segunda-feira, 10 de novembro de 2014

pan.te.ís.mo

pecado do orgulho

«(...) a mentira é uma arma. A arma preferida do inferior e do fraco que, enganando o adversário, se afirma e dele se vinga.»



* Ao enganar o adversário - ou o mestre -, o fraco revela-se «mais forte» do que este.


Alexandre Koyré. Reflexões sobre a mentira. Editora Frenesi. Lisboa.
«(...) a mentira é tão velha como o mundo ou, pelo menos, quanto o homem, mendax ab initio


mendax ab initio - mentiroso desde início.


Alexandre Koyré. Reflexões sobre a mentira. Editora Frenesi. Lisboa.

logos-razão, logos-palavra

«Nem todas as verdades se dizem.»

Provérbio

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

quarta-feira, 5 de novembro de 2014


à beira do desespero

Nada.

  «Eram tantas as mentiras trocadas entre nós, tantas as palavras por dizer, que lhe respondi ainda desta vez: - Nada.»
Cesare Pavese. A guitarra quebrada. Traduzida pelo italiano por José da Fonseca Costa. Editorial Minerva, Lisboa, p. 121

«O tempo era de mármore e fechei os olhos.»

Cesare Pavese. A guitarra quebrada. Traduzida pelo italiano por José da Fonseca Costa. Editorial Minerva, Lisboa, p. 117
«Sentia-me pouco seguro da minha voz e dizia coisas diferentes daquelas em que estava a pensar.»
 
 
Cesare Pavese. A guitarra quebrada. Traduzida pelo italiano por José da Fonseca Costa. Editorial Minerva, Lisboa, p. 113

A Streetcar Named Desire (1951)


« - Só os apaixonados são capazes de matar - acrescentou Linda.»

Cesare Pavese. A guitarra quebrada. Traduzida pelo italiano por José da Fonseca Costa. Editorial Minerva, Lisboa, p. 109
«Foi assim que começámos a conversar sobre o seu passado e Linda disse-me muita coisa, tornando-se melancólica à maneira que falava.»
 
Cesare Pavese. A guitarra quebrada. Traduzida pelo italiano por José da Fonseca Costa. Editorial Minerva, Lisboa, p. 101

«(...) Aquilo que disse, aquilo em que acreditei já não existe. Lembro-me duma manhã em que havia um nevoeiro de cortar à faca, autêntico algodão em rama, em que o mundo parecia ter parado. Nem sequer se ouviam os passos...Lembro-me disso.
       - Mas com quem saías nessas noites?
        -Não chateies - disse Lubrani. - Todos temos as nossas histórias.»
 
 
Cesare Pavese. A guitarra quebrada. Traduzida pelo italiano por José da Fonseca Costa. Editorial Minerva, Lisboa, p. 100

terça-feira, 4 de novembro de 2014

BOM CONSELHO



"não procures um pretexto para os olhos:
é assim que se constrói a cegueira. Alguns
perdem-se na doença da luz, nos caminhos
desorientados onde só encontram o desvio.
Não vás pelo território maldoso da vereda,
talvez encontres ameixoeiras, mas a sombra
apodreceu-as, e dão ameixas como pedras
rugosas. Não vás rente às silvas que escondem
os encontros: visita a fronteira: esse lugar
que não repartiu a luz"

-"Ofício de Vésperas"
- Rui Nunes

A FLUTUAR

"há-de flutuar uma cidade no crepúsculo da vida
pensava eu... como seriam felizes as mulheres
à beira-mar debruçadas para a luz caiada
remendando o pano das velas espiando o mar
e a longitude do amor embarcado

por vezes
uma gaivota pousava nas águas
outras era o sol que cegava
e um dardo de sangue alastrava pelo linho da noite
os dias lentíssimos... sem ninguém

e nunca me disseram o nome daquele oceano
esperei sentado à porta... dantes escrevia cartas
punha-me a olhar a risca de mar ao fundo da rua
assim envelheci... acreditando que algum homem ao passar
se espantasse com a minha solidão"

-"O Medo"
- Al Berto 
UM OLHAR PARA TRÁS

"Somos sobreviventes. A vida que quisemos, não a tivemos. Aquela que temos, não a escolhemos. Veio-se-nos. Faltou-nos só uma vocação, essa para vivermos a única vida que realmente nos importava. Todas as outras permanecem para sempre marcadas por um selo de morte e insuficiência. O tempo que resta, passamo-lo a tentar digerir esse monstruoso fracasso, a evitar transformarmo-nos a nós próprios em monstros de ressentimento. Não, nos não queríamos ser humanos. E agora, não queremos outra coisa, à falta daquilo em que não fomos capazes de nos tornar"


 Bénédicte Houart. Há Dias.


"Silêncio,e depois
 
Não disse o principal sobre a sua pessoa, a sua alma, os seus pés, as suas mãos, o seu riso.
O principal para mim é deixar o seu olhar quando ele está só.
Quando está na desordem do pensamento.
É muito belo. É difícil saber.
Se começo a falar dele, nunca mais paro.

A minha vida é como incerta, mais incerta, sim, do que a dele diante de mim.

Silêncio, e depois"


Marguerite Duras. É Tudo.

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

segunda-feira, 27 de outubro de 2014


«Abomino as pessoas que filtram tudo através da única linguagem que conhecem; seja ela a astrologia, a religião, o yoga, a política, a economia, ou qualquer outra.»
 
 
Henry MillerUm diabo no paraíso. Tradução de Estevão Sasportes. Livros do Brasil, livros Unibolso, p.
«Fiz todos os erros que um homem pode fazer e paguei por eles. Sou, por isso, muito mais rico, muito mais aberto, muito mais feliz, se quiseres, do que se tivesse descoberto, através de uma pesquisa ou de uma disciplina, como evitar as ratoeiras e as armadilhas do meu caminho...»
 
 
 
Henry MillerUm diabo no paraíso. Tradução de Estevão Sasportes. Livros do Brasil, livros Unibolso, p. 79
«Só o aspecto poético das coisas me interessa. E, em última análise, há apenas uma linguagem: a linguagem da verdade. Pouco importa como se lá chega.»
 
 
Henry MillerUm diabo no paraíso. Tradução de Estevão Sasportes. Livros do Brasil, livros Unibolso, p. 57
«O que eu não daria para ter sido camarada ou amigo íntimo de figuras como Apollinaire, Douanier, Rousseau, George Moore, Max Jacob, Vlaminck, Utrillo, Derain, Cendrars, Gauguin, Modigliani, Cingria, Picabia, Maurice, Magre, Léon Daudet e outros.»
 
Henry MillerUm diabo no paraíso. Tradução de Estevão Sasportes. Livros do Brasil, livros Unibolso, p. 74
« - Ele não pensa como qualquer um de nós. Pensa de uma maneira circular. Não tem lógica, não sabe medir as coisas, é invulnerável à razão e ao senso comum.»
 
 
Henry MillerUm diabo no paraíso. Tradução de Estevão Sasportes. Livros do Brasil, livros Unibolso, p. 73

Self Portrait


codeína

nome feminino

FARMÁCIA, QUÍMICA alcaloide existente no ópio, do qual se pode extrair, mas que se obtém principalmente a partir da morfina

''longos monólogos cheios de floreados''

Henry MillerUm diabo no paraíso. Tradução de Estevão Sasportes. Livros do Brasil, livros Unibolso, p. 57
«Tentei inverter as posições, pôr-me no seu lugar e olhar-me com os seus olhos. Não concluí grande coisa, devo confessá-lo. A verdade é que me era impossível pôr-me no seu lugar.»



Henry MillerUm diabo no paraíso. Tradução de Estevão Sasportes. Livros do Brasil, livros Unibolso, p. 55

examen de conscience

O Capricórnio

   «O Capricórnio é um animal solitário. Lento, estável, perseverante. Vive em diversos níveis ao mesmo tempo. Pensa em círculos. Sente o fascínio da morte. E prossegue numa escalada constante. Provavelmente à procura do edelweiss. Ou será da immortelle? Não reconhece a sua origem; apenas as suas ascendências. Ri pouco e quase sempre inoportunamente. Colecciona amigos com a mesma facilidade com que os outros juntam selos, mas é um ser insociável. Em vez de ser delicado, fala com toda a franqueza. Metafísica, abstracções, manifestações, electromagnéticas. Perde-se nos abismos. Vê estrelas, cometas e asteroides, onde os outros apenas enxergam manchas, rugas e erupções. Quando se cansa de fingir que é o homem que come tubarões, alimenta-se de si próprio. Um paranóico. Um paranóico ambulatório. Mas de afeições e ódios constantes. Ouai!»


Henry MillerUm diabo no paraíso. Tradução de Estevão Sasportes. Livros do Brasil, livros Unibolso, p. 40

«O chovisco transformou-se numa chuva ligeira, numa chuva cinzenta e docemente melancólica.»

Henry MillerUm diabo no paraíso. Tradução de Estevão Sasportes. Livros do Brasil, livros Unibolso, p. 39

«Moricand está triste. E eu também, mas de maneira menos precisa. Apenas uma parte de mim próprio está ainda aqui. O meu espírito já partiu para Rocamadour, onde espero estar no dia seguinte.»
Henry MillerUm diabo no paraíso. Tradução de Estevão Sasportes. Livros do Brasil, livros Unibolso, p. 38

as pedras são difícies de digerir


«Não digo nada seja contra o que for. Observo. Analiso. Calculo. Destilo. A sabedoria é útil, mas o conhecimento é a certeza das certezas. O escalpelo, para o cirurgião, a picareta e a pá para o coveiro, o livro dos sonhos para o psicanalista, o barrete com guizos para o louco. E, para mim, uma cólica intestinal. A atmosfera demasiado rarefeita e as pedras são difíceis de digerir. »



Henry MillerUm diabo no paraíso. Tradução de Estevão Sasportes. Livros do Brasil, livros Unibolso, p. 38

''a Lua em pânico total''



Henry MillerUm diabo no paraíso. Tradução de Estevão Sasportes. Livros do Brasil, livros Unibolso, p. 37

salsaparrilha brava

«(..); esse frasco contém mirra, incenso e uma pitada de salsaparrilha brava. O cheiro da santidade


Henry MillerUm diabo no paraíso. Tradução de Estevão Sasportes. Livros do Brasil, livros Unibolso, p. 37

 “Não penses. Um instante suspende o pensamento, a respiração. Com um olhar virgem olha-te. Trespassa o que há em ti de imediato, de cognoscível, de dizível, até ao “eu” rarefeito de ti. (…) É o alguém que não é ninguém e és tu (…)”

- Vergílio Ferreira, Invocação ao Meu Corpo.

flores outonais

''acelerados em direcção à morte.''



Henry MillerUm diabo no paraíso. Tradução de Estevão Sasportes. Livros do Brasil, livros Unibolso,

sábado, 18 de outubro de 2014

''desilusão delirante''

«(...) o seu sistema consistia em colocar diante da minha irritação - de modo a que eu fosse obrigado a expor-me grosseiramente - »



Henry James. O Desenho no Tapete. Tradução de Luzia Maria Martins. Relógio D'Água, Lisboa, p. 66

terça-feira, 14 de outubro de 2014

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