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quinta-feira, 1 de dezembro de 2022
terça-feira, 22 de novembro de 2022
terça-feira, 19 de abril de 2022
A Tua Presença
Eu já nada sinto
e afinal
eu gosto de não sentir nada
sozinho na calma das horas passadas
tão só numa outra quietude
num sossego tão so´ sossegado
e esquecido
eu me esqueça de mim
aos bocados
adormece-me um sono dormente
que aos poucos se apaga
um sonho qualquer
mas não me acordes
não mexas
não me embales sequer
eu quero estar mesmo como eu estou
quietamente
ausente
assim
a viagem que eu não vou
nunca chega até ao fim
é longe
longe
tão longe
que de repente tu chegas
tu brilhas e luzes
na cor das laranjas
tu coras e tinges
a mancha da marca
na alma da luz
da sombra que finges
e tu já não me largas
saudade
tu queres-me tanto
e se eu lembro
tu mexes comigo
tu andas cá dentro
à volta do meu coração
no meu pensamento
também
e por mais que eu não queira
tu queres-me bem
e desdobras os mundos em cores
e levas-me pela tua mão
cativando o meu corpo
a minha alma
a razão
só a tua presença
é que me inquieta
aquela outra ausência
dói
como um passado projecta
aquele futuro que se foi
p´ra longe
longe
tão longe
que nunca se acaba
esta inquietação
se evitas momentos
já quase finais
e ficas comigo
ainda e sempre
um pouco mais
tu nunca me deixas
saudade
tu nunca me deixas
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segunda-feira, 18 de abril de 2022
Fausto
e fomos pela água do rio
em busca daquela terra
e a maré foi de rosas pela boca
na calmaria tão grande
e a**im como fosse cansado
a água vai muito mansa
e o meu corpo suado
embalado
flutua e descansa
e vimos com os nossos olhos
que em maravilha se olharam
uma cor na água do rio
desvairada da outra
desvariada pelo tom
alucinada
pelo desvairo da cor
se uma era doce
e a outra salgada
em ondulante sabor
e a cor do ouro repousa
derramado na areia
e saborosa e tão quieta era a vista
pouco lavada dos ventos
são infindas as garças reais
em voos muito arabescos
que só do olhar tivemos
um doce e grande refresco
e em todo aquele rio era grande
a cópia de pescarias
de multidão de gatos-de-algália
papagaios e bugias
e surgem do denso arvoredo
incontáveis gentes pretas
de tão lindas mulheres
e de grande vergonha
tão ledas
e o perfume desta terra
é a doçura do seu fruto
o mistério do seu vulto
em selva de arvoredos
de palmares
laranjeiras
limoeiros e cidreiras
cristalinas
pelos ares
brilham as cores do arco celeste
de infinitas maneiras
de infinitas maneiras
em busca daquela terra
e a maré foi de rosas pela boca
na calmaria tão grande
e a**im como fosse cansado
a água vai muito mansa
e o meu corpo suado
embalado
flutua e descansa
e vimos com os nossos olhos
que em maravilha se olharam
uma cor na água do rio
desvairada da outra
desvariada pelo tom
alucinada
pelo desvairo da cor
se uma era doce
e a outra salgada
em ondulante sabor
e a cor do ouro repousa
derramado na areia
e saborosa e tão quieta era a vista
pouco lavada dos ventos
são infindas as garças reais
em voos muito arabescos
que só do olhar tivemos
um doce e grande refresco
e em todo aquele rio era grande
a cópia de pescarias
de multidão de gatos-de-algália
papagaios e bugias
e surgem do denso arvoredo
incontáveis gentes pretas
de tão lindas mulheres
e de grande vergonha
tão ledas
e o perfume desta terra
é a doçura do seu fruto
o mistério do seu vulto
em selva de arvoredos
de palmares
laranjeiras
limoeiros e cidreiras
cristalinas
pelos ares
brilham as cores do arco celeste
de infinitas maneiras
de infinitas maneiras
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sábado, 31 de janeiro de 2015
domingo, 4 de dezembro de 2011
«Supões, como Fausto, que duas almas já são demais para um só peito, e a acabam por despedaçá-lo.»
Hermann Hesse. O Lobo das Estepes. Tradução de Sara Seruya. Edições Afrontamento. 3.ª edição., p. 66
Hermann Hesse. O Lobo das Estepes. Tradução de Sara Seruya. Edições Afrontamento. 3.ª edição., p. 66
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segunda-feira, 27 de setembro de 2010
Wagner. Horas tenho também de fantasia,
Mas aspiração tal em mim não sinto.
De bosques e de prados cedo farto,
Nunca invejei aos pássaros as asas.
Como o prazer do estudo outro nos leva
De livro em livro, de uma a outra página!
Assim se tornam belas, tediosas
Noites de inverno, e calorosa vida
Os membros nos aquece, e, ai!, se acaso
Um douto pergaminho desenrolas,
É o céu que sobre ti baixar se digna!
J. W. Goethe. Fausto. Trad. Agostinho D'Ornelas. Ed. ao cuidado de Paulo Quintela. , 1953, Acta Universitatis Conimbrigensis.,p 55
Mas aspiração tal em mim não sinto.
De bosques e de prados cedo farto,
Nunca invejei aos pássaros as asas.
Como o prazer do estudo outro nos leva
De livro em livro, de uma a outra página!
Assim se tornam belas, tediosas
Noites de inverno, e calorosa vida
Os membros nos aquece, e, ai!, se acaso
Um douto pergaminho desenrolas,
É o céu que sobre ti baixar se digna!
J. W. Goethe. Fausto. Trad. Agostinho D'Ornelas. Ed. ao cuidado de Paulo Quintela. , 1953, Acta Universitatis Conimbrigensis.,p 55
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domingo, 26 de setembro de 2010
Com teu rir descarnado, tu, caveira,
Que me dizes, senão que em outro tempo,
Como o meu, delirou teu pobre cérebro,
A luz do dia procurou, com vasto
Desejo de verdade, e vagou triste
Em deprimente, lúgubre crepúsculo?
J. W. Goethe. Fausto. Trad. Agostinho D'Ornelas. Ed. ao cuidado de Paulo Quintela. , 1953, Acta Universitatis Conimbrigensis.,p 40
Que me dizes, senão que em outro tempo,
Como o meu, delirou teu pobre cérebro,
A luz do dia procurou, com vasto
Desejo de verdade, e vagou triste
Em deprimente, lúgubre crepúsculo?
J. W. Goethe. Fausto. Trad. Agostinho D'Ornelas. Ed. ao cuidado de Paulo Quintela. , 1953, Acta Universitatis Conimbrigensis.,p 40
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«Mas corações não ganhareis vós nunca,
Se o próprio coração vos ficar mudo.»
J. W. Goethe. Fausto. Trad. Agostinho D'Ornelas. Ed. ao cuidado de Paulo Quintela. , 1953, Acta Universitatis Conimbrigensis.,p 35
Se o próprio coração vos ficar mudo.»
J. W. Goethe. Fausto. Trad. Agostinho D'Ornelas. Ed. ao cuidado de Paulo Quintela. , 1953, Acta Universitatis Conimbrigensis.,p 35
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( Toma o livro e pronuncia misteriosamente o signo do
Espírito. - Reluz uma chama avermelhada. O Espírito aparece na chama)
J. W. Goethe. Fausto. Trad. Agostinho D'Ornelas. Ed. ao cuidado de Paulo Quintela. , 1953, Acta Universitatis Conimbrigensis.,p 33
Espírito. - Reluz uma chama avermelhada. O Espírito aparece na chama)
J. W. Goethe. Fausto. Trad. Agostinho D'Ornelas. Ed. ao cuidado de Paulo Quintela. , 1953, Acta Universitatis Conimbrigensis.,p 33
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sábado, 18 de setembro de 2010
«Ardo como de mosto embriagado;
Ânimo sinto de arrojar-me ao mundo,
Da terra os gozos partilhar e as penas,
Lutar com a tormenta , e ao estrondo
De naufrágio cruel suster o rosto!»
J. W. Goethe. Fausto. Trad. Agostinho D'Ornelas. Ed. ao cuidado de Paulo Quintela. , 1953, Acta Universitatis Conimbrigensis.,p 32/3
Ânimo sinto de arrojar-me ao mundo,
Da terra os gozos partilhar e as penas,
Lutar com a tormenta , e ao estrondo
De naufrágio cruel suster o rosto!»
J. W. Goethe. Fausto. Trad. Agostinho D'Ornelas. Ed. ao cuidado de Paulo Quintela. , 1953, Acta Universitatis Conimbrigensis.,p 32/3
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«Teu mundo é isto?! Chama-se isto um mundo?!
E perguntas ainda porque ansioso
Teu coração no peito confrange,
E oculto sofrer inexplicado
A energia vital em ti comprime?
Em lugar de vivente natureza.
Em cujo seio Deus criou os homens,
Rodeiam-te entre a podridão e o fumo
Somente ossadas nuas e esqueletos.»
J. W. Goethe. Fausto. Trad. Agostinho D'Ornelas. Ed. ao cuidado de Paulo Quintela. , 1953, Acta Universitatis Conimbrigensis.,p 30/1
E perguntas ainda porque ansioso
Teu coração no peito confrange,
E oculto sofrer inexplicado
A energia vital em ti comprime?
Em lugar de vivente natureza.
Em cujo seio Deus criou os homens,
Rodeiam-te entre a podridão e o fumo
Somente ossadas nuas e esqueletos.»
J. W. Goethe. Fausto. Trad. Agostinho D'Ornelas. Ed. ao cuidado de Paulo Quintela. , 1953, Acta Universitatis Conimbrigensis.,p 30/1
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Vejo só como os homens se afadigam.
J. W. Goethe. Fausto. Trad. Agostinho D'Ornelas. Ed. ao cuidado de Paulo Quintela. , 1953, Acta Universitatis Conimbrigensis.,p 22
J. W. Goethe. Fausto. Trad. Agostinho D'Ornelas. Ed. ao cuidado de Paulo Quintela. , 1953, Acta Universitatis Conimbrigensis.,p 22
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verso solto
240 Falar de inspiração pouco aproveita,
Nunca ao homem que hesita ela se mostra.
Se vos dais por poetas, que a poesia
A vosso mando ceda. O que é preciso
Já de mais o sabeis; licor bem forte
245 Desejamos beber; pois sem demora
No-lo dai preparado. Não se cumpre
Amanhã o que hoje não for feito,
E nem um dia só perder se deve.
Um homem resoluto, do possível
250 Lança mão com ardor, fugir não o deixa
E na empresa prossegue, assim lhe é a força.
Sabeis que cada qual nos nossos palcos
Exp'rimenta o que quer; pois neste dia
Prospectos não poupeis nem maquinismos.
255Da lua e sol servi-vos, e aos centos
Espalhai as estrelas. Fogo e águas,
Rochedos, bosques, pássaros não faltem.
Do bastidor no acanhado espaço
A criação inteira se desdobre,
260E caminhai, com rapidez medida,
Desce o céu, pela terra, ao fundo inferno.
J. W. Goethe. Fausto. Trad. Agostinho D'Ornelas. Ed. ao cuidado de Paulo Quintela. , 1953, Acta Universitatis Conimbrigensis.,p 19/20
Nunca ao homem que hesita ela se mostra.
Se vos dais por poetas, que a poesia
A vosso mando ceda. O que é preciso
Já de mais o sabeis; licor bem forte
245 Desejamos beber; pois sem demora
No-lo dai preparado. Não se cumpre
Amanhã o que hoje não for feito,
E nem um dia só perder se deve.
Um homem resoluto, do possível
250 Lança mão com ardor, fugir não o deixa
E na empresa prossegue, assim lhe é a força.
Sabeis que cada qual nos nossos palcos
Exp'rimenta o que quer; pois neste dia
Prospectos não poupeis nem maquinismos.
255Da lua e sol servi-vos, e aos centos
Espalhai as estrelas. Fogo e águas,
Rochedos, bosques, pássaros não faltem.
Do bastidor no acanhado espaço
A criação inteira se desdobre,
260E caminhai, com rapidez medida,
Desce o céu, pela terra, ao fundo inferno.
J. W. Goethe. Fausto. Trad. Agostinho D'Ornelas. Ed. ao cuidado de Paulo Quintela. , 1953, Acta Universitatis Conimbrigensis.,p 19/20
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«Paixões, razão, engenho e sentimento
Em vossos cantos brilhem; mas cuidado,
Que neles a loucura também entre.
J. W. Goethe. Fausto. Trad. Agostinho D'Ornelas. Ed. ao cuidado de Paulo Quintela. , 1953, Acta Universitatis Conimbrigensis.,p 15
Em vossos cantos brilhem; mas cuidado,
Que neles a loucura também entre.
J. W. Goethe. Fausto. Trad. Agostinho D'Ornelas. Ed. ao cuidado de Paulo Quintela. , 1953, Acta Universitatis Conimbrigensis.,p 15
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Trazeis convosco de bem doces dias
A saudosa lembrança. Sombras caras
Ressurgem numerosas; qual remota
Tradição esquecida, vão volvendo
Primeiro amor, antigas amizades;
A memória cruel com dor recorda
A marcha errante que seguiu a vida,
E nobres peitos lembra, que, frustrados
Pela sorte de dias deleitosos,
Antes de mim a vida terminaram.
Dedicatória
J. W. Goethe. Fausto. Trad. Agostinho D'Ornelas. Ed. ao cuidado de Paulo Quintela. , 1953, Acta Universitatis Conimbrigensis.,p 11
A saudosa lembrança. Sombras caras
Ressurgem numerosas; qual remota
Tradição esquecida, vão volvendo
Primeiro amor, antigas amizades;
A memória cruel com dor recorda
A marcha errante que seguiu a vida,
E nobres peitos lembra, que, frustrados
Pela sorte de dias deleitosos,
Antes de mim a vida terminaram.
Dedicatória
J. W. Goethe. Fausto. Trad. Agostinho D'Ornelas. Ed. ao cuidado de Paulo Quintela. , 1953, Acta Universitatis Conimbrigensis.,p 11
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sexta-feira, 10 de setembro de 2010
«E ofertar o sangue morno de recém-nascidos.»
Christopher Marlowe. Doutor Fausto. Edição Bilingue. Publicações Europa-América, 2003., p.53
Christopher Marlowe. Doutor Fausto. Edição Bilingue. Publicações Europa-América, 2003., p.53
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Fausto
FAUSTO - Tivesse eu tantas almas como estrelas há no céu,
Todas elas haveria de dar por Mefistófeles.
Por ele serei o Imperador do mundo,
Farei uma ponte através dos ares instáveis
Para com um bando de homens passar o oceano;
Christopher Marlowe. Doutor Fausto. Edição Bilingue. Publicações Europa-América, 2003., p.49
Todas elas haveria de dar por Mefistófeles.
Por ele serei o Imperador do mundo,
Farei uma ponte através dos ares instáveis
Para com um bando de homens passar o oceano;
Christopher Marlowe. Doutor Fausto. Edição Bilingue. Publicações Europa-América, 2003., p.49
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Fausto
quinta-feira, 9 de setembro de 2010
[Cena 3; I, 3]
Trovão. Entram Lúcifer e quatro diabos. Fausto dirige-se-lhes.
Trovão. Entram Lúcifer e quatro diabos. Fausto dirige-se-lhes.
FAUSTO - Agora que a sombra triste da noite
Rompe do mundo antárctico até ao céu,
Embaciando o empíreo com o seu bafo negro,
Para ver o toldado rosto de Oríon,
Começa, Fausto, os teus encantamentos,
E vê se ao teu apelo os diabos obedecem,
Pelos sacrifícios e orações que lhes ofertaste.
Christopher Marlowe. Doutor Fausto. Edição Bilingue. Publicações Europa-América, 2003., p.45
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Fausto
Se negamos ter pecado, a nós próprios nos enganamos e ne-
huma verdade existe em nós.
Mas parece então
Que temos de pecar e, por conseguinte, morrer.
Ai...temos de morrer, e morrer para todo o sempre.
Como chamais a esta lei? Che sarà, sarà:
O que for se há-de ver. Teologia, adeus.
Christopher Marlowe. Doutor Fausto. Edição Bilingue. Publicações Europa-América, 2003., p.35
huma verdade existe em nós.
Mas parece então
Que temos de pecar e, por conseguinte, morrer.
Ai...temos de morrer, e morrer para todo o sempre.
Como chamais a esta lei? Che sarà, sarà:
O que for se há-de ver. Teologia, adeus.
Christopher Marlowe. Doutor Fausto. Edição Bilingue. Publicações Europa-América, 2003., p.35
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