(Sala de jantar em casa de SORIN. À esquerda e à direita, há portas. Aparador. Outro armário, com muitos remédios. Mesa, no meio da sala. Uma mala e caixas de chapéus. Preparativos de viagem, bem visíveis. TRIGORIN está a almoçar. MASHA, de pé, junto da mesa)
MASHA Se lhe falo nisto, é precisamente por o senhor
ser escritor. Se quiser, pode utilizar tudo. Se
ele estivesse gravemente ferido, eu não seria
capaz de continuar a viver nem mais um mi-
nuto. Ah, mas ainda conservo algum ânimo, e
resolvi arrancar este amor do meu coração, de
uma vez para sempre, arrancar-lhe raízes.
TRIGORIN Como?
MASHA Casando-me. Vou casar-me com o
Medvedenko.
TRIGORIN O professor?
MASHA Sim.
TRIGORIN Para mim não é muito clara a razão que a
compeliu a isso.
MASHA É um amor sem esperança, ano após ano à
espera...Se eu me casar, deixo de ter tempo
para o amor. Responsabilidades novas hão-
-de apagar os antigos afectos. De qualquer
modo vai ser uma situação nova para mim.
Acompanha-me? (Enche os copos)
A. Tchekov. A Gaivota. Tradução de Fiama Hasse Pais Brandão. Relógio D'Água, Lisboa, 1992., p. 59/60
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário