sexta-feira, 14 de abril de 2017

''felicidade solitária''

Havia quem dissesse que a manhã
seria luz quando uma ave       uma só ave que fosse
entrasse em todas as casas e nós       atentos
acordássemos dentro dos rios



Abel Neves. Eis o Amor   a Fome e a Morte. Edições Cotovia, Lisboa, 1998, p. 65

Intus

''de dentro''

Jorge Henriques, Porto, 1965


«A-EXPERIÊNCIA-DO-CORPO-ENQUANTO-EXPERIÊNCIA-DO-MUNDO-ENQUANTO-EXPERIÊNCIA-DA-ARTE»

carolice cinéfila

quinta-feira, 13 de abril de 2017

quarta-feira, 12 de abril de 2017

Giaconda Belli: 

“Não há nada mais poderoso do que uma mulher. Tem mais poder do que o músculo. Tem mais poder do que as armas. Não há nada mais poderoso do que uma mulher, porque tem por detrás o poder da Igualdade. Tem por detrás o poder de todas as mulheres.”

terça-feira, 11 de abril de 2017

Fotografia Bernard Plossu, Porto, marginal junto da Manutenção Militar, 1998, Coleção Nacional de Fotografia


''popularização da fotografia''

Slogan célebre da Kodak “você prime o botão, nós fazemos o resto”

''Inicialmente a fotografia respondeu à necessidade de fazer um registo objectivo de pessoas e lugares espalhados pelo mundo e, associada a outros meios, como relatórios e jornais, passou a servir de instrumento de controlo de vastos territórios para as grandes potências coloniais. Fotografar era dominar. E isto tornou-se ainda mais verdadeiro com a “democratização” do próprio acto de fotografar.
Em meados do século XIX, quando surgiu a fotografia – no final da década de 1830, ao mesmo tempo em França e na Grã-Bretanha, ambas grandes potências coloniais europeias, lembra James R. Ryan – fotografar requeria toda uma parafernália de instrumentos que tornava esta actividade tecnologicamente complexa e cara. Esta situação alterou-se radicalmente em 1888, com o surgimento da revolucionária Kodak, com o célebre slogan “você prime o botão, nós fazemos o resto”. De repente, lembra o historiador britânico, fotografar era fácil e as câmaras passaram a viajar na mala de altos funcionários destacados para os territórios, de médicos, cientistas, soldados e missionários. E havia até fotógrafos profissionais a fazer carreira em Angola, como J. A. da Cunha Moraes, com bastante sucesso comercial. “Moraes via a sua câmara como um instrumento de conquista e as suas fotografias como registos objectivos da topografia, geografia e antropologia, a ser usados na cartografia e levantamento de territórios coloniais futuros”, precisa Ryan.
A popularização da fotografia, que fez com que, em apenas dez anos, ela se tornasse prática doméstica corrente nos territórios ultramarinos, coincidiu com um impressionante período de expansão europeia. Ela era, ao mesmo tempo, instrumento de hegemonia e de validação das “rotinas e rituais que estruturavam a sociedade colonial”, escreve o historiador britânico, defendendo que não se pode olhar para estas imagens pensando apenas no seu objectivo de servir os regimes colonizadores.
É certo que “a fotografia foi crucial para o exercício e manutenção do domínio colonial”, já que “não reflectia tanto as realidades da vida e paisagem colonial, antes construí-as”, mas isto não significa, sublinha James R. Ryan, que tenha sido sempre ou em exclusivo uma arma de poder colonial e de repressão, como foi sugerido pelos primeiros estudos sobre a matéria. Em anos recentes, adverte, os investigadores têm apontado para “uma relação mais complexa e ambígua entre a fotografia e o império”. Tudo porque, por exemplo, as fotografias feitas para órgãos da administração colonial podiam servir a propaganda oficial mas, ao mesmo tempo, se entregues aos opositores ao império, prestavam-se a denunciar, às vezes com maior eficácia, as suas injustiças, desigualdades e atentados aos direitos humanos, particularmente em foco no artigo que o historiador Miguel Bandeira Jerónimo assina em O Império da Visão (“As provas da ‘civilização’: fotografia, colonialismo e direitos humanos”).
“Há muitas formas de pensar a fotografia, mas é preciso fazê-lo criticamente. Se não o fizermos há o perigo de as reduzir ao seu lado estético, o que é problemático, sobretudo quando estamos a falar de fotografias como estas, feitas num contexto de hegemonia, desigualdade e violência”, acrescenta Filipa Vicente.
É claro que há beleza nas paisagens fotografadas, nas mulheres e nos trajes tradicionais, mas há muito mais do que isso. A questão das mulheres, nota uma vez mais a historiadora, é particularmente interessante porque é também a partir do corpo feminino que se pode reflectir sobre as fronteiras difusas que a fotografia colonial tantas vezes desenha. “Há um grande exotismo na fotografia das mulheres negras cujo corpo, ao contrário do das mulheres brancas, pode ser exposto. Mas os limites entre o erótico e o etnográfico são confusos, mal definidos, e essa ambiguidade está lá desde o momento da produção da imagem.” Está lá a mostrar que a hegemonia colonial é também uma hegemonia patriarcal, como defende o antropólogo Carlos Barradas no seu artigo para este volume, “Descolonizando enunciados: a quem serve objectivamente a fotografia?”.''
in Jornal Público. Ver aqui

''o uso da fotografia na intimidade''

historiografia da fotografia

''As fotografias são objectos difíceis e as dos impérios coloniais ainda mais''

''Fotografias soltas numa caixa de cartão. Há de casamentos, baptizados, trabalhadores no campo, desfiles de minhotas trajadas a preceito e muitos retratos de crianças com dedicatórias, daqueles que era costume enviar a tios e avós na altura das festas. Na banca seguinte são os álbuns de guerra que guardam as imagens de um império que começava a deixar de o ser de forma irreversível. Num e noutro caso é de pessoas desconhecidas que se trata. Num e noutro caso é de memória que falamos, de um património visual de onde se pode partir para reescrever histórias privadas que fazem parte de uma narrativa partilhada.''


in Jornal Público

segunda-feira, 10 de abril de 2017


amar

descobrir
a proposta 
do infinito.




Alberto Estima de Oliveira. INFRAESTRUTURAS. Colecção Poetas de Macau, 1999., p. 65

absurdo como conceito
paradoxo como refúgio


é urgente ter asas.




Alberto Estima de Oliveira. INFRAESTRUTURAS. Colecção Poetas de Macau, 1999., p. 63

Holy nothing e Bored in the U.S.A.

canções trágico-cómicas


Álbum: Pure Comedy

Father John Misty

Father John Misty:

 “O amor não é poesia. É o que inventámos para sobreviver”

Bruno Barbey; Nazaré, Portugal, 1985.



entrelacei as mãos atrás (nas costas)
e vadiei nas ruas desertas
nas paredes sujas
no desespero rasgadopor ancinhos de fogo
no solo sagrado da amargura.

com o luar esverdeado
no lodo dos pântanos:

arrozais regados a sangue
no estio da loucura.


Alberto Estima de Oliveira. INFRAESTRUTURAS. Colecção Poetas de Macau, 1999., p. 49

as pedras
são dias soltos
como as folhas


de sonhos o cimento
e o amor
e o tecto

dentro 
o momento concreto.


Alberto Estima de Oliveira. INFRAESTRUTURAS. Colecção Poetas de Macau, 1999., p. 47

o que transcende
na memória
do diálogo
é a mensagem
contida 
no voo migratório.




Alberto Estima de Oliveira. INFRAESTRUTURAS. Colecção Poetas de Macau, 1999., p. 45

o evidente
consolida-se 
ímpar
na construção 
do diálogo.



Alberto Estima de Oliveira. INFRAESTRUTURAS. Colecção Poetas de Macau, 1999., p. 43


« em cada lágrima 
                        quente

o sal da noite fria.»


Alberto Estima de Oliveira. INFRAESTRUTURAS. Colecção Poetas de Macau, 1999., p. 35
« no esplendor dos prados
o orgasmo das flores.»


Alberto Estima de Oliveira. INFRAESTRUTURAS. Colecção Poetas de Macau, 1999., p. 27

« és levado à boca hipócrates»


Eva Christina Zeller. Sigo a Água.Tradução e Prefácio de Maria Teresa Dias Furtado. Relógio D'Água. Lisboa, 1996., p. 71

«quisera ser eu mas como eu sou eu quero apenas partir
descendo o rio cada árvore uma outra árvore cada eu um
                                                                                                                        outro»



Eva Christina Zeller. Sigo a Água.Tradução e Prefácio de Maria Teresa Dias Furtado. Relógio D'Água. Lisboa, 1996., p. 87

''as cores doem''


Eva Christina Zeller. Sigo a Água.Tradução e Prefácio de Maria Teresa Dias Furtado. Relógio D'Água. Lisboa, 1996., p. 79

«fechas-me no teu coração»


Eva Christina Zeller. Sigo a Água.Tradução e Prefácio de Maria Teresa Dias Furtado. Relógio D'Água. Lisboa, 1996., p. 73

Joalharia


«não voltes fica morto entre os mortos»



Eva Christina Zeller. Sigo a Água.Tradução e Prefácio de Maria Teresa Dias Furtado. Relógio D'Água. Lisboa, 1996., p. 71

a água não tem lugar


Eva Christina Zeller. Sigo a Água.Tradução e Prefácio de Maria Teresa Dias Furtado. Relógio D'Água. Lisboa, 1996., p. 63

«esqueço o despontar do dia e os pássaros»



Eva Christina Zeller. Sigo a Água.Tradução e Prefácio de Maria Teresa Dias Furtado. Relógio D'Água. Lisboa, 1996., p. 63

''(...) não amo o tempo.''


Eva Christina Zeller. Sigo a Água.Tradução e Prefácio de Maria Teresa Dias Furtado. Relógio D'Água. Lisboa, 1996., p. 47

''(...) para dar água às lágrimas''

Eva Christina Zeller. Sigo a Água.Tradução e Prefácio de Maria Teresa Dias Furtado. Relógio D'Água. Lisboa, 1996., p. 45

AQUEDUCTUS

''(...) hão-de visitar-te os dias tristes''


Abel Neves. Eis o Amor   a Fome e a Morte. Edições Cotovia, Lisboa, 1998, p. 38


«(...)                                                    Quem dera
que fosse ontem     tu estarias
a chegar e os beijos seriam os primeiros
a até aqui tudo bem      as coisas a portarem-se bem
mas o caralho é hoje  »


Abel Neves. Eis o Amor   a Fome e a Morte. Edições Cotovia, Lisboa, 1998, p. 28/9

À MESA VOLTADO PARA ORIENTE


Sento-me para escrever e já tudo acabou
Um golpe de maré    mais ou menos     sim
Os dedos sendo agora algas
querem a lembrança    mas de quê?



Abel Neves. Eis o Amor   a Fome e a Morte. Edições Cotovia, Lisboa, 1998, p. 28

« o problema é que     mesmo que andasse por aí
a esperança não seria para todos»



Abel Neves. Eis o Amor   a Fome e a Morte. Edições Cotovia, Lisboa, 1998, p. 27

(...)

«Soube      por olhar o rio algumas vezes      este rio
e outros
que o nada é nada e o tudo é tudo»




Abel Neves. Eis o Amor   a Fome e a Morte. Edições Cotovia, Lisboa, 1998, p. 26

«Estás a pensar na chuva que há-de cair só nas tuas mãos»


Abel Neves. Eis o Amor   a Fome e a Morte. Edições Cotovia, Lisboa, 1998, p. 25
O QUE PENSAS QUANDO OLHAS
PARA MIM E NÃO DIZES NADA



Abel Neves. Eis o Amor   a Fome e a Morte. Edições Cotovia, Lisboa, 1998, p. 25
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