quarta-feira, 9 de junho de 2021

Lembra-Me Um Sonho Lindo

´

Lembra-me um sonho lindo

Lembra-me um sonho lindo
Quase acabado
Lembra-me um céu aberto
Outro fechado
Estala-me a veia em sangue
Estrangulada
Estoira num peito um grito
À desfilada
Canta rouxinol canta
Não me dês penas
Cresce girassol cresce
Entre açucenas
Afaga-me o corpo todo
Se te pertenço
Rasga-me o vento ardendo
Em fumos de incenso
Lembra-me um sonho lindo
Quase acabado
Lembra-me um céu aberto
Outro fechado
Estala-me a veia em sangue
Estrangulada
Estoira num peito um grito
À desfilada
Ai como eu te quero
Ai de madrugada
Ai alma da terra
Ai linda, assim deitada
Ai como eu te amo
Ai tão sossegada
Ai beijo-te o corpo
Ai seara, tão desejada
Canta rouxinol canta
Não me dês penas
Cresce girassol cresce
Entre açucenas
Afaga-me o corpo todo
Se te pertenço
Rasga-me o vento ardendo
Em fumos de incenso
Ai como eu te quero
Ai na madrugada
Ai alma da terra
Ai linda assim deitada
Ai como eu te amo
Ai tão sossegada
Ai beijo-te o corpo
Ai seara, tão desejada
Ai como eu te quero
Ai na madrugada
Ai alma da terra
Ai linda assim deitada
Ai como eu te amo
Ai tão sossegada
Ai beijo-te o corpo
Ai seara, tão desejada
Ai como eu te quero
Ai na madrugada
Ai alma da terra
Ai linda assim deitada
Ai como eu te amo
Ai tão sossegada
Ai beijo-te o corpo
Ai seara, tão desejada
Ai como eu te quero
Ai na madrugada
Ai alma da terra
Ai linda assim deitada
«para o possível amanhã
da nossa véspera impossível.»

Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 162

''corpos espiados''


Nobuyoshi Araki is a Japanese photographer and contemporary artist

 

(...)

«homem de luto por Anaíta
azul como o céu esquecido
que nos incendiados jardins 
da tua memória passeia
vagarosa e vestida de vidro.»

Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 152

«crianças enchem de flores
feridas abertas por granadas.»

Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 147

«atento como és dentro das horas
a decifrar-te da cabeça aos pés.»

Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 143

 «Despedida: ave encravada

numa lágrima de alumínio.»


Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 142

''a pátria do relâmpago''

Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 143

terça-feira, 8 de junho de 2021

''Os leitores estão certos: quem dizia que não importa a cor do gato, o importante é que cace ratos, era Deng Xiaoping, e não Mao. Mao diria outra coisa: os gatos têm de ser pardos e devem caçar homens.''

De Um Miserável Naufrágio Que Passámos

segunda-feira, 7 de junho de 2021

''Somos o que dizemos, e como dizemos.''

 

álbido

ál.bi.do
ˈaɫbidu
adjetivo
1.
em que predomina o branco
2.
esbranquiçadoalvacento

domingo, 6 de junho de 2021

''Cada mulher é uma cascata de trevos''

Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 138

(...)

«Órfão que és por teus espinhos contas
as pérolas da mulher triangular
com que formavas a estrela de seis pontas.»

Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 138

C. Tangana, José Feliciano, Niño de Elche

''ilha a morrer de fome rodeada de pão''

Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 137

''saibro da carne desvivida''

Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 136

 (...)

«suando o cimento de cidades

por mísseis interrompidas.»


Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 135

''caligráfica raiva''

 Natália Correia


 Théo Gosselin, French photographer 

    UMA LARANJA
PARA ALBERTO CAEIRO


Venho simplesmente dizer
que uma laranja é uma laranja
e comove saber que não é ave

se o fosse não seriam ambas
uma só coisa volátil e doce
de que a ave é o impulso de partir
e a laranja o instinto de ficar.


Não sei de nada mais eterno
do que haver sempre uma só coisa
e ela ser muitas diferentes
e cada coisa ternamente ocupar
só o espaço que pode rodeada
pelo espaço que a pode rodear.


Sei que depois da laranja
a laranja poderá ser até
mesmo laranja se necessária
mas cada vez que o for
sê-lo-á rigorosamente
como se de laranja fosse
a exacta fome inadiável.


De ser laranja gomo a gomo
o íntimo pomo se enternece
e não cabe em si de amor
embriagada de saber
que a sua morte nos será doce.


Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 132/3


Granza-da-praia

A ARTE DE SER AMADA

Eu sou líquida nas recolhida
no íntimo estanho de uma jarra
e em tua boca um clavicórdio
quer recordar-me que sou ária

aérea vária porém sentada
perfil que os flamingos voaram.
Pelos canteiros eu conto os gerânios
de uns tantos anos que nos separaram.

Teu amor de planta submarina
procura um húmido lugar.
Sabiamente preencho a piscina
que te dê o hábito de afogar.

Do que não viste a minha idade
te inquieta como a ciência
do mundo ser muito velho
três vezes por mim rodeado
sem saber da tua existência.

Pensas-me a ilha e me sitias
de violinos por todos os lados
 e em tua pele o que eu respiro
é um ar de frutos sossegados.


Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 129

''coxas de feno''


                                            Théo Gosselin, French photographer 

''acácias à velocidade do crime''

Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 126

 «A oriente sou toda lira

exacta dérmica solar

biografo-me a desenho à pena

com a tinta da estrela polar.»


Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 125

"...como esta pedra cinzenta em que me sento e descanso"

 António Gedeão

 Diz-me a Verdade acerca do Amor

Há quem diga que o amor é um rapazinho,
            E quem diga que ele é um pássaro;
Há quem diga que faz o mundo girar,
            E quem diga que é um absurdo,
E quando perguntei ao meu vizinho,
            Que tinha ar de quem sabia,
A sua mulher zangou-se mesmo muito,
            E disse que isso não servia para nada.

      Será parecido com uns pijamas,
         Ou com o presunto num hotel de abstinência?
      O seu odor faz lembrar o dos lamas,
         Ou tem um cheiro agradável?
      É áspero ao tacto como uma sebe espinhosa
         Ou é fofo como um edredão de penas?
      É cortante ou muito polido nos seus bordos?
         Ah, diz-me a verdade acerca do amor.

Os nossos livros de história fazem-lhe referências
          Em curtas notas crípticas,
É um assunto de conversa muito vulgar
          Nos transatlânticos;
Descobri que o assunto era mencionado
          Em relatos de suicidas,
E até o vi escrevinhado
          Nas costas dos guias ferroviários.

      Uiva como um cão de Alsácia esfomeado,
         Ou ribomba como uma banda militar?
      Poderá alguém fazer uma imitação perfeita
         Com um serrote ou um Steinway de concerto?
      O seu canto é estrondoso nas festas?
         Ou gosta apenas de música clássica?
      Interrompe-se quando queremos estar sossegados?
         Ah! diz-me a verdade acerca do amor.

Espreitei a casa de verão,
             E não estava lá,
Tentei o Tamisa em Maidenhead
             E o ar tonificante de Brighton,
Não sei o que cantava o melro,
             Ou o que a tulipa dizia;
Mas não estava na capoeira,
             Nem debaixo da cama.

      Fará esgares extraordinários?
         Enjoa sempre num baloiço?
      Passa todo o seu tempo nas corridas?
         Ou a tocar violino em pedaços de cordel?
      Tem ideias próprias sobre o dinheiro?
         Pensa ser o patriotismo suficiente?
    As suas histórias são vulgares mas divertidas?
       Ah, diz-me a verdade acerca do amor.

    Chega sem avisar no instante
       Em que meto o dedo no nariz?
    Virá bater-me à porta de manhã,
       Ou pisar-me os pés no autocarro?
    Virá como uma súbita mudança de tempo?
       O seu acolhimento será rude ou delicado?
    Virá alterar toda a minha vida?
       Ah, diz-me a verdade acerca do amor.

W. H. Auden, in 'Diz-me a Verdade acerca do Amor'

sábado, 5 de junho de 2021

quinta-feira, 3 de junho de 2021

 

alógico

a.ló.gi.co
ɐˈlɔʒiku
adjetivo
1.
que não precisa de demonstração para se admitir como certoque é evidente
2.
FILOSOFIA que não é regido pelos princípios nem pelas regras da lógica

agrarianismo

''males de fundo''

provincianice incurável

 «Passado o momento da aflição patriótica, percorrido até ao absurdo o labirinto sem saída da nossa impotência, voltámos à costumada e agora voluntária e irrealística pose de nos considerarmos, por provincianice incurável ou despeito infantil, uma espécie de nação idílica sem igual.»

 Eduardo Lourenço. O Labirinto da Saudade. Editora Gradiva. Lisboa, 2020., p. 31


 

''orgiástica civilização''

 Eduardo Lourenço. O Labirinto da Saudade. Editora Gradiva. Lisboa, 2020., p. 30

''transes de melancolia cívica e cultural''

 Eduardo Lourenço. O Labirinto da Saudade. Editora Gradiva. Lisboa, 2020., p. 30

 

boiardo

boi.ar.do
bojˈardu
nome masculino
nobre russo

«(...) lençol de púrpura dos nossos deuses (heróis) mortos.»

 Eduardo Lourenço. O Labirinto da Saudade. Editora Gradiva. Lisboa, 2020., p. 26

 « O que é necessário é uma autêntica psicanálise do nosso comportamento global, um exame sem complacências que nos devolve ao nosso ser profundo ou para ele nos encaminhe ao arrancar-nos as máscaras que nós confundimos com o rosto verdadeiro.»

Eduardo Lourenço. O Labirinto da Saudade. Editora Gradiva. Lisboa, 2020., p. 24


 

 «As «Histórias de Portugal», todas, se exceptuarmos o limitado mas radical e grandioso trabalho de Herculano, são modelos de «robinsonadas»: contam as aventuras celestes de um herói isolado num universo previamente deserto. Tudo se passa como se não tivéssemos interlocutor.

Eduardo Lourenço. O Labirinto da Saudade. Editora Gradiva. Lisboa, 2020., p. 24

 Casos, opiniões, natura e uso

Fazem que nos pareça esta vida

Que não há nela mais que o que parece.


CAMÕES

 «(....), que exprima e defina o seu estar mudável em concordância com o seu ser permanente.''

 Joaquim de Carvalho, Compleição do Patriotismo Português (1953)

'' iludir-se infantilmente''

 Joaquim de Carvalho, Compleição do Patriotismo Português (1953)

''Amor pátrio''

 Eduardo Lourenço. O Labirinto da Saudade. Editora Gradiva. Lisboa, 2020., p. 21

 «Talvez por isso, e uma vez mais, as boas almas baptizem estas considerações como o labéu de estrangeiradas. Não é apodo que as humilhe, mas não o creio exacto. Se o for, será sobretudo pelo excesso de fixação numa temática que subentende tudo quanto escrevi, mas que a ausência porventura terá reforçado. De qualquer modo, não escrevi estes ensaios para recuperar um país que nunca perdi, mas para o «pensar», com a mesma paixão e sangue-frio intelectual com que o pensava quando tive a felicidade melancólica de viver nele como prisioneiro de alma.»

Eduardo Lourenço. O Labirinto da Saudade. Editora Gradiva. Lisboa, 2020., p. 21

 

autognose

au.tog.no.se
awtɔˈɡnɔz(ə)
nome feminino
conhecimento de si próprio

invertebralidade

E La Nave Va - Crystal Orchestra

quarta-feira, 2 de junho de 2021



Apesar das ruínas e da morte
Onde sempre acabou
Cada ilusão
A força dos meus sonhos é tão forte
Que de tudo renasce a exaltação
E nunca as minhas mãos estão vazias.
.
Sophia De Mello Breyner
''Só és livre se acreditares na mentira de que és livre.''

Artista e dissidente chinês Ai Weiwei

segunda-feira, 31 de maio de 2021

"O clima de dúvida experienciado, enquanto reflexo de dinâmicas laborais demasiadas vezes pautadas pela flexibilidade, insegurança e instabilidade, bem como a crescente dificuldade em assegurar transições satisfatórias, sustentadas por trabalho digno, vem desencadeando problemas complexos à população jovem atual, registando a literatura científica, que trata este tema, expressões como: “geração freeter” – porque deambula entre empregos precários; “geração canguru” – porque protela a saída de casa dos pais até idades cada vez mais tardias; “geração boomerang” – porque procura sair de casa dos pais, na tentativa de autonomização, mas acaba por regressar; e jovens NEET (not in employment, education or training), ou “Nem Nem” (Nem estudam, Nem trabalham), na tradução para português."


Mafalda Frias, António Rochette Cordeiro e Luís Alcoforado, Professores da FPCE - Universidade de Coimbra

domingo, 30 de maio de 2021

Bob Dylan - Murder Most Foul

 

de esconso
de soslaio, de esguelha

 «O marulho das folhas com pássaros nas vozes

O sol adormecido nos braços da giesta»


Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 120

''Lá onde o sangue em flor se desenlaça''

 Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 118

''angústia florida''

Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 116

''Pausa de pátria entressonhada. É um crisol.''

Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 115

pulcritude

alt-J

''Para serem rasgados ventres baldios''

 Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 111

ce.rú.le.o

''Pela boca de um rio clandestino''

Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 107

''Inferno disfarçado em navegação''

Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 107


 

''corvos civilizados''

Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 106

 «E mulheres com magnólias despenteadas na cabeça abriam nos cais lenços de sonho com que acenavam ao Capitão.»


Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 99

''pátria escurecida''

Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 99



Burgueses somos nós todos
ó literatos
burgueses somos nós todos
ratos e gatos

Mário Cesariny

MÍSIA | Amália

«Se já morri foi nos meus braços
Por não haver ressurreição.»

Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 90

''Abrir mais uma flor no nosso lodo''

Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 89

NICTOFAGIA

«Quando dar a mão não for despedida
E um gesto não for o exílio da mão...»

Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 86


Linda McCartney, American photographer

 

''Quando uma laranja comer um rapaz''

Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 85

 METAMORFOSES NECESSÁRIAS

PARA A RECONQUISTA DO MUNDO


Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 85

alumbrado

''Há noites que são lírios e são feras''

Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 71

«Os espinhos da rosa mais nocturna
em seu corpo de lírio se cravaram.»

Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 62

Sonoplasta

Sean Riley & The Slowriders - Love Life

 «(...) é-se fraco querendo, por desespero, ser si-próprio, querendo ser pecador a pondo de não admitir o perdão.»

Kierkegaard. O Desespero A Doença Mental. Tradução de Ana Keil. RÉS- Editora, Porto, s/d, p. 138

''(...) as imensas doses de consolação que a consciência administra''

Kierkegaard. O Desespero A Doença Mental. Tradução de Ana Keil. RÉS- Editora, Porto, s/d, p. 135

«Quanto  mais o homem se eleva, mais sofre quando peca.»

Kierkegaard. O Desespero A Doença Mental. Tradução de Ana Keil. RÉS- Editora, Porto, s/d, p. 135
«Pusemos tantas flores nas horas breves
que secam folhas nas árvores dos dedos.»

Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 55


Nobuyoshi Araki is a Japanese photographer and contemporary artist

 

 V

Toma o meu corpo transparente
no que ultrapassa tua exigência taciturna.
Dou-me arrepiando em tua face
uma aragem nocturna.
Vem contemplar nos meus lhos de vidente
a morte que procuras
nos braços que te possuem para além de ter-te.

Toma-me nesta pureza com ângulos de tragédia.
Fica naquele gosto a sangue
que tem por vezes a boca da inocência.


Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 50

Onda de amargura numa água tranquila.

Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 49

 «(...)              Intuito de amor

não compreendido.»


Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 48

E aos pés um coração de louça

Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 46

« no navio da pálpebra
encalhado em renúncia ou cobardia.»

Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 46

Nobuyoshi Araki is a Japanese photographer and contemporary artist


 

bastardia

 «(...)

A onda que vem à praia
E volta de novo ao mar,
Abriu um lírio na areia
Que a brisa vem desfolhar!»

Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 37

criptoméria-do-japão

 Pássaro breve

Rompendo a chuva caída 

Na minha melancolia.


Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 34
Turva hora onde
Principia a noite
E o dia se esconde.

Hora de abandonos
Em que a gente esquece
Aquilo que somos
E o tempo adormece.

Nevoenta hora,
Hora de ninguém
Em que a gente chora
Não sabe por quem.

E tudo se esconde
Nessa hora onde
Por estranha magia
Brilha o sol de noite
E o luar de dia.

Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 33

philosophice, poetice, ...

''ignorância socrática''


 


Nobuyoshi Araki is a Japanese photographer and contemporary artist

ufano

«(...), o pecado consiste, perante Deus, no desespero por não querermos ser nós próprios, ou no desespero por o querermos ser.»

Kierkegaard. O Desespero A Doença Mental. Tradução de Ana Keil. RÉS- Editora, Porto, s/d, p. 112

cogito ergo sum

encarniçadamente

''para nossa salvação da nossa pior miséria''

Kierkegaard. O Desespero A Doença Mental. Tradução de Ana Keil. RÉS- Editora, Porto, s/d, p. 108

 «O que mais nos falta quando nos extraviamos, é sempre aquilo em que não pensamos - evidentemente, porque pensá-lo seria encontrarmo-nos.»

Kierkegaard. O Desespero A Doença Mental. Tradução de Ana Keil. RÉS- Editora, Porto, s/d, p. 108

in.te.me.ra.to

'' o velho ironista e moralista''

Kierkegaard. O Desespero A Doença Mental. Tradução de Ana Keil. RÉS- Editora, Porto, s/d, p. 106


 

Måneskin - ZITTI E BUONI

''riemos e choremos''

 «(...) a humanidade precisa de uma ligeira dieta de socratismo.»

Kierkegaard. O Desespero A Doença Mental. Tradução de Ana Keil. RÉS- Editora, Porto, s/d, p. 105

O helenismo

«Pecar é ignorar.»

Kierkegaard. O Desespero A Doença Mental. Tradução de Ana Keil. RÉS- Editora, Porto, s/d, p. 103

fecho-éclair

''linguagem desbragada''


                                             Nobuyoshi Araki is a Japanese photographer and contemporary artist
 

SHUGGIE OTIS - Inspiration Information (1974) - Full Album

moda unissexo

 «(...) perceber as abissais diferenças entre homens e mulheres, diferenças ocultas pela moda unissexo ou pela emergência de numerosas identidades de fronteira.»

J.L.Pio Abreu. Quem Nos Faz como Somos. Publicações Dom Quixote. Lisboa, 2007., p. 21

 «Defino identidade como o modo como uma pessoa se reconhece a si própria e se dá a conhecer às outras pessoas. Obviamente, a identidade não se pode confundir com o corpo, embora possa ser produzida por ele e assinalada intencionalmente ou não, no próprio corpo. Com frequência, o corpo submete-se aos desígnios da identidade. Independentemente do seu modo de construção, a identidade contribui para a formação do «eu», mas esta noção pode ter outros componentes, como as sensações presentes, os sentimentos pessoais, o sentido de auto-agência e a unidade e continuidade da experiência. A «identidade» diferenciada do «eu» pode ainda relacionar-se com o «Me» (o Eu objectivo) e o «Self» ( o Eu subjectivo) com larga aceitação em psicologia e originalmente definida por George Herbert Mead e William James no início do século XX. A personalidade não implica o auto-reconhecimento e define-se objectivamente, podendo ser mensurável.»


J.L.Pio Abreu. Quem Nos Faz como Somos. Publicações Dom Quixote. Lisboa, 2007., p. 18/19

«A identidade é o que marca o nosso eu, o que permite o uso da primeira pessoa - eu e nós. (....) No entanto, tanto o eu como o nós podem às vezes ser meros instrumentos de outros seres - genomas, sistemas culturais, ou mesmo outras pessoas - que têm os seus próprios desígnios e também se comunicam entre si.»

J.L.Pio Abreu. Quem Nos Faz como Somos. Publicações Dom Quixote. Lisboa, 2007., p. 18
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