domingo, 30 de maio de 2021

 V

Toma o meu corpo transparente
no que ultrapassa tua exigência taciturna.
Dou-me arrepiando em tua face
uma aragem nocturna.
Vem contemplar nos meus lhos de vidente
a morte que procuras
nos braços que te possuem para além de ter-te.

Toma-me nesta pureza com ângulos de tragédia.
Fica naquele gosto a sangue
que tem por vezes a boca da inocência.


Natália Correia. Antologia Poética. Organização, selecção e prefácio Fernando Pinto do Amaral. 4ª Edição. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2019., p. 50

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