domingo, 2 de março de 2014
«Maria Adelaide, se não é louca, é destemida; tem o seu lado de bravia, como a mulher domada de Shakespeare.»
Agustina Bessa-Luís. Doidos e amantes. 2ª edição, Lisboa Guimarães Editores, 2005., p. 218
Agustina Bessa-Luís. Doidos e amantes. 2ª edição, Lisboa Guimarães Editores, 2005., p. 218
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«A cozinha denegrida pelo fumo da lareira, a arca do pão, o enchido no fumeiro, tudo lhe recordava o tempo em que, criança, passava as férias na Beira-Alta com os irmãos. Era esse retorno que a tranquilizava, porque nada é mais benéfico para um espírito perturbado do que o regresso à casa protectora onde se nasceu, onde se criaram as raízes das primeiras recordações. Maria Adelaide, grande depressiva, maltratada por emoções que iam além das suas forças debilitadas pelo culto da civilização, sentia-se amada e protegia entre a gente simples do Roção.»
Agustina Bessa-Luís. Doidos e amantes. 2ª edição, Lisboa Guimarães Editores, 2005., p. 213
«As mulheres amoráveis são todas; mas porque pressentem alguma humilhação na forma como são despedidas do coração dos homens, o que é justo porque o coração dos homens engana de noite e de dia, elas criam um calor de vingança até no que elas é expansão das melhores virtudes.»
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domingo, 23 de fevereiro de 2014
Ela queria amar.
«Ela queria amar. Incapaz de tolerar a frustração da idade e de tudo aquilo que a condenava e a excluía como objecto de amor, Maria Adelaide recorria a uma agressão destruidora que atingia o marido, os amigos, a sociedade denunciante. Mas, ao mesmo tempo que se sentia livre de amar, a violência das emoções despojava-a do sentimento do amor.»
Agustina Bessa-Luís. Doidos e amantes. 2ª edição, Lisboa Guimarães Editores, 2005., p. 194
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«Não se sente traído, quem ama não sente a traição, mas só tem o objectivo de recuperar a mulher ou o que dela resta.»
Agustina Bessa-Luís. Doidos e amantes. 2ª edição, Lisboa Guimarães Editores, 2005., p. 193
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«(...) Quando um homem dá importância a uma mulher toma este ar distraído.
-O sentimento trágico é o que temos quando percebemos que os homens poderosos não estão preocupados com as decisões deles. Precisam de decidir rapidamente coisas que levariam muito tempo a reflectir. Se reflectissem eram filósofos e não políticos. Total: o sentimento trágico da vida é uma reacção pessoal.
-As mulheres não têm reacções pessoais?
-Elas não são pessoas, são um padrão.
-Um padrão de quê?
-De qualquer coisa. Estão sujeitas às escolas de charme desde que nasceram e acreditam que só isso as pode salvar.
-Salvar de quê?
-De tudo, absolutamente tudo. Da raiva e das verrugas. Dum marido chato e pobre e de filhos malcriados.»
Agustina Bessa-Luís. Doidos e amantes. 2ª edição, Lisboa Guimarães Editores, 2005., p. 185
-O sentimento trágico é o que temos quando percebemos que os homens poderosos não estão preocupados com as decisões deles. Precisam de decidir rapidamente coisas que levariam muito tempo a reflectir. Se reflectissem eram filósofos e não políticos. Total: o sentimento trágico da vida é uma reacção pessoal.
-As mulheres não têm reacções pessoais?
-Elas não são pessoas, são um padrão.
-Um padrão de quê?
-De qualquer coisa. Estão sujeitas às escolas de charme desde que nasceram e acreditam que só isso as pode salvar.
-Salvar de quê?
-De tudo, absolutamente tudo. Da raiva e das verrugas. Dum marido chato e pobre e de filhos malcriados.»
Agustina Bessa-Luís. Doidos e amantes. 2ª edição, Lisboa Guimarães Editores, 2005., p. 185
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«Não a julgava capaz de se apaixonar, mas sim de ser impelida a agir pelas suas decepções acumuladas.»
Agustina Bessa-Luís. Doidos e amantes. 2ª edição, Lisboa Guimarães Editores, 2005., p. 185
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XL
« - Há gente muito bem caçada neste mundo! - dizia Francisco Freire. Com bem caçado queria dizer uma pessoa com o seu lado de originalidade que confinava com a loucura. Para um homem são do juízo (que é o mais desconcertante dos homens) um manicómio é um lugar onde se tratam os doentes mentais e, sobretudo, onde a família os deposita para tranquilizar dela própria e para que não estorvem os casamentos das meninas da casa. Um louco faz uma má impressão e não há muitos rapazes que aspirem à mão de uma jovem, por bonita e decente que ela seja, se um irmão incómodo entra na sala com um barrete, feito de jornal, na cabeça. Além disso, pode fazer coisas mais assustadoras e que não têm nada de hilariante; como pegar num machado da carvoeira e levantá-lo à altura dos olhos do aterrado pretendente. É certo que, se estivesse na cidade de Erewhon, isso seria prova de perfeito juízo, e o dito irmãozinho podia chegar a um alto posto na sociedade, inspector fiscal ou qualquer coisa assim. Há uma quantidade de empregos disponíveis para pessoas destas, empregos que, em geral, são ocupados por gente sorumbática e rotineira. A propósito, alguém que é sorumbático tem muitas probabilidades de ser um louco perigoso. Maria Adelaide acusava o marido desse horrível defeito e recorria à genealogia dele para o comprovar. O pai e o avô do doutor Cunha eram tirânicos e desagradecidos com as mulheres. O avô chegou a ditar uma cláusula no testamento que o punha a salvo de ser enterrado junto da esposa. Amuavam frequentemente, mantendo-se calados durante dias e semanas. Um tio, que era mais fantasioso: apaixonou-se por uma espanhola que era artista ambulante e escrevia o nome dela nas paredes, e, cúmulo da insanidade, chegou a casar com ela. O doutor Egas Moniz tratara pelo menos uma prima de Alfredo da Cunha, e nessa família do Fundão havia casos de neurastenia delirante.»
Agustina Bessa-Luís. Doidos e amantes. 2ª edição, Lisboa Guimarães Editores, 2005., p. 183/4
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«(...) Sabia-se que para curar uma doença da alma era preciso ser-se filósofo. Sabia-se que a origem dessas doenças não era outra coisa senão um desejo violento por uma coisa que o doente encara como um bem. O dever do médico consistia em provar ao doente, por meio de sólidas razões, que aquilo que o doente deseja com tal ardor é um bem aparente. Ora, o paciente só parece curado quando o estado arcaico da sua natureza profunda é atingido pelo medo de ser expulso da terra da sua verdade imediata.»
Agustina Bessa-Luís. Doidos e amantes. 2ª edição, Lisboa Guimarães Editores, 2005., p. 181/2
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«Há decisões irrevogáveis, são as que coincidem com a liberdade.
Ninguém como a mulher preza a liberdade. O sucesso interessa-lhe menos do que ao homem e entende como vida agradável acreditar nos afectos. A literatura das mulheres não se desenvolveu tanto como quando nos anos 20 uma nova ambição ofusca o desejo do sucesso. É quando a forma de sentir do homem se aproxima da da mulher; ela tem prazer de resignação que nenhum outro iguala. É o sucesso que significa a perda da integridade e a desertificação do amor humano. Como Maria Adelaide descreve, a sua vida com Manuel parece-nos um pouco lírica. ''À tarde lia ao meu companheiro, ou ele lia a mim, livros dos melhores autores portugueses que por assinatura tínhamos conseguido de uma livraria de Lisboa.''»
Agustina Bessa-Luís. Doidos e amantes. 2ª edição, Lisboa Guimarães Editores, 2005., p. 170
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«Essa mulher, '' que vivia num museu que o seu coração transformara num lar'', descobria a veia teatral do seu temperamento. Não interpreta uma personagem, cria uma personagem.»
Agustina Bessa-Luís. Doidos e amantes. 2ª edição, Lisboa Guimarães Editores, 2005., p. 168
Agustina Bessa-Luís. Doidos e amantes. 2ª edição, Lisboa Guimarães Editores, 2005., p. 168
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Uma mulher medíocre
«Uma mulher medíocre é capaz de destruir um homem de talento sem lhe deixar senão os pés dentro das botas.»
Agustina Bessa-Luís. Doidos e amantes. 2ª edição, Lisboa Guimarães Editores, 2005., p. 159
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sábado, 22 de fevereiro de 2014
Werewolf
Oh the werewolf, oh the werewolf
Comes stepping along
He don't even break the branches where he's gone
Once I saw him in the moonlight, when the bats were a flying
I saw the werewolf, and the werewolf was crying
Cryin' nobody knows, nobody knows, body knows
How I loved the man, as I teared off his clothes.
Cryin' nobody know, nobody knows my pain
When I see that it's risen; that full moon again
For the werewolf, for the werewolf has sympathy
For the werewolf, somebody like you and me.
And only he goes to me, man this little flute I play.
All through the night, until the light of day, and we are doomed to play.
For the werewolf, for the werewolf, has sympathy
For the werewolf, somebody like you and me
Thank You Were Wrong
If I tell you
What you want
Then you'll be
Over me
If I tell you
What you want
Then you'll be
Over me
Used to tell you
What you want
Made you be
Over me
If I let you
See me cry
Lose much lust
Yes, lust each time
If you care
For someone else
I'll be left here with myself
When you save
Every breath
Brings me closer to my death
quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014
« - O dom com que se nasce, que pode deitar tudo a perder. Maria Adelaide nasceu com a virtude, o que na mulher é uma desgraça que nunca vem só. Havemos de conversar sobre isto.»
Agustina Bessa-Luís. Doidos e amantes. 2ª edição, Lisboa Guimarães Editores, 2005., p. 146
Agustina Bessa-Luís. Doidos e amantes. 2ª edição, Lisboa Guimarães Editores, 2005., p. 146
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« - Essa mulher precisava mais de Prozac do que dum amante (...)»
Agustina Bessa-Luís. Doidos e amantes. 2ª edição, Lisboa Guimarães Editores, 2005., p. 145
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«O que faz de si meu amigo verdadeiro é que inventa todas as maneiras de me contradizer. Obriga-me a pensar e dar luta.»
Agustina Bessa-Luís. Doidos e amantes. 2ª edição, Lisboa Guimarães Editores, 2005., p. 143
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