, do Maupassant, minha querida.
(Lê umas linhas, para consigo) Bem, o que
vem a seguir não tem interesse, nem sequer é
verdadeiro. (Fecha o livro) Estou preocupa-
díssima, verdadeiramente aflita, no meu
íntimo. Sabe dizer-me o que é que se passa
com o meu filho? Porque é que ele anda tão
abatido, tão triste? Deixa-se ficar dias e dias
inteiros, à beira do lago, e mal o vejo.
MASHA Tem o coração doente. (Para NINA, com ti-
midez) Não faz o favor de nos ler uma pas-
sagem da peça dele?
NINA (Depois de encolher os ombros) Quer que eu
leia? Mas é tão pouco interessante, a peça.
MASHA Quando é ele próprio a ler, os seus olhos
brilham, e empalidece. Uma voz linda, me-
lancólica. Parece mesmo um poeta.
A. Tchekov. A Gaivota. Tradução de Fiama Hasse Pais Brandão. Relógio D'Água, Lisboa, 1992., p.40
NINA Está lá em baixo, a pescar.
ARKADINA Nunca se cansa de pescar, não entendo.
(Prepara-se para prosseguir leitura)
NINA Que livro é esse?
ARKADINA Na Água, do Maupassant, minha querida.
(Lê umas linhas, para consigo) Bem, o que
vem a seguir não tem interesse, nem sequer é
verdadeiro. (Fecha o livro) Estou preocupa-
díssima, verdadeiramente aflita, no meu
íntimo. Sabe dizer-me o que é que se passa
com o meu filho? Porque é que ele anda tão
abatido, tão triste? Deixa-se ficar dias e dias
inteiros, à beira do lago, e mal o vejo.
MASHA Tem o coração doente. (Para NINA, com ti-
midez) Não faz o favor de nos ler uma pas-
sagem da peça dele?
NINA (Depois de encolher os ombros) Quer que eu
leia? Mas é tão pouco interessante, a peça.
MASHA Quando é ele próprio a ler, os seus olhos
brilham, e empalidece. Uma voz linda, me-
lancólica. Parece mesmo um poeta.
A. Tchekov. A Gaivota. Tradução de Fiama Hasse Pais Brandão. Relógio D'Água, Lisboa, 1992., p.40
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segunda-feira, 14 de março de 2011
DORN Ainda outra coisa. Na obra de arte, tem de
haver sempre um pensamento claro e bem
definido. Temos de saber para que se está a
escrever. De outro modo, quando envereda-
mos por um caminho cheio de pitoresco mas
sem objectivo, perdemos o rumo e somos
aniquilados pelo nosso próprio talento.
A. Tchekov. A Gaivota. Tradução de Fiama Hasse Pais Brandão. Relógio D'Água, Lisboa, 1992., p.34
haver sempre um pensamento claro e bem
definido. Temos de saber para que se está a
escrever. De outro modo, quando envereda-
mos por um caminho cheio de pitoresco mas
sem objectivo, perdemos o rumo e somos
aniquilados pelo nosso próprio talento.
A. Tchekov. A Gaivota. Tradução de Fiama Hasse Pais Brandão. Relógio D'Água, Lisboa, 1992., p.34
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NINA Estou só. E uma vez apenas, de cem em cem
anos, abro a minha boca para falar, e a minha
voz ressoa melancólica neste lugar ermo e de-
solado, e ninguém a ouve...
A. Tchekov. A Gaivota. Tradução de Fiama Hasse Pais Brandão. Relógio D'Água, Lisboa, 1992., p.24
anos, abro a minha boca para falar, e a minha
voz ressoa melancólica neste lugar ermo e de-
solado, e ninguém a ouve...
A. Tchekov. A Gaivota. Tradução de Fiama Hasse Pais Brandão. Relógio D'Água, Lisboa, 1992., p.24
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sexta-feira, 11 de março de 2011
ARKADINA (Recita uma passagem do Hamlet)
''Meu filho, fizeste
voltar o meu olhar para dentro de mim.
E vejo nódoas tão raiadas e escuras
que nada lhes lavará a tinta.''
TREPLEV (Do Hamlet:)
''Porque vos haveis vós entregado ao vício
e procurado o amor nos abismos do crime?''
A. Tchekov. A Gaivota. Tradução de Fiama Hasse Pais Brandão. Relógio D'Água, Lisboa, 1992., p.22
''Meu filho, fizeste
voltar o meu olhar para dentro de mim.
E vejo nódoas tão raiadas e escuras
que nada lhes lavará a tinta.''
TREPLEV (Do Hamlet:)
''Porque vos haveis vós entregado ao vício
e procurado o amor nos abismos do crime?''
A. Tchekov. A Gaivota. Tradução de Fiama Hasse Pais Brandão. Relógio D'Água, Lisboa, 1992., p.22
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escritor e dramaturgo russo,
excerto
DORN (Canta) ''Nunca digas que a tua juventude foi
perdida...''
A. Tchekov. A Gaivota. Tradução de Fiama Hasse Pais Brandão. Relógio D'Água, Lisboa, 1992., p.19
perdida...''
A. Tchekov. A Gaivota. Tradução de Fiama Hasse Pais Brandão. Relógio D'Água, Lisboa, 1992., p.19
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Anton Tchekov,
escritor e dramaturgo russo
NINA É tão difícil de representar, a tua peça. Não
tem personagens vivas, nenhuma.
TREPLEV Personagens vivas! A vida não tem que ser
reproduzida como é, nem como deveria ser.
É a vida que vemos em sonho que nós temos
de reproduzir.
A. Tchekov. A Gaivota. Tradução de Fiama Hasse Pais Brandão. Relógio D'Água, Lisboa, 1992., p.18/9
tem personagens vivas, nenhuma.
TREPLEV Personagens vivas! A vida não tem que ser
reproduzida como é, nem como deveria ser.
É a vida que vemos em sonho que nós temos
de reproduzir.
A. Tchekov. A Gaivota. Tradução de Fiama Hasse Pais Brandão. Relógio D'Água, Lisboa, 1992., p.18/9
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Anton Tchekov,
escritor e dramaturgo russo,
excerto
NINA O meu pai e a mulher não querem nunca dei-
xar-me vir. Dizem que há aqui um ambiente
de boémia...Receiam que eu queira ser actriz.
Mas eu estou sempre a desejar tanto, tanto,
vir para a beira do lago...como se fosse uma
gaivota. E o meu coração está tão cheio, tão
cheio de ti....(Olha em volta)
TREPLEV Estamos completamente sós.
NINA Pareceu-me ouvir alguém.
TREPLEV Ninguém. (Beijam-se)
NINA Esta árvore, o que é?
TREPLEV É um ulmeiro.
NINA Tão sombrio, porquê?
TREPLEV Está a anoitecer. Todas as coisas vão ficando
sombrias. Não te vás embora tão cedo, peço-
-te.
NINA Não posso ficar mais tempo.
A. Tchekov. A Gaivota. Tradução de Fiama Hasse Pais Brandão. Relógio D'Água, Lisboa, 1992., p.17
xar-me vir. Dizem que há aqui um ambiente
de boémia...Receiam que eu queira ser actriz.
Mas eu estou sempre a desejar tanto, tanto,
vir para a beira do lago...como se fosse uma
gaivota. E o meu coração está tão cheio, tão
cheio de ti....(Olha em volta)
TREPLEV Estamos completamente sós.
NINA Pareceu-me ouvir alguém.
TREPLEV Ninguém. (Beijam-se)
NINA Esta árvore, o que é?
TREPLEV É um ulmeiro.
NINA Tão sombrio, porquê?
TREPLEV Está a anoitecer. Todas as coisas vão ficando
sombrias. Não te vás embora tão cedo, peço-
-te.
NINA Não posso ficar mais tempo.
A. Tchekov. A Gaivota. Tradução de Fiama Hasse Pais Brandão. Relógio D'Água, Lisboa, 1992., p.17
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