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segunda-feira, 27 de outubro de 2014

«Abomino as pessoas que filtram tudo através da única linguagem que conhecem; seja ela a astrologia, a religião, o yoga, a política, a economia, ou qualquer outra.»
 
 
Henry MillerUm diabo no paraíso. Tradução de Estevão Sasportes. Livros do Brasil, livros Unibolso, p.
«Fiz todos os erros que um homem pode fazer e paguei por eles. Sou, por isso, muito mais rico, muito mais aberto, muito mais feliz, se quiseres, do que se tivesse descoberto, através de uma pesquisa ou de uma disciplina, como evitar as ratoeiras e as armadilhas do meu caminho...»
 
 
 
Henry MillerUm diabo no paraíso. Tradução de Estevão Sasportes. Livros do Brasil, livros Unibolso, p. 79
«Só o aspecto poético das coisas me interessa. E, em última análise, há apenas uma linguagem: a linguagem da verdade. Pouco importa como se lá chega.»
 
 
Henry MillerUm diabo no paraíso. Tradução de Estevão Sasportes. Livros do Brasil, livros Unibolso, p. 57
«O que eu não daria para ter sido camarada ou amigo íntimo de figuras como Apollinaire, Douanier, Rousseau, George Moore, Max Jacob, Vlaminck, Utrillo, Derain, Cendrars, Gauguin, Modigliani, Cingria, Picabia, Maurice, Magre, Léon Daudet e outros.»
 
Henry MillerUm diabo no paraíso. Tradução de Estevão Sasportes. Livros do Brasil, livros Unibolso, p. 74
« - Ele não pensa como qualquer um de nós. Pensa de uma maneira circular. Não tem lógica, não sabe medir as coisas, é invulnerável à razão e ao senso comum.»
 
 
Henry MillerUm diabo no paraíso. Tradução de Estevão Sasportes. Livros do Brasil, livros Unibolso, p. 73
«Tentei inverter as posições, pôr-me no seu lugar e olhar-me com os seus olhos. Não concluí grande coisa, devo confessá-lo. A verdade é que me era impossível pôr-me no seu lugar.»



Henry MillerUm diabo no paraíso. Tradução de Estevão Sasportes. Livros do Brasil, livros Unibolso, p. 55

O Capricórnio

   «O Capricórnio é um animal solitário. Lento, estável, perseverante. Vive em diversos níveis ao mesmo tempo. Pensa em círculos. Sente o fascínio da morte. E prossegue numa escalada constante. Provavelmente à procura do edelweiss. Ou será da immortelle? Não reconhece a sua origem; apenas as suas ascendências. Ri pouco e quase sempre inoportunamente. Colecciona amigos com a mesma facilidade com que os outros juntam selos, mas é um ser insociável. Em vez de ser delicado, fala com toda a franqueza. Metafísica, abstracções, manifestações, electromagnéticas. Perde-se nos abismos. Vê estrelas, cometas e asteroides, onde os outros apenas enxergam manchas, rugas e erupções. Quando se cansa de fingir que é o homem que come tubarões, alimenta-se de si próprio. Um paranóico. Um paranóico ambulatório. Mas de afeições e ódios constantes. Ouai!»


Henry MillerUm diabo no paraíso. Tradução de Estevão Sasportes. Livros do Brasil, livros Unibolso, p. 40

«O chovisco transformou-se numa chuva ligeira, numa chuva cinzenta e docemente melancólica.»

Henry MillerUm diabo no paraíso. Tradução de Estevão Sasportes. Livros do Brasil, livros Unibolso, p. 39
«Moricand está triste. E eu também, mas de maneira menos precisa. Apenas uma parte de mim próprio está ainda aqui. O meu espírito já partiu para Rocamadour, onde espero estar no dia seguinte.»
Henry MillerUm diabo no paraíso. Tradução de Estevão Sasportes. Livros do Brasil, livros Unibolso, p. 38

as pedras são difícies de digerir


«Não digo nada seja contra o que for. Observo. Analiso. Calculo. Destilo. A sabedoria é útil, mas o conhecimento é a certeza das certezas. O escalpelo, para o cirurgião, a picareta e a pá para o coveiro, o livro dos sonhos para o psicanalista, o barrete com guizos para o louco. E, para mim, uma cólica intestinal. A atmosfera demasiado rarefeita e as pedras são difíceis de digerir. »



Henry MillerUm diabo no paraíso. Tradução de Estevão Sasportes. Livros do Brasil, livros Unibolso, p. 38

salsaparrilha brava

«(..); esse frasco contém mirra, incenso e uma pitada de salsaparrilha brava. O cheiro da santidade


Henry MillerUm diabo no paraíso. Tradução de Estevão Sasportes. Livros do Brasil, livros Unibolso, p. 37

''acelerados em direcção à morte.''



Henry MillerUm diabo no paraíso. Tradução de Estevão Sasportes. Livros do Brasil, livros Unibolso,

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

«paranóia deambulatória »


Henry MillerUm diabo no paraíso. Tradução de Estevão Sasportes. Livros do Brasil, livros Unibolso,11/12
«Interiormente, era um ser perturbado, um homem nervoso, caprichoso e obstinado. Habituado a uma determinada rotina, levava a vida disciplinada de um eremita ou de um asceta. Era difícil dizer-se se tinha adoptado livremente este modo de vida ou o tinha aceite pela força das circunstâncias. Nunca se referiu à vida que gostava de ter. Comportava-se como uma pessoa que, escorraçada e humilhada, se conforma com a sua sorte. Como uma pessoa que assimila melhor o castigo que a felicidade. Havia nele qualquer coisa de feminino, que não deixava de ter os seus encantos, mas que explorava contra si mesmo. Era um dandy incurável, que vivia como um mendigo. E vivia completamente no passado.
   Talvez que a mais precisa definição que eu possa dar da sua pessoa no começo das nossas relações, seja a de um estóico que arrasta atrás de si o seu caixão.
   Contudo, era um homem com múltiplas feições, conforme vim a descobrir gradualmente. Era muito permeável, extremamente susceptível, em particular às emanações perniciosas, e podia mostrar-se tão volúvel e emotivo como uma rapariguinha de dezasseis anos. Embora não fosse um espírito estruturalmente bem formado, fazia o possível por ser correcto, imparcial e justo. E tentava ser leal, embora sentisse que, por natureza, era essencialmente falso. Aliás, foi essa indefinível perfídia a primeira coisa que percebi a seu respeito, embora não tivesse qualquer motivo para justificar este juízo. Lembro-me de ter deliberadamente afastado este pensamento, substituindo-o pela vaga noção que estava em presença de uma inteligência suspeita.»


Henry Miller. Um diabo no paraíso. Tradução de Estevão Sasportes. Livros do Brasil, livros Unibolso,11/12
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