terça-feira, 13 de dezembro de 2022


                                                                            Dara Scully

 « Como os poetas nos recomendam o homem não deve, porque é

homem, pensar apenas nas coisas humanas, nem porque é mortal,

pensar apenas nas coisas mortais: o homem deve, na medida das

suas possibilidades, viver uma vida divina.»


Aristóteles, Ética a Nicómaco (X.7. 1177 B 30)

 « Mas o pensamento grego crê na aletheia , crê no não coberto, no não-oculto, procura o homem não-coberto, nu.»

 Sophia de Mello Breyner Andresen. Prosa. A Fada Oriana (1958). Assírio & Alvim. 1ª Edição, 2021., p. 441

 « O nu é uma invenção grega.»

 Sophia de Mello Breyner Andresen. Prosa. A Fada Oriana (1958). Assírio & Alvim. 1ª Edição, 2021., p. 441

 « - É aqui que vocês moram?

Gela olhou-o de frente:

- Nós não moramos aqui nem em nenhum outro lugar - disse ela - nós não moramos, nós vamos.»


 Sophia de Mello Breyner Andresen. Prosa. A Fada Oriana (1958). Assírio & Alvim. 1ª Edição, 2021., p. 433

segunda-feira, 12 de dezembro de 2022

Lana Del Rey - Did you know that there's a tunnel under Ocean Boulevard


Did you know that there's a tunnel under Ocean Boulevard?Mosaic ceilings, painted tiles on the wallI can't help but feel somewhat like my body marred my soulHandmade beauty, sealed up by two man-made wallsAnd I'm like
When's it gonna be my turn?When's it gonna be my turn?Open me up, tell me you like itFuck me to death, love me until I love myselfThere's a tunnel under Ocean BoulevardThere's a tunnel under Ocean Boulevard
There's a girl that sings Hotel CaliforniaNot because she loves the notes or sounds that sound like FloridaIt's because she's in a world preserved, only a few have found the doorIt's like Camarillo, only silver mirrors running down the corridorOh, man
When's it gonna be my turn?Don't forget meWhen's it gonna be my turn?Open me up, tell me you like meFuck me to death, love me until I love myselfThere's a tunnel under Ocean BoulevardDon't forget meThere's a tunnel under Ocean Boulevard
Harry Nilsson has a song, his voice breaks at 2:05Something about the way he says, "Don't forget me"Makes me feel likeI just wish I had a friend like him, someone to give me fireLeaning in my back, whispering in my ear, "Come on, baby, you can thrive"But I can't
When's it gonna be my turn?Don't forget meWhen it's gonna be my turn?Open me up, tell me you like itFuck me to death, love me until I love myselfThere's a tunnel under Ocean Boulevard
Don't forget meLike the tunnel under Ocean BoulevardDon't forget meLike the tunnel under Ocean BoulevardDon't forget meLike the tunnel under Ocean Boulevard
Don't forget me, don't forget meNo, no, no, don't forget meDon't you, don't you forget me (no, oh)

De Amor nada Mais Resta que um Outubro

                                               De amor nada mais resta que um Outubro

e quanto mais amada mais desisto:
quanto mais tu me despes mais me cubro
e quanto mais me escondo mais me avisto.
E sei que mais te enleio e te deslumbro
porque se mais me ofusco mais existo.
Por dentro me ilumino, sol oculto,
por fora te ajoelho, corpo místico.
Não me acordes. Estou morta na quermesse
dos teus beijos. Etérea, a minha espécie
nem teus zelos amantes a demovem.
Mas quanto mais em nuvem me desfaço
mais de terra e de fogo é o abraço
com que na carne queres reter-me jovem.


Natália Correia

Cântico do País Emerso

 

Os previdentes e os presidentes tomam de ponta
Os inocentes que têm pressa de voar
Os revoltados fazem de conta fazem de conta...
Os revoltantes fazem as contas de somar.

Embebo-me na solidão como uma esponja
Por becos que me conduzem a hospitais.
O medo é um tenente que faz a ronda
E a ronda abre sepulcros fecha portais;

Os edifícios são malefícios da conjura
Municipal de um desalento e de uma Porta.
Salvo a ranhura para sair o funeral
Não há inquilinos nos edifícios vistos por fora

Que é dos meninos com cataventos na aérea
Arquitetura de gargalhadas em cornucópia?
Almas bovinas acomodadas à matéria
Pastam na erva entre as ruínas da memória,

Homens por dentro abandalhados em unhas sujas
Que desleixaram seu coração num bengaleiro;
Mulheres corujas seriam gregas não fossem as negras
Nódoas deixadas na sua carne pelo dinheiro;

Jovens alheios à pulcritude do corpo em festa
Passam por mim como alamedas de ciprestes
E a flor de cinza da juventude é uma aresta
Que me golpeia abrindo vácuos de flores silvestres

E essa ansidedade de mim mesma me virgula
Paula de pátria entressonhada. É um crisol.
E, o fruto agreste da linfa ardente que em mim circula
Sabe-me a sol. Sabe-me a pássaro. Pássaro ao sol.

Entre mim e a cidade se ateia a perspectiva
De uma angústia florida em narinas frementes.
Apalpo-me estou viva e o tacto subjectiva-me
a galope num sonho com espuma nos dentes.

E invoco-vos, irmãos, Capitães-Mores do Instinto!
Que me acenais do mar com um lenço cor da aurora
E com a tinta azulada desse aceno me pinto.
O cais é a urgência. O embarque é agora.

Natália Correia

Queixa das almas jovens censuradas

 

Dão-nos um lírio e um canivete
e uma alma para ir à escola
mais um letreiro que promete
raízes, hastes e corola

Dão-nos um mapa imaginário
que tem a forma de uma cidade
mais um relógio e um calendário
onde não vem a nossa idade

Dão-nos a honra de manequim
para dar corda à nossa ausência.
Dão-nos um prémio de ser assim
sem pecado e sem inocência

Dão-nos um barco e um chapéu
para tirarmos o retrato
Dão-nos bilhetes para o céu
levado à cena num teatro

Penteiam-nos os crâneos ermos
com as cabeleiras das avós
para jamais nos parecermos
connosco quando estamos sós

Dão-nos um bolo que é a história
da nossa historia sem enredo
e não nos soa na memória
outra palavra que o medo

Temos fantasmas tão educados
que adormecemos no seu ombro
somos vazios despovoados
de personagens de assombro

Dão-nos a capa do evangelho
e um pacote de tabaco
dão-nos um pente e um espelho
pra pentearmos um macaco

Dão-nos um cravo preso à cabeça
e uma cabeça presa à cintura
para que o corpo não pareça
a forma da alma que o procura

Dão-nos um esquife feito de ferro
com embutidos de diamante
para organizar já o enterro
do nosso corpo mais adiante

Dão-nos um nome e um jornal
um avião e um violino
mas não nos dão o animal
que espeta os cornos no destino

Dão-nos marujos de papelão
com carimbo no passaporte
por isso a nossa dimensão
não é a vida, nem é a morte


Natália Correia

domingo, 11 de dezembro de 2022

«A estrela indica, mas não manda.»

Minha Mãe

 «(...), pergunto a mim próprio se todos os homens têm um Lugar, se desejam tê-lo ou têm necessidade dele.»

John Steinbeck. O Inverno do Nosso Descontentamento. Tradução de João Belchior Viegas. Edição «Livros do Brasil», Lisboa, 1962., p. 57

 « Nenhum homem sabe verdadeiramente como são os outros. O que mais pode fazer é supô-los semelhantes a si.»


John Steinbeck. O Inverno do Nosso Descontentamento. Tradução de João Belchior Viegas. Edição «Livros do Brasil», Lisboa, 1962., p. 57

 «Simular a idiotice modifica um estado de espírito e permite tomar uma nova posição mental. Quanto tenho aborrecimentos faço de idiota e a minha mulher não nota as preocupações.»

John Steinbeck. O Inverno do Nosso Descontentamento. Tradução de João Belchior Viegas. Edição «Livros do Brasil», Lisboa, 1962., p. 57

sexta-feira, 9 de dezembro de 2022

mesuradamente

 « A glória é maçadora e complicada. Só quero sossego.»


Sophia de Mello Breyner Andresen. Prosa. A Fada Oriana (1958). Assírio & Alvim. 1ª Edição, 2021., p. 407


 

''a minha cabeça está cansada''

 Sophia de Mello Breyner Andresen. Prosa. A Fada Oriana (1958). Assírio & Alvim. 1ª Edição, 2021., p. 396

'' o estalido dos ramos secos''

 Sophia de Mello Breyner Andresen. Prosa. A Fada Oriana (1958). Assírio & Alvim. 1ª Edição, 2021., p. 383

''as aves entontecidas esvoaçavam sem descanso.''

Sophia de Mello Breyner Andresen. Prosa. A Fada Oriana (1958). Assírio & Alvim. 1ª Edição, 2021., p. 383

 

“HÁ SEMPRE UM LIVRO QUE NOS TORNA LEITORES. É AQUELE QUE NÃO SE CONSEGUE PARAR DE LER E QUE, NO FIM, PROVOCA UMA SENSAÇÃO GRATIFICANTE, QUE VAMOS QUERER VOLTAR A SENTIR”

 A comissária do Plano Nacional de Leitura, Regina Duarte

as ave-marias

cronistas avulsos

“Quem perdoa facilmente, não tem carácter”

 Lídia Jorge

quinta-feira, 8 de dezembro de 2022



                                                                      Dara Scully


 


pernoitas em mim
e se por acaso te toco a memória… amas
ou finges morrer


pressinto o aroma luminoso dos fogos
escuto o rumor da terra molhada
a fala queimada das estrelas


é noite ainda
o corpo ausente instala-se vagarosamente
envelheço com a nómada solidão das aves


já não possuo a brancura oculta das palavras
e nenhum lume irrompe para beberes

**********

escrevo-te
pelo corpo sinto um arrepio uma vertigem
que me enche o coração de ausência pavor e saudade
teu rosto é semelhante à noite
a espantosa noite do teu rosto!
corri para o telefone mas não me lembrava do teu número
queria apenas ouvir tua voz
contar-te o sonho que tive ontem e me aterrorizou
queria dizer-te por que parto
por que amo
ouvir-te perguntar quem fala?
e faltar-me a coragem para responder e desligar
depois caminhei como uma fera enfurecida pela casa
a noite tornou-se patética sem ti
não tinha sentido pensar em ti e não sair a correr para a rua
procurar-te imediatamente
correr a cidade duma ponta a outra
só para te dizer boa noite ou talvez tocar-te
e morrer
como quando me tocaste na testa e eu não pude reconhecer-te
apesar de tudo senti a mão sábia que era a tua mão
mas não podia reconhecer-te
sim
correr a cidade procurar-te mesmo que me afastasses
mesmo que nem me olhasses
mesmo que dissesses coisas que me
mesmo que
e ter a certeza de que serias tu depois a procurar-me.

**********

A escrita é a minha primeira morada de silêncio
a segunda irrompe do corpo movendo-se por trás das palavras
extensas praias vazias onde o mar nunca chegou
deserto onde os dedos murmuram o último crime
escrever-te continuamente... areia e mais areia
construindo no sangue altíssimas paredes de nada


esta paixão pelos objectos que guardaste
esta pele-memória exalando não sei que desastre
a língua de limos


espalhávamos sementes de cicuta pelo nevoeiro dos sonhos
as manhãs chegavam como um gemido estelar
e eu perseguia teu rasto de esperma à beira-mar


outros corpos de salsugem atravessam o silêncio
desta morada erguida na precária saliva do crepúsculo A escrita é a minha primeira morada de silêncio
a segunda irrompe do corpo movendo-se por trás das palavras
extensas praias vazias onde o mar nunca chegou
deserto onde os dedos murmuram o último crime
escrever-te continuamente... areia e mais areia
construindo no sangue altíssimas paredes de nada


esta paixão pelos objectos que guardaste
esta pele-memória exalando não sei que desastre
a língua de limos


espalhávamos sementes de cicuta pelo nevoeiro dos sonhos
as manhãs chegavam como um gemido estelar
e eu perseguia teu rasto de esperma à beira-mar


outros corpos de salsugem atravessam o silêncio
desta morada erguida na precária saliva do crepúsculo

domingo, 4 de dezembro de 2022

Guerra fraticida

Robert Capa and Gerda Taro: love in a time of war


 

Adeus

 

Adeus

Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.

Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro;
era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.
Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes.
E eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.

Mas isso era no tempo dos segredos,
era no tempo em que o teu corpo era um aquário,
era no tempo em que os meus olhos
eram realmente peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.

Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor,
já não se passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.

Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.

Adeus.


Eugénio de Andrade

''Parece um lírio de Maio''

 Sophia de Mello Breyner Andresen. Prosa. A Fada Oriana (1958). Assírio & Alvim. 1ª Edição, 2021., p. 380

chorar até que a minha solidão se desfaça

 «Ele vai encostar a minha cabeça aos seu ombro para que eu possa chorar, chorar até que a minha solidão se desfaça.»

Sophia de Mello Breyner Andresen. Prosa. A Fada Oriana (1958). Assírio & Alvim. 1ª Edição, 2021., p. 374

«E ela levava os pés em sangue e o coração pesado.»

 Sophia de Mello Breyner Andresen. Prosa. A Fada Oriana (1958). Assírio & Alvim. 1ª Edição, 2021., p. 374



 Sven Van Driessche

« Olhei tanto para mim que me esqueci de tudo.»

 Sophia de Mello Breyner Andresen. Prosa. A Fada Oriana (1958). Assírio & Alvim. 1ª Edição, 2021., p. 368

''Perdoai-me a minha vaidade.''

Sophia de Mello Breyner Andresen. Prosa. A Fada Oriana (1958). Assírio & Alvim. 1ª Edição, 2021., p. 368

 « Sem ti em morreria miseravelmente asfixiado entre os trevos e as margaridas.»

Sophia de Mello Breyner Andresen. Prosa. A Fada Oriana (1958). Assírio & Alvim. 1ª Edição, 2021., p. 359

« Os meus olhos de vidro não têm pálpebras. Só as noites são as minhas pálpebras.»

 Sophia de Mello Breyner Andresen. Prosa. A Fada Oriana (1958). Assírio & Alvim. 1ª Edição, 2021., p. 355

«Quem dá aos pobres empresta a Deus.»

 Sophia de Mello Breyner Andresen. Prosa. A Fada Oriana (1958). Assírio & Alvim. 1ª Edição, 2021., p. 355

'' cansa e magoa os meus olhos de vidro.''

Sophia de Mello Breyner Andresen. Prosa. A Fada Oriana (1958). Assírio & Alvim. 1ª Edição, 2021., p. 352


Desire, 2016
Sven Van Driessche

 

sexta-feira, 2 de dezembro de 2022

"Entre o nevoeiro", 1984

 Escritor japonês Issei Sagawa

quinta-feira, 1 de dezembro de 2022

ACONSELHO-VOS O AMOR




“Aconselho-vos o amor:
o equilíbrio dos contrários.
Aconselho-vos o amor
cheio de força; os moinhos
girando ao vento desbridado.
Aconselho-vos a liberdade
do amor (que logo passa
— vão dizer-vos que não —
para os gestos diários).
ACONSELHO-VOS A LUTA."

De "Cuidar dos Vivos" (1963), incluído em "A Musa Irregular" (1991), de Fernando Assis Pacheco

Visita-me Enquanto não Envelheço



visita-me enquanto não envelheço
toma estas palavras cheias de medo e surpreende-me
com teu rosto de Modigliani suicidado

tenho uma varanda ampla cheia de malvas
e o marulhar das noites povoadas de peixes voadores

ver-me antes que a bruma contamine os alicerces
as pedras nacaradas deste vulcão a lava do desejo
subindo à boca sulfurosa dos espelhos

antes que desperte em mim o grito
dalguma terna Jeanne Hébuterne a paixão
derrama-se quando tua ausência se prende às veias
prontas a esvaziarem-se do rubro ouro

perco-te no sono das marítimas paisagens
estas feridas de barro e quartzo
os olhos escancarados para a infindável água

com teu sabor de açúcar queimado em redor da noite
sonhar perto do coração que não sabe como tocar-te


 

O cortejo dos penitentes

 No cortejo dos penitentes

Vão culpados pecadores da gulaVão culpados da sensualidadeCastigados até à medulaVão os tíbios e frouxos no amorImaculados como o CriadorVão culpados por abstinênciaVão culpados das suas carênciasNo cortejo dos penitentesOs homens cortam suas próprias carnesSão ofertas que fazem aos céusAo mais alto de todos os céusNo cortejo dos penitentesOs sacerdotes da austera vidaVão contentes e muito enfeitadosSobre as cinzas dos sacrificadosE cantam louvoresAo Deus
Abranda SenhorA pena dos mortosP'ra que te louvemCom sono quieto
No cortejoOs penitentesBebem tragos da bebida amargaDa urina que depois vomitamPela noite mal aventuradaNo cortejoOs penitentesComem postas de sangue coalhadoDa sangria dos outros romeirosSuavemente mutiladosE cantam louvoresAo Deus

Fausto Bordalo Dias

a lei do obscurecimento

 L. Jacobinski

 "Pôr a nu as pessoas que violaram a lei, fazê-las tombar e bater nelas com yaras no traseiro"

Leon Tolstói

 "A poesia assim como a prosa é antes de tudo, e sobretudo, uma certa maneira de pensar e conhecer"

V. CHKLOVSKI

"A arte é pensar por imagens"


Sven Van Driessche

 

O mundo recompensa com mais frequência as aparências do mérito do que o próprio mérito.


Autor: La Rochefoucauld , François   
''Um asno será sempre um asno, mesmo se o cobrires de ouro.''

 Derjavine , Gavril    

amá-la-emos

 « À senhora L ***

                                     Petrovskoe, 3 de Junho de 18...

                                    Lembre-se de perto,

                                    Lembre-se de longe,

                                    Lembre-se de mim

                                    Hoje e sempre,

                                    Lembre-se até ao túmulo,

                                    Como sei amar fielmente...

                                                                         Karl MAUER..»


crestomatia

''Um sonho apaga o outro''

 Leon Tolstói. Infância e Adolescência. Edição Amigos do Livro, Lisboa, p. 78


Sven Van Driessche is a Polaroid photographer from Belgium

 

« O simples som da sua voz diz tantas coisas ao meu coração!»

 Leon Tolstói. Infância e Adolescência. Edição Amigos do Livro, Lisboa, p. 75

snobs

« - Quem são? - perguntou o Gladíolo.

- Ela é a mulher mais chique e mais bem vestida desta terra. É uma espécie de tulipa. Ele é um snob.

- O que é um snob? - perguntou o Gladíolo.

-É uma espécie de Gladíolo.

- Que fazem os snobs?

- Têm muitos amigos e são muito convidados, e por isso toda a gente gosta muito deles e os convida muito.»

 Sophia de Mello Breyner Andresen. Prosa. A Fada Oriana (1958). Assírio & Alvim. 1ª Edição, 2021., p. 346

''Dorme como se tivesse morrido.»

 Sophia de Mello Breyner Andresen. Prosa. A Fada Oriana (1958). Assírio & Alvim. 1ª Edição, 2021., p. 343

 « (...) e o homem e o rio não se encontravam.»


Sophia de Mello Breyner Andresen. Prosa. A Fada Oriana (1958). Assírio & Alvim. 1ª Edição, 2021., p. 333

« - A floresta é grande e na escuridão ninguém  a conhece.»

Sophia de Mello Breyner Andresen. Prosa. A Fada Oriana (1958). Assírio & Alvim. 1ª Edição, 2021., p. 332

gentio

Porque Nâo Me Vês


 

pessoa achacadiça

« Vós que entrais deixai toda a esperança.»

 « - Dante foi o maior poeta da Itália, um poeta que conhecia os segredos deste mundo e do outro, pois viu vivo aquilo que nós só veremos depois de mortos.»

Sophia de Mello Breyner Andresen. Prosa. A Fada Oriana (1958). Assírio & Alvim. 1ª Edição, 2021., p. 321

segunda-feira, 28 de novembro de 2022

« Parecia-me que, se encontrasse o seu olhar, a sua dor e a minha ultrapassariam os limites do sofrimento que é possível suportar.»

Leon Tolstói. Infância e Adolescência. Edição Amigos do Livro, Lisboa, p. 71

« O meu coração apertou-se à vista do seu desgosto;»

Leon Tolstói. Infância e Adolescência. Edição Amigos do Livro, Lisboa, p. 69


 

''A minha cabeça estava cheia de coisas fúteis;''

Leon Tolstói. Infância e Adolescência. Edição Amigos do Livro, Lisboa, p. 68

 ''A poeira obscurecia o ar''


Leon Tolstói. Infância e Adolescência. Edição Amigos do Livro, Lisboa, p. 68

''folhas de um verde duro e sombrio''

Leon Tolstói. Infância e Adolescência. Edição Amigos do Livro, Lisboa, p. 68

''camisa branca com bolsos de algodão vermelho''

Leon Tolstói. Infância e Adolescência. Edição Amigos do Livro, Lisboa, p. 67

desempenado

 «(...) toda a sua vida não era mais do que um acto de amor e um sacrifício de si mesma.»

Leon Tolstói. Infância e Adolescência. Edição Amigos do Livro, Lisboa, p. 64

domingo, 27 de novembro de 2022

« Um raio de luar bateu nas janelas.»

Leon Tolstói. Infância e Adolescência. Edição Amigos do Livro, Lisboa, p. 60

Adoniran Barbosa e Elis Regina, 1978

cúpido

'' o seu mau querer''

Leon Tolstói. Infância e Adolescência. Edição Amigos do Livro, Lisboa, p. 49

bem sabes que eu detesto lágrimas

 «Minha irmã era uma choramingas completa.

- Está bem, está bem - replicou ele - eu brinco, só para não chorares, bem sabes que eu detesto lágrimas.»

Leon Tolstói. Infância e Adolescência. Edição Amigos do Livro, Lisboa, p. 49

 ''ameixas e pêssegos, embrulhados em folhas.''

Leon Tolstói. Infância e Adolescência. Edição Amigos do Livro, Lisboa, p. 47

« Os pobres são os pobres. Têm a pobreza.»

 Sophia de Mello Breyner Andresen. Prosa. A Noite de Natal (1959). Assírio & Alvim. 1ª Edição, 2021., p. 304

''pássaros de vidro''

catracegar

« - Sabes - disse o peixe - , quando uma pessoa nos atira à cara o favor que nos fez perde o direito à nossa gratidão.»

Sophia de Mello Breyner Andresen. Prosa. A Fada Oriana (1958). Assírio & Alvim. 1ª Edição, 2021., p. 285

''Parece um lírio de Maio, »

Sophia de Mello Breyner Andresen. Prosa. A Fada Oriana (1958). Assírio & Alvim. 1ª Edição, 2021., p. 280


 

chorar até que a minha solidão se desfaça

 « Ele vai encostar a minha cabeça ao seu ombro para que eu possa chorar, chorar até que a minha solidão se desfaça.»

Sophia de Mello Breyner Andresen. Prosa. A Fada Oriana (1958). Assírio & Alvim. 1ª Edição, 2021., p. 274

«Perdoa-me a minha vaidade.»

Sophia de Mello Breyner Andresen. Prosa. A Fada Oriana (1958). Assírio & Alvim. 1ª Edição, 2021., p. 268

 « Sem ti eu morreria miseravelmente asfixiado entre os trevos e as margaridas.»

Sophia de Mello Breyner Andresen. Prosa. A Fada Oriana (1958). Assírio & Alvim. 1ª Edição, 2021., p. 259

« Quem dá aos pobres empresta a Deus.»

Sophia de Mello Breyner Andresen. Prosa. A Fada Oriana (1958). Assírio & Alvim. 1ª Edição, 2021., p. 254

vinagreira

 ''havia um jardim de areia onde cresciam lírios brancos''

Sophia de Mello Breyner Andresen. Prosa. A Menina do Mar (1958). Assírio & Alvim. 1ª Edição, 2021., p. 229



 

 Casa branca em frente ao mar enorme,

Com o teu jardim de areia e flores marinhas

E o teu silêncio intacto em que dorme

O milagre das coisas que eram minhas.


 Sophia de Mello Breyner Andresen. Prosa. A Menina do Mar (1958). Assírio & Alvim. 1ª Edição, 2021., p. 229

''manhã marinha''

'' a tanto não me acovardo''

Sophia de Mello Breyner Andresen. Prosa. Assírio & Alvim. 1ª Edição, 2021., p. 213

 « Quem no dia seguinte a via com um cântaro à cabeça e o rosto liso, clássico e trigueiro, rosado pela manhã fria, nunca adivinharia o combate com as fúrias, loucuras e temporais da noite.»

 Sophia de Mello Breyner Andresen. Prosa. Assírio & Alvim. 1ª Edição, 2021., p. 212

 « Direita e forte, carregava enormes cântaros de água, (...)»

Sophia de Mello Breyner Andresen. Prosa. Assírio & Alvim. 1ª Edição, 2021., p. 209

'' uma cara clássica''

Sophia de Mello Breyner Andresen. Prosa. Assírio & Alvim. 1ª Edição, 2021., p. 209

"Going Down" - Freddie King


I'm going down
I'm going, down, down, down, down, down
Yes, I'm going down, yeah
I'm going down, down, down, down, down
Yes, I've got my big feet in the window
Got my head on the ground

Let me down
And close that box car door
Yes, let me down
And close that box car door
Well, I'm goin' back to Chattanooga
And sleep on sister Irene's door

(Guitar & instrumental) Hey!

Yes, I'm going down
I'm going, down, down, down, down, down
I'm going down
I'm going, down, down, down, down, down
Yes, I got my big feet in the window
I got my head on the ground

lavradeira

 «(...), habitávamos o interior dos pulmões da maresia.»


 Sophia de Mello Breyner Andresen. Prosa. Assírio & Alvim. 1ª Edição, 2021., p. 206

«Caiu-me a alma aos pés: não queria ser governada por fanáticos.»

 Sophia de Mello Breyner Andresen. Prosa. Assírio & Alvim. 1ª Edição, 2021., p. 204

«Muitos aderiram com entusiasmo à retórica dos demagogos.»

 Sophia de Mello Breyner Andresen. Prosa. Assírio & Alvim. 1ª Edição, 2021., p. 203

«O pior de todos os desastres seria a morte da palavra.»

 Sophia de Mello Breyner Andresen. Prosa. Assírio & Alvim. 1ª Edição, 2021., p. 203

quasi-omnipresente



Al Berto
in “O Medo” (ed. Assírio & Alvim)
(excerto)
 

terça-feira, 22 de novembro de 2022

 Acho uma moral ruim

trazer o vulgo enganado:
mandarem fazer assim
e eles fazerem assado.

Sou um dos membros malditos
dessa falsa sociedade
que, baseada nos mitos,
pode roubar à vontade.

Esses por quem não te interessas
produzem quanto consomes:
vivem das tuas promessas
ganhando o pão que tu comes.

Não me deem mais desgostos
porque sei raciocinar...
Só os burros estão dispostos
a sofrer sem protestar!

Esta mascarada enorme
com que o mundo nos aldraba,
dura enquanto o povo dorme,
quando ele acordar, acaba.


António Aleixo 


 

«(...) aborrece-me ver pessoas instruídas, inteligentes, deixarem-se tomar por parvas...»

Leon Tolstói. Infância e Adolescência. Edição Amigos do Livro, Lisboa, p. 31

 « Sei bem quem fez todo o mal e porque já não precisam de mim; porque não quero dobrar-me, e porque não digo sim e ámen a tudo, como fazem certas pessoas. Tenho o hábito de dizer a verdade a toda a gente - tornou com orgulho.»

Leon Tolstói. Infância e Adolescência. Edição Amigos do Livro, Lisboa, p. 25

sovela

«(...), e ele, está só, completamente só, ninguém o acarinha, tem motivos para dizer que é órfão. A história da sua vida é tão triste!

Leon Tolstói. Infância e Adolescência. Edição Amigos do Livro, Lisboa, p. 11

« (...), sente-se que Karl Ivanovitch tem a consciência pura e a alma tranquila.»

Leon Tolstói. Infância e Adolescência. Edição Amigos do Livro, Lisboa, p. 10/11


 

A Chusma Salva-Se Assim

''pendurou o mata-moscas num prego''

Leon Tolstói. Infância e Adolescência. Edição Amigos do Livro, Lisboa, p. 6

segunda-feira, 21 de novembro de 2022

 “É a guerra aquele monstro que se sustenta das fazendas, do sangue, das vidas, e, quanto mais come e consome, tanto menos se farta. É a guerra aquela tempestade terrestre que leva os campos, as casas, as vilas, os castelos, as cidades, e talvez em um momento sorve os reinos e monarquias inteiras. É a guerra aquela calamidade composta de todas as calamidades em que não há mal nenhum que ou se não padeça, ou se não tema, nem bem que seja próprio e seguro: - o pai não tem seguro o filho; o rico não tem segura a fazenda; o pobre não tem seguro o seu suor; o nobre não tem segura a honra; o eclesiástico não tem segura a imunidade; o religioso não tem segura a sua cela; e até Deus, nos templos e nos sacrários, não está seguro.”

P. António Vieira (1668)

''A sociedade necessita de medíocres que não ponham em questão os princípios fundamentais e eles aí estão: dirigem os países, as grandes empresas, os ministérios, etc. Eu oiço-os falar e pasmo não haver praticamente um único líder que não seja pateta, um único discurso que não seja um rol de lugares comuns. Mas os que giram em torno deles não são melhores. Desconhecemos até os nossos grandes homens: quem leu Camões por exemplo? Quase ninguém. Quem sabe alguma coisa sobre Afonso de Albuquerque? Mas todos os dias há paleios cretinos acerca de futebol em quase todos os canais. Porque não é perigoso. Porque tranquiliza. 

Os programas de televisão são quase sempre miseráveis mas é vital que sejam miseráveis. E queremos que as nossas crianças se tornem adultos miseráveis também, o que para as pessoas em geral significa responsáveis. Reparem, por exemplo, em Churchill. Quando tudo estava normal, pacífico, calmo, não o queriam como governante. Nas situações extremas, quando era necessário um homem corajoso, lúcido, clarividente, imaginativo, iam a correr buscá-lo. Os homens excepcionais servem apenas para situações excepcionais, pois são os únicos capazes de as resolverem. Desaparece a situação excepcional e prescindimos deles. 
Gostamos dos idiotas porque não nos colocam em causa. Quanto às pessoas de alto nível a sociedade descobriu uma forma espantosa de as neutralizar: adoptou-as. Fez de Garrett e Camilo viscondes, como a Inglaterra adoptou Dickens. E pronto, ei-los na ordem, com alguns desvios que a gente perdoa porque são assim meio esquisitos, sabes como ele é, coitado, mas, apesar disso, tem qualidades. Temos medo do novo, do diferente, do que incomoda o sossego. 
A criatividade foi sempre uma ameaça tremenda: e então entronizamos meios-artistas, meios-cientistas, meios-escritores. Claro que há aqueles malucos como Picasso ou Miró e necessitamos de os ter no Zoológico do nosso espírito embora entreguemos o nosso dinheiro a imbecis oportunistas a que chamamos gestores. E, claro, os gestores gastam mais do que gerem, com o seu português horrível e a sua habilidade de vendedores ambulantes: Porquê? Porque nos sossegam. De Gaulle, goste-se dele ou não, inquietava. Eu faria um único teste aos políticos, aos administradores, a essa gentinha. Um teste ao seu sentido de humor. Apontem-me um que o tenha. Um só. Uma criatura sem humor é um ser horrível. Os judeus dizem: os homens falam, Deus ri. E, lendo o que as pessoas dizem, ri-se de certeza às gargalhadas. E daí não sei. Voltando à pergunta de Dumas
– Porque é que há tantas crianças inteligentes e tantos adultos estúpidos?
não tenho a certeza de ser um problema de educação que mais não seja porque os educadores, coitados, não sabem distinguir entre ensino, aprendizagem e educação. A minha resposta a esta questão é outra. Há muitas crianças inteligentes e muitos adultos estúpidos, porque perdemos muitas crianças quando elas começaram a crescer. Por inveja, claro. Mas, sobretudo, por medo."

António Lobo Antunes

 "Quando chega domingo,

faço tenção de todas as coisas mais belas
que um homem pode fazer na vida.

Há quem vá para o pé das águas
deitar-se na areia e não pensar…
E há os que vão para o campo
cheios de grandes sentimentos bucólicos
porque leram, de véspera, no boletim do jornal:
«Bom tempo para amanhã»…
Mas uma maioria sai para as ruas pedindo,
pois nesse dia
aqueles que passeiam com a mulher e os filhos
são mais generosos.

Um rapaz que era pintor
não disse nada a ninguém
e escolheu o domingo para se matar.
Ainda hoje a família e os amigos
andam pensando porque seria.
Só não relacionam que se matou num domingo! 

(...) “

(DOMINGO, por Manuel da Fonseca, in 'Rosa dos Ventos', 1940)

domingo, 20 de novembro de 2022

Requiem in D Minor, K. 626: VIII. Lacrimosa


 

desbragadamente

voyeurismos

''hórrido''

«Bicho, filho de Satanás, peçonha de serpente.»

 Sophia de Mello Breyner Andresen. Prosa. Assírio & Alvim. 1ª Edição, 2021., p. 193

''no branco-sujo das paredes manchadas pela humidade''

 Sophia de Mello Breyner Andresen. Prosa. Assírio & Alvim. 1ª Edição, 2021., p. 191

''o desacontecer das coisas''

 Sophia de Mello Breyner Andresen. Prosa. Assírio & Alvim. 1ª Edição, 2021., p. 186

''uma vida desvivida gesto por gesto''

 Sophia de Mello Breyner Andresen. Prosa. Assírio & Alvim. 1ª Edição, 2021., p. 186
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