Mostrar mensagens com a etiqueta loucura. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta loucura. Mostrar todas as mensagens

sábado, 26 de março de 2016

«Não tenhas medo de estares a ver a tua cabeça a ir directamente para a loucura, não tenhas medo! Deixa-a ir até à loucura! ajuda-a a ir até à loucura, Vai tu também pessoalmente, co'a tua cabeça até à loucura! Vem ler a loucura escrita na palma da tua mão. Fecha a tua mão. Fecha a tua mão com força. Agarra bem a loucura dentro da tua mão!»


in A Invenção do Dia Claro


Almada Negreiros. Obras Completas. Vol. I-Poesia.  Biblioteca de Autores Portugueses. Imprensa Nacional - Casa da Moeda, Lisboa, 1985., p. 160

quarta-feira, 22 de julho de 2015

«- Pouco a pouco a sua loucura foi aumentando. Começou a passear nu no meio das laranjeiras, a rebolar-se pelo chão, a gritar.»

Nikos Kazantzaki. Os irmãos inimigos. Tradução de Celeste Costa. Editorial Estúdios Cor, Lisboa., p. 75

sexta-feira, 5 de setembro de 2014


«Fosse qual fosse  o sentimento que o possuía, Nero levava-o ao extremo e o extremo era muitas vezes o crime ou, pelo menos, a loucura.»


Latour Saint-Ybars. Nero. Edição Amigos do Livro, Lisboa., p. 207

sábado, 19 de abril de 2014

   «Entram dois loucos mansos do hospital Miguel Bombarda, ali ao pé. Reconhecem-se pelas cabeças rapadas, pela palidez escaveirada e pela roupa de internados; as calças estão-lhe sempre curtas, mal chegam às canelas, e usam cordéis a fazerem de cinto. Os loucos mansos dão uma volta pelas mesas acenando com os dois dedos à frente da boca. Pedem cigarros.»


José Cardoso PiresBalada da Praia dos Cães. 2ª Edição, 1982. Edições «O Jornal», Lisboa., p. 146

domingo, 23 de fevereiro de 2014

XL


« - Há gente muito bem caçada neste mundo! - dizia Francisco Freire. Com bem caçado queria dizer uma pessoa com o seu lado de originalidade que confinava com a loucura. Para um homem são do juízo (que é o mais desconcertante dos homens) um manicómio é um lugar onde se tratam os doentes mentais e, sobretudo, onde a família os deposita para tranquilizar dela própria e para que não estorvem os casamentos das meninas da casa. Um louco faz uma má impressão e não há muitos rapazes que aspirem à mão de uma jovem, por bonita e decente que ela seja, se um irmão incómodo entra na sala com um barrete, feito de jornal, na cabeça. Além disso, pode fazer coisas mais assustadoras e que não têm nada de hilariante; como pegar num machado da carvoeira e levantá-lo à altura dos olhos do aterrado pretendente. É certo que, se estivesse na cidade de Erewhon, isso seria prova de perfeito juízo, e o dito irmãozinho podia chegar a um alto posto na sociedade, inspector fiscal ou qualquer coisa assim. Há uma quantidade de empregos disponíveis para pessoas destas, empregos que, em geral, são ocupados por gente sorumbática e rotineira.  A propósito, alguém que é sorumbático tem muitas probabilidades de ser um louco perigoso. Maria Adelaide acusava o marido desse horrível defeito e recorria à genealogia dele para o comprovar. O pai e o avô do doutor Cunha eram tirânicos e desagradecidos com as mulheres. O avô chegou a ditar uma cláusula no testamento que o punha a salvo de ser enterrado junto da esposa. Amuavam frequentemente, mantendo-se calados durante dias e semanas. Um tio, que era mais fantasioso: apaixonou-se por uma espanhola que era artista ambulante e escrevia o nome dela nas paredes, e, cúmulo da insanidade, chegou a casar com ela. O doutor Egas Moniz tratara pelo menos uma prima de Alfredo da Cunha, e nessa família do Fundão havia casos de neurastenia delirante.»




Agustina Bessa-LuísDoidos e amantes. 2ª edição, Lisboa Guimarães Editores, 2005., p. 183/4

«(...) Sabia-se que para curar uma doença da alma era preciso ser-se filósofo. Sabia-se que a origem dessas doenças não era outra coisa senão um desejo violento por uma coisa que o doente encara como um bem. O dever do médico consistia em provar ao doente, por meio de sólidas razões, que aquilo que o doente deseja com tal ardor é um bem aparente. Ora, o paciente só parece curado quando o estado arcaico da sua natureza profunda é atingido pelo medo de ser expulso da terra da sua verdade imediata.»




Agustina Bessa-LuísDoidos e amantes. 2ª edição, Lisboa Guimarães Editores, 2005., p. 181/2

domingo, 26 de janeiro de 2014

Um dia olhou para o céu e disse a palavra mãe, e caiu morto.



    «Em 1919, o famoso bailarino Nijinsky era fechado num manicómio. Ao longo de trinta anos a sua loucura foi motivo de experiências dolorosas, algumas de carácter quase torcionário. Um dia olhou para o céu e disse a palavra mãe, e caiu morto. A ordem psíquica, que é um acto de criação no tempo, nem sempre, ou muito raramente, tem sentido para os psiquiatras.» 



Agustina Bessa-LuísDoidos e amantes. 2ª edição, Lisboa Guimarães Editores, 2005., p. 71

domingo, 26 de maio de 2013

curado de

«Estar curado não era apenas deixar de ter determinados comportamentos, era ainda esquecer o trajecto que de novo os poderia recuperar.»




Gonçalo M.Tavares. Jerusalém. Editorial Caminho, 7ª edição, 2005., p. 104

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

A loucura e a criação não são de todo incompatíveis; veja-se o caso do poeta Hölderlin, que escreveu poemas de beleza suprema, depois de enlouquecer.
Powered By Blogger