«(...) Quando um homem dá importância a uma mulher toma este ar distraído.
-O sentimento trágico é o que temos quando percebemos que os homens poderosos não estão preocupados com as decisões deles. Precisam de decidir rapidamente coisas que levariam muito tempo a reflectir. Se reflectissem eram filósofos e não políticos. Total: o sentimento trágico da vida é uma reacção pessoal.
-As mulheres não têm reacções pessoais?
-Elas não são pessoas, são um padrão.
-Um padrão de quê?
-De qualquer coisa. Estão sujeitas às escolas de charme desde que nasceram e acreditam que só isso as pode salvar.
-Salvar de quê?
-De tudo, absolutamente tudo. Da raiva e das verrugas. Dum marido chato e pobre e de filhos malcriados.»
Agustina Bessa-Luís. Doidos e amantes. 2ª edição, Lisboa Guimarães Editores, 2005., p. 185