quarta-feira, 16 de março de 2016

«E eis como a noite inteiramente nos esqueceu.
E esperamos, esperamos, na obscuridade.»



O Bebedor Nocturno. Antologias Universais. Versões de Herberto Helder. Portugália., p. 211

«Sai depressa, depressa.
Já quase morrem esta noite os ecos.»



O Bebedor Nocturno. Antologias Universais. Versões de Herberto Helder. Portugália., p. 210


«Bebi até ao fundo da minha dor,
e ela cresceu, cresceu, ainda mais forte que o
                 vinho.»



O Bebedor Nocturno. Antologias Universais. Versões de Herberto Helder. Portugália., p. 198

«sou o pequeno pássaro que dorme numa ilha lon-
                     gínqua.»


O Bebedor Nocturno. Antologias Universais. Versões de Herberto Helder. Portugália., p. 189

«Eu sei porque te quero em minhas mãos,
mas tu ignoras porque te queres em minha boca.»


O Bebedor Nocturno. Antologias Universais. Versões de Herberto Helder. Portugália., p. 175

«Sou como uma peça de seda cor-de-rosa,»


O Bebedor Nocturno. Antologias Universais. Versões de Herberto Helder. Portugália., p. 167

ARROZAL DE MADRUGADA


«Às quatro da manhã, arranco
ervas daninhas do arrozal.
Mas que é isto: orvalho do campo,
    ou lágrimas de dor?»


O Bebedor Nocturno. Antologias Universais. Versões de Herberto Helder. Portugália., p. 155
«Afastei-a do meu peito, para que não adormecesse sobre uma almofada palpitante.»

Ben-Baqui


«Desfolharam-se as rosas sobre o rio e, passan-
do, espalharam-nas os ventos,

(...)»

(Ben Al-Zaqqaq)

''rio de pérolas''


''nadador de pernas rígidas''

(Abu-L-Hachchach Al Munsafi)

constelação das Plêiades (Sete-Estrelo)

a toda a brida a toda a pressa, à desfilada

cavalo cor de canela

O NADADOR NEGRO

   Nadava um negro num lago, através de cujas
 límpidas águas se viam as pedras do fundo.

   Tinha o lago a forma de uma pupila azul de
que o negro era a menina do olho.


                                         (Ben Jafacha)

''crepúsculo sobre a prata da água''

Ben Jafacha
«Dedal dourado como o sol: todo se ilumina, se lhe bate a luz de uma estrela.»


(Abu-L-Abbas Ahmad Ben Sid)

cão azul


esconderijos

«Porque arrasta o exílio de lugar em lugar?»

Djamil

''vestido de vidro''

DIVISA

Conhecem-me os cavalos e a noite e os desertos
traiçoeiros e a guerra e as feridas e o papel e a
                pena.

                                                            (Al-Mutanabbi)

''ensina ao sol onde morrer.''


O Bebedor Nocturno. Antologias Universais. Versões de Herberto Helder. Portugália., p. 113

«Estás doente da garganta, e eu estou mal  da
                                 cabeça.»
                 
O Bebedor Nocturno. Antologias Universais. Versões de Herberto Helder. Portugália., p. 101



«Nascemos para o sono,
nascemos para o sonho.»


O Bebedor Nocturno. Antologias Universais. Versões de Herberto Helder. Portugália., p. 93

obsidiana


nome feminino

PETROLOGIA rocha vulcânica de composição riolítica, semelhante ao vidro, de cor negra ou verde-escura, utilizada antigamente no fabrico de espelhos e instrumentos cortantes

6


«Explorado, sê manso e obedece. Pode ser que entres no reino dos céus, de camelo ou às costas de um rico. Obedece. Pode ser que vás para a cama com a Pátria. Obedece. Pode ser que o teu cadáver ainda venha a ser o estandarte glorioso do Partido. Nunca percas a esperança, explorado, jamais.»




António José Forte. Corpo de Ninguém. Hiena Editora, Lisboa, 1989., p. 100

«Explorado, escolhe a pedra para a tua cabeça.»


António José Forte. Corpo de Ninguém. Hiena Editora, Lisboa, 1989., p. 100

''crocoloditas de pança encortiçada''


António José Forte. Corpo de Ninguém. Hiena Editora, Lisboa, 1989., p. 97

«Quando em 1922 Dada foi atirado vivo e nu ao Sena, não era para que fosse pescado.»


António José Forte. Corpo de Ninguém. Hiena Editora, Lisboa, 1989., p. 95

«Francamente, falar de surrealismo num ambiente de capacidade crítica subdesenvolvida e de chuva miudinha, apetece pouco. Como apetece pouco, outrossim, repetir afirmações já muito bem atropeladas pelos profissionais da nossa esperteza literária. O ferro-de-engomar do talento continua de serviço e quente.»



António José Forte. Corpo de Ninguém. Hiena Editora, Lisboa, 1989., p. 94

''camas voadoras''

AFORISMOS


                                                                          Iniciação à estética

O nariz de Cyrano de Bergerac, as pernas de Toulouse-Lautrec,
o olho de Camões, as costas de Lichtenberg, e o Aleijadinho.


                                                                           Os artistas mutilados

Van Gogh cortou uma orelha, Cervantes cortou um braço,
Rimbaud cortou uma perna, Ravachol cortou a cabeça, Chaplin
cortou o bigode.

                                                                           Ouvir vozes

Perturbação auditiva que pode levar à morte por queimaduras.
Caso Joana d'Arc.

Cortou a mão para não escrever a palavra morrer.



António José Forte. Corpo de Ninguém. Hiena Editora, Lisboa, 1989., p. 84


«atravesso a terra de ninguém com um dia de chuva na cabeça
para oferecer aos revoltados»

António José Forte. Corpo de Ninguém. Hiena Editora, Lisboa, 1989., p. 80
«vem do murmúrio do caos
e rebenta em sílabas de abelhas nos ouvidos»


António José Forte. Corpo de Ninguém. Hiena Editora, Lisboa, 1989., p. 79

''nome de animal de patas obscenas''

António José Forte. Corpo de Ninguém. Hiena Editora, Lisboa, 1989., p. 79

''Mil Crimes de Amor''


António José Forte. Corpo de Ninguém. Hiena Editora, Lisboa, 1989., p. 72

«desse tempo
uma paisagem de nuvens inventadas
para as minhas aves      altíssimas
suspensas sobre a morte»


António José Forte. Corpo de Ninguém. Hiena Editora, Lisboa, 1989., p. 70

«À flor da terra a flor de fumo
dos meus cigarros adolescentes
fumados amorosamente entre fantasmas»


António José Forte. Corpo de Ninguém. Hiena Editora, Lisboa, 1989., p. 70

peixes voadores

«No ano primeiro do fim da melancolia»


António José Forte. Corpo de Ninguém. Hiena Editora, Lisboa, 1989., p. 68
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