terça-feira, 1 de março de 2022

 A small dance [pequena dança] é talvez um dos momentos de pesquisa em que formalmente Steve Paxton mais se aproxima da questão da quietude. O exercício da small dance [pequena dança] consiste, essencialmente, na permanência de um corpo em pé. Aqui, a questão da quietude não tem que ver necessariamente com um corpo parado. O próprio Paxton o diz quando escreve: “estar quieto não é, na verdade, [estar] imóvel” [1]. O corpo parado está a observar o movimento necessário à verticalidade, a mobilidade imprescindível para evitar a queda. Paxton esclarece:

Equilibrar-se nas duas pernas mostra ao corpo do bailarino o seu constante movimento com a gravidade. Observar os ajustes que o corpo produz para não cair aquieta. É uma meditação. É assistir aos reflexos em acção, sabendo que estes são subtis e seguros- não apenas medidas de emergência. [2]

Mais ainda do que observar a impossibilidade da quietude, o corpo parado percebe o campo em que as forças trabalham para que ele se mantenha de pé, num exercício de equilíbrio permanente, numa postura de auxílio, um corpo cooperante:

Pomos-te em contacto com o esforço fundamental de apoio que constantemente se mantém no teu corpo, e do qual não tens, habitualmente, necessidade de estar consciente. É um movimento estático que serve de fundo - tu percebes o que quero dizer - e que tu poluis com as tuas diversas actividades, mas que está constantemente presente para te suster/apoiar.” [3]

Neste exercício existe, possivelmente, um silêncio intermitente que clarifica a percepção daquilo que é visto e daquilo que ultrapassa a visão - os dados subtis dos sentidos. Paxton escreve: “Enquanto estou em silêncio, distingo experiências ou modos de experiência e sou capaz de percepcionar o não-visível e o visível. O que acontece antes age sobre aquilo que acontece depois.” [4] Paxton prossegue, referindo a passagem de corpo emissor a corpo receptor. Como se abandonássemos o vício de emissão reactiva - falar, mexer, dar opinião - na tentativa de desocultar as vontades submersas no corpo atento.


Portanto, o “silêncio” do corpo, a “imobilidade”, é aquilo que prepara o movimento ou acção - “o que acontece antes age sobre aquilo que acontece depois”. A small dance parece dedicar-se ao que acontece nesse espaço generativo, estudando os confins da percepção sensorial, sensitiva, e arriscando-se a uma profunda escuta submersa na “ausência” de decisão voluntária de movimento. Como escreve o teórico André Lepecki,

(…) no intervalo entre o âmago da subjectividade e a superfície do corpo, existe não mais do que a revelação de um infinito, ilocalizável espaço para a micro-exploração do potencial múltiplo de subjectividades “não sentidas” e de “realidades corporais” escondidas. A pequena dança acontece nesse não-lugar; o bailarino deve aí explorar o ilocalizável, entre a subjectividade e a imagem do corpo. [5]

Existe, pois, um deslocamento da ontologia da dança. Deixando de recriar o motivo cinético, é inaugurado um novo capítulo na história do movimento que, em parte, se funda nas descobertas reveladas pela quietude. Inicia-se a viagem pelo infinitesimal, mesmo no espaço entre o interior do corpo e a sua superfície. Como um estudo de escala, que partisse do mais subtil para fortalecer a vontade de movimento além da superfície corporal. Lepecki fala do “ilocalizável” entre a subjectividade e a imagem do corpo.

 

“estar quieto não é, na verdade, [estar] imóvel”

 Steve Paxton- Sélection de textes publiés dans Contact Quartely, trad. Romain Bigé, L’œil et la main, Paris : 2016

André Lepecki, Singularities- Dance in the age of performance, Routledge, NI : 2016

incompletude

matriz romântica


“É impossível progredir sem mudança, e aqueles que não mudam as suas mentes não podem mudar nada”

 Bernard Shaw

White lies

 “The Worst Person in the World” (2021), filme de Joachim Trier



domingo, 27 de fevereiro de 2022

 "Só existimos nos dias em que fazemos. Nos dias em que não fazemos apenas duramos."

 P. António Vieira

sábado, 26 de fevereiro de 2022

 O sucesso é a soma de pequenos esforços repetidos dia após dia. 

Robert Collier

The Best of Jazz : Angelina Jordan, Julie London, Billie Holiday, Ella Fitzgerald, Mildred Bailey

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

 « A sua doença, rodendo-lhe os lábios e as ventas, tinha-lhe aberto no rosto um grande buraco.»

Gustave Flaubert. Salambô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 208

'' Os comedores-de-coisas-imundas''

Gustave Flaubert. Salambô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 203

 « Uivando os nomes de seus esposos, despedaçavam-nos com as unhas e arrancavam-lhe os olhos com as agulhas com que seguravam os cabelos.»

Gustave Flaubert. Salambô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 203

exprobração


 

« E, fatigados de gritar, enfraquecidos, trémulos, adormeceram ao lado dos seus irmãos mortos, os que tinham amor à vida, cheios de inquietações; os outros desejando não tornar a acordar.»

Gustave Flaubert. Salambô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 202

'' no meio de lagos de sangue''

Gustave Flaubert. Salambô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 200

Enfraquecimento

 «Corou e abaixou as pálpebras; as compridas pestanas faziam-lhe sombra nas faces.»

Gustave Flaubert. Salambô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 194

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022

''Europa Oxalá''

beatlemaníacos

 ''Um dia ideal para o peixe-banana'', 

in Nove histórias, J.D.Salinger 




Gabriel Fauré - Requiem : 'In Paradisum'

Do milénio

Porque havemos de respirar o ar lavado e quente de Novembro,
se esperámos o Inverno,
se o sangue dos nossos pulmões amou o
gelo galáctico outrora, antes de sermos?
A flor, como um suicida, nasceu e imola-se,
porque não ama o belo, o agreste Inverno.
Mas nós, que concebemos o amor e o tempo,
iremos dar a nossa respiração ao Incerto?

Depois de traduzir Hélène Dorion

Amar o universo não me traz mágoa.
sobretudo, amar a areia arrebata-me de júbilo e paixão.
Amar o mar completa a minha vida com o tacto de um amor imenso.
Mas veio o vento e, por momentos, amargurou o meu corpo, a oscilar.
E está o Sol aqui, depois de uns dias com o jardim obscurecido a beber sombra.
E sei que os átomos zumbem e dançam como os insectos, ébrios em redor do pólen.

Os amigos que morrem


Os amigos que morrem são arbóreos,
plantados e memoráveis como freixos.
Um freixo, que vejo entre árvores
como a aura, o tronco novo
sulcado de rasgões, a raiz curta
comparável à memória viva enterrada.
Têm uma única forma até à morte, próximos do Sol,
que torna as outras árvores mais ténues que os isolados freixos.

O ENXOVAL

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

 

nome feminino
1.
falta de pudor, de vergonha, ou honra
2.
ato ou dito impudico
3.
lascívia
4.
desonestidade


 

 «(...) ouvi-te soluça de amor como uma prostituta ;»

Gustave Flaubert. Salambô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 194

 «Ficou melancólica na presença do seu desejo consumado.»

Gustave Flaubert. Salambô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 193

''desejos sanguinários''

« Quis que ela comesse um quarto de romã;»

Gustave Flaubert. Salambô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 191

« (...) e o ar é tão suave que impede de se morrer.»

Gustave Flaubert. Salambô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 191

«Não tentes fugir-me, porque te mato!»

Gustave Flaubert. Salambô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 190


 

 « Ainda me não esqueci da insolente tranquilidade dos teus olhares e como tu me esmagavas com a altivez da tua beleza!»

Gustave Flaubert. Salambô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 190


«Só o teu nome é para mim um remorso!»

Gustave Flaubert. Salambô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 188

« Os seus olhos, continuamente fitos nela, incomodavam-na, e a sua repugnância aumentava progressivamente de tal modo, que lhe custou muito conter-se em gritar.»

 Gustave Flaubert. Salambô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 188

 «Por fim, não pôde conter-se mais; e, como uma criança, toda trémula, tocando um fruto desconhecido, tocou-lhe ligeiramente no pescoço com as pontas dos dedos; a carne, um tanto fria, cedeu com certa resistência elástica.»

Gustave Flaubert. Salambô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 187

                                                                                                                                                                           «; a um dos lados estava estendido um cobertor de feltro, todo cheio de  migalhas de pão negro.»                             

 Gustave Flaubert. Salambô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 186

''Da pré-industrialização à industrialização''

pressão imobiliária

Miles Davis - Sketches of Spain (1960)

 3 F's 

FamilyFriends and Fools

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2022

''folhas de lódão''

´´presságio de morte''

«(...) calças, azuis, cobertas de estrelas de prata.»

 Gustave Flaubert. Salambô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 179

 « Já não me tens afeição! Ocultas-me as tuas dores, desprezas a tua ama!»

Gustave Flaubert. Salambô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 179

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2022


 

Marisa Monte & Jorge Drexler | Vento Sardo


Vento que levanta a onda
Que carrega o barco, que ondula o mar
É o mesmo que vai dar na praia
Que levanta a saia rodada de Oyá
Hay tiempos de andar contra el viento
Cuando el contratiempo comienza a soplar
Então, o vento que é de aragem
Bate no varal pra me dar coragem
O vento que vem de longe
Quem sabe da fonte do vento solar
O vento que é o movimento do ar
Vamos levantar a vela
Abrir a janela, ventilar a dor
Vamos a nombrar al viento
Celebrar su aliento purificador
Pampero, terral, tramontana
Alisio, santana, siroco, mistral
Levante, minuano, cierzo
Y mil más que el verso quisiera nombrar
Às vezes o vento muda
Sai batendo à porta, faz tudo voar
O vento é o temperamento do ar
Sopro, sopra, soprará
Sopro, sopra, soprará
Vento que levanta a onda
Que carrega o barco, que ondula o mar
É o mesmo que vai dar na praia
Que levanta a saia rodada de Oyá
Hay tiempos de andar contra el viento
Cuando el contratiempo comienza a soplar
Então, o vento que é de aragem
Bate no varal pra me dar coragem
O vento que vem de longe
Quem sabe da fonte do vento solar
O vento que é o movimento do ar
Sopro, sopra, so-soprará
Sopro, ô, soprará
Pampero, terral, tramontana
Alisio, santana, siroco, mistral
Levante, minuano y cierzo
Nordeste, leste, no sudoeste (sudoeste)

«(...) era o sangue de um cão preto, degolado por mulheres estéreis, nas ruínas de um sepulcro, durante uma noite de Inverno.»

Gustave Flaubert. Salambô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 177

Pedra ágata

''vapor azulado''

Gustave Flaubert. Salambô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 177

 

piorra

 /ô/
pi.or.ra
ˈpjoʀɐ
nome feminino
1.
ORNITOLOGIA (Lullula arborea) ave passeriforme, da família dos Alaudídeos, comum em Portugal, pode atingir cerca de 15 centímetros de comprimento e tem cauda curta, bico fino e plumagem malhada em tons castanhos e amarelados na parte superior do corpo, branca nas partes inferiores e amarelada com listras castanhas no peitocotovia-arbórea, cotovia-das-árvores, cotovia-dos-bosques, cotovia-pequena
2.
pião pequeno
3.
popular rapariga baixa e roliça, mas mexida e ativa

Pinheiro-branco

 Pinus strobus

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2022


 

 « (...), ela avistou por entre os sicómoros um velho cego,»

Gustave Flaubert. Salambô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 176/7

''julgando adivinhando o motivo do seu desgosto''

 Gustave Flaubert. Salambô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 176

 « - Se tiveres de morrer, será mais tarde! - disse ele; - mais tarde, nada temas ! E seja qual for o seu intento, não chames por ninguém! Não te aterrorizes ! Mostrar-te-ás humilde e submissa aos seus desejos...Assim o determina o véu!»

Gustave Flaubert. Salambô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 175

domingo, 6 de fevereiro de 2022

« Sentia-se preso no fundo da alma por um remorso.»

Gustave Flaubert. Salambô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 173

 « - As almas dos mortos - dizia ele - dissolvem-se na Lua como os cadáveres na terra. As lágrimas das almas formam a humidade da Lua, que é uma estância toda lodo, despojos e tempestades.»

Gustave Flaubert. Salambô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 172

 «Notava muito bem, por vezes, o modo por que ela se fatigava, diligenciando penetrar-lhe o pensamento. Nessas ocasiões, afastava-se dela mais triste; sentia-se mais abandonado, mais só.»

Gustave Flaubert. Salambô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 172

 



« Coberto o resto com o véu, lançara um galo preto numa fogueira de sandáraca, acesa diante do peito da Esfinge, o Pai do terror.»

Gustave Flaubert. Salambô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 171

 

polilético

adjetivo
ZOOLOGIA que se alimenta ou recolhe pólen de flores de várias espécies diferentes

Sylvie Vartan - Si je chante (1964)


 

« (...) e, quando ele se aproximava, não tinha nada já a dizer-lhe.»

Gustave Flaubert. Salambô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 170

«(...), nos ângulos das pálpebras, tinha pequenos pontos vermelhos, »

 Gustave Flaubert. Salambô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 169

 « A serpente de Salambô tinha já rejeitado muitas vezes os quatro pardais vivos que lhe ofereciam por ocasião da Lua cheia e da Lua nova. »

 Gustave Flaubert. Salambô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 169

 « O seu caminhar recorda as ondulações dos rios (...)»

 Gustave Flaubert. Salambô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 169


Steve Schapiro  was an American photographer.

 

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2022

 ''1,6 milhões de pobres e aos 1,9 milhões no limiar da pobreza.''

desaguar

leitmotiv

terça-feira, 4 de janeiro de 2022

“annus mirabillis”

''paradigma do louco-máquina''

morticídio

Dorothy Ashby In a Minor Groove

a «simulação de loucura»

 «La simulation de la Folie»

sangramentos

Deus Hypnus

 Este deus surge da união da Noite, Nyx, com a Escuridão, Erebus.

  Lyssa - personificação ou a deusa da ira, raiva, fúria desenfreada, da loucura produzida pela raiva. Outro nome dado à personificação da loucura é Maniae.

Síndrome de Clérambault

Erotomania – conhecida também por Síndrome de Clérambault, consiste na convicção delirante de que se é amado por uma pessoa de estatuto superior com quem não se partilha uma relação de proximidade;

Psyche

 (que significa “ a personificação da alma humana”)

''Que vá com Deus, esta nossa amiga! Que não lhe falte a coragem nem o discernimento para evitar os Mários! O nosso Mário, por sua vez, não voltará a vê-la. E tudo indica, pensamos nós, que ele assim o quer. Mas não é verdade. Mais tarde, na hora crepuscular, o nosso protagonista vê-se esmagado por uma tristeza pós-masturbatória. Ao limpar-se com um guardanapo, abre-se-lhe uma fenda nas muralhas do cinismo. Um sentimento corre livre pelas pradarias da alma! O caos e a desordem trovejam! E os monumentos da arrogância, edificações de preconceitos defensivos, vêm-se destroçados por uma chuva de lágrimas! Oh, pobre Mário… Pensando na rapariga, pensando no entusiasmo sorridente com que esta lhe falara daquele sítio tão pretensioso e daquele álbum tão conceptual, não consegue evitar sentir-se sozinho. ''

André Fontes
Licenciado em Filosofia, pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, e pós-graduado em Artes da Escrita, pela Universidade Nova de Lisboa. André publicou, em 2019, o seu primeiro romance, Saturnália, editado pela Guerra e Paz Editores.


Luftmensch

vulgaridade


Wittgenstein


«Os limites da linguagem são os limites do meu mundo»

pseudointelectualismo

''Demasiadas relações falhadas… ''

ginocracia

terça-feira, 7 de dezembro de 2021

''carregando moinhos de vento''

delirium tremens

 “a minha obra é o meu corpo, o meu corpo é a minha obra”

Helena Almeida

 “Perhaps we lost sight of the fact that they can be very, very helpful in our society if used properly.” 

Robert F. Kennedy, 1966

 “Turn off your mind, relax and float downstream, it is not dying, it is not dying”

Tomorrow Never Knows – The Beatles





 

 “The man who comes back through the Door in the Wall will never be quite the same as the man who went out. He will be wiser but less sure, happier but less self-satisfied, humbler in acknowledging his ignorance yet better equipped to understand the 47 relationship of words to things, of systematic reasoning to the unfathomable mystery which it tries, forever vainly, to comprehend” The Doors of Perception -

 Aldoux Huxley

Diseases of the Nervous System

 “... little by little I could begin to enjoy the unprecedented colors and plays of shapes that persisted behind my closed eyes. Kaleidoscopic, fantastic images surged in on me, exploding in colored fountains, rearranging themselves in constant flux ...”


 Albert Hofmann

LSD

 (Lysergic Acid Diethylamide)

“paixão histérica”

útero “errante”


 

“melancolia uterina”

 Grécia Antiga 

''De acordo com a mitologia grega, a base do nascimento da psiquiatria reside na experiência da histeria.''

útero melancólico

 A palavra “Histeria” deriva do termo grego “hystera”, que significa “útero”

''corpo-pedra''

 Devo ser o último tempo

 A chuva definitiva sobre o último animal nos pastos

 O cadáver onde a aranha decide o círculo.

 Devo ser o último degrau na escada de Jacob

 E o último sonho nele

 Devo ser a última dor no quadril.

 Devo ser o mendigo à minha porta

 E a casa posta à venda.

 Devo ser o chão que me recebe

 E a árvore que me planta.

 Em silêncio e devagar no escuro

 Devo ser a véspera. Devo ser o sal

 Voltado para trás.

 Ou a pergunta na hora de partir.


Daniel Faria


 

 Explicação das árvores e de outros animais [1998]

Homens que são como lugares mal situados [1998] 

 Dos líquidos [2000]


Obra Daniel Faria

  O meu projeto de morrer é o meu ofício 

 Esperar é um modo de chegares 

 Um modo de te amar dentro do tempo


 Daniel Faria

sexta-feira, 26 de novembro de 2021

''Os cães mantiveram características juvenis durante o processo de domesticação, um processo chamado pela Biologia de pedomorfose. Tais características, tanto comportamentais (abanar a cauda, engajar-se em brincadeiras, solicitar colo e carinho e lamber a cara das pessoas) como morfológicas (cabeça e encéfalo menores em relação ao tamanho corporal, focinho mais curto e largo, menor número de dentes e olhos mais arredondados), estão associadas a animais mais dóceis, assim selecionados para nos proteger e ajudar na caça (Ha; Campion, 2019). Pesquisadores russos que mantêm um programa de criação de raposas (Vulpes vulpes) em cativeiro na Sibéria desde 1959 conseguiram obter filhotes dóceis em apenas seis gerações, mantendo as mesmas características pedomórficas apresentadas pelos cães domésticos.''

ESTUDOS AVANÇADOS 34 (98), 2020


lobos-cinzentos (Canis lupus)

 ''compaixão pelo sofrimento mental e social de outras pessoas''

 “O cão, com mais de oito séculos de maus tratos no sangue e na herança genética, levantou de longe a cabeça para produzir um ganido lamentoso, uma voz exasperada e sem pudor, mas também sem esperança, pedir de comer, ganindo ou estendendo a mão, mais do que degradação sofrida de fora, é renúncia vinda de dentro.” 

Saramago

espaço-tempo cultural


 

 "Os poetas e os artistas rivalizam na determinação da forma da sua época e o futuro orienta-se docilmente segundo as suas profecias." 

APOLLINAIRE

 "L'avenir n'appartient à personne. Il n'y a pas de précurseurs, il n'y a que des retardataires." 

COCTEAU

quinta-feira, 25 de novembro de 2021

perfetibilidade

''a função epítáfica de louvar os mortos''

 o contexto político do sofrimento

 '' animalidade e o desejo físico do homem''

Songs of Innocence and of Experience, 1794

 William Blake




 

''Ganhamos espaço para o vazio; gostamos muito da nossa morte; trabalhamos esplendidamente por conta dela [...] e o pior é que tudo, espalhado por fora, se liga coerentemente por dentro: a minha, a nossa morte. Trata-se de uma anedota, claro, e de uma metáfora com sentidos muito precisos.''

Herberto Helder

Dentro da linguagem, a morte é constantemente adiada porque infinitamente repetida, porque repetidamente anunciada, nomeada dentro de uma gramática inventada torta.

Herberto Helder 

 Pedro Eiras: “o poema tem de ser conquistado de cada vez. Nem é certo que vivamos sobre terra firme, mas a própria terra tem de ser conquistada. O poema é impuro porque está sempre inacabado, com o barro fresco, as gotas a secar”

''Para o homem medido e comedido, o quarto, o deserto e o mundo são lugares estritamente determinados. Para o homem desértico e labiríntico, destinado à errância de uma marcha necessariamente um pouco mais longa do que a sua vida, o mesmo espaço será verdadeiramente infinito, mesmo que ele saiba que isso não é verdade, e ainda mais se ele o sabe.'' 

Blanchot

 “não sei se fazer um poema não é fazer um pão/ um pão que se tire do forno e se coma quente ainda por entre as linhas, um dia destes vejo que não vou parar nunca, as mãos súbitas cheias: o mundo é só fogo e pão cozido”

Herberto Helder

 “já nenhum poder destrói o poema.” 


(A colher na boca - Herberto Helder)

“o poema faz-se contra a carne e o tempo”

 Herberto Helder

 “tão fortes eram que sobreviveram à língua morta”

Herberto Helder

 “Morte ao/meio como alta desarmonia”

Herberto Helder

quarta-feira, 24 de novembro de 2021

 « - Então, o que estás a sentir? - perguntou-lhe a Sra. Elm, agora a olhar para ela.

 - Que ainda quero morrer. Há já algum tempo que quero morrer. (...)


Matt Haig. A Biblioteca da Meia-Noite. p. 86


 

«(....), e queria menos mal à virgem por não poder possuí-la do que por achá-la formosa e sobretudo tão pura. Notava muito bem, por vezes, o modo por que ela se fatigava, diligenciando penetrar-lhe o pensamento. Nessas ocasiões afastava-se dela mais triste; sentia-se mais abandonado, mais só.»

Gustave Flaubert. Salammbô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 172

 «Salammbô figurava, na aridez da sua vida, como uma flor na fenda de um sepulcro.»

Gustave Flaubert. Salammbô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 172

'' as cinzas do altar''

Gustave Flaubert. Salammbô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 172

oratório

 

turíbulo

nome masculino
1.
recipiente em que se queima incensoincensório
2.
pequeno vaso metálico em que se queima incenso durante certas cerimónias religiosas, geralmente suspenso por correntes que permitem que seja balançado diante do que ou de quem se deseja incensar

''frutos drupáceos de coloração acastanhada quando maduros''

 

sandáraca


nome feminino
1.
resina aromática extraída de certas árvores coníferas e empregada na preparação de vernizes
2.
arsénio rubro

«Coberto o rosto com um véu, lançara um galo preto numa fogueira de sandáraca, acesa diante do peito da Esfinge, o Pai do terror.»

Gustave Flaubert. Salammbô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 171

Olhar melancólico

«Mas Salammbô continuava a padecer, as suas aflições tinham-se tornado cada vez mais profundas.»

Gustave Flaubert. Salammbô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 171

 «A serpente de Salammbô tinha já rejeitado  muitas vezes os quatro pardais vivos que lhe ofereciam por ocasião da Lua Cheia e da Lua nova.»

Gustave Flaubert. Salammbô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 169

Lódão-bastardo


Wolf Alice - Wicked Game


The world was on fire and no one could save me but you
It's strange what desire will make foolish people do
I never dreamed that I'd meet somebody like you
And I never dreamed that I'd lose somebody like you
No, I don't wanna fall in love (this world is only gonna break your heart)
No, I don't wanna fall in love (this world is only gonna break your heart)
With you
With you
(This world is only gonna break your heart)
What a wicked game you play, to make me feel this way
What a wicked thing to do, to let me dream of you
What a wicked thing to say, you never felt this way
What a wicked thing to do, to make me dream of you
And I don't wanna fall in love (this world is only gonna break your heart)
No, I don't wanna fall in love (this world is only gonna break your heart)
With you
The world was on fire and no one could save me but you
Strange what desire will make foolish people do
I never dreamed that I'd love somebody like you
And I never dreamed that I'd lose somebody like you
No, I don't wanna fall in love (this world is only gonna break your heart)
No, I don't wanna fall in love (this world is only gonna break your heart)
With you (this world is only gonna break your heart)
With you (with you)
(This world is only gonna break your heart)
No, I (this world is only gonna break your heart)
(This world is only gonna break your heart)
Nobody loves no one

«(...) e consumindo horas a gritar contra ela, como cães ladrando à lua.»

 Gustave Flaubert. Salambô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 168

 « Do fundo das ruas mais estreitas, das mais negras pocilgas, saiam constantemente rostos macilentos, homens com perfis de víboras, rangendo os dentes.»

Gustave Flaubert. Salambô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 167

''ódios comprimidos''

 Gustave Flaubert. Salambô. Texto Integral. Tradução de F. da Silva Vieira. Editorial Minerva. Lisboa., p. 167

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