«A cozinha denegrida pelo fumo da lareira, a arca do pão, o enchido no fumeiro, tudo lhe recordava o tempo em que, criança, passava as férias na Beira-Alta com os irmãos. Era esse retorno que a tranquilizava, porque nada é mais benéfico para um espírito perturbado do que o regresso à casa protectora onde se nasceu, onde se criaram as raízes das primeiras recordações. Maria Adelaide, grande depressiva, maltratada por emoções que iam além das suas forças debilitadas pelo culto da civilização, sentia-se amada e protegia entre a gente simples do Roção.»
Agustina Bessa-Luís. Doidos e amantes. 2ª edição, Lisboa Guimarães Editores, 2005., p. 213