domingo, 22 de dezembro de 2019

''asa rutilante''

João Miguel Fernandes JorgeO Roubador de Água. Assírio & Alvim, Lisboa. 1981., p. 25

«Tinha um colar e o olhar ferido»

João Miguel Fernandes JorgeO Roubador de Água. Assírio & Alvim, Lisboa. 1981., p. 25


«(...)                                             Estende-
-me um cigarro, conta-me os reclames do
extenso muro, os seus amores.

Sem fim. Sem caminho. Eu gosto da preguiça
desta praça. Sob este céu e chuva
lembro-me mais daquilo que não fui.»


João Miguel Fernandes JorgeO Roubador de Água. Assírio & Alvim, Lisboa. 1981., p. 22

«(...) e os olhos sofrem.»

João Miguel Fernandes JorgeO Roubador de Água. Assírio & Alvim, Lisboa. 1981., p. 21

«Negro escravo para uma farda brilhante»

João Miguel Fernandes JorgeO Roubador de Água. Assírio & Alvim, Lisboa. 1981., p. 17

«os olhos já lá não estão há muito.»

João Miguel Fernandes Jorge. O Roubador de Água. Assírio & Alvim, Lisboa. 1981., p. 16

sexta-feira, 20 de dezembro de 2019


exautoração

 /z/
e.xau.to.ra.ção 
izawturɐˈsɐ̃w̃
nome feminino
1.
ato ou efeito de exautorar, de retirar a autoridade ou o poder que haviam sido conferidos a
2.
destituição de cargo, posto, etc.exoneração
3.
diminuição de valor, prestígio, etc.depreciação

amiserar

a.mi.se.rar 
ɐmizəˈrar
verbo transitivo
despertar a piedade de
verbo pronominal
1.
compadecer-se, apiedar-se
2.
lamentar-se, queixar-se

indefensão, indefenso

epifenómeno

e.pi.fe.nó.me.no
epifəˈnɔmənu
nome masculino
1.
FILOSOFIA fenómeno secundário e acessório que acompanha outro reputado primário
e acidental
2.
MEDICINA sintoma que sobrevém numa doença  declarada

a.po.ri.a

quarta-feira, 18 de dezembro de 2019


Ainda tem necessidade de fotografar?
Tenho mais necessidade de escrever e de ler sobre fotografia do que de fazer fotografia. A fotografia para mim hoje tornou-se um fenómeno quase fantasma. Olho para certas coisas e vejo que ela é tão, tão fotografia que já não posso fotografá-la. O processo de beleza e de arte estão em diálogo. Quando você olha para uma flor e diz que é linda, você pode estar certa que ela também está achando você bonita. No diálogo as duas coisas não se desprezam, não se esquecem, atraem-se. O diálogo existe mesmo. Como existem várias coisas que me preocupam ligadas à arte e à própria fotografia. A questão da escuta é uma tese que ando a desenvolver.

E significa o quê?
Significa a escuta como uma memória, é uma ajuda. É que a memória é traiçoeira. Então penso no gesto. O que é o gesto? O gesto na arte, o teu gesto para fazer uma gravura é diferente do gesto de fazer uma pintura. O teu gesto significa o tempo para fazer uma escultura ou um desenho. O gesto é uma coisa real e precisa como um eletrocardiograma. Você pega uma pintura e põe e tira, depois põe e tira, até ao momento em que ela se fecha mas você não tem tempo para ficar. A escultura também você tira tanto, tanto, que chega a uma certa altura e pensa: o que é que foi importante? O que tirei ou o que ficou? Veja a experiência do cinema. Toda a gente sabe que um filme só é bom e está pronto quando é cortado no fim, a montagem é que é a definição do filme. É onde fica essa relação do que ficou e do que foi tirado. Se eu fosse cineasta ia aproveitar isso para fazer um filme sobre a saudade.

Teve saudades?
Saudades do que ficou. A saudade é tão importante que no campo da arte ela é não só saudade do que você já fez, como também saudade do futuro, do que tem de fazer.

"ocultagens"

«(...) Acho que a imagem tem um nome: futuro.P

orquê futuro?Porque quando temos um passado esse passado é aquilo que fica e que nos dá a liberdade de criar o futuro. A única vantagem do passado é a de nos tornar livres. Depois temos o presente. O presente não é mais do que o arquivo, o museu, a lembrança, o acervo disponível e o futuro é exatamente aquilo que nós somos, todos os dias. Quando a gente se levanta, a gente é o futuro. Então essa é a grande lembrança do que é que significa a memória, a nossa infância. Estamos sempre a nascer, porque o futuro está à espera. Nós não vamos atrás dele. Então as minhas primeiras imagens são exatamente essas: a consciência do futuro.»

Fernando Lemos


RETRATAÇÃO de Victor Ferreira Rocha from JumpCut on Vimeo.
NEM PÉS NEM CABEÇA
A propósito do poema em prosa

Inimigo Rumor. Livros Cotovia., p. 3

quinta-feira, 12 de dezembro de 2019


frontispício

fron.tis.pí.ci.o
frõtəʃˈpisjufrõtiʃˈpisju
nome masculino
1.
ARQUITETURA fachada principal de um edifíciofrontaria
2.
página inicial de um livro, que contém o título, o nome do autor, a editora, etc.rosto
3.
coloquial facecara

Mar & Matrimónio

Corsino Fortespão & fonema. Livraria Sá Da Costa. 1ª edição, 1974.

«Sem franqueza no sangue»

Corsino Fortespão & fonema. Livraria Sá Da Costa. 1ª edição, 1974., p. 58

«O sol na boca grávida''

Corsino Fortespão & fonema. Livraria Sá Da Costa. 1ª edição, 1974., p. 55
«o osso é cada vez mais espiga
a espiga cada vez mais osso»

Corsino Fortespão & fonema. Livraria Sá Da Costa. 1ª edição, 1974., p. 54

''no poço dos joelhos''

Corsino Fortespão & fonema. Livraria Sá Da Costa. 1ª edição, 1974., p. 48
«A tua dor
E o teu orgasmo»

Corsino Fortespão & fonema. Livraria Sá Da Costa. 1ª edição, 1974., p. 41

quarta-feira, 11 de dezembro de 2019


morabeza

 Cabo Verde
mo.ra.be.za
morɐˈbɛzɐmɔrɐˈbezɐ
nome feminino
amabilidade, afabilidade

''Todo o sangue do teu corpo peregrino''

Corsino Fortespão & fonema. Livraria Sá Da Costa. 1ª edição, 1974., p. 39

''joelhos de sol''

Corsino Fortespão & fonema. Livraria Sá Da Costa. 1ª edição, 1974., p. 23

'' Nem mar nem céu ''

Corsino Fortespão & fonema. Livraria Sá Da Costa. 1ª edição, 1974., p. 19

(...)

« Amando
                   no útero das veias
                             a voz uterina dos navios.»

Corsino Fortespão & fonema. Livraria Sá Da Costa. 1ª edição, 1974., p. 16

''Um silêncio de tantas portas''

Corsino Fortespão & fonema. Livraria Sá Da Costa. 1ª edição, 1974., p. 10

''Um coração de terra batida''

Corsino Fortes. pão & fonema. Livraria Sá Da Costa. 1ª edição, 1974., p. 8

terça-feira, 10 de dezembro de 2019

categoria de não-merecimento de amor


“Uma gralha vestida de pavão, não é reconhecida nem pelas gralhas nem pelos pavões” (Esopo, 620 – 564 a.C.)

''Disse em 2001, a OMS: “A depressão grave é actualmente a principal causa de incapacitação em todo o mundo e ocupa o 4º lugar entre as 10 principais causas de patologia, a nível mundial. Se estiverem correctas as projecções, caberá à depressão, nos próximos 20 anos, a dúbia distinção de ser a 2ª das principais causas de doenças no mundo (…) Um milhão de pessoas cometem anualmente suicídio. Entre 10 e 20 milhões tentam suicidar-se.”
''Disforias, eutimias, euforias e demais interpretações de ânimos ''

domingo, 1 de dezembro de 2019

'' a noite é como uma mulher nua.''


Paula Cristina Lima Freitas
15 anos
Escola Secundária da Lagoa, Lagoa, Portugal


Cancioneiro Infanto-Juvenil para a Língua Portuguesa. 2º Concurso Poético. Vol.IV O Sonho Vem Pela Cabeça. Instituto Piaget, Lisboa, 1992., p. 181

(...)

«Amo alguém tristemente
que, na fúria da mente,
me enlouqueceu.
Amo alguém que, em sua vida,
encontrou a saída
e me esqueceu.»

Mayra Alessandra Bighete S. Lutus
14 anos
S. Paulo, Brasil

Cancioneiro Infanto-Juvenil para a Língua Portuguesa. 2º Concurso Poético. Vol.IV O Sonho Vem Pela Cabeça. Instituto Piaget, Lisboa, 1992., p. 176

''lua aveludada''


«(...)                               Quem
grita no escuro apelando a morte?»


Cancioneiro Infanto-Juvenil para a Língua Portuguesa. 2º Concurso Poético. Vol.IV O Sonho Vem Pela Cabeça. Instituto Piaget, Lisboa, 1992., p. 171

''Desgostos já tanto chorados.''


Cláudia Sofia Ponosca Palmeiro
13 anos
Cacém, Portugal


Cancioneiro Infanto-Juvenil para a Língua Portuguesa. 2º Concurso Poético. Vol.IV O Sonho Vem Pela Cabeça. Instituto Piaget, Lisboa, 1992., p. 169

''Mula-sem-cabeça''

Cancioneiro Infanto-Juvenil para a Língua Portuguesa. 2º Concurso Poético. Vol.IV O Sonho Vem Pela Cabeça. Instituto Piaget, Lisboa, 1992., p. 161

''Suponha que eu pense, e não possa pensar.''



Patrícia Menezes Pedreira da Silva
13 anos
Rio de Janeiro, Brasil


Cancioneiro Infanto-Juvenil para a Língua Portuguesa. 2º Concurso Poético. Vol.IV O Sonho Vem Pela Cabeça. Instituto Piaget, Lisboa, 1992., p. 159

sobrevém

''ondas gordas e cheias de espuma''

Cancioneiro Infanto-Juvenil para a Língua Portuguesa. 2º Concurso Poético. Vol.IV O Sonho Vem Pela Cabeça. Instituto Piaget, Lisboa, 1992., p. 150

''brilho de perdão''



Cancioneiro Infanto-Juvenil para a Língua Portuguesa. 2º Concurso Poético. Vol.IV O Sonho Vem Pela Cabeça. Instituto Piaget, Lisboa, 1992., p. 136

''A vida é um pesadelo,
P'ra quem o tem no coração.''


Ana Catarina Alves Duarte
11 anos
Lisboa, Portugal


Cancioneiro Infanto-Juvenil para a Língua Portuguesa. 2º Concurso Poético. Vol.IV O Sonho Vem Pela Cabeça. Instituto Piaget, Lisboa, 1992., p. 135

sexta-feira, 29 de novembro de 2019




I walk along the street of sorrow
The boulevard of broken dreams
Where gigolo and gigolette
Can take a kiss without regret
So they forget their broken dreams
You laugh tonight and cry tomorrow
When you behold your shattered schemes
And gigolo and gigolette
Wake up to find their eyes are wet
With tears that tell of broken dreams
Here is where you'll always find me
Always walking up and down
But I left my soul behind me
In an old cathedral town
The joy that you find here, you borrow
You cannot keep it long, it seems
But gigolo and gigolette
Still sing a song and dance along
The boulevard of broken dreams
Da, da, da, da, da, da, da
Da, da, da, da, da, da, da
Da, da, da, da, da, da, da
Da, da, da, da, da, da, da
The joy that you find here, you borrow
You cannot keep it long, it seems
But gigolo and gigolette
Still sing a song and dance along
The boulevard of broken dreams
Fonte: LyricFind

Compositores: Al Dubin / Harry Warren
Letras de Boulevard Of Broken Dreams
Com uma pergunta, o Zaratustra de Nietzsche (2011, p. 46) pode ainda nos perturbar e inquietar, provocando a reflexão: “[e] também vós, para quem a vida é furioso trabalho e desassossego: não estais muito cansados da vida?”

Nietzsche, Friedrich. (2011), Assim falou Zaratustra: um livro para todos e para ninguém. São Paulo, Companhia das Letras.
''dialogando com obras de escritores e artistas diversos – entre os quais despontam não apenas os já citados (Nietzsche, Melville, Handke, Agamben), mas também Kafka, Maurice Blanchot, Cézanne, Merleau-Ponty, Walter Benjamin, Theodor Adorno, Hannah Arendt, Jean Baudrillard e Roberto Esposito –, Byung-Chul Han apresenta em seu Sociedade do cansaço uma reflexão percuciente para o público leitor compreender melhor o modo de funcionamento da sociedade capitalista contemporânea. ''

“psicofarmacologia cosmética” (Kramer, 1993)

''(...)para Han, o estado de esgotamento na sociedade atual não provém desse tipo de potência, mas do excesso de positividade (leia-se: estímulos). A leitura de 24/7 – Capitalismo tardio e os fins do sono pode ratificar o sentido da experiência social analisado por Byung-Chul Han. Nesse livro, o professor de história da arte Jonathan Crary (2016) evidencia de que forma a presença constante de estímulos tende a impedir o desligamento do indivíduo, que dorme hoje em sleep mode. Inspirada nas máquinas, essa expressão recorrente e apenas aparentemente inócua dá a ver a ideia de que o indivíduo está em “modo de consumo reduzido”, à disposição, superando a lógica “desligado/ligado”, “de maneira que nada está de fato ‘desligado’ e nunca há um estado real de repouso” (Crary, 2016, pp. 22-23). Trazendo à tona projetos científicos, tecnológicos e laboratoriais cujo objetivo consiste em reduzir ou eliminar o sono, o norte-americano mostra que tais empreendimentos – supostamente inacreditáveis – são consonantes à cultura moderna ocidental que deprecia o sono desde a estimação positiva de conceitos e valores como produtividade, racionalidade, consciência, vontade, objetividade, ação, desempenho. Na cultura ocidental contemporânea “24/7”, na qual impera o regime de trabalho non-stop, o sono se apresenta como a única dimensão existencial ainda não colonizada pelo capitalismo.''

Han, Byung-Chul
 Para uma abordagem da fadiga

escritor austríaco Peter Handke (1990).

La fatigue d’être soi: dépression et société

O mundo plástico de Mária Švarbová


''O sistema capitalista mudou o registro da exploração estranha para a exploração própria, a fim de acelerar o processo. […] Hoje, vivemos numa época pós-marxista. No regime neoliberal a exploração tem lugar não mais como alienação e autodesrealização, mas como liberdade e autorrealização. Aqui não entra o outro como explorador, que me obriga a trabalhar e me explora. Ao contrário, eu próprio exploro a mim mesmo de boa vontade na fé de que possa me realizar. E me realizo na direção da morte. Otimizo a mim mesmo para a morte (pp. 105 e 116).''

Han, Byung-Chul. Sociedade do cansaço. Tradução de Enio Paulo Giachini. 2 ed. ampl. Petrópolis, Vozes, 2017. 128 pp.
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