quinta-feira, 1 de julho de 2021

«Plenilúnio num campo de ruínas;»

Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 322

 X

Eu não sou deste mundo. Então de qual
Planeta absurdo me acontece a vida
Que o carimbo me põe de original
E a minha estrela dá como perdida?

Pelo condão de um humor filosofal
Do estranho estado me finjo distraída.
Num hífen entre o nada e o ideal
Hasteio a farsa da coisa conseguida.

Estranheza de ser. De agoniado
Espanto sou feita num sonho naufragado.
Tempo emprestado com um astro louco ao fundo.

Sitiada por trevas não descanso
De indagar minha essência e só me alcanço
Na loucura de não ser deste mundo.

Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 321
«De Deus nenhum sinal. Só à loucura
Do universo meu coração exposto.»

Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 321




 

Tarde Te amei | Santo Agostinho

«Para noites de alma dever à eternidade »

Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 319

´´versos anémicos''

«Por mais que à luz os pensamentos uivem
Próprio é da vida banir o entendimento.»

Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 318

 VI


Vem do mais recôndito concerto
Uma íntima voz que me confunde.
Alguém em mim invade-me e desperto
Noutro ser que subtil em mim se infunde.

E eu sou todavia longe e perto
Buscando a luz que a unidade funde
De contrários perfis. Só o deserto
De em nenhum rosto achar-me me responde.

À sombra erma de uma razão longínqua
Narro-me e não me encontro. Que hora ubíqua
De mim busca me rapta e em mim estou?

Una e fendida par a par me vergo
À saudade de mim e nada enxergo
Salvo o diverso ser de ser quem sou.

Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 317

 

epigonismo

nome masculino
1.
qualidade ou condição de epígono
2.
imitação artística ou intelectual, feita por alguém de geração posterior ao artista ou pensador original

  "Quero morrer, façam alguma coisa por mim"

Stengel


«E vou com as andorinhas. Até quando?»

Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 311


 

 A ALMA


Votada ao fogo obediente ao perigo
feroz do amor ser muito e o tempo pouco,
Chegas ébrio de sonho, ó estranho amigo
E eu não sei se por mim és anjo ou louco.

Num beijo infindo queres morrer comigo.
Nesse extremo és sagrado e eu não te toco.
Esquivo-me: o teu sonho mais instigo.
Fujo-te: a tua chama mais provoco.

A incêndio do teu sangue me condenas
E com ciumentas ervas te envenenas
Dizendo às nuvens que só tu me viste.

Bebendo o vinho de amantes mortos queres
Que eu seja a mais prateada das mulheres.
E de ser tão amada e eu fico triste.


Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 310

«Porque ergues a cabeça e caem lírios,»

 Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 309

''anéis de plenilúnio''

« Vê-la, nenhum moral o mereceu.»

 Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 308

«Os altos muros à podridão te furtam.»

Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 307


 

 

sânie

nome feminino
PATOLOGIA matéria purulenta que sai das úlceras mal tratadas

 

tontonto

 Moçambique
nome masculino
variedade de aguardente, geralmente caseira, feita a partir de cana-de-açúcar

terça-feira, 29 de junho de 2021

«Tempo, deixa-me em paz. Eu sou nocturna.»

Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 306

«De uma névoa lilás e lua sai
E quebra-se no mar sem se mover.»

Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 305

«Entrando azul no tardo entardecer.»

Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 305


Portrait of Madame Yuki (Yuki Fujin Ezu) Directed by Kenju Mizoguchi, Japan 1950

 

 V

Nessa manhã as garças não voaram
E dos confins da luz um deus chamou.
Docemente teus cílios se fecharam
Sobre o olhar onde tudo começou.

A terra uivou. Todas as cores mudaram
O mar emudeceu. O ar parou.
Escuros véus de pranto o sol taparam.
De azáleas lívidas a ilha se cercou.

A que pélago o esquife te levava?
Não ao termo. A não chorar os mortos.
Teu sumo espiritual florido ensina.

E se o mundo em ti principiava,
No teu mistério entre astros absortos,
Suavemente, ó mãe, tudo termina.


Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 304

opalescência

''Que a morte é cio de beleza breves,''

Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 303

estrelas fixas

«Uma varanda sobre um mar de auréolas.»

Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 302

«Dentro da música a casa repousava.
Minha mãe docemente penteava
Os meus cabelos e caíam pérolas.»

Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 302


Shotaro Akiyama Flowers, ca. 1965

II

No coração da ilha está um vaso
Cheio das pérolas que p'ra mim sonhaste.
Ó mãe completa da manhã ao ocaso.
Pastora dos meus sonhos, minha haste.

Parti p'ràs Índias do meu estranho caso
- ó danos que dos versos sois o engaste! -
E com maus fados se entendem ao acaso
Lírios e feras do meu verso vão contraste.

Ave exausta, o retorno quem me dera,
Vou ao canto dos órfãos soletrando
O âmbar da manhã que ali me espera.

Feridas asas, enfim ali fechando
Ao pasto e à onda me unirei sincera,
Ilha no manso azul da mãe esperando.

Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 301

«Lúcida, excede-me a alma.»

Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 299

Vedadas rosas rebentam-me na boca.

«E na descida a meus jardins submersos
Vedadas rosas rebentam-me na boca.»

Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 298

domingo, 27 de junho de 2021

ilimitabilidade

«És sábio de saber que nada sabes.
Estás a mais no mundo e não existes.»

Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 297

parodístico


 

«Morte, ladra de amantes, não me leves
O ombro em que de insónias repousava.
Nesse abrigo o amor com dedos leves
Fazia a concha que me agasalhava.»

Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 279

«Infanta de ossos.»

Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 278

«Algures nessa viagem vim virgem de outras eras
Ser violada ao luar num festim de panteras.
Vida! de quantas vidas tiras o mel e o limo
Acomodando inúmeras almas a um só destino.»

Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 277

« E avanço recuando por um túnel de espelhos.»

Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 276

Le destin de Madame Yuki


 Le Destin de madame Yuki (雪夫人絵図, Yuki fujin ezu) est un film japonais de Kenji Mizoguchi sorti en 1950.


«Pactuam as estrelas com larvas e minérios
E rendo a alma à hora própria dos sortilégios.
Um afã de prenúncios voa em redor das lâmpadas,
As brasas dão sinais e queimo as ervas santas.»

Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 276

« De febre o ar se turva.»

Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 276

«Apresto-me aos feitiços e abro os lençóis ao luar.»

Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 276

Mimosa pudica

 dormideira, sensitiva, dorme-dorme ou não-me-toques


Yuki Fujin Ezu (1950)
Actress Yoshiko Kuga 

« És a profundidade onde as coisas não mudam.»

Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 275

« Vagos e rodeados de abismos caminhamos
Indefinidamente sem sair de onde estamos .
Nada se vê. Só se ouve rangente a escuridão.
Sufocados os olhos. É interna a visão.»

Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 274

''lume insone''

Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 274

''Ladram perdidamente as cadelas da deusa.''

Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 274

Hécate, Deusa dos Encantamentos

«Sonho? Ou sonhada me sinto?»

Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 273

1950, actress Yoshiko Kuga. Photography Shotaro Akiyama.


 

(...)

«Alta e branca. Artemisa entra no mar e desata
A trança. Boiam na água seus cabelos de prata;
E a sombra num odor branco por jasmins a brotar
Escorre para os brilhos silenciosos do mar.»

Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 272

 NO TEMPLO DE FLORBELA-DIANA,

          A CASTRADORA


À noite, em erma torre, um tigre aos pés,
Penteia-se Florbela. Ardentes velas
Citam-lhe a alma gémea do maltês
Coberta da poeira das estrelas.

O templo a chama. Venérea e mediúnica
Vai ao serviço em que a tem a lua:
Corça da deusa que lhe pede a túnica,
O luar a descasca e fica nua.

Sua carne de murta langorosa 
Espalha na noite espasmos perfumados.
Nessa nuvem lunática e cheirosa
Castram-se efebos em eiras e montados.

E da mutilação, sangrando a oferenda,
Levam-na, castos, ao templo de Diana
Onde em veados os transforma a lenda
De Florbela, a Artemisa alentejana.


Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 271

 

némesis

né.me.sis
nɛməˈziʃ
nome feminino
1.
MITOLOGIA [com maiúscula] na mitologia dos antigos gregos, a deusa da vingança, responsável pela punição dos homens que desafiam os deuses tentando escapar ao seu destino
2.
figurado pessoa ou coisa que causa a desgraça ou a perdição de alguém
3.
figurado adversário difícil de vencerarqui-inimigo
4.
figurado vingançaretaliação

sábado, 26 de junho de 2021

Frágil

«O lótus é o umbigo
Do mistério pai e mãe dos deuses.»


Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 270

 ''JÁ NÃO SEI SE É PAÍS

SE É ORFANATO''


Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 229

consuetudinário

''Rosa feminil''

Horto feminino

cavalheirescamente

segunda-feira, 21 de junho de 2021

Violência afectiva


                                             Pedro Gomes de Almeida, da série Entre as margens do Ser

domingo, 20 de junho de 2021

IDLES - SODIUM



I feel like I understand
How it feels to kill a man
Surefire I retire your plans
Tastes like metal

Tendon piercing like a dog
Elbow teeth crack feels like God
Shake your moneymaker
Tastes like metal

Kni-kni-kni-kni-knives out
I'm flying
I'm flying
I'm flying

They say fame is a hell of a drug
Until they peel the wings off a dove
It's a losing streak I'm on
Tastes like metal

Hear the bells, they ring for you
You can run but I'll run too
Dark light shine bright like a blood sheen
Tastes like metal

Kni-kni-kni-kni-knives out
I'm flying
I'm flying
I'm flying
I'm flying
I'm flying
I'm flying

Delusional mood

Anestesia afectiva

Tratamento moral: obediência às normas

 História da Psiquiatria

Katrien De Blauwer calls herself a "photographer without a camera".






 

Fenómeno

Segundo Kant (1724-1804), tudo o que é objeto da experiência sensível, logo, captado pelo sujeito através do espaço e do tempo e percebido por meio das categorias inatas do intelecto (por oposição ao númeno)

A loucura é um fenómeno tipicamente humano

 Jaspers, 1979

sábado, 19 de junho de 2021

''leito de anémonas''

Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 269

''No tempo imóvel de uma morte imensa.''

Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 266

''Para o luto sempre pronta''

Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 262

 «Vergam-se ao sono as rosas. Os amantes

Passeiam no jardim com pés de prata.»

Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 260


 

''Com magnólias nos olhos.''

Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 258

''Levar-vos para sombras frias;''

Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 251

«Do breve povo das rosas -,
Adejais de beijo em beijo
Já que para gerar assombros
Vicejam as folhas verdes
Que vos farfalham nos ombros.»


Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 251

''Só na ilusão ilesos,''

Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 257

C.Tangana - LO▼E'S

                                                                   
                                                                       
 
                                                                Rocío Aguirre, fotógrafa Chilena
 

''Vem das estrelas o sangue que nos guia''

Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 245

''nudez viciosa''

«Em conclusão: onde o maior partido
É o do ócio que causa inveja à lesma,
Ganhe quem ganhe, só muda de vestido
O génio de deixar tudo na mesma.»

Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 232
« O PSD chorando o pai extinto
No Choupal crê achar líder de estalo;
Afinal só trocou pinto por pinto
E pintainho não dá cantar de galo.»

Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 231

'' Dão-te por sina seres filhos das ervas.''

Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 230

Gimme Some Truth


"Gimme Some Truth"


I'm sick and tired of hearing things
From uptight, short-sighted, narrow-minded hypocritics
All I want is the truth
Just gimme some truth
Ive had enough of reading things
By neurotic, psychotic, pig-headed politicians
All I want is the truth
Just gimme some truth

No short-haired, yellow-bellied, son of tricky dicky
Is gonna mother hubbard soft soap me
With just a pocketful of hope
Money for dope
Money for rope

No short-haired, yellow-bellied, son of tricky dicky
Is gonna mother hubbard soft soap me
With just a pocketful of soap
Money for dope
Money for rope

I'm sick to death of seeing things
From tight-lipped, condescending, mamas little chauvinists
All I want is the truth
Just gimme some truth now

I've had enough of watching scenes
Of schizophrenic, ego-centric, paranoiac, prima-donnas
All I want is the truth now
Just gimme some truth

No short-haired, yellow-bellied, son of tricky dicky
Is gonna mother hubbard soft soap me
With just a pocketful of soap
Its money for dope
Money for rope

Ah, I'm sick and tired of hearing things
From uptight, short-sighted, narrow-minded hypocrites
All I want is the truth now
Just gimme some truth now

Ive had enough of reading things
By neurotic, psychotic, pig-headed politicians
All I want is the truth now
Just gimme some truth now

All I want is the truth now
Just gimme some truth now
All I want is the truth
Just gimme some truth
All I want is the truth
Just gimme some truth

«Fechada? Mas em muros transparentes.
Ferida? Mas os danos são sementes
do Espírito em odor de amendoeiras.»

Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 220

''sem me isentar em pseudónimos''

Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 220

''chão de estrelas''

Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 219

sexta-feira, 18 de junho de 2021

''O alienado mais violento e mais temível se tornou, por vias suaves e conciliatórias, o homem mais dócil e digno de interesse por uma sensibilidade tocante.''


Dr. Ph. PINEL, Tratado médico-filosófico sobre a alienação mental

quarta-feira, 16 de junho de 2021

Andrei Tarkovsky, Stalker, 1979


 

 o Alentejo

 “celeiro da nação”

utopicamente utópica

''agrários expropriados''

A contrarreforma

“A terra a quem a trabalha”

 Reforma Agrária


 

«O existir é uma realidade. A realidade não tem princípio nem fim. Se não tem princípio, não nasceu. Se não tem fim, não morre mesmo que tenha desaparecido. Fica. Daí o «Orpheu» ter ficado por mais que muitos o tenham tentado destruir. Continua e continuará a ser sempre uma realidade.»

Alfredo Guidado sobre a Revista Orpheu.
«Morreu em flor como as virgens verdadeiras…» – dizia Fernando Pessoa, aludindo a curta duração da revista «Orpheu»

domingo, 13 de junho de 2021

«O grande sonho requer certas circunstâncias sociais.»

 Bernardo Soares. Livro do Desassossego. O Sonho - O Tédio. Editora Alma Azul. Coimbra, 2007., p. 45

Zeca Afonso - Os Vampiros "Eles Comem Tudo"


No céu cinzento sob o astro mudo
Batendo as asas pela noite calada
Vêm em bandos com pés veludo
Chupar o sangue fresco da manada
Eles comem tudo, eles comem tudo
Eles comem tudo e não deixam nada
Eles comem tudo, eles comem tudo
Eles comem tudo e não deixam nada
Se alguém se engana com seu ar sisudo
E lhes franqueia as portas à chegada
Eles comem tudo, eles comem tudo
Eles comem tudo e não deixam nada
Eles comem tudo, eles comem tudo
Eles comem tudo e não deixam nada
À toda a parte chegam os vampiros
Poisam nos prédios poisam nas calçadas
Trazem no ventre despojos antigos
Mas nada os prende às vidas acabadas
Eles comem tudo, eles comem tudo
Eles comem tudo e não deixam nada
Eles comem tudo, eles comem tudo
Eles comem tudo e não deixam nada
No chão do medo tombam os vencidos
Ouvem-se os gritos na noite abafada
Jazem nos fossos vítimas dum credo
E não se esgota o sangue da manada
Eles comem tudo, eles comem tudo
Eles comem tudo e não deixam nada
Eles comem tudo, eles comem tudo
Eles comem tudo e não deixam nada
São os mordomos do universo todo
Senhores à força mandadores sem lei
Enchem as tulhas bebem vinho novo
Dançam a ronda no pinhal do rei
Eles comem tudo, eles comem tudo
Eles comem tudo e não deixam nada
Eles comem tudo, eles comem tudo
Eles comem tudo e não deixam nada
Eles comem tudo, eles comem tudo
Eles comem tudo e não deixam nada
Eles comem tudo, eles comem tudo
Eles comem tudo e não deixam nada
Eles comem tudo, eles comem tudo
Eles comem tudo e não deixam nada
Eles comem tudo, eles comem tudo
Eles comem tudo e não deixam nada

                                             


Bernardo Soares. 
Livro do Desassossego. O Sonho - O Tédio. Editora Alma Azul. Coimbra, 2007., p. 43

futilissimamente

 «Prefiro a derrota como o conhecimento da beleza das flores, que a vitória no meio dos desertos, cheia de cegueira da alma a sós com a sua nulidade esperada.»

Bernardo Soares. Livro do Desassossego. O Sonho - O Tédio. Editora Alma Azul. Coimbra, 2007., p. 33

argonauta

«A vulgaridade é um lar.»

Bernardo Soares. Livro do Desassossego. O Sonho - O Tédio. Editora Alma Azul. Coimbra, 2007., p. 32

 

Bernardo Soares. Livro do Desassossego. O Sonho - O Tédio. Editora Alma Azul. Coimbra, 2007., p. 28

«Reina quem não está entre os vulgares.»

Bernardo Soares. Livro do Desassossego. O Sonho - O Tédio. Editora Alma Azul. Coimbra, 2007., p. 22

«(...), repare que, para o esteta, as tragédias são coisas interessantes de observar, mas incómodas de sofrer.»

Bernardo Soares. Livro do Desassossego. O Sonho - O Tédio. Editora Alma Azul. Coimbra, 2007., p. 22

«Se tivesse as paisagens impossíveis, que me restaria de impossível?»

Bernardo Soares. Livro do Desassossego. O Sonho - O Tédio. Editora Alma Azul. Coimbra, 2007., p. 19

 «Monotonizar a existência, para que ela não seja monótoma. Tornar anódino o quotidiano, para que a mais pequena coisa seja uma distracção.»

Bernardo Soares. Livro do Desassossego. O Sonho - O Tédio. Editora Alma Azul. Coimbra, 2007., p. 19

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